Ultimamente temos assistido a tantos romances que parecem livros pela sua essência contada quase que de forma capitular, alguns com quebras de tela (fundo preto), outros com capítulos realmente, mas sempre mantendo o mote principal, que é fazer o público chorar por algum motivo determinante. Em alguns esse modelo acaba agradando e acertando para o grande bem do cinema, em outros, acabamos ficando esperando tanto o grande ponto de virada que mesmo que a trama acabe emocionando em alguns momentos, apenas sentimos a emoção e iremos esquecer de tudo o que vimos tão logo saímos da sessão. Infelizmente "Uma Razão Para Recomeçar" se enquadra nesse último estilo, pois tem uma proposta bonita, que mistura muitas ideias que já vimos em quase todos os filmes de Nicholas Sparks (esse não é dele, mas a ideia é tão próxima que achamos ser), com algumas leves ideias de "Meu Primeiro Amor", e claro usando as pitadas mais dramáticos do grande mal da era moderna, que acaba até sendo impactante, mas os atores são tão fraquinhos que nem para emocionar com expressões conseguiram, ficando mais a comoção pela ideia em si, do que pelo que o filme mostra. Ou seja, um filme simples, bem bonito visualmente, mas que não atinge nem metade do que poderia.
O longa nos conta que ainda criança, Ben conhece Ava, a pequena e graciosa vizinha, surgindo um forte laço de amizade e confiança que os acompanha durante toda a infância como atração e posteriormente paixão quando adolescentes. Esse conto de fadas na vida adulta torna-se amor e casam-se. Mas aí o destino prega-lhes uma peça quando a Ava tem o diagnóstico de uma doença e o amor e cumplicidade ficam sob ameaça.
Quando um ator resolve assinar um roteiro, e consequentemente a direção de um longa, deve levar em conta todo seu histórico, e principalmente pensar aonde ele quer chegar na carreira, pois muitos obtiveram grandes sucessos, e outros apenas elevaram seus egos entregando algo que não chega a impressionar nem com muito esforço. O que Drew Waters fez aqui foi algo singelo dentro de suas limitações, pois após muitos filmes e séries que fez pequenas pontas e alguns elementos secundários, ele acabou criando algo bonito de se ver, aonde usou um pouco de inspiração em sua família, e acabou ordenando as ideias para que tudo soasse bem feito, porém toda hora o rapaz narrando os seus sentimentos, daí ocorre algo, meio que para com um fade, vai para um novo acontecimento, muda de novo o ângulo, e por aí vai acabando ficando cansativo demais, e com isso, ele não conseguiu mostrar seu poder de ordenar as ideias em sequência e criar algo que fosse realmente empolgante de ver. Porém mesmo que isso fosse feito, o maior defeito da trama ficou com a falta de um clímax realmente chocante, ou emocionante, pois o que acaba ocorrendo vem de uma maneira tão natural, que vemos como uma passagem pré-preparada pelo conteúdo completo, e ao final quando temos um novo clímax que poderia realmente ter o nome do filme em português, já acaba o longa.
Outro grande defeito da produção, que embora tenha ocorrido assim para economizar nos custos, foi usar atores bem desconhecidos, e quase sem nenhum carisma emotivo para nos surpreender, o que acaba causando até um certo estranhamento inicial, mas que depois de certo tempo passamos a achar jovens demais para algumas atitudes, e por consequência o resultado final fica abaixo do esperado. Jonathan Patrick Moore acabou entregando um Ben até que descolado inicialmente, com boas propostas para o personagem, mostrando disposição de encarar as cenas mais tensas, mas sempre estava com a mesma expressão sem sal, o que é estranho de ver, pois em filmes desse estilo, geralmente os diretores de elenco exigem muitas caras e bocas dos artistas para fazer realmente o público sentir sua dor, e na sua cena mais bem colocada, embaixo da chuva, ficamos falando "sério que ele tá assim?", ou seja, fraco demais para um papel que exigia algo mediano pelo menos. Erin Bethea até possui um semblante bem colocado e entregou uma Ava interessante, mas que por mais sorrisos e personalidade bem trabalhada que inicie a trama, ao entrar no drama realmente conseguiu trazer uma expressão tão desanimada que realmente parece que desligou a personagem, e embora isso seja um certo acerto, o resultado acabou soando estranho. Dentre os demais, tivemos algumas participações que mereceriam mais tempo de tela, pois fizeram certos tons agradáveis como Kelsey Formost como a francesinha Monique, Kris Lemche com seu irreverente Michael, e até mesmo o médico sério Terry O'Quinn junto com seus pacientes, "pacientes", mas optaram por ficar colocando mais em cena os pais dos protagonistas, e James Marsters aparentou estar tão desanimado com a produção com seu William que chega a desanimar até o público.
Embora não seja tão identificável a locação do filme, escolheram uma pacata cidade localizada ao lado de um lago ou rio que trouxe bons tons para a trama, além de ter trabalhado bem com muitas cores tanto na casa dos protagonistas quanto no hospital, não criando uma textura dura e triste como vemos em muitos hospitais em filmes, o que é legal de observar, mas faltou um pouco mais de cada cena ter seus próprios elementos marcantes, pois deixaram apenas o barco para conectar tudo, e acabou faltando mais detalhamento da vida pessoal deles e coisas interessantes para se lembrar no fim. A fotografia optou por uma iluminação mais clara e nítida que deu um contexto gostoso de acompanhar ao menos, mas com isso não oscilou as cenas cômicas, românticas e dramáticas presentes na trama, entregando tudo com um ar único e sem muito sal, ou seja, vamos trabalhar o básico bem feitinho e esquecer que o longa tem mais vértices.
Enfim, é um filme que acaba entregando algo bonito, que até pode comover e emocionar de certa forma, mas que infelizmente possui tantos defeitos, e que acaba falhando no conceito maior de criar um ar romântico e emotivo realmente, que como disse no começo, é bem capaz que após terminar de escrever meu texto eu nem lembre mais de ter visto esse filme, ou seja, algo que acabou não marcando como poderia, pois volto a frisar, quem estiver emotivo vai lavar a sala, mas não vai nem saber o real motivo. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com a última estreia dessa semana que as distribuidoras esqueceram do interior novamente, e ficou metade das estreias sem vir para cá, então abraços e até logo mais.
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