Gostamos de ver muitos filmes tensos e que contenham roteiros com mil reviravoltas, que deem nós no nosso cérebro e que nos faça pensar bastante, mas com toda certeza também gostamos de ver um filme leve apenas para relaxar, que trabalhe ideias simples e consiga cativar por mostrar que nem sempre o mundo do cinema é tão simples como muitos imaginam, juntando a isso a ideia de que seus planos jamais podem ter data para ser fechados, e que amizades podem acontecer a qualquer momento. Com essa ideia em mente, conferir o longa "De Volta Para Casa" pode ser uma experiência bem prazerosa, que até podemos reclamar de ser piegas demais, com reviravoltas simples e clichês demais, mas que com toda certeza fará muitos da área de cinema lembrar o quanto é difícil criar uma ideia, e ir mostrar para um financiador/produtor, e pensando dessa forma, por bem pouco esse Coelho quase esqueceu o romance/filme que ocorre no primeiro plano e focou somente na história dos três jovens secundários, pois não digo que a história/relacionamento do grupo todo com o ar maternal/incorporador da protagonista seja algo subjetivo, mas o longa certamente acabará sendo visto de duas formas, uma por quem for querendo o romance mesmo, e outro como esse que vos digita sempre acabou vendo, e sendo assim, vou tentar falar mais dos dois vértices mais para baixo, mas garanto que quem gosta de filmes leves, com uma pegada quase europeia vai curtir esse roteiro bem simples e bacana aqui.
A sinopse nos conta que recém-separada do marido, Alice Kinney decide recomeçar a sua vida se mudando para sua cidade natal, Los Angeles, com as duas filhas. Durante uma comemoração do seu aniversário de 40 anos, ela conhece três cineastas que precisam de um lugar para morar e acaba deixando os rapazes permanecerem em seu quarto de hóspede temporariamente, mas o acordo gera situações inesperadas.
O estilo encontrado pela diretora e roteirista estreante Hallie Meyers-Shyer basicamente é algo que bebeu muito na fonte de sua mãe Nancy Meyers, que aqui atacou de produtora, pois basicamente o que vimos em "Um Senhor Estagiário", "Simplesmente Complicado", vemos novamente aqui com uma roupagem diferente, mas usando os mesmos artifícios e pontuais evoluções, o que mostra a seguinte frase que "filho de peixe, peixinho é", e com isso, não temos nada que surpreenda o espectador, aliás não se deve esperar nada de um filme desse estilo, pois as reviravoltas são sempre as mesmas, os fechamentos os mesmos, e só acabamos errando em detalhes (por exemplo apostei que o que acontece na penúltima cena, aconteceria 3 minutos antes, na cena anterior!). Ou seja, a diretora entrega o que conhece, de um modo simples, mas que acaba se tornando gostoso de assistir, pois não força nossa amizade (colocando clichês sim, e de forma correta, pois quando alguém tenta usar um clichê e falha inventando, o resultado soa péssimo), nem ousa querer que o público se emocione com o que é mostrado, apenas faz relaxar e mostra com serenidade cada ato seja ele visto pelo pessoal da área de cinema como a vida nessa área nem sempre é favorável e que temos de fazer algumas escolhas para ajudar os amigos, ou na área mais comum de público, que podemos optar por todos os lados gerando uma harmonia com nossas escolhas para ficarmos felizes e quem sabe até agradar a todos.
Sobre as atuações, temos de ser factíveis que a estrela de Reese Witherspoon já não lhe sorri mais tanto como quando era mais jovem, e mesmo tendo um carisma incrível em cena com sua Alice, seus grandes momentos acabam sempre sobrepostos pelos demais personagens, o que é estranho de ver, pois certamente uma atriz do porte dela conseguiria sobrepor qualquer um dos atores menos conhecidos, ou ao menos, as garotinhas, o que acaba não ocorrendo, mas isso não é motivo de derrota, pois ela agrada bem na maior parte do tempo, e mostra que quando ela quer soar simples consegue sem forçar. Michael Sheen aparece pouco com seu Austen, mas põe pra jogo seu estilo forte e consegue chamar a atenção com isso, criando momentos isolados que acabam floreando o resultado, talvez um pouco mais de briga/dinâmica com os garotos daria um tom mais forte para o filme. Nat Wolff cresceu demais e mudou muito nesses 2 anos, de modo que o garoto mais sonhador e cheio de trejeitos que vimos em "Cidades de Papel" e "Um Senhor Estagiário", aqui ficou estático demais com seu Teddy e é fácil notar que muitas cenas suas foram eliminadas, talvez por não ousar tanto. Pico Alexander aqui é inserido como o famoso galanteador que faz as garotas suspirarem e que sempre vai ficar tentando aparecer nas cenas mais impactantes, de modo que seu Harry acaba sendo bem entregue e até agrada tirando alguns exageros expressivos nas suas cenas mais revoltadas. Agora sem dúvida alguma (ao menos no meu conceito) dos três jovens, o que foi mais bem elaborado tanto em trejeitos bem colocados, quanto na concepção mesmo do personagem foi Jon Rudnitsky com seu George, de modo que chega a ser difícil não se afeiçoar com ele, seja na forma de tratamento dado para as garotinhas, quanto para com seu relacionamento com a protagonista, numa forma de olhares muito melhor do que a trocada com o seu par realmente na trama. Quanto aos demais, temos de dar um leve destaque para Candice Bergen com sua Lillian que cai completamente na tradicional forma de ser conquistada pela reverência de fãs, e um grandioso destaque para o nível interpretativo das duas garotinhas Lola Flanery com sua Isabel e Eden Grace Redfield com sua Rosie, pois ambas detonaram do começo ao fim com olhares, trejeitos e principalmente colocando seus diálogos num nível de carisma impressionante.
Dentro do conceito cênico, o longa conseguiu ter um charme extra ao trabalhar bem o cinema mais artístico e claro suas locações mais cheias de detalhes, de modo que temos a casa da protagonista literalmente como uma casa de cinema, com lençóis que parecem abraçar os protagonistas (é usado inclusive como tema de piada na trama), com festas nos quintais regadas a projetores antigos em panos amarrados, e muita dosagem de elementos cênicos representativos, seja por quadros, oscares, rolos de filmes, máquinas de escrever, e claro tudo que pudesse remeter aos bons tempos que o pai da protagonista viveu (inclusive usando um carro bem da época - em uma outra piada clara de que hoje ninguém por lá sabe usar carro de câmbio manual), e claro que nas demais cenas dos jovens indo à encontros com produtores, é mostrado que esses pouco ligam para os artistas, querendo colocar eles até mesmo como elementos cênicos (outro ótimo ponto de piada), ou seja, até mesmo os personagens em diversos momentos acabam servindo de elementos de arte para a equipe de arte, num ótimo trabalho de composição. Quanto à fotografia, tivemos tons leves para manter a simplicidade da trama, ousando bem pouco em iluminações de foco para dar leves destaques, mas nada que seja impressionante de ver, deixando o longa não tão forte comicamente, mas também não caindo para tons dramáticos como poderia acontecer.
Enfim, é um filme que até pode passar despercebido por muitos, e que não vai também chamar muito a atenção para quem não é fã do estilo, mas acaba saindo tão gostoso de ver, que acaba agradando quem for disposto a relaxar e entrar na onda da história realmente. Claro que é notável a quantidade de cenas cortadas fora, a quantidade imensa de clichês colocados para pontuar cada cena, mas a função do filme não é ser algo grandioso, muito menos algo novo no estilo, mostrando apenas que a jovem diretora se seguir os passos da mãe, logo mais deve ter grandes filmes do estilo em suas mãos e certamente vai acertar. Portanto, vá conferir sem esperar muito dele, que a chance de gostar do que verá é bem alta, mas se romances não é sua praia, fuja. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, já vendo esse como uma das estreias da próxima semana, afinal está com várias sessões de pré-estreia paga, mas volto na próxima quinta com realmente mais estreias, então abraços e até lá.
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