Podemos dizer que 2017 foi um ano especial para as animações brasileiras, pois pela primeira vez tivemos 7 longas lançados nos cinemas (aqui no interior só vieram 3, mas tudo bem), e aqui com "Historietas Assombradas - O Filme" ficamos perguntando que tipo de tóxico o diretor fumou para fazer a loucura completa que é esse longa, não digo que seja algo ruim, muito pelo contrário conseguimos rir muito da completa confusão entregue, mas que é algo surreal, com toda certeza é. O estilo de desenho é bem simples, mas com cores fortes e uma história bem maluca o resultado da trama acaba agradando e divertindo quem gosta de um humor mais elaborado, quase puxado para o negro, mas que feito com minúcias para agradar os pequenos fãs do programa que passa na TV. Aqui o grande problema é que a história foi um pouco alongada e com isso a trama que tem apenas 90 minutos parece ter bem mais. Ou seja, quem for ao cinema vá preparado para se divertir, mas também para cansar com a grande quantidade de informação mostrada.
A sinopse nos conta que aos 12 anos, Pepe mora com sua avó, uma bruxa-empresária, e descobre que é adotado. Ao saber que seus pais estão vivos, ele parte em uma aventura para encontrá-los. O menino atrai a atenção de Edmundo, um vilão biomecânico que precisa da energia de crianças para se tornar imortal, que rapta a avó de Pepe. Desta forma, o garoto e seus amigos precisam resgatá-la o quanto antes, ao mesmo tempo em que Pepe busca solucionar o mistério do desaparecimento de seus pais.
O trabalho feito pelo diretor Victor-Hugo Borges é algo que se mostrou bem aprimorado, mas completamente insano, pois ele não nos obrigou a ter visto o desenho original da TV (o que é ótimo!), mas com isso acabou fazendo personagens tão malucos que acabamos conhecendo eles tão rapidamente que chega a ficar estranho e bizarro também, pois temos gatos ajudantes da vó, temos um robô maligno buscando conseguir ajudar sua família com a juventude alheia, temos personagens excêntricos com personalidade teatral, de forma que como o título da TV diz, "Historietas Assombradas para Crianças Malcriadas", certamente acabam transmitindo um ar de terror para todos, mas de forma divertida e bacana de ver. Ou seja, temos um filme que não se preza por levar muito a sério, mas com isso acaba conquistando e divertindo, o que é um grande acerto.
Quanto dos personagens, praticamente todos possuem ao mesmo tempo carisma para acompanharmos em sua aventura, e desgosto pelo que fazem de errado na tela, o que é algo bem interessante de se acompanhar, e além disso a dublagem foi muito bem acertada para ajudar a incrementar trejeitos e qualidades vocais de cada personagem. Ou seja, o protagonista Pepe é daqueles que ao mesmo tempo que amamos, também odiamos, sendo rebelde, cheio de defeitos, mas que consegue incorporar o estilo aventureiro na busca por seus pais, ao mesmo tempo fazer com que os amigos sigam seus passos malucos, e com isso o resultado acaba empolgante de ver, o que é raro quando colocam personagens ambíguos. A vó é daquelas feiticeiras que torcemos por ver mais e mais feitiços pois seu estilo rancoroso e cheio de rebeldia é sempre bem encaixado, o que acaba divertindo demais. Os irmãos Guto e Gastón são ótimos em contraste e conseguem mostrar dinâmica musical ao mesmo tempo que colocam posturas de diferenças de países, o que foi um grande agrado visual. A jovenzinha Marilu, trabalhou bem a personalidade romântica com o protagonista, mas também mostra o alvo que muitos artistas sofrem com o rigor de suas atitudes pela família/críticos, ou seja, temos de tudo um pouco aqui. E claro que o vilão robô, prefiro esse do que o cérebro, conseguiu fazer bem suas maldades, cantar desafinado para agredir os tímpanos de suas vítimas e ainda se sair bem com suas atitudes, o que é o tradicional de filmes infantis.
O visual da trama trabalhou com cores bem fortes, ousando muito em preto, vermelho e roxo, o que acaba sendo bem ousado para filmes sem muitas texturas (2D tradicional) e com isso sempre tendo destaque para onde o diretor deseja que o público observe o contraste de iluminação acaba sendo funcional. Ou seja, uma arte cheia de objetos estranhos, mas que funcionam bem para a proposta do filme.
Enfim, é um desenho bem estranho que não sei se todas as crianças gostariam de assistir, tendo claro seu público mais limitado, tanto que a sala estava praticamente vazia hoje, mas acredito que mesmo tendo alguns conteúdos mais pesados, a desenvoltura divertida acabará agradando alguns pequenos que forem conferir, e claro, divertindo bem mais os adultos que forem levar eles, mesmo a temática sendo infantil. Portanto, podem levar os maiorzinhos que a diversão mesmo bizarra será interessante. Bem é isso pessoal, encerro aqui essa semana cinematográfica bem grandiosa, e torço para que a próxima venha de mesmo nível, então abraços e até a próxima quinta.
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