Sempre digo que é interessante quando saímos de uma sessão e ficamos pensando no que o filme quis dizer para nós, e basicamente "Como Se Tornar o Pior Aluno da Escola" não conta realmente como fazer essa proeza, pois até possui algumas lições incorporadas na trama, mas o filme se desenvolve tanto com diversas bagunças (claro que felizmente sem destruir uma estrutura tradicional de cinema!) que ao final acaba funcionando como uma espécie de filme de sessão da tarde aonde tudo é possível acontecer, mas que por ter tantos xingamentos não irá passar nesse horário. Ou seja, até é um filme que passa um tempo, possui uma boa dinâmica que não cansa o espectador, mas você já praticamente sabe como a trama vai acabar fluindo, com o que vai sendo entregue, e claro que como de praxe do estilo, vem carregada de escatologias para todos os lados para tentar divertir um pouco. Portanto, vai ser daqueles que irá divertir os fãs de Gentili, que realmente gostam desse estilo peculiar exagerado dele, mas que não funciona como um filme cômico para quem deseja ver realmente uma comédia.
A sinopse nos conta que Bernardo e Pedro são estudantes e enfrentam as clássicas tarefas de cumprir as obrigações escolares, tirar boas notas, ter bom comportamento e cumprir as regras da escola, cada vez mais elaboradas graças ao diretor Ademar. Frustrados, Pedro acaba encontrando um diário de como provocar o caos na escola sem ser pego, o que leva os dois amigos a seguirem as dicas do caderno.
Em sua primeira direção e adaptação de livros para longas, Fabrício Bittar (que já foi uma criança no arco-íris de "Xuxa Contra o Baixo Astral"!!!!) não só conseguiu criar algo bem diferenciado, como também criou uma grande amizade com Gentili, tanto que em breve estará dirigindo os dois próximos longas criados pelo apresentador, mas o fato que vai ficar marcado em sua carreira é o estilo que soube misturar bem desenhos do diário com as situações ocorrendo na trama, meio que realmente como se fosse rolar o desenvolvimento do manual de Gentili. Claro que talvez o manual em si só desenvolvido ficasse um pouco chato, e nem sei se no livro que é baseado do Danilo Gentili é realmente assim, mas podemos dizer que embora tudo seja muito maluco, o resultado acaba impressionando. Como o personagem de Fábio Porchat diz no trailer, esse filme é um desserviço com o cinema nacional e você deveria ficar em casa ao invés de ir ao cinema conferir, claro que isso foi um tremendo marketing bem feito no trailer, mas em parte a bagunça que acabaram criando é tão imensa que mesmo o filme tendo alguns momentos interessantes (principalmente nas cenas finais!) o que é dito é bem válido.
Quanto das atuações, os jovens Daniel Pimentel e Bruno Munhoz se saíram até que bem expressivos em seu primeiro trabalho nos cinemas, de modo que conseguiram criar uma boa amizade com uma química interessante, e também se desenvolveram bem durante o longa com seus Pedro e Bernardo, porém ambos poderiam ter feito caras mais empolgadas em diversos momentos, parecendo estranhar ainda um pouco para onde olhar, mas isso como já disse outras vezes, se aprende com o tempo, e claro que um bom diretor ajuda bastante. É claro que por ser seu livro, Danilo Gentili tem o papel mais importante na trama, como o antigo pior aluno, dono do diário original e mentor dos garotos que desejam se salvar da escola, e com isso ele praticamente faz o papel real de sua vida, como playboy que frequenta festas abarrotadas de bebidas e mulheres, tem um apartamento com tudo que um garoto sonhou e claro fala muitos palavrões, mas embora ele seja assim, talvez não precisasse exagerar tanto, e com isso acabou ficando até forçado demais, mesmo que com isso acabe fazendo rir em diversas vezes. Carlos Villagrán (nosso eterno Quico) entregou um diretor Ademar bem autoritário, mas embora use frases consagradas suas, faça algumas caretas também bem conhecidas, os produtores ainda devem estar se perguntando o motivo de colocar alguém falando um portunhol horrendo que ninguém consegue entender praticamente nada no filme, de modo que garanto que associamos 99% do que ele fala pelas respostas dos demais em cena, pois dificilmente alguma palavra sai bem colocada, talvez legendando ele melhoraria muito, mas aí sairia da essência da trama, que acho que era a de realmente ninguém entender ele. Moacyr Franco caiu bem como zelador da escola, mas também acabou um pouco forçado no besteirol, aparentando mais um zelador de prisão do que de escola realmente, ficando um pouco estranho de se ver. Agora dificilmente fico triste por algum ator/humorista estragar carreira em filmes, mas o que Fábio Porchat fez com seu Cristiano é algo para se desprezar muito, afinal ele vinha numa pegada de excelentes filmes, mostrando que tem uma boa interpretação e poderia se tornar um grande ator de comédias normais, mas aqui jogou tudo pra cima e ficou péssimo. Dos demais, podemos dizer que os professores Raul Gazolla, Joana Fomm e Rogério Skylab fizeram caras e bocas forçados para aparentar seus papeis, mas nada que fosse impressionante como poderia, já que queriam algo como mestres monstruosos, poderiam ter incorporado isso ficando bravos realmente.
Sem dúvida o melhor do filme (e que irá compor a maior parte da nota!) é a arte visual do longa, aonde conseguiram juntar cenários tradicionais de filmes escolares, com muitas traquinagens dos anos 80/90, muitos cenários preparados para receber cada cena, desde um apartamento fabuloso com muitos elementos cênicos para ser incorporado na trama, passando por um apartamento deplorável (com um Rei do Mate - patrocinador - no meio, no fabuloso também aparece toda hora uma chopeira adesivada), uma escola bem trabalhada de salas prontas para serem usadas, e claro banheiros rabiscados característicos da maioria das escolas. A fotografia da trama também colocou muitos tons fortes contrastando com pasteis dos uniformes, e algumas iluminações chamativas para destacar somente onde desejavam mostrar, criando pontos uniformes e interessantes. Mas sem dúvida alguma o grande feitio técnico ficou por usar muita animação nas vinhetas de quebra das lições, ousando com sabedoria na utilização dos rabiscos de cadernos, fazendo algo bem trash e bacana de ver na telona.
Enfim, se eu falasse que gostei do que vi, estaria mentindo bastante, pois é um filme estranho, bagunçado e que não serve para muita coisa, mas claro que vai ter muitos que gostam do estilo do Gentili, que irão ver o filme, irão se divertir com o que é mostrado e vão ficar com toda certeza aguardando "Como Se Tornar o Pior Aluno da Faculdade", então é daqueles longas que tem seu público definido, mas que não posso recomendar para quem não for desse nicho conferir. Então é isso pessoal, encerro aqui essa semana cinematográfico, mas volto na terça já com uma pré da próxima semana que está em cartaz já, então abraços e até breve.
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