Com toda certeza quando anunciaram que estavam fazendo um novo filme de "Jumanji" e não noticiaram se seria uma continuação ou refilmagem do clássico, muitos já reclamaram, ficando bravos e tudo mais com a produção, mas quem joga jogos de videogame de aventura certamente vai ver o novo filme "Jumanji: Bem-Vindo à Selva" e sairá tão contente com tudo o que é mostrado na tela, que pela primeira vez em anos vi um filme que posso dizer que ao mesmo tempo que homenageou o original, não precisou fazer uma refilmagem, e mais ainda, trouxe uma diversão na medida certa para empolgar como se tivéssemos jogando e conhecendo mais cada personagem, cada cenário, os vídeos explicativos e tudo mais. Talvez algumas reclamações sejam bem plausíveis, como a falta de um vilão mais impactante, um 3D melhor, e claro alguns clichês forçados que poderiam ser evitados, mas a alegria é tamanha de ver uma história tão legal (essa é a melhor palavra para definir o longa) que com toda certeza, os defeitos acabam passando despercebidos. Portanto, vá e se divirta, pois vai valer rir muito dos personagens, e claro se conectar imaginando cada ponto da trama, como iria fazer num jogo desses.
A sinopse nos conta que quatro estudantes ficam de castigo e têm como tarefa limpar o porão do colégio. Lá eles encontram um jogo chamado Jumanji, cuja ação se passa numa floresta tropical, e empolgados com o jogo, eles escolhem seus avatares para o desafio, mas um evento inesperado faz com que sejam transportados para dentro do universo fictício, transformando-se nos personagens da aventura, onde precisam enfrentar grandes perigos para conseguirem voltar ao mundo real.
É interessante demais ver a preocupação do diretor Jake Kasdan para que seu filme funcionasse tanto como uma continuação do original, quanto uma nova linha a ser seguida, pois em diversos momentos vemos homenagens ao filme de 1995, mas também é colocado tanto uma nova roupagem, e claro uma linha mais próxima do que acontece hoje, com jovens interessados em videogames e avatares virtuais completamente diferentes de suas personalidades reais, que acabamos nos divertindo com toda a sacada trabalhada na trama. Claro que boa parte disso se deve ao ótimo roteiro de Chris McKenna ("LEGO Batman", "Homem-Aranha De Volta ao Lar") que certamente já jogou muito videogame e sabe em detalhes como deve ser a interação personagem/atributos e claro como cenários e personagens aleatórios se desenvolvem nos jogos, ou seja, tudo muito bem encaixado para que a trama contasse uma história nova, e também funcionasse como um jogo sendo executado. Talvez pudessem ter trabalhado ainda mais na história, para que o desenvolvimento de fases fosse maior, mas aí acabariam alongando demais a história e não sobraria tempo para as piadas que ajudaram a dar um tino muito bem encaixado para o resultado final. Ou seja, dinâmica na medida e história bem contada, o que resulta em algo incrível de acompanhar, mas que por bem pouco não virou uma tragédia, pois ao colocar um vilão fraco e jogado, e alguns exageros de gags forçadas, quase tivemos um filme que poderia ser esquecível, mas souberam trabalhar isso na edição e assim sendo agrada mais do que atrapalha.
Sobre as interpretações, basicamente embora cheia de trejeitos, o resultado foi o melhor possível, dentro do jogo claro, pois fora os jovens atores até tiveram atitude, foram interessantes, mas soaram um pouco perdidos com seus trejeitos, claro que isso foi levado para dentro do jogo com suas personalidades, mas faltou um pouco de dinâmica entre eles e também carisma, portanto vamos ao que interessa, a começar claro por Dwayne Johnson, que sempre tem grandes facetas expressivas, e aqui seu Bravestone foi cheio de força, cheio de intensidade, mas por dentro sendo o Spencer medroso acabou soando engraçado e bem colocado, de modo que o ator anda saindo muito bem em comédias, mas ainda mantendo o ar aventureiro em pauta bem encaixado. Logo na sequência temos o melhor do filme, que por incrível que pareça é Jack Black que tanto reclamamos de seus trejeitos repetidos, excessos de caras e bocas, mas aqui como Shelly ficou perfeito não pela sua atitude de orientador, mas sim pelo interior incorporando Bethany uma garota completamente fútil, cheia de atitude e que o ator soube jogar para fora com muito estilo, e principalmente muita diversão, pois a cada olhar, a cada trejeito, víamos uma garota presa no corpo como ela mesmo disse de um gordo de meia idade, ou seja, perfeito demais, que faz rir do começo ao fim. Com uma atitude bem ousada e com uma dinâmica bem coesa para o papel, Karen Gillan nos entregou uma Ruby lutadora e com força para agradar, mas por dentro tinha uma Martha tímida e quieta, o que ficou muito interessante de ver por mostrar ao mesmo tempo o empoderamento feminino com a sutileza de alguém que não sabe o que quer, e isso a atriz soube atacar com perfeição. Kevin Hart sempre é muito exagerado em seus papeis, e aqui não foi diferente com seu Finbar, que trabalhou exatamente no oposto do seu interior que era um grande jogador de futebol americano, e no jogo foi um pequenino ajudante com praticamente nada de útil senão conhecer os vários tipos de animais, ou seja, embora tenha alguns momentos engraçados, o exagero foi sua maior falha. Está virando moda os cantores de sucesso virarem atores de cinema, e dessa vez tivemos Nick Jonas como Alex, que trabalhou bem dentro do que foi possível, fazendo algumas expressões tradicionais de medo, mas mantendo a essência de ser aquele personagem que por já ter ficado muito tempo no jogo conhece diversos detalhes, e assim sendo o cantor/ator fez bem seus momentos. Ainda estou tentando entender a personalidade que Bobby Cannavale quis dar para seu vilão Van Pelt, pois embora tenha um ar malvado com animais peçonhentos saindo de diversas partes do seu corpo, aparentou mais ser um zumbi bobo e fácil de derrotar do que alguém que domina tudo, ou seja, fraco e com pouca expressão. Agora um personagem secundário que agradou muito, principalmente por funcionar exatamente como personagens secundários de jogos fazem, foi Rhys Darby com seu Nigel, pois além do ator fazer expressões bem secas, ele foi o responsável por explicar como o filme, ou melhor, como o jogo iria funcionar, e isso foi bem bacana de ver.
O visual bem encaixado gravado no Havaí deu um tom de selva bem interessante e colocando tudo com um tom bem clássico de jogos de videogame mesmo, a trama acabou tendo elementos gráficos bem trabalhados, com figurinos simples e efetivos e muita dinâmica visual, e que claro poderia até chamar mais atenção, mas funcionou dentro da proposta e conseguiu entregar um jogo realmente. Com muito verde e marrom, a trama acabou sendo fotografada de uma maneira mais dura, o que acabou não envolvendo tanto quanto poderia com o 3D, que por bem pouco não ficou nulo, mas felizmente na conversão algumas cenas (bem poucas!!) tiveram um ou outro salto para fora da tela, com objetos sendo atirados em direção ao público, mas nada que surpreenda quem gosta de ver filmes com a tecnologia, e sendo assim o 3D só foi usado mesmo para criar contornos e fazer com que o filme ficasse com um ar mais de game realmente.
Enfim, um filme bem dinâmico, completamente interessante de acompanhar, que vai divertir muito quem for esperando ver uma boa comédia cheia de aventura, e que principalmente acabou surpreendendo, pois com toda sinceridade esperava ver algo apelativo demais, que fosse destruir o clássico que foi o longa de 1995, mas que ousou ao entregar um jogo atual e bem colocado, ou seja, é daqueles filmes despretensiosos que agrada mais do que estraga, mesmo tendo muitos defeitos técnicos como citei acima. Portanto deixe-se levar pela aventura, e embarque nesse jogo, agora a dúvida é se também irão lançar o jogo de videogame para que a galera brinque com medo de realmente ser puxado para dentro, como acontecia com a galera que pensava em comprar o jogo de tabuleiro na época. Bem é isso pessoal, encerro aqui minha programação desse ano, mas claro que volto ainda hoje ou amanhã no máximo com a retrospectiva de 2017, falando dos melhores e piores filmes que vi nesse ano, então abraços e até breve.
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