A pergunta fácil de ser feita antes de ir conferir "A Origem Do Dragão" é a seguinte: Você gostava dos filmes de luta de antigamente com socos falsos, gritos, atores com o ego mais alto que prédio de Dubai e muita paia na história? Se sua resposta for não, nem passe perto do longa, agora se foi sim, a trama vai cativar ao menos por mostrar que Bruce Lee já se achava Deus antes mesmo de estrear nos filmes, e como foi a luta com seu grande rival, que tentava mostrar que kung fu é algo mais da mente do que pancadaria. Ou seja, a trama até possui momentos bem interessantes, boas coreografias de luta, mas foi tão mexida na edição para agradar aos fãs, que até mesmo quem sequer imagina como é feita uma edição de vídeo irá notar as diversas quebras na história para tentar dar mais ênfase em Lee, e menos em Steve que sabe-se lá o motivo tinha muito mais tempo de tela que Lee. Não digo que não foi interessante conferir o filme, mas tudo acabou um pouco abstrato demais, e o que poderia ser algo mais biográfico acabou parecendo ser forçado em uma réplica, ou seja, vai agradar os fãs de kung fu que gostavam de ver repetidas vezes os filmes do Lee no passado, mas está bem longe de ser algo que vai empolgar como um bom filme de artes marciais.
A sinopse nos conta que Bruce Lee (Philip Ng), célebre lutador de artes marciais, e seu rival, o mestre de Kung Fu Wong Jack Man (Yu Xia), tentam resolver suas desavenças e divergências em uma luta sem regras. O embate, que se deu na Califórnia com poucas testemunhas, viria a se tornar o mais importante e emblemático duelo da carreira do futuro grande ator de cinema, um marco fundamental em sua trajetória. Depois desse evento, os dois ainda se unem para lutar contra o poderio da máfia chinesa em Chinatown, São Francisco.
Ao olharmos a carreira do diretor George Nolfi vemos que ele tem trabalhado bem pouco, fazendo alguns curtas, mas praticamente não decolou após o ótimo "Os Agentes do Destino" que foi sua primeira direção, e isso é triste de ver, pois ele possui uma mão interessante, mas aqui conseguimos ver que ele não conseguiu agradar os produtores com o que acabou fazendo, pois o peso foi grande ao cair nas mãos de um dos produtores (Jason Blum) que menos tem perdido dinheiro em Hollywood nos últimos anos com gigantescos filmes de terror, e que aqui com as filmagens acabadas no começo de 2016, pediu imensas mudanças para agradar mais os fãs de Lee do que a história em si contava (ao menos na versão do diretor). Digo isso após ler um pouco sobre o filme, pois nitidamente achei estranho muitos cortes na trama, um começo bagunçado cheio de telas pretas, e uma postura estranha na condução das cenas finais, e ao saber dessa história de tantas mudanças ficou bem claro, que se o diretor já estava em baixa, agora vai ter muito trabalho para subir novamente. Como disse no começo, a trama em si não é ruim, conseguiram boas cenas de luta, mas é algo muito falso para conseguir agradar realmente, e sendo assim, a falha de roteiro unindo a falha de edição acabou resultando em algo estranho demais no final.
Não lembro realmente se Lee era tão exagerado no seu ego, ou se Philip Ng que é mestre em artes marciais acabou exagerando na dose expressiva fazendo com que o personagem Bruce Lee ficasse arrogante num nível altíssimo, que até teve uma boa semelhança visual com o original, e que de certo modo foram boas facetas interpretativas, mas volto a frisar ficou exagerado e forçado demais, mesmo que as lutas ficassem ótimas coreografadas por ele próprio. Agora a paz no semblante de Yu Xia como Wong Jack Man foi algo muito bem trabalhado, e mostrou que o ator estudou muito todos os conselhos que os alunos de Man passaram para a equipe do filme, e talvez se o foco fosse maior nesse personagem, o longa não soasse tão artificial. Agora o grande motivo de discórdia na edição ficou a cargo de Billy Magnussen com seu Steve Mckee, e não diria que o ator fez um papel ruim, muito pelo contrário, seu papel embora completamente previsível, foi nos motes tradicionais que muitos filmes de artes marciais mostravam, a busca de salvação de uma donzela abusada por vilões, e ele fez boas caras e bocas, buscando treinamento e tudo mais, mas voltamos ao ponto inicial do texto, esse é um filme tradicional de artes marciais ou uma biografia de Lee, aí fica a dica para que os produtores decidissem na hora de dar o corte final. Quanto aos demais, a maioria apenas participa e não ajuda, e nem mesmo grandes nomes no hall dos vilões da Tríad ajudaram a dar bons encaixes.
No conceito visual a trama situou bem os anos 60, com as famosas gangues de Chinatown em São Francisco, o grande boom das artes marciais em academias, e claro o começo das mostras disso na TV, tivemos boas decorações de set, com objetos marcados, mas também houve um grande desleixo para com as finalizações cênicas, pois muitos cenários ao mesmo tempo que pareciam velhos e destruídos, também pareciam terminados às pressas, ou seja, algo bem amador para falar a verdade, nem parecendo o trabalho impecável que Blum tem para com seus filmes de terror, ou seja, faltou a equipe de arte trabalhar mais. Na fotografia as boas sombras aliadas aos movimentos lentos das lutas acabaram dando um clima antigo para a produção, lembrando bem os filmes que passavam tarde da noite na nossa infância, mas poderiam ter trabalhado ainda mais alguns tons para que o filme passasse mais ação e menos tom de drama.
Enfim, é um filme mediano que foi trabalhado para agradar um público específico e por pouco não acaba agradando ninguém. Não digo que é ruim, pois acaba acertando em muitos pontos, mas faltou um pouco mais de decisão na base do roteiro para que tudo funcionasse até o fim da produção, e não que se remendasse na edição para que a trama ficasse pulando e estranha num contexto mais amplo. Ou seja, quem gosta de filmes de luta, e estava saudoso por algo desse estilo, em ver como foi o grande embate da vida de Lee, pode ir que vai ver sim defeitos, mas vai gostar do que será entregue no final, mas quem não se enquadrar nesse grupo pode fugir que a certeza de reclamar de tudo é alta. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais uma pré-estreia, então abraços e até breve.
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