Quando falam de lançamentos de filmes que misturam atores com animações já dá até um arrepio em todos os pelos do corpo, pois geralmente a chance de dar tudo errado nos olhares dos atores, na conexão entre personagens animados com toda a cenografia, e tudo mais é altíssima, porém felizmente o problema de "Pica-Pau - O Filme" passou bem longe de ser esse, mas sim a escolha de um estilo no meio do caminho entre o infantil e o adulto, prendendo os pequenos somente pelas cores do pássaro (que se destaca completamente de todo o restante no filme) agitado e maluco que diversas vezes para tentar conversar com os espectadores, e juntando a isso uma comédia familiar bem leve e fraca que não consegue prender a atenção dos mais adultos que foram ao cinema esperando ver algo mais próximo das façanhas do desenho que tanto vimos quando mais jovens (que pregava peças monstruosas nos vilões e não apenas leves sacanagens como aqui!). Ou seja, já que a ideia era conseguir uma bilheteria mais ampla com os pequenos que são viciados nos desenhos, colocasse já para o lado infantil e pronto, teríamos algo bem colorido e divertido, mas a pregação moral aqui acabou ficando morna demais para ser algo além, e assim alguns personagens entram na trama quase que por obrigação (a turma de crianças musicais ficou algo completamente fora do eixo, e diversos momentos ficaram realmente toscos!!) não atingindo quase nada para falar que foi erro de corte ou algo do tipo. Sendo assim, quem for conferir, vá preparado para muita desconexão cênica, mas ao menos saiba que se for levar algum pequenino, pelo menos os dois que estavam na sessão hoje ficaram bem ligados na tela, e como costumo dizer, funcionou para eles.
O longa nos mostra que o travesso Pica-Pau está metido em mais uma de suas insanas brigas por território. Os inimigos da vez são o vigarista Lance Walters e sua namorada Vanessa. Precisando de dinheiro, eles estão determinados a construir uma extravagante mansão na floresta e lucrar com sua venda, mas Pica-Pau também mora no terreno e não pretende deixá-los em paz.
Diria que nunca havia visto o trabalho do diretor Alex Zamm, pois todos os seus trabalhos anteriores foram continuações famosas feitas direto para vídeo, e até posso dizer que ele soube trabalhar bem a produção em si, principalmente fazendo o que é mais difícil: misturar uma animação com atores sem que os movimentos ficassem artificiais, friso movimentos, pois sabemos que o Pica-Pau ali não é real, e os atores até ficaram bem colocados olhando para lugares certos, conversando e mexendo corretamente com o personagem, e isso é raro de ver nesse estilo de filme. O grande problema do filme é visto logo que sobe os créditos, pois temos duas duplas de roteiristas, ou seja, não vou afirmar pois não li o roteiro original, e principalmente pelo filme ter vindo somente dublado, mas aparentemente o longa pareceu ter perdido o rumo que desejavam mostrar, não indo nem para o infantil gostoso e animado que adoramos ver, nem para o estilo família tradicional que passa boas lições e tem um desenvolvimento também bem colocado, ficando perdido no meio termo. Portanto, o resultado da direção foi bem feito pelo estilo de controle de atores, uma orquestra bem ornada, mas ele não soube arrumar o problema original e escolher um lado para tomar no final das contas.
Sobre os personagens, mais uma vez falo que não vou analisar interpretação por ver o longa dublado (e como é bem notável, o lipsynk está péssimo, mesmo com a própria atriz se dublando já que é brasileira). E dito isso, temos de pontuar que deram uma ótima e bem divertida voz para o Pica-Pau, aproximando bem do que víamos nos desenhos e criando uma boa comicidade para o personagem, claro que talvez pudesse ser até mais ácido em alguns momentos, mas aí sairia do tom infantil da trama. Dos humanos, de certo modo os atacados pelo pássaro ficaram fracos, com a brasileira Thaila Ayala saindo um pouco forçada como uma patricinha dondoca jogada na floresta, mas também o advogado super empresário vivido por Timothy Omundson acabou soando bobo com seus momentos gastador oscilando com o de pai ausente, ou seja, perdido. O garotinho vivido por Graham Verchere até se saiu bem nas atitudes com o pássaro, mas não precisava de uma banda, muito menos ser vítima de uma briga ridícula. Os vilões embora soassem toscos e bobos demais, foram bem interessantes na escolha dos atores, pois se pareceram bem com vilões de alguns desenhos, e assim sendo Scott McNeil e Adrian Glynn McMorran foram boas aquisições para o longa, e talvez nas vozes originais ficaram melhores. Dos demais, a maioria foi enfeite, mas vale um leve destaque para a guarda-florestal que embora faltasse um pouco mais de empolgação para agradar, fez boas caras e bocas.
No conceito visual, a trama não gastou muito, pois optou por uma floresta, muita madeira cênica para construção/destruição e alguns ambientes fora dali para trabalhar as cenas na cidade/vilarejo (o que foi completamente desnecessário e poderiam ter economizado mais ainda!), deixando claro para que tudo fosse feito sem muita movimentação para encaixar bem com a animação do pássaro tagarela, e com isso, o resultado embora simples foi bem colocado. A fotografia também não foi muito elaborada, afinal os tons foram sempre iguais para destoar o restante e deixar que o pássaro vermelho se destacasse de tudo, ou seja, luz básica do começo ao fim. Um detalhe interessante é de o filme não ter sido vendido em 3D, pois temos tantas cenas com voos e movimentações do personagem principal, que certamente agradaria bastante com a tecnologia, e claro arrancaria mais dinheiro dos pais, mas enfim, o filme não valeria tanto o investimento.
E sendo assim, o resultado final é bem simples: um filme que mais vai vender produtos (afinal já é sucesso nos desenhos, agora em filme então com certeza vai aparecer muito mais coisas!), mas que é fraco como cinema, talvez algo mais próximo dos desenhos, e menos família com problemas agradasse mais. Portanto, quem for levar os pequenos para o cinema, vá preparado para pouca diversão e muito colorido, afinal, isso é o que as crianças querem ver, e você não. Bem é isso pessoal, um filme mediano, que paro aqui de escrever sem me alongar muito, mas volto amanhã com mais um texto, então abraços e até breve.
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