Existem filmes que nos fazem chorar, outros fazem rir aos montes, em alguns casos saímos com medo, outros saímos indignados da sessão, mas também há aqueles que saímos da mesma forma que entramos, sem que nada tenha ocorrido, impressionado ou causado ao menos algum esboço expressivo de nós mesmos, ou seja, aqueles filmes que ficamos pensando o real motivo de não terem tentado fazer algo para ir para algum lado, e infelizmente a única estreia da semana, "Gosto Se Discute" se encaixa nessa gama de filmes, pois até tentou passar fome no público com ótimas imagens de comidas excêntricas (e aparentemente bem gostosas) sendo preparadas, tentou criar pitadas românticas, tentou fazer rir em piadas bem fracas, mas não conseguiu chegar a lugar algum, criando algo bem feito apenas, que já que estamos falando de um filme com temática alimentícia, faltou tempero para dar um toque agradável para tudo o que acabaram entregando (ou melhor, não entregando!). Não digo de forma alguma que seja daqueles filmes que vamos xingar e falar que é a pior coisa do muito, muito pelo contrário, é bem feito e até a Kéfera conseguiu mostrar expressividade, mas não empolga ninguém, e dificilmente será daqueles que vamos lembrar de ter visto um dia.
O chef de um restaurante estrelado, mas um tanto ultrapassado, vê toda sua clientela ir para um novo “food truck” em frente ao seu estabelecimento. Para piorar, ele é obrigado a aceitar uma auditora do banco que quer promover uma verdadeira revolução no restaurante. O nervosismo é tanto que leva o chef a perder o seu paladar. Um novo cardápio parece ser a solução para recuperar o restaurante, mas como criá-lo sem sentir gosto algum?
Sinceramente não sei o que anda ocorrendo com o diretor André Pellenz, pois começou no cinema muito bem com "Minha Mãe é Uma Peça", voltou para a TV bem com "220 Volts" (que até hoje não consegue sair do papel a versão de cinema), derrapou um pouco no infantil "D.P.A - Detetives do Prédio Azul", e agora com um roteiro seu realmente mostrou a falta de conexão total, não sabendo para onde desenvolver seu filme, de modo que podemos dizer que realmente o grande problema do longa é o roteiro, que entrega tão fácil tudo o que vai acontecer (tirando claro o insight por sonho de que estilo de comida seguir, completamente inusitado), que parece que tivemos uma indigestão com o prato entregue, e que tudo fica rodando sem sair do lugar, apenas esperando uma melhora considerável para finalizar a trama. Não digo que talvez o longa conseguisse emplacar melhor com alguma desenvoltura caso escolhessem apelar para comicidade, ou jogar de vez com algum drama mais romantizado, mas que sim, ele poderia ter ficado nesse novo nicho alimentício, mas com algumas pitadas mais dramatizadas que conseguisse pontuar ou chamar o público para ele, não deixando que tudo acontecesse apenas, como é o caso aqui. Ou seja, seu filme acabou ficando realmente sem sal nem tempero algum, faltando dizer a que veio fazer nos cinemas.
Sei que muitos irão colocar a culpa na youtuber Kéfera Buchmann pelo fracasso do filme, mas muito pelo contrário, dos três filmes que participou, nesse foi o que ela mais pode demonstrar sua formação de atriz, colocando em sua Cristina personalidade forte, e principalmente um visual bem trabalhado, que quem não a conhecer, e for sem saber, é bem capaz de confundi-la com Fernanda Paes Leme, pois a jovem fez boas caras e bocas, e soube dominar suas cenas principais, não entregando nada fora do usual. Cassio Gabus Mendes é um bom ator, mas aparenta estar enferrujado com seu Augusto, entregando um papel simples demais, e que não decola seja por falta de atitude da direção, ou até mesmo da vontade do ator para com seu personagem. Quando um filme falha no conceito, o grande erro acaba aparecendo nas pontas soltas do elenco de apoio, de modo que vemos Paulo Miklos exagerando em trejeitos como um médico com sotaques e tiques, que tenta soar engraçado, vemos Zéu Britto fazendo gagueiras forçadas para também tentar puxar graça para si, mas só fica desengonçado, vemos Gabriel Godoy enfeitando apenas a cena com seu Patrick, que ao menos mostra o exagero do tradicional modismo dos trucks, e vemos a literal participação especial de Mariana Ximenes, que deve ser produtora na trama para seu nome aparecer em letras graúdas na abertura, pois aparece duas cenas dando apenas tchau para a câmera, ou seja, se recebeu cachê por isso, alguém no longa deveria apanhar!!!
O melhor do filme sem dúvida alguma é a produção e a equipe de arte, que se empenhou bastante em criar um ambiente clássico tradicional de grandes restaurantes, mostrando muita comida bonita e suas preparações, e com digamos pouco gasto, pois certamente foi escolhido algum bom restaurante e tudo rolou por ali, o que é de grande valia, pois realçaram bem a dinâmica, e o resultado visual acabou funcionando bastante, embora pudessem ter colocado flores melhores que as de plástico, ou seja, tivemos ao mesmo tempo um certo capricho, mas também um desleixo para mostrar que o restaurante parou no tempo. Sendo assim, podemos dizer que a equipe de arte trabalhou bem, e uniu-se à equipe de fotografia para manter tons fortes e que dessem ao menos fome no público, o que resultou em poucas sombras e escolhas de ângulos mais fechados, o que chama uma certa atenção visual.
Enfim, é um filme bem feito, mas que falhou na principal parte inicial, que é a ideia funcionar e causar algo no público para que fosse lembrado/recomendado, ficando morno na maior parte do tempo, e não chegando em nenhum ápice que valesse ser destacado. Sendo assim, nem tem como falar para que confiram, pois certamente quem for irá vir reclamar de ter pago, então deixe esse de lado, e aguarde melhores produções que estão para estrear. Bem é isso pessoal, fico por aqui com a única estreia da semana, mas ao menos veio uma pré para passar o fim de semana, então abraços e até breve.
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