Viver um estilo de vida em uma viagem exótica pode ser um grande sonho de muitos, mas sabemos bem que querer não é poder, e muitas vezes precisamos seguir regras para turistas e com isso conseguir aproveitar as dicas e fazer melhor o passeio sugerido. Com isso em mente, logo de cara o diretor já nos entrega o final de "Gabriel é a Montanha", e voltamos vários dias para uma de suas paradas de conhecimento, para que juntos vamos conhecendo seu estilo de vida, suas propostas e como ele chegou até o ponto mostrado no início do filme. Claro que para conhecermos e adotarmos toda a sintaxe do filme, o resultado acaba sendo um pouco alongado, mas vamos nos permitindo acompanhar tudo, conhecer tudo, e principalmente viajando junto com as belas paisagens, os diferenciais hospitaleiros e claro turísticos do povo africano, que ajuda bastante o protagonista por poucos dólares, mas tudo acaba soando cansativo demais, pois esse estilo de vida, dentro de um road-movie capitular é algo que se necessita muita paciência, vontade e até mesmo ter esse mesmo estilo, sendo um longa próprio para um estilo de público, e com isso o resultado peca por se alongar demais.
A sinopse nos conta que Gabriel Buchmann tinha um grande sonho: conhecer a África. Entretanto, mais do que visitar seus pontos turísticos ele desejava conhecer como era o estilo de vida do africano, sem se passar por turista. Desta forma, decide encerrar sua viagem ao mundo justamente no continente, onde se envolve com vários habitantes locais e recebe a visita da namorada, Cristina, que mora no Brasil. Prestes a retornar, seu grande objetivo se torna alcançar o topo do monte Mulanje, localizado no Malawi.
Com essa ideia em mente, e claro também todas as fotos da câmera do verdadeiro Gabriel, juntamente com todos os depoimentos usados no longa quase que funcionando como um documentário ficcional ilustrativo, o diretor Felipe Barbosa trabalhou bem as locações e foi refazendo praticamente todos os passos do personagem principal, em algo quase que de busca para saber o real motivo de tudo ter acontecido, e com esse olhar, ele também nos permeia experimentar sua ideia e querer saber mais de tudo, afinal como disse, logo de cara sabemos o fim do filme. Não posso dizer que é algo ruim o que nos é mostrado, mas filmes baseados em histórias reais, necessitam de algo a mais para prender o público, tanto que uma senhora ao meu lado, já nas cenas finais resolveu mexer no celular por cansar do que estava acontecendo no longa, ou melhor, não acontecendo, e isso mostra a falta de um mote mais pretensioso, ou até mesmo que pudessem inventar algo melhor e criativo para que tudo empolgasse e criasse algo mais eloquente, pois como costumo dizer, ou fazemos uma ficção realmente, ou documentamos algo, pois a mistura geralmente não agrada. Sendo assim, volto a frisar que o diretor não errou no estilo seguido, apenas não vai atingir nada com o que acabou fazendo, tendo apenas uma história contada de maneira alongada.
Podemos dizer que o protagonista escolhido para viver Gabriel, João Pedro Zappa, tenha conseguido captar bem a essência frenética do verdadeiro Gabriel, pois ele nos transmite a paixão pelos povos, pela família, pela namorada e seus anseios políticos e humanitários, trabalhando bem expressões e carismas junto com os "verdadeiros" personagens da história real, e com isso ele consegue nos transmitir segurança do que está fazendo, bem como veracidade nos fatos, mas talvez poderia ser menos eufórico para que toda a situação final ficasse menos forçada. Como a maioria dos personagens secundários são pessoas reais, o grande mérito de captar ótimas expressões ficou a cargo do diretor que soube dosar seu estilo juntamente com tranquilidade, deixando que todos florescessem bem e chamassem a atenção da forma mais natural possível, o que foi um grande acerto, e quanto a namorada interpretada por Caroline Abras, talvez pudesse ter sido mais natural, pois acabou soando forçada demais em trejeitos, nem parecendo realmente amar o protagonista.
Quanto do visual da trama, o acerto foi bem colocado, afinal seguir uma trama real, nos locais reais é algo que digamos seja "fácil", porém a grande sacada foi procurar os pontos reais das fotos para que a veracidade ficasse ainda melhor, e com isso, temos quase uma pesquisa de campo pela África, aonde a equipe de arte minuciou a documentação dos fatos, criando algo simples, bonito e bem feito, aonde tudo cabe como um mapa turístico para quem um dia planejar uma viagem visceral do mesmo estilo. A fotografia também procurou ser o mais documental possível, e agrada bastante com esse estilo, mas nada que impressione, nem atinja patamares chamativos de um longa ficcional realmente.
Enfim, é algo que consegue passar sua mensagem, mas que falha em ser extremamente linear e documental demais, numa busca cansativa de ideias que não atinge nenhum ápice, e mais cansa do que agrada. Recomendo ele mais para os fãs de viagens alternativas que gostem de filmes alternativos também, pois para os demais será apenas mais um longa que leva nada a lugar algum. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas já vou para mais um filme nessa semana frenética de estreias, então abraços e até breve.
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