Todo filme que vamos assistir sempre nos entrega alguma lição para refletirmos, e muitos acabam influenciando nas nossas vidas por muitos anos após conferirmos ele, porém tenho de ser crítico o suficiente para pontuar que alguns filmes colocam tantas filosofias, ideologias e reflexões na telona, que esquecem do ponto principal que é entregar um filme realmente para acompanharmos e ficarmos entretidos, de tal maneira que acaba parecendo que saímos de uma palestra de auto-ajuda espiritual com mantras para trabalharmos e não de uma sessão do cinema. Digo isso com a cabeça ainda pensando no que vi em "O Estado Das Coisas", ou usando melhor a tradução do título original, "Os Status de Brad", pois é usando dessa palavra, status, que incorporamos tanto ao nosso cotidiano que o filme acaba rodando, mostrando o famoso ponto de que sempre queremos bem mais do que temos, ou a famosa frase antiga: "a grama do vizinho é sempre mais verde do que a nossa", demonstrando que por mais "boa" que seja a inveja de algo ou de alguém, muitas vezes esquecemos que temos muitas coisas boas nossas, e queremos ser alguém ou ter algo que nem precisaríamos. O filme em si, é muito bem trabalhado, mostra boas perspectivas, mas acabou faltando algo a mais para termos algo além da mente maluca do protagonista (que sim, vemos muito da nossa ali, com tantas dúvidas sobre futuro), e de sua relação com o filho, talvez uma explosão do protagonista, ou algo surpreendente para quebrar o ar bonitinho de tudo, que aí sim tudo ficaria bem mais interessante e o resultado da reflexão também continuaria.
O longa nos conta que Brad tem uma família e um emprego estável. Quando ele e o filho viajam para visitar faculdades potenciais para o jovem estudar, Brad vive uma crise existencial. Ele é confrontado por sentimentos como frustração e fracasso ao se comparar com os colegas que teve na faculdade, tendo de reavaliar o que realmente lhe deixa feliz.
O trabalho feito pelo diretor, roteirista e ator Mike White é algo que sai bem do seu eixo cômico, pois ao trabalhar algo mais introspectivo, certamente ousou entrar em sua mente e pensar como faria para mostrar algo tão comum na nossa sociedade, de sempre querer mais, de ser melhor em tudo, mas o que mais faltou para ele foi saber organizar suas ideias para que pensamentos virassem filme, e não somente narração em off, pois praticamente o protagonista atuou o longa inteiro fazendo expressões dramáticas, e depois gravou o filme inteiro novamente (ou vice-versa) e vermos isso em uma cena ou duas até é bonito e interessante, mas no longa inteiro acaba soando cansativo e previsível, pois logo que passa da metade, tudo o que ele pensa no que ocorre, já ficamos prontos esperando para ver como vai ser o lado oposto do pensamento, e assim sendo, o resultado acaba ficando pronto demais. Outro grande desvio que acabou ficando ruim é que diferente do que ocorre na maioria dos filmes é que esperamos sempre um clímax e um bom fechamento, e aqui não temos nenhuma das duas coisas, ocorrendo tudo muito linear e homogêneo de assistir. Claro que isso é um estilo de opinião, pois para muitos, esse estilo de direção e filme é algo que faz brilhar mentes, mas faltou muito para empolgar realmente, mesmo sendo algo surpreendente, pois esperava ver algo completamente diferente, ou melhor, esperava ver outro sucesso de cair o queixo como foi "A Vida Secreta de Walter Mitty".
Como já citei Walter Mitty, volto a frisar que o estilo de atuação de Ben Stiller melhorou muito desde aquele filme, e aqui ele dosou o mesmo estilo para que seu Brad ficasse marcante e com pensamentos a mil para que a expressão conectasse tudo e entregasse algo bonito de ver, claro, que se lá desejamos todos os prêmios para ele, aqui ficamos pensando, será que alguém pode ganhar um prêmio por expressar sua voz em off? Sinceramente acho que não, pois esperava mais dele aqui. Por diversos momentos ficamos pensando que o personagem de Austin Abrams tem algum problema, como déficit de atenção, ou algo do tipo, pois seu Troy quase não tem falas, e quando se expressa fica muito flutuante, parecendo nem gostar de estar no filme, o que é muito estranho de ver. Basicamente o filme fica só com os dois, pois os demais aparecem tão rapidamente, em cenas de pensamentos e/ou diálogos espaçados que nem podemos dizer grandes destaques, mas temos de pontuar o bom dinamismo cênico de Shazi Raja como Ananya, a forte expressão de sucesso de Michael Sheen como Craig, e pontuar bem levemente a forma bem dialogada no início de Jenna Fischer como Melanie.
No conceito visual, temos cenas bem bonitas nas grandes faculdades americanas, e embora não tenham feito um tour maior, as cenas nas salas foram bem icônicas e trabalhadas na medida certa de nervosismo que muitos pais passam ao levar os filhos para as audições (como é feito nas universidades por lá!), mas principalmente as cenas mais fortes foram feitas nos quartos com as grandes divagações do protagonista, e suas viagens cênicas por diversos lugares imaginando o sucesso de seus amigos. Ou seja, a equipe de arte precisou trabalhar muito para conseguir enfeitar a trama, fazendo diversas cenas pequenas, dentre muitas que certamente foram cortadas no final, mas que deram trabalho para serem feitas. Outro detalhe um pouco ruim, foi que a fotografia ficou mediana demais, não caindo nem pro lado mais denso que criaria uma certa tensão, nem puxou para tons coloridos nos momentos mais felizes, o que acabou deixando o público pensativo e perdido por diversos momentos.
Enfim, é um filme bonito, mas que como disse no começo funciona mais para termos um momento de reflexão sobre o que fazemos de nossa vida, como seguimos, o que pensamos, do que como um filme realmente com pontos de virada, e ação realmente para ser assistido e vivenciado, funcionando quase como um daqueles livros de auto-ajuda que lemos, e às vezes resolvemos fazer algo do que vimos ali, mas nada muito além. Portanto, recomendar essa trama chega a ser algo até difícil, pois sei que para muitos vai ser uma lição de vida, que vai agradar e ajudar demais, mas para a maioria que for conferir apenas como filme, acabará vendo algo chato demais, e que com um final sem final, vai ser ainda mais decepcionante. E sendo assim, deixo a recomendação em aberto, se você está precisando ver algo para mudar de vida, e parar de pensar na vida dos outros, é uma boa opção, mas se deseja ver um filme realmente, vá conferir outro longa. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, afinal essa semana veio bem recheada, então abraços e até logo mais.
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