sexta-feira, 22 de setembro de 2017

Mãe! (Mother!)

É interessante como alguns filmes abstratos conseguem fazer com que nossa mente exploda e fiquemos naquela dúvida incessante para saber se somente nós teremos a mesma concepção do que vimos, se gostamos realmente do que vimos, e até mesmo como um diretor consegue explorar tanta maluquice em um único filme para que no final a mística completa seja até mais simples do que poderíamos imaginar! E se tem um diretor capaz de fazer algo desse estilo e acertar a mão é Darren Aronofsky, pois praticamente todo filme seu nos permeia com algo que ficamos perplexos com o resultado final e sempre sobra discussão para todo lado, seja por adorar ou odiar suas produções, e claro que com "Mãe!" não seria diferente, já que desde os primeiros teasers, sinopses, imagens e tudo mais ninguém sequer imaginou do que se tratava a obra, tiveram inúmeros palpites (ainda não lembro de ter visto nenhum igual ao meu!) e com isso podemos dizer que a obra complexa chega atingindo um cunho maior do que se imagina, pois ao final da sessão veremos os apaixonados que chegaram a alguma conclusão e vão elogiar o filme, os confusos se entenderam algo e talvez xingue ou goste do filme, e a grande maioria que irá assistir ao longa pensando que verá um suspense de nível macabro, não entenderá nada o que passa na tela e com toda certeza irão falar mal pra todos os cantos da obra. Ou seja, algo polêmico para se discutir, que vou tentar não colocar spoilers da minha humilde opinião do que se trata a obra (quem quiser saber a minha real, mande mensagem que respondo!), mas me colocaria no segundo grupo, dos que ficaram confusos, mas que gostaram do resultado final, embora seja algo muito abstrato para meu gosto de cinema.

A sinopse nos conta que um casal vive em um imenso casarão no campo. Enquanto a jovem esposa (Jennifer Lawrence) passa os dias restaurando o lugar, afetado por um incêndio no passado, o marido mais velho (Javier Bardem) tenta desesperadamente recuperar a inspiração para voltar a escrever os poemas que o tornaram famoso. Os dias pacíficos se transformam com a chegada de uma série de visitantes que se impõem à rotina do casal e escondem suas verdadeiras intenções.

O bacana de obras complexas é que se pode imaginar qualquer coisa e chegar a vários lugares que sua mente permear, e isso é algo que ao mesmo tempo acaba sendo bonito de ver, mas também que aflora minha raiva por alguns diretores não expressarem sua opinião de seu próprio longa. Porém, felizmente aqui, embora a trama seja cheia de metáforas e abstrações malucas, Darren Aronofsky meio que implicitamente coloca sua opinião e consegue trabalhar as diversas situações de seu filme, criando claro uma bagunça completa no segundo ato que chegamos a pensar que rumo iria virar com tantos figurantes em cena, mas ao entrar no último ato, a mesma bagunça consegue ter um lirismo tão interessante que ao mesmo tempo que choca consegue revelar coisas demais, e assim sendo o filme muda completamente toda a opinião que vinha seguindo, para algo mais fechado e bem colocado. Talvez não fossem necessárias tantas cenas com câmeras na mão, fazendo alguns planos sequenciais horríveis com quebras de eixo, mas o resultado do desespero ajuda a compôr o momento de tensão da protagonista, e acaba funcionando.

Sobre as atuações, chega a ser desesperador acompanhar Jennifer Lawrence como protagonista, de modo que começa quase sem expressões marcantes, mas vai incorporando os atos/situações e posso estar errado, mas acho que a veremos novamente nas listas de indicações com o que fez aqui, pois deu seu sangue em cena com muita incorporação chamando demais a atenção em tudo o que fez. Javier Barden costuma entregar personagens mais chamativos, seja pela bizarrice ou por algo mais icônico que acaba fazendo, e aqui seu estilo até chega a chamar atenção, mas é forçado demais para conseguir atingir o ponto máximo que o personagem poderia alcançar, ficando mais estranho as expressões que faz do que tudo. Michelle Pfeifer fez o que sabe fazer melhor: ser arrogante em cena, de modo que sua personagem já entra causando em cena, e só vai aumentando a raiva que o público fica dela (ri muito do pessoal na minha frente que já queria bater nela na primeira cena dela!), de modo que acaba sendo um ótimo acerto de personagem. Ed Harris soou estranho inicialmente, mas também acaba acertando a expressividade com o andar de cena, de modo que logo com a aparição dos filhos acaba ficando muito bom. Prefiro não pontuar a atuação dos dois filhos, pois praticamente foi apenas uma cena de briga e gritaria entre Brian Gleeson e Domhnall Gleeson, com leve destaque para Domhnall por poder aparecer um pouco mais. Quanto do restante, apenas figurações com muita expressividade, mas nada que fosse chamativo em entonações.

Um fato que o diretor gosta muito de explorar em seus filmes é a cenografia ao redor de um espaço bem pequeno, e aqui embora por fora a casa pareça uma mansão imensa, são poucos e apertados os cômodos por onde a trama acontece, virando um grande acumulado de gente nas cenas finais que passam a fazer parte da cenografia também com muitos elementos cênicos para serem analisados e cada um demonstrando mais e mais toda a essência da trama, de modo que vamos vendo detalhes por onde quer que os protagonistas estejam, e certamente (como quase todo filme de Aronofsky) a trama completa funciona bem para ser analisada em grandes discussões, e só um estudo completo dos objetos cênicos já dá para criar diversas ideias sobre a trama. O filme usou muitos tons escuros para criar uma certa tensão no ar, mas também ousou trabalhar com algumas cores alegres e tons pasteis para representar alguns momentos, o que soou até estranho num certo ponto, mas que pode se refletir para esperança de algo da protagonista, mas para analisar mais a fundo isso seria necessário pontuar spoilers, então vamos parar por aqui.

Enfim, é um filme interessante, mas que foi feito somente para quem gosta do estilo longas que fazem pensar, e principalmente para aqueles que forem ao cinema com a cabeça bem aberta para isso, pois a trama vai de certo modo ofender algumas ideologias, vai trazer diversas discussões, e claro, vai confundir muita gente, de modo que como disse no início nem sei se gostei tanto da trama, mas que ao ir escrevendo aqui passei até a refletir e gostar mais de cada ponto da trama. Sei que talvez numa revisão a nota mudaria completamente, pois já chegando na sala com uma ideia formatada que tive ao final da sessão, veria um longa completamente diferente, mas como costumo dizer, o que vale é minha primeira opinião sobre qualquer trama, então deixo essa recomendação para quem for conferir, pois se você não for realmente fã desse estilo de filme, irá sair reclamando de tudo. Portanto fica a dica, e eu fico por aqui no texto, voltando amanhã com mais um texto, então abraços e até mais pessoal.

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