O escândalo de Watergate já teve tantos filmes contando os bastidores que fica até difícil um conseguir superar o outro, e com isso sempre procuram trabalhar algum vértice não mostrado ou melhorar alguma questão de diálogo, trabalhando algum personagem diferente da história, de modo que acho difícil não sabermos exatamente o que vai ocorrer, ou ter alguma surpresa com cada filme novo. Sei que muitos também nunca viram nenhum filme, e nem sabem o que ocorreu no ano de 1972 em um dos maiores episódios de corrupção dos EUA, então pra esses recomendo ver o filme "Mark Felt - O Homem Que Derrubou a Casa Branca", mas com muita força de vontade, pois aqui a trama é tão dialogada, tão lenta, tão cansativa que até ficamos envolvidos pela história, mas a falta de dinâmica acaba cansando mais do que deveria, e mesmo sabendo que esse estilo é assim, o resultado acaba falhando mais do que agradando. Não digo que a história em si seja mal-contada, apenas falharam no ritmo da trama para que tivesse algo empolgante como um suspense policial bem colocado que agradaria bem mais.
A sinopse nos mostra que sendo o segundo homem mais poderoso do FBI, Mark Felt crê que irá assumir a organização após a morte de J. Edgar Hoover, mas tem seu tapete puxado pela Casa Branca. Incomodado com a intromissão da presidência em sua área, ele desobedece ordens engajando-se na investigação do escândalo de Watergate e se torna o principal informante da imprensa, o Garganta Profunda.
Realmente o diretor e roteirista Peter Landesman gosta de política como tema central de seus longas, pois depois de "JFK, A História Não Contada" e "Um Homem Entre Gigantes"(que tem um leve cunho politizado, mesmo envolvendo mais o futebol americano), agora ele volta ao tema forte de corrupção em seu terceiro filme, brincando com a bagunça que foi feita nos anos 70 com governo tentando atrapalhar FBI e vice versa num dos escândalos mais fortes do governo americano. Sendo seu terceiro filme como diretor, fica bem claro que seu estilo é lento, portanto já sabemos que quando lançar algo novo iremos ver algo calmo sem quase nenhuma dinâmica, mas o grande problema aqui nesse filme foi mesmo o filme sendo baseado em algo real, usando inclusive como base o livro do próprio Mark Felt, ter deixado que as situações ficassem maiores do que os personagens, pois talvez se os personagens chamassem a responsabilidade, e tivéssemos um filme de espionagem com suspense em cima da execução policial, mesmo que a ficção fosse trabalhada além da história real, teríamos um filme muito mais envolvente e certamente menos chato. Ou seja, faltou para o diretor sair do roteiro e entregar uma trama realmente, não apenas uma história contada. Como costumo dizer é um filme expressivo, com uma trama que é interessante, mas que faltou atitude para virar algo memorável e bom de se assistir.
A carreira de Liam Neeson é estranha, pois consegue entregar tanto filmes de ação sem limite que torcemos muito para ele, como também costuma colocar expressividade em dramas fortes de modo que ficamos pensando se ele está curtindo realmente o que está fazendo, por exemplo aqui seu Mark Felt foi muito bem caracterizado, teve bons momentos expressivos, mas ao final aparentava estar cansado com a produção em si, não que o personagem estivesse exausto dos 30 anos de carreira, mas sim o ator com o que teve de fazer, ou seja, aparentava estar ali pelo dinheiro somente, e isso não é legal de ver. Chega até ser difícil falar de qualquer outro ator no filme, pois temos até muitos grandes nomes no elenco, mas a maioria somente aparece e dá alguma grande cartada com o protagonista e em seguida quase desaparece de cena, o que soa bem estranho para um filme envolvendo políticos e com muito diálogo envolvido, de modo que todos poderiam se destacar ou até aparecer mais, tendo nesse caso um leve destaque para Marton Csokas como L. Patrick Gray e Michael C. Hall como John Dean. Também temos o lado família de Felt, e embora seja algo completamente desnecessário na trama (apenas para mostrar que o grande nome do FBI também usou seus dados para algo particular), Diane Lane fez duas boas cenas como Audrey Felt, mas nada que seja surpreendente.
No conceito visual, se falarem que o filme custou muito temos de ir atrás do dinheiro, pois basicamente o longa inteiro foi feito dentro de salas de escritório, sem quase nada ocorrendo para impressionar, tendo mesas, documentos e figurinos apenas para compor a cenografia, mas nada impressionante também, ou seja, um filme de época que não necessitou muito para ser trabalhado, já que não se necessitou muitos elementos cênicos para desenvolver a trama. A fotografia trabalhou de forma criativa escurecendo quase todo o ambiente, dando foco para os personagens principais nos momentos corretos para que o filme ficasse tenso, mas esse escuro demais chegou a ajudar no cansaço que o ritmo fraco da trama acabou entregando.
Enfim, é um filme cansativo que tem uma história muito interessante, mas que não foi desenvolvido como poderia, ficando bem em cima do muro quanto dos fatos e não chegando a quase lugar algum. Ou seja, se você não gosta de tramas cansativas, fuja, pois, a chance de dormir em grande parte da trama é alta, mas se você suporta esse estilo, pode ser que goste do que verá, pois conhecerá um pouco mais da história americana. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje encerrando essa semana cinematográfica bem curta, mas volto na próxima quinta, numa semana que promete ter ainda menos estreias. Então abraços e até logo mais.
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