Quando vemos um drama romântico, logo de cara o que esperamos é se emocionar ao menos com alguma cena, pois esse estilo de filme costuma pontuar situações duras que nunca imaginamos passar, mas que se refletem em alguma situação esperada de acontecer, e infelizmente com "Tudo e Todas as Coisas" sequer passamos perto de qualquer comoção com a história leve que acabaram nos entregando. E quando digo leve, enfatizo que ela sequer consegue trabalhar qualquer situação mais enfática, trabalhando de maneira bem morna e sem carisma de querermos rever o filme qualquer dia. Claro que temos situações bonitas dentro do contexto completo, mas o primeiro ato do filme é tão demorado e com uma apresentação tão alongada que quando realmente as coisas começam a acontecer já é tarde demais, pois o filme chega ao seu final. Não posso afirmar que o livro também foi sem sentimentos como o filme acabou sendo, mas faltou muita dinâmica para empolgar, e do jeito que acabaram entregando o longa só adolescentes talvez gostem do resultado final.
A sinopse do longa nos conta que Maddie está prestes a fazer 18 anos, mas ela nunca saiu de casa. Desde a infância, a jovem foi diagnosticada com Síndrome da Imunodeficiência Combinada, de modo que seu corpo não seria capaz de combater os vírus e bactérias presentes no mundo exterior. Ela é cuidada com carinho pela mãe, uma médica que constrói uma casa especialmente para as necessidades da filha. Um dia, uma nova família se muda para a casa ao lado, incluindo Olly, que se sente imediatamente atraído pela garota através da janela. Maddie também se apaixona pelo rapaz, mas como eles poderiam viver um romance sem se tocar?
O trabalho que a diretora Stella Meghie fez foi algo bem subjetivo para um longa juvenil, pois geralmente costumam fazer romances bem adoçados para que as mulheres suspirem, ou então já atacam logo de cara a dramaticidade em um nível profundo para que todos chorem e lavem o cinema, e o que ela fez com o roteiro de J. Mills Godloe que se baseou no livro de Nicola Yoon, foi simples demais, não atingindo nenhum dos dois casos, e como costumo dizer, errar fazendo pra mais é algo que empolga, pois vemos produção, vemos enfatização e tudo mais, mas quando se erra pra menos, ficamos apenas esperando, esperando, esperando... e nada acaba acontecendo. Ou seja, é um filme que se duvidar amanhã nem iremos lembrar de ter assistido, e friso, isso é o pior que pode ocorrer com um longa.
Quanto das atuações, lembra daquela garotinha que todos gostaram em "Jogos Vorazes" e até Katniss fez seu famoso sinal, pois bem, Amandla Stenberg cresceu, e deixou sua Rue no passado para ficar bem interessante com sua Maddie aqui, e talvez se ela quisesse o longa poderia até ser mais empolgante, pois a jovem ficou um pouco inexpressiva demais, sempre indefesa, sem sal nem açúcar, o que não prova do erro do filme ser seu, mas faltou vitalidade na essência da garota. Nick Robinson até tentou um pouco mais fazendo olhares e desenvolturas com seu Olly, mas não conseguiu ser um daqueles jovens que as garotas se apaixonam de cara, ficando singelo e bacaninha durante o miolo, mas nada que impressione e faça alguém ter um carisma maior tanto pelo ator quanto por seu personagem. Anika Noni Rose tem uma carreira meio instável no cinema, optando por ficar mais próxima de séries e filmes para TV, e não deveria, pois, seu estilo interpretativo possui trejeitos bem marcados e interessantes, tanto que aqui a maior cena dramática dela conseguiu aflorar sentimentos maiores que qualquer outro feito pelos demais personagens, e talvez se sua Pauline ficasse mais em cena, o longa seria bem diferente. Ana De La Reguera até foi bem com sua Clara, mas seu personagem era tão pequeno dentro do longa que nem teve muito o que interpretar para chamar atenção. Agora os demais, não sei se no livro tinham falas, mas aqui acredito que até a porta de correr fez mais barulho que eles.
Sem dúvidas o melhor do filme ficou a cargo do conceito visual, pois montaram uma casa bem tecnológica e bonita para a garota ficar o maior tempo ali dentro, e nas cenas externas foram espertos o suficiente para escolher uma das locações mais bonitas de oceano que se possui, que é o Havaí, e com isso, as cenas ali foram todas bem iluminadas naturalmente, com ares bem colocados e tudo tendo uma ótima sintonia visual, o que acaba agradando ao menos na segunda parte do filme, mas ainda assim, poderiam ter trabalhado um pouco mais para que a primeira também não decepcionasse. Agora no conceito cênico o grande destaque fica para as cenas de imaginação da personagem com um astronauta passeando por diversos ambientes que ela mesma desenhou, e isso sim poderia ter sido desenvolvido de maneira mágica que agradaria demais tanto cenicamente quanto na história. Outro detalhe que temos de nos ater, é a falta de uma iluminação mais densa, característica de longas aonde a dramaticidade perpetue, e que o filme até talvez tenha uma leve semelhança, como "Como Eu Era Antes de Você", "A Culpa é Das Estrelas", "O Quarto de Jack", mas diferente desses que citei que a trama e a fotografia nos pegam com um afinco emotivo maior, o resultado aqui não atinge ninguém.
Enfim, é um filme que até deve ter uma bilheteria razoável por levar algumas garotas pela ideia do livro (que foi um estouro de vendas), e até pelo trailer bonitinho, mas que vai soar singelo demais para empolgar, e com resultado a venda de mídia física após o filme passar pelos cinemas deve encalhar bastante. Não posso dizer que recomendo o longa, pois achei ele fraco demais para cativar alguém, mas também está bem longe de ser algo completamente não aproveitável, portanto, se você gosta de filmes bem leves mesmo, talvez até goste do resultado, mas no conceito geral de drama romântico passa bem longe. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais uma estreia e também com mais longas do Festival Varilux, então abraços e até mais.
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