É interessante como fazem continuações, principalmente no gênero das animações, pois após um primeiro filme bacana, conseguiram fazer um segundo melhor e mais divertido, porém na tentativa de dar um novo vértice para a trama, ao mostrar o que acontece com "atletas" quando ficam mais velhos (ou ultrapassados), o resultado de "Carros 3" acabou falhando no principal ponto do estilo que é a ação/ritmo desenfreado que divertia e animava os pequenos e os mais velhos. Não digo que o resultado completo do longa seja algo ruim, mas demorou demais para chegar aonde desejavam chegar, e com isso o filme ficou algo que patinou demais na areia para sair do ponto inicial e acabar fechando de modo gostoso. Ou seja, em 102 minutos, tivemos quase 60 de enrolação para 20 de clímax e mais 22 de fechamento, e olha lá se não foi mais.
Veterano das pistas, o campeoníssimo Relâmpago McQueen se vê em apuros após o surgimento de um novato bastante veloz, Jackson Storm, que utiliza de alta tecnologia nos treinamentos. Obrigado a chegar ao limite para batê-lo, McQueen acaba sofrendo um sério acidente durante uma corrida, que o obriga a abandonar o campeonato daquele ano. Prestes a iniciar a próxima temporada, ele se vê em dúvidas sobre se consegue ser rápido o suficiente para bater Storm e, por causa disto, busca ajuda com seu novo patrocinador.
Muitos dizem que a mudança de um diretor em uma sequência não faz diferença, após conferir a nova animação da Pixar, que agora foi assumida pelo desenhista de storyboard dos dois longas anteriores (nota técnica: é notável a quantidade estética de planos no filme, talvez por sua formação), certamente irão falar que estão com muita saudade de John Lasseter (que abandonou a direção desse para assumir o novo "Toy Story"). Digo isso, pois a estreia de Brian Fee na direção é singela demais, e necessitou de muita caminhada para chegar aonde deveria ter ido de cara, e para isso podemos usar até uma analogia automobilística de que colocaram combustível adulterado nos planos dele, e ele foi engasgando até chegar em alguém com uma ideia melhor para seu filme fluir, e felizmente fluiu no final, pois a chance do longa terminar numa derrapada imensa foi altíssima, visto que ficar batendo na tecla de que ele está velho, vamos fazer coisas de velho, blá, blá, blá ficou tedioso demais, até que ao mostrar vertentes positivas para sua velhice, aprender com as histórias de seu passado e até divertir nas corridas malucas fez o longa ter uma leve vitalidade para agradar. Claro que estou falando de alegre, pois o filme fará uma boa bilheteria, venderá muitos produtos e a criançada irá "assistir" (coloco entre aspas, pois não vejo um longa que irá amarrar eles na sala não) fazendo com que pais levem os pequenos para sessão, mas poderiam ter feito muito mais e agradado tanto quanto o pequeno curta-metragem que passa antes e emociona sem dizer uma palavra.
Mesmo com o carisma tradicional de Relâmpago McQueen, diria que o personagem protagonista não conseguiu chamar toda a atenção tradicional que fez nos dois longas anteriores, e nem tanto pela dublagem em si (que continua boa), mas pela falta de dinâmica mesmo do personagem na história, em compensação Cruz Ramirez foi uma grata surpresa tanto no estilo (suas aulas de dança motivacional no início são geniais, e depois as muitas cenas suas são perfeitas) quanto na ótima dublagem de Giovanna Ewbank, que certamente se divertiu demais com tudo o que fala na trama e o resultado fluiu muito ao darem um certo protagonismo maior para suas cenas. Sei que seria apelação, mas poderiam ter usado mais o Matt que tanto gostamos do seu jeitão caipira, e claro os diversos personagens secundários na trama para que o longa fluísse mais e não dependesse tanto do protagonista (afinal como disse saiu bem falho dessa vez). Quanto do antagonista Jackson Storm talvez também pudesse ter mais cenas suas, não deixando apenas para os três ou quatro momentos de corrida junto do protagonista somente, pois tudo bem que surgiu do nada, mas e sua história? Ou seja, o filme ficou devendo muito de personagens por focar demais em um protagonista falho, e tinha muitos outros para empolgar mais, o que não foi feito e com isso acabou resultando em algo que não atinge nenhum ápice.
Como é comum de vermos em animações que a equipe técnica acaba assumindo, o resultado gráfico realmente impressiona, e vemos muitas pistas incríveis, corridas bem planejadas, carros bem modelados, destaques claro para a tecnologia de treinamento e o visual dos carros novatos, mas mais incrível ainda para a corrida de destruição com carros se matando em batalhas muito bem trabalhado visualmente e com uma narração incrível de rir, ou seja, pequenos detalhes cênicos, mas muito bem encaixados para que o resultado final ficasse bonito de ver. Porém, faltou um detalhe precioso para que o resultado ficasse melhor, um 3D que valesse a pena, pois tivemos uma ou outra profundidade de campo para compensar detalhes, mas nenhum parafuso voando, uma areia, uma poeira, nem nas cenas de capotamento/voo tivemos algo que falássemos "noooosssa!!", ou seja, o óculos serve apenas para não deixar a imagem borrada, e quem quiser economizar, vá assistir 2D sem medo.
Enfim, posso ter sido meio duro com a trama, pois ri bastante em diversos momentos, principalmente com as dublagens, mas o longa ficou morno demais para empolgar, e ainda prefiro o derivado "Aviões" da franquia, que qualquer um dos três filmes "Carros", mas certamente vai atrair público e talvez aqueles que realmente forem bem fãs da franquia e/ou de corrida de carros goste um pouco mais do que é mostrado, pois no contexto geral, o público em geral vai sair da sessão até antes da pequena cena pós-crédito, ou seja, é algo mediano que até diverte, mas que poderia ser muito melhor. Bem é isso pessoal, essa foi a única estreia realmente da semana, mas volto nos próximos dias com diversas pré-estreias que apareceram na cidade, então abraços e até breve.
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