Acho bem interessante a onda de filmes motivacionais que andam aparecendo para mostrar que se você tiver fé e força de vontade pode sobreviver no meio de um frio de -20°C por 8 dias seguidos. Claro que isso foi um milagre, que relatado em um livro do protagonista, o spoiler máximo já é dado de cara em "O Poder e O Impossível", e só ficamos aguardando o andamento de como tudo vai rolar, mas diferente de outros filmes que trabalharam mais o conceito moral de sobrevivência, aqui tivemos mais alguém lembrando das coisas erradas que fez na vida, refletindo sobre isso, e com essa força em mente tentando ir até seu máximo para tentar se redimir. Até aí tudo bem, a trama chega a dar frio, sentimos a dor de sua perna machucada a cada puxada de meia, porém exageraram tanto em flashbacks dos erros do rapaz, que já nem tinham mais o que mostrar e começaram a repetir os mesmos, ou seja, apelação em nível máximo. Mas mesmo com esse defeito gigantesco, o ator fez bem sua interpretação e conseguiu entregar algo satisfatório de acompanhar, que até poderia ser bem melhor, mas para isso teriam de mudar coisas demais.
A sinopse nos conta que o jovem Eric é um atleta profissional de hóquei no gelo, que atravessa uma fase ruim na carreira. Após abandonar a equipe, ele se entrega às drogas e fica longe do esporte. Um dia, para compensar os problemas, decide praticar snowboard numa montanha, mas toma um atalho proibido. Com a chegada de uma nevasca, não consegue mais encontrar o caminho de volta. Perdido, sofrendo com frio, fome, sede e com um ferimento grave na perna, ele deve encontrar forças para sobreviver.
O dublê que virou diretor Scott Waugh mostrou que consegue criar boas façanhas e firulas de ação em seus filmes, de modo que em "Need For Speed: O Filme" ele conseguiu nos transportar para as grandes cenas de ação que víamos no jogo, e aqui baseado no livro do verdadeiro Eric LeMarque, ele inicialmente trabalhou boas cenas no snowboard com uma dinâmica bem presencial e interessante, mas para aí sua grande faceta, pois de onde um ex-dublê pode criar vértices dramáticos, de um acidente ou quem sabe da perda de algo, e aqui ele tentou usar o abuso de drogas por atletas para ir trabalhando a dramaticidade do protagonista, e até ousou trabalhar uma certa religiosidade na sua trama, mas infelizmente faltou essa chave de virada na trama, e certamente quando viram que não atingiria o ápice somente deixando o jovem em sua tragédia, resolveram atacar na edição com flashbacks para todos os lados, mostrando o abuso de treinos do pai, a briga familiar, os excessos nos jogos, drogas e brigas com amigos, a briga repentina com a mãe e até mesmo um acidente fatal, de modo que mesmo quem estivesse com um pingo de dó do sofrimento dele preso na neve, acabou torcendo mesmo que seja no seu íntimo para que ele morresse de uma forma bem dolorosa, comido por lobos e tudo mais, mas aí mudaríamos o gênero do filme de drama para terror, e não era o que previam no livro. Ou seja, faltou aquele estalo de diretor para saber até onde ele poderia ousar e até onde ele poderia usar certos artifícios, e aí a falha acabou ficando um pouco pesada demais para que a trama convencesse realmente como poderia emocionar. Volto a frisar que não ficou algo ruim, apenas foi falho em técnicas para que sua trama não desandasse, mas isso ele vai aprender apanhando, e quem sabe seu próximo drama seja mais dramático realmente.
Sobre as interpretações basicamente temos de falar das expressões que o protagonista Josh Hartnett deu para seu personagem, fazendo com que o público sentisse a dor da perna de seu Eric, sentisse frio como ele, e até se desesperasse pelo sinal de música (que não imaginava ter uma tecnologia dessa tão bacana, e claro que o personagem sabia disso!), ou seja, o ator que até hoje fez poucos grandes papeis conseguiu entregar algo bem visceral para que fosse lembrado por outros diretores, e quem sabe abocanhar algo mais chamativo ainda, e com isso ao menos entregou uma personalidade coesa, bons momentos e agradou bastante. Dentre os demais, a maioria teve cenas de briga com o protagonista, alguns certos desesperos e até uma certa apatia da jovem do serviço de resgate, e por isso não tenho como dar destaque para ninguém, apenas dizer que fizeram o básico.
Sobre o visual da trama, filmes com neve só quebra a equipe para ficar no frio intenso, mas basta ir para uma grande montanha, com muita neve para todos os lados, florestas espaçadas, e claro alguns lobos treinados para não atacar a equipe, e a escolha aqui foi de Utah, aonde a grande região montanhosa deu uma paisagem perfeita, bons elementos característicos para a trama, e aí a equipe só necessitou trabalhar bem a maquiagem das pernas e ir congelando o cabelo, fazendo algumas cicatrizes e o resultado visual acabou bem convincente. Da questão fotográfica, o branco da neve é algo sempre muito bonito de ver, que se encontrado bons ângulos acaba sendo incrível de ver, e aqui aconteceu isso, colocando bons efeitos de nevasca, tons cinzas na noite para dar um ar mais temeroso, e até mesmo nos flashbacks puxados para tons azulados acabou diferenciado, embora o exagero tenha cansado como já disse mais para cima.
Enfim, é um bom filme que poderia ser incrível se não tivesse tantos defeitos técnicos, mas vale para quem gosta de algo motivacional sobre perseverança e atitude. Portanto recomendo ele com todas essas ressalvas, e finalmente encerro aqui essa semana cinematográfica bem longa, mas volto já na quinta com mais estreias, então abraços e até logo mais.
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