Fazia tempo que ao ver uma animação dublada, eu não ficava tão curioso para ver a versão original. Digo isso, pois sempre as animações acabam fluindo tanto com as vozes dos dubladores, encaixando bem o mundo completo e divertindo que acabo nem ligando para a forma original, claro que muitas vezes que consegui ver as duas, o original geralmente surpreende com algo, e aqui em "As Aventuras do Capitão Cueca - O Filme" tenho certeza absoluta de que as piadas de duplo sentido funcionaram muito bem na versão americana, enquanto aqui tudo acabou ficando politicamente correto para ser vendido para crianças, e com isso o longa acabou ficando bem em cima do muro, não atingindo nem as crianças (tirando o grande colorido e as bobagens feitas pelo protagonista) e nem os adultos que viram algo estranho acontecendo com personagens agindo de um jeito e falando coisas de outro completamente desconexo. Ou seja, um filme que certamente até teria algo impróprio para menores no conteúdo, algo meio "Beavis and Buttered" ou "South Park" (claro que bem mais light!), acabou soando fraco e colorido apenas, com algumas pitadas cômicas e muita loucura criativa.
A sinopse nos conta que Jorge e Haroldo são amigos inseparáveis, tanto no colégio quanto na casa na árvore que mantém juntos, onde se dedicam a escrever histórias em quadrinhos do Capitão Cueca, super-herói por eles inventado. Ambos adoram se divertir na base de pegadinhas, especialmente em relação aos professores e ao rabugento diretor Krupp. Quando são ameaçados de serem separados de turma, Jorge usa um anel hipnótico contra o diretor, que faz com que ele obedeça a todas as suas ordens. É quando a dupla tem a ideia de transformá-lo no próprio Capitão Cueca.
O longa que é baseado na série mundial de livros de Dav Pilkey, veio com uma proposta até que bem ousada, com personagens falando com o público e boas esquetes misturando animação computadorizada tridimensional com desenhos 2D bem elaborados e interessantes no melhor estilo de HQ, o que mostrou um pouco mais do estilo do diretor David Soren que fez de "Turbo" um sucesso diferenciado. Porém faltou aqui uma escolha melhor de que caminhos seguir, pois se lhe entregassem um roteiro mais fechado com algo mais palpável, ou algo completamente maluco como ele tentou fazer no início da trama, trabalhando bem a criatividade dos protagonistas, certamente teríamos um filme mais forte, pois sabemos que seu estilo é amplo, e quem sabe numa continuação ele saia bem melhor.
Sobre os personagens, temos de falar que o carisma dos dois protagonistas Jorge e Haroldo é algo completamente fora do padrão para um desenho, de modo que logo de cara parece que conhecemos eles, e até torcemos para as suas travessuras dentro da escola, mas aí entra o divertido Capitão Cueca com seu trá-lá-láááá e uma proposta irreverente e praticamente quebra eles para um segundo plano, o que não é algo comum de se ver (claro o filme se chama As Aventuras do Capitão Cueca e não algo de Jorge e Haroldo você deve estar falando para mim!), mas acredito que poderiam ter mantido a essência deles e junto com o Capitão para ser criado algo mais dinâmico e interessante. Agora quanto ao vilão, Professor Fraldinha Suja volto a dizer que quero ouvir a dublagem original para poder comparar, pois acabaram fazendo uma voz forçada, com muito sotaque, de modo que muitas palavras acabam sendo até difíceis de entender o que ele fala, e isso não é legal para uma animação. Dos demais, a personalidade do diretor Krupp é algo bem forte e a sacada dela ser assim por não ter amigos/relacionamentos foi bem interessante de ver, e inteligente pela parte da equipe de roteiro, e o jovem Melvin soou bem chato por parte de suas atitudes, mas sabemos bem que existem vários assim nas escolas, então fizeram um xerox bem colocado.
No conceito visual, a trama mesmo feita com muita computação gráfica acabou pecando um pouco nas texturas e nos designs dos personagens, pois inicialmente todos pareciam ser bem desenhados, mas com o andar da trama acabamos vendo formas muito semelhantes, quase nenhum movimento de cabelo, capa e afins, e o resultado soa um pouco duro demais, o que não é bonito de ver em um longa misto (quando a proposta é ser duro, ou cair mesmo para o 2D até é bem válido, mas aqui não aparentou esse o motivo!). Mas para contrabalancear esse estilo mais sólido, a equipe compensou muito em cores e tons, trabalhando bem vermelhos, tons de peles diversos, figurinos com cores exageradas, e principalmente uma gosma verde ácida que até o Superman fugiria quilômetros daquilo. Outro grande defeito do longa ficou a cargo do 3D completamente inútil, não tendo uma profundidade sequer, um detalhe saindo para fora da tela, absolutamente nada, de modo que na cena dos papeis higiênicos voando até achei que iria virar uma festa na tela, mas nada, tudo vai para o outro lado, e o resultado acaba sendo bem desapontador por parte dessa tecnologia.
Enfim, é um filme com uma proposta boa para uma série, consegue ser divertida dentro de um plano mais abrangente, mas que tanto na dublagem nacional, quanto na ousadia cênica acabou desapontando um pouco. Claro que não verei tão cedo a versão original, já que não veio para o interior, mas tenho certeza absoluta de que está melhor dublada e que talvez goste mais do filme desse modo. Portanto até recomendo levar as crianças pelo colorido, pela ideia de que rir é bom, mas faltou o filme causar mais esse sentimento do que apenas falar. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas nessa sexta verei mais dois filmes, então abraços e até breve com mais textos.
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