Acho que já posso me considerar idoso por não conhecer mais nenhuma série ou desenho infantil da TV, pois pela quantidade de crianças na sessão de "D.P.A. - Detetives do Prédio Azul - O Filme", interagindo com os personagens, dançando e explicando para os pais quem é quem, me senti totalmente fora do contexto que o filme mostrava na telona, e sendo assim, confesso que a trama no início me cansou bastante, mas depois ficou um bocado mais interessante, agradando de forma razoável esse que vos digita sempre, porém no conceito de atingir o público alvo, que são os pequeninos que acompanham a série de quase 190 episódios desde 2012, pelo tanto de felicidade que estavam na sala, alguns até vestidos com as capas dos personagens, posso dizer que foi tiro certeiro. Ou seja, vou colocar minha análise como sendo um desconhecedor completo do tema, e vendo o longa como algo a parte da série, mas friso que pode ser completamente desconsidera a opinião se você conhece tudo da série, pois ao que posso afirmar, funciona perfeitamente como um novo episódio de 90 minutos, muito bem elaborado por sinal, enquanto na TV todos são de 30, de modo que quem for assistir sem nunca ter visto, vai ficar meio perdido e até se divertirá um pouco, mas sairá da sala como se nada tivesse ocorrido, enquanto os pequenos até chegam a dançar com o final. Portanto, só vá para levar suas crianças que assistem ao programa, pois se você nunca viu, vai sair boiando com o que verá, mesmo o episódio tendo um começo/meio/fim definido, mas que muita coisa depende de conhecer os personagens e suas personalidades.
Os Detetives do Prédio Azul são confrontados com o maior caso de suas vidas: salvar o próprio edifício da destruição. Pippo (Pedro Henrique Motta), Sol (Letícia Braga) e Bento (Anderson Lima) se infiltram na festa de Dona Leocádia (Tamara Taxman), a terrível síndica que é, literalmente, uma bruxa. Lá eles presenciam um crime "mágico", que condena o Prédio Azul a uma demolição de emergência. Para completar, a única testemunha - o quadro falante da Vó Berta (Suely Franco) - desaparece, e Dona Leocádia é enfeitiçada para ficar boazinha. Para resolver esse caso, os detetives vão contar com a ajuda do porteiro Severino (Ronaldo Reis), que empresta sua Kombi azul novinha para ser a sede de investigação. A aventura fica completa quando Tom (Caio Manhente), Mila (Letícia Pedro) e Capim (Cauê Campos), fundadores do clubinho original, são trazidos de volta ao Rio de Janeiro para ajudar no caso.
Após dirigir "Minha Mãe é Uma Peça" em 2012, André Pellenz assumiu o comando da série infantil e vem se mantendo no posto até hoje já entrando na 8ª temporada, e agora com o filme o que fez (e ganhará muito dinheiro com isso, pois fãs tem!) foi criar um episódio de proporções maiores, com uma dinâmica bem trabalhada, e situações bem hilárias para prender os pequeninos nas poltronas e claro desejarem ser investigadores de mistérios. Não posso afirmar que a história sozinha funcione bem, pois demorei muito para associar a personalidade diferenciada da síndica que na série implica com os personagens, demorei para saber que os outros que apareceram eram fundadores do clubinho, e cada nova aparição surgia apenas sem praticamente nenhuma explicação, ou seja, os roteiristas do filme não se preocuparam com quem fosse ter o primeiro contato com os personagens ali, pudessem ter ao menos uma leve apresentação, ou seja, o filme até tenta ter um prólogo e um epílogo, mas poderiam ter usado isso para apresentar realmente cada um, mesmo que rapidamente, e depois no epílogo fechasse tudo de forma simbólica do jeito que foi feito. Não digo em momento algum que o resultado final é algo ruim, só poderia ter sido melhor aproveitado para todos (afinal nem todos os pais, que vão levar os pequenos ao cinema, conhecem tudo da série, nem digo pelos malucos como eu que entram em qualquer sala, mas sim por esses que vão por tabela) e assim poderia ter outros longas criando uma série paralela no cinema. Ou seja, o roteiro e a direção poderiam ter trabalhado num conceito maior para que a série fosse levada para o cinema como uma obra cinematográfica realmente e não apenas um pedaço dela exibida em um lugar diferente da TV, e aí sim toda a junção acabaria agradando bem mais como filme.
Sobre as interpretações, temos dois vértices bem interessantes de observarmos, o primeiro com a boa dinâmica dos pequenos Pedro Henrique Motta, Letícia Braga e Anderson Lima com seus Pippo, Sol e Bento fazendo olhares bem colocados, interações cadenciadas e mostrando realmente que o filme eram deles, com serenidade, ação e muita desventura característica de suas idades. Mas por outro lado, o time de adultos conhecidos de novelas e até de filmes, pareceram estar bem perdidos, primeiro numa festa maluca que sequer sabiam o porquê de estar ali, dançando de forma desengonçada, fazendo caras e bocas, e depois até tendo uma leve melhorada conseguiram interagir bem com os pequenos, mas já vi Mariana Ximenes, Aílton Graça, Maria Clara Gueiros e Otávio Müller muito melhores e mais desenvolvidos do que aqui com seus trejeitos bizarros como Bibi Capa Preta, Temporão, Mari P e Jaime Quadros, com leve destaque para as boas risadas de Gueiros que tem trejeitos perfeitos para fazer boas bruxas. Da série original temos também Tamara Taxman e Suely Franco, como Dona Leocádia e Vó Berta, e essas por estarem mais acostumadas com o estilo acabaram saindo-se bem com a ideia agradando no geral sem precisar fazer caras e bocas. Quanto os atores que começaram a série em 2012 e voltaram aqui para uma leve participação especial, pareciam um pouco perdidos com seus papeis, e aparentemente foram bem cortados no resultado final, o que é algo estranho de acontecer.
Quanto do conceito visual e artístico, posso dizer com toda certeza que a equipe não mediu esforços, filmando com um submarino real as cenas finais, usando muitos efeitos (alguns toscos, mas no geral bem feitos) para as cenas de magia, e até locações bem trabalhadas para representar cada momento dos personagens, tirando a festa que ficou bem fraca de visual (talvez por motivos próprios da série mesmo), o restante acaba agradando bastante. A fotografia até ousou um pouco ao trabalhar com sombras, mas o resultado só funcionou em poucas cenas escuras, de resto ficaram somente com o básico e apenas brincaram com os efeitos especiais bem feitos (dentro de um conceito nacional).
Enfim, como cinema realmente para quem nunca assistiu a série, o longa infelizmente não funciona, apenas passa uma ideia e diverte pelas situações em si, porém para o público-alvo que são os pequeninos que assistem o seriado sempre, o longa é mais do que isso e faz com que dancem, conversem e muito mais, indo vestidos como os personagens e saindo felizes com o que viram. Ou seja, minha recomendação é que se seu filho vê a série, o leve ao cinema, pois ele vai gostar muito do que verá, mas se você não tem filhos e nunca viu o programa, fuja, pois, a chance de não entender nada e até ficar com sono no começo tedioso é altíssima. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, praticamente encerrando a semana cinematográfica, afinal a próxima pré-estreia é só na quarta bem a noite (e nem sei se irei conferir na pré pelo horário), portanto abraços e até a próxima quinta-feira.
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