Antes de mais nada, se você é daqueles que odeia qualquer adaptação literária, já aviso de antemão, você vai odiar "A Torre Negra", pois a obra completa de Stephen King tem 7 livros gigantes, e aqui pelo que li sobre o filme (afinal não li, nenhum dos 7 livros) usaram um pouco de cada um, mas enfatizando a maior parte no primeiro livro "O Pistoleiro", ou seja, não é algo feito exclusivamente para fãs. Porém se você, assim como esse Coelho que vos digita sempre, gosta de um filme bem interessante, com uma proposta ousada (algo misturando dois, ou mais, mundos que se interligam por portais, e o que ocorre em um pode afetar o outro) e com bons atores trabalhando para que a ação funcione, então vá conferir o longa e se divirta com as boas situações, e torça, para quem sabe, mesmo com críticas super-negativas, dê bilheteria e resolvam fazer os outros livros, afinal, o resultado para quem não sabe nada do que ocorre nos livros é muito bacana e agradável de conferir, com efeitos bem trabalhados, e mesmo que sem muitas explicações, acaba funcionando bem.
A sinopse do filme nos conta que um pistoleiro chamado Roland Deschain percorre o mundo em busca da famosa Torre Negra, prédio mágico que está prestes a desaparecer. Essa busca envolve uma intensa perseguição ao poderoso Homem de Preto, passagens entre tempos diferentes, encontros intensos e confusões entre o real e o imaginário.
Talvez o maior erro do filme, foi ter passado por tantas mãos antes de se chegar ao roteiro final, e a decisão de como seria feita toda a trama, pois sabemos bem quando fãs acabam aguardando algo sair, a expectativa vai nas alturas, e sendo algo que vem sendo trabalhado desde 2004 quando saiu o último livro, era certo que muitos reclamassem desde a aparição do primeiro trailer, e principalmente após conferir. Ou seja, não digo que o diretor dinamarquês Nikolaj Arcel tenha caído de paraquedas dentro do projeto, mas sim que ao pegar tudo o que outros já haviam revirado, fez algo próprio para o cinema, sem se importar se iria ser uma adaptação, se iria ser apenas baseado, ou se apenas seria uma obra inspirada nos livros de Stephen King, e assim sendo, volto a frisar que o resultado vai agradar bastante quem gosta de uma obra fantasiosa, e que como uma abertura para esse mundo nos cinemas, pode sim virar uma franquia de sucesso (apesar de que em breve deve virar série, e tomar outros rumos). Ou seja, com cenas bem dinâmicas, efeitos bem trabalhados, uma história até que convincente (embora tenha muitos furos que precisassem de maior espaço para um desenvolvimento melhor de vários personagens que apenas aparecem em cena), o que acaba sendo mostrado em 95 minutos é satisfatório e prende, não deixando margem para ser jogado apenas nos cinemas sem levar o público para querer ler os livros, rever o filme para ver os diversos easter-eggs das obras de King, ou esperar que façam mais filmes sobre o tema. Portanto o acerto foi bem trabalhado, e quem reclama demais, como disse no começo será quem sempre vai reclamar de adaptações literárias.
Sobre as interpretações, é algo fácil e simples de falar, pois mesmo tendo diversos atores e personagens envolvidos em diversas cenas, o longa se concentra basicamente em três personagens e o restante apenas figura como elementos de encaixe, sem muita preocupação se eram ou não importantes nos livros, ou seja, nem precisamos falar deles. Já falando do time principal, Idris Elba é daqueles atores que marcam presença quando está em cena, não se importando se precisaria dar espaço para qualquer outro ator, e aqui com seu Roland, o ator chama a responsabilidade cênica para si, e consegue criar ótimos momentos com o personagem, fazendo expressões de todos os estilos e colocando personalidade e carisma para jogo, trabalhando do começo ao fim com tudo o que fosse possível para dar ares cômicos, dramáticos e de muita ação para que o longa funcionasse com ele. Matthew McConaughey é outro que mesmo fazendo o vilão da trama Walter consegue chamar a atenção, e com momentos bem fechados mostra o motivo de ser um dos melhores atores da atualidade, incorporando trejeitos, trabalhando o tom da voz para realmente entrar na mente dos demais personagens, e com isso agradando bastante, mesmo que seu personagem precisasse de mais tempo para conhecermos mais. O jovem Tom Taylor enfrenta aqui o problema de todo ator que cai como protagonista num filme sem nunca ter feito nada no cinema antes, que é de olhar desesperado para vários ângulos atrapalhando toda a ênfase dramática que poderia causar, soar perdido em cena e até faltar com o tom correto de voz para seu Jake, de modo que ele tinha três ou quatro cenas que eram suas, e o jovem necessitou ser auxiliado pelos mais experientes para não estragar tudo, ou seja, não fez algo ruim, mas certamente outro jovem ator mais experiente cairia melhor para o papel. Como disse no começo do parágrafo, os demais atores apenas apareceram e não tiveram muito para se destacar, mas dentre todos, poderiam ter dado um pouco mais de cena para a jovem Claudia Kim que fez muito bem os rápidos momentos da vidente Arra e se tivesse mais tempo de tela certamente mostraria muito mais daquela vila aonde estava inserida, sendo bem importante para o filme.
No conceito visual da trama, tivemos cenários bem bonitos na mesma proporção de defeitos visuais, pois logo de cara tivemos cenas com uma ambientação trabalhada em tons escuros no mundo médio com algumas poucas vilas, e um semblante tenso, com poucos elementos e algo funcional, daí vamos para a Terra aonde conhecemos com personagens desesperados, muitos objetos, funcionando bem os desenhos usados para ilustrar os sonhos do protagonista, novamente voltamos para um cenário árido (talvez o mais bonito que poderiam ter aproveitado), com uma floresta cheia de objetos bem colocados e interessantes, daí voltamos para um local cheio de pessoas, mas que falham por maquiagens ruins e estranhas, ou seja, faltou uma coesão melhor para que cada cena ficasse mais correta e menos largada, e assim o resultado da direção de arte fosse mais a cara do longa. Sobre a fotografia, com tons oscilando entre momentos escuros e poucas cenas com dinâmica mais leve, o resultado ficou mais dramatizado, porém poderiam ter empregado mais elementos claros para ter destaques soltos para serem usados pelos protagonistas.
Enfim, é um filme que prende a atenção de quem gosta de uma boa ficção fantasiosa, que até poderia ter ousado mais, e até se alongado mais (afinal 95 minutos para um longa com tanta história para ser desenvolvida é bem pouco) para que outros personagens funcionassem e não fossem apenas jogados na tela. Volto a frisar que deixem os livros guardados, pois são clássicos e jamais vão conseguir transmitir toda a essência que King criou em quase 20 anos de escrita dos 7 livros da coleção "Torre Negra", portanto vá aos cinemas como se fosse ver algo livre de adaptações, que a certeza de curtir tudo o que será mostrado é bem maior. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com as outras estreias que apareceram por aqui, então abraços e até logo mais.
PS: Daria 7,5 ou até um pouco mais para o resultado completo, mas me incomodou demais o jovem ator fraco que escolheram como protagonista, parecendo perdido demais na trama, então vamos com 7 mesmo.
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