Chega a ser engraçado que muitos na sala sequer sabiam que "Lino - Uma Aventura de Sete Vidas" era uma animação brasileira, e ao aparecer a logo da Ancine, e de outros símbolos do cinema nacional se escutava algumas pessoas comentando: "mas é brasileiro esse?". A resposta é sim, o Brasil também anda melhorando a qualidade de suas produções infantis, da mesma forma que tem melhorado nos dramas, ações e tudo mais, criando realmente um cinema de gênero no país (afinal não dizemos vou ali assistir um drama americano, mas apenas drama, então quem sabe logo mais falaremos vamos ver uma animação só, independente do país que foi produzida). Dito isso, o resultado da produção é bem bacana e consegue se desenvolver de forma interessante, com um design muito bem desenhado, cheio de elementos visuais agradáveis de ver, mas que para funcionar perfeitamente faltou apenas um detalhe: o diretor decidir para qual idade ele desejava que seu filme fosse feito, pois temos momentos infantis demais misturados com outros mais agitados e com isso temos algo que oscila demais de forma que acaba não empolgando tanto. Porém a diversão geral acaba compensando junto com o bom visual e assim sendo Lino funciona por dar boas lições e ainda proporcionar bons momentos, mesmo que pudesse ter economizado em algumas cenas desnecessárias e alguns personagens bobos demais.
A sinopse nos conta que Lino é um animador de festas muito azarado que não aguenta mais seu emprego, pois precisa vestir todos os dias uma horrorosa fantasia de um gato gigante e aguentar sempre a mesma rotina de maus tratos das crianças. Cansado de tudo e tentando se livrar da falta de sorte que o persegue, Lino resolve buscar a ajuda de Don Leon, um suposto “mago” não muito talentoso, que o transforma justamente no que ele mais queria se livrar: sua própria fantasia! Em sua jornada para reverter o feitiço, Lino será confundido com o “maníaco da fantasia” e passa a ser procurado pela polícia, dando início a uma grande aventura.
Não lembro de ter assistido ao filme anterior do diretor Rafael Ribas, "O Grilo Feliz e Os Insetos Gigantes", mas por ter lido um pouco sobre ele, e visto algumas imagens, já de cara vi que a equipe de arte (e o diretor claro) manteve a essência (colocando inclusive o personagem Grilo Feliz na lancheira de Lino criança!! Mostrando que a galera está aprendendo bem com os easter-eggs da Pixar). Sendo assim, com essas boas referências, o diretor se mostrou esperto e ousado em mostrar muita qualidade em texturas dentro de sua nova história, pois como disse faltou um pouco de dinâmica na trama para segurar as crianças mais grandinhas na poltrona, e assim ele forçou o visual colorido para agradar as menores e funcionar a animação completa. Ou seja, é um filme bem desenvolvido, mas que alçou pouco no voo que poderia ser muito maior.
Sobre os personagens, o protagonista Lino é bem simpático e com toda certeza deve fazer com que a criançada não tire os olhos dele, afinal muitas cores vibrantes e uma personalidade bem divertida fizeram até um grande favor de abafar um pouco a voz de Selton Mello, pois sabemos que ele é um bom intérprete, já fez ótimas dublagens, mas seu tom de voz parecia meio desanimado para a energia do personagem, nada que vá atrapalhar o andamento do filme para o pessoal, mas alguém mais dinâmico e divertido agradaria mais. Janine foi bem colocada e é daquelas personagens que merecia um desenvolvimento melhor (talvez sem os policiais idiotas Osmar e Mellos junto dela), e Dira Paes como sempre se saiu muito bem no tom da interpretação de sua dublagem, e se não fosse pelo trailer mostrar que é ela demoraria muito para saber quem fazia o papel (e isso é o certo numa dublagem, né Selton!). A garotinha fofa Pestinha/Juliana ficou muito bacana visualmente, e talvez algumas desventuras da personagem a mais do que já teve ajudaria o desenvolvimento da trama (meio que como "Ninguém Segura Esse Bebê"). O mago Don Leon foi bem dublado por Luiz Carlos de Moraes, e o personagem até agrada, mas é exagerado demais suas insanidades, e isso poderia ser menos forçado. Victor e Patty até foram bem colocados na trama, mas também forçam um pouco a barra, e isso destoa um pouco de onde o filme poderia atingir, mas nada atrapalhou a ponto de estragar o filme, e isso se valeu pelas boas vozes de Guilherme Lopes e Paolla Oliveira. Já falei que era desnecessário todos os policiais sem ser a Janine? Se não falei, falo novamente, pois se a ideia era criar um tino cômico, ficou algo que beirou o ridículo e não fez ninguém rir, ou seja, dispensável, desde o chefe de polícia até os dois idiotas.
Como já disse o grande feito do longa foi no desenvolvimento cênico, com boas texturas e muitas cores, de modo que podemos dizer que a equipe de arte trabalhou duro para entregar diversos objetos (destaque para o escritório do mago, cheio de objetos para vermos e analisarmos, de modo que um jogo de caça a objetos ali seria genial!!). Ou seja, foi um trabalho impecável no conceito artístico, que se tivessem trabalhado um pouco mais o roteiro seria formidável.
Enfim, é uma animação bem-feita e que consegue agradar na medida quem for disposto a se divertir, tiveram muitos pequenos problemas como disse acima, mas ficou acima da média para algo "novo" na nossa alta produção audiovisual, ou seja, vai agradar os pequeninos e divertir um pouco os pais que forem levar, mas certamente poderia ser bem melhor. Bem é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais um texto, então abraços e até breve.
PS: Não conferi o longa em 3D, mas aparentemente tiveram poucas cenas para funcionar algum efeito maior, coisa que é possível de notar, então quem conferir com a tecnologia e quiser falar nos comentários se teve bastante coisa, será sempre bem-vindo.
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