É interessante que como estamos acostumados a ver somente comédias inteligentes nos festivais, quando aparece alguma que necessite forçar um pouco a barra para divertir acabamos estranhando, e isso não é algo bom. Porém, o feitio de "Uma Agente Muito Louca" é tão bem produzido, cheio de desenvoltura de ação que acabamos nos divertindo mais do que reclamando das confusões que a protagonista apronta, ou seja, é daqueles filmes que passariam tranquilamente numa sessão da tarde e divertiria quem assistisse sem se preocupar com nada, mas que também não entrega nada demais. O filme em si é divertido, mas poderia ser bem mais se quisessem colocar a dinâmica a frente da comicidade e parassem de brigar com isso, se preocupar em fazer bonito.
O longa nos mostra que a policial Johanna Pasquali é desligada, cabeça ao vento e desajeitada. Relegada a perigosas atribuições como multas de trânsito ou pequenos furtos à lojas, ela usa cada minuto do seu tempo livre para transformar seu sonho em realidade: tornar-se a primeira policial feminina a fazer parte do RAID, a tropa de elite francesa. Por razões misteriosas e políticas, ela é aceita no programa de treinamento da unidade de elite, e se torna o problema de Eugène Froissard, o mais misógino dos agentes da RAID. Essa dupla improvável está encarregada de parar a Gangue Leopardo, que está por trás de audaciosos roubos nas ruas de Paris. Mas antes de colocar os malfeitores atrás das grades, eles precisam encontrar uma maneira de serem parceiros sem que se matem, seja em treinamento ou trabalhando em casos complicados.
Outro ponto desfavorável que costumo sempre pontuar é quando diretores resolvem protagonizar suas tramas também, e comumente vemos o diretor e roteirista Dany Boon à frente de seus filmes, e aqui não foi diferente, apenas ficando como secundário, mas sempre bem enquadrado. Até aí tudo bem nas cenas que não participa, mas nas que está junto ou priorizando acaba destoando um pouco e acaba não fluindo como poderia, atrapalhando mais do que ajudando, e olha que a protagonista já faz a confusão por ai só, afinal o roteiro é completamente previsível de cenas, divertindo apenas na construção, mas fazendo rir, o que é importante. O grande erro, portanto, não está na direção errada de Boon, mas sim na história não se desenvolver adequadamente de acordo com o que se preveria.
Dentro das atuações podemos dizer que Alice Pol foi bem nas ações, foi bonitinha visualmente e até graciosa com as interpretações de sua Johanna, porém poderia ter se doado mais ao invés de tentar fazer graça, e com isso se perder em estilo em algumas cenas. Como ator Dany Boon fez suas cenas com muita seriedade, afinal é o capitão do BOPE deles, a RAID, mas nos momentos que procuraram mostrar o "azar" de seu Eugène acabaram forçando a barra para a comedia pastelão. Yvan Attal foi bem como "vilão", mas bobo demais para considerarmos ele um terrorista forte com seu Viktor, afinal sabemos bem como o país está lidando com esses monstros atuais. Chega a ser engraçado vermos as cenas de Michel Blanc como o ministro do interior Jacques pedindo favores para o diretor da RAID, no melhor estilo que estamos acostumados a ver aqui, só que claro da maneira mais correta de se pensar: comicamente, ou seja, será que lá pros rumos do Velho Mundo também a corrupção domina os bastidores da política como aqui nas nossas terrinhas, a ficção costuma brincar com a realidade, então!!!
Visualmente usaram boas cenas no castelo, nos treinamentos e também nas coletivas, mas tudo bem simples e plástico demais para chamar atenção, e Sendo assim nem parece um filme mais impactante que poderia ser, pois como um longa policial geralmente as armas, tiros e explosões costumam funcionar melhor, mesmo quando a ideia principal é a comicidade, de modo que parece que a equipe de arte desejava usar mais um apelo divertido e errou propositalmente nos objetos cênicos, mas poderiam ter ousado mais. Destaque para os efeitos especiais de explosão das cenas finais, pois aí sim mostraram como se faz um bom longa policial, trabalhando tanto a arte quanto a fotografia, que também tinha ficado quietinha durante o longa inteiro não brincando sequer com as tonalidades divertidas para com o ar desastrado da protagonista.
Enfim, é um filme bem levinho que diverte, mas que poderia ser muito melhor caso mantivesse o humor gostoso inicial, e não precisasse forçar tanto para o riso, pois aí sim teríamos um longa clássico de comédia policial, mas como disse no começo, a França também tem os seus longas simples, só que aparecem menos por aqui. Portanto fica assim a recomendação, se você gosta de comédias simples, talvez goste do que será mostrado aqui, começando rindo e terminando razoável, mas se você prefere algo mais cômico realmente, esse não é o seu filme. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas volto logo mais com mais um texto do Festival Varilux, então abraços e até breve.
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