Sei que muita gente fica com os dois pés atrás quando sabem que um filme é musical, pois não suporta muita cantoria, e até concordo que em muitos casos não seria tão necessário cantar para tudo, mas também confesso que ultimamente andam criando coisas tão bem colocadas nesse gênero que vamos empolgando com as situações da trama que logo nos vemos quase fazendo as coreografias do longa. E com "O Rei Do Show" basicamente voltamos ao estilo de muita dança com música, pois diferente do que vimos no começo do ano com "La La Land" que as canções tinham um contexto mais orquestrado, singelo e cheio de dramaticidade, aqui temos o espetáculo acontecendo, aonde todos os personagens entram na dança, cantam muito e encaixam suas situações com uma visceralidade, que assim como ocorre em determinada cena das garotinhas já estarem dançando a coreografia (aparentemente não ensaiado a cena daquela forma e capturado com muita sutileza o momento de curtição delas com o show que realmente estava sendo mostrado), a trama nos permeia com as músicas e ritmos para que entremos também no clima e acabássemos saindo contagiados com o que vemos na tela. Dito isso, o longa possui sim defeitos no roteiro, uma direção claramente que mesmo que não lêssemos ser de um estreante é notável os pontos falhos de sua mão no desenrolar técnico, mas tudo isso é facilmente superado pela alegria que o longa acaba entregando no final, e como costumo dizer, a empolgação que um longa nos traz supera fácil qualquer erro técnico.
A sinopse nos conta que de origem humilde, e desde a infância sonhando com um mundo mágico, P.T. Barnum desafia as barreiras sociais se casando com a filha do patrão do pai e dá o pontapé inicial na realização de seu maior desejo abrindo uma espécie de museu de curiosidades. O empreendimento fracassa, mas ele logo vislumbra uma ousada saída: produzir um grande show estrelado por freaks, fraudes, bizarrices e rejeitados de todos os tipos.
O diretor Michael Gracey mostrou uma personalidade bem colocada, pois orquestrar um musical é uma tarefa para bem poucos, afinal é muita gente dançando, cantando e aparecendo por todos os lados, claro que para isso os estúdios colocam mil coreógrafos, mais diversos treinadores vocais e tudo mais para que o maestro apenas comande quem entra em qual hora, mas claro que para alguém que saiu da área de efeitos especiais e foi para frente do comando, ele pegou um roteiro bem criado por Bill Condon ("A Bela e A Fera") e Jenny Bicks ("Rio 2") em que muitas situações dariam até para serem expressas no método narrativo comum, e criou um musical realmente que poderia ser facilmente apresentado na Broadway ou qualquer grande teatro, trabalhando os personagens principais junto de músicas bem inspiradoras, e claro muita dança para ninguém de Bollywood ficar triste. Ou seja, não posso dizer que foi um primeiro trabalho primoroso, pois ele poderia sim ter conduzido sua trama de uma maneira que emocionasse até mais, mas certamente ele conseguiu cadenciar tão bem todos os momentos que o resultado acaba empolgando por completo, e claro muito pelas ótimas músicas de Benj Pasek e Justin Paul (vencedores do Oscar por "La La Land").
Sobre as atuações, é fácil saber se um filme é bom, pois dificilmente Hugh Jackman aceita papeis em bombas, e aqui ele já havia declarado que era o projeto de sua vida interpretar P.T. Barnum, e como começou como ator de musicais, caiu como uma luva para o papel, dando uma personalidade ímpar para o trambiqueiro (talvez tenha faltado para o longa um pouco mais de trambiques, afinal Barnum era conhecido por muitas fraudes), e claro mostrando que o olhar do empresário é o que faz crescer uma empresa, sabendo reconhecer aonde pode lucrar mais, pegando um pouco de tudo, ou seja, se você assistir somente focado nos olhares de vontade de estar ali de Jackman vai ver o quanto a trama segue bem ele. Zac Efron voltando às origens com filmes musicais foi uma grata surpresa, pois o jovem tem uma postura bem clara quanto a de seu Phillip Carlyle e ao saber dosar suas cenas envolvendo preconceito dos pais, e claro sua paixão expressa através de um número bem bonito, conseguiu envolver e chamar a atenção, mas claro que sua grande cena coreografada foi a primeira junto de Jackman que chega até assustar como foi gravada com copos voando para todo lado. Agora sem dúvida mesmo tendo uma participação pequena na trama, a grande voz e que puxa todos os olhares é Keala Settle com sua dinâmica para a mulher barbada Lettie e que certamente dará um show no Oscar cantando "This is Me", pois sendo uma cantora da Broadway, a atriz incorporou com muita força e personalidade, criando uma personagem incrível para o show. Zendaya possui um rosto interessante que também chama atenção e sua Anne precisava de um desenvolvimento maior, mas sua química com Efron foi bem bacana e trabalhou bem sua voz para no momento mais triste cantar com a alma. Michelle Williams é daquelas atrizes que sempre que é colocada em um filme chama a atenção, e aqui não foi diferente com sua Charity, incorporando bons momentos, mas soando um pouco deslocada, talvez necessitando de um pouco mais de cenas para realmente mostrar serviço. E para finalizar o elenco maior, temos de pontuar a beleza e o encanto de Rebecca Ferguson como a cantora de ópera Jenny Lind, que deu show tanto com sua voz quanto pelo visual incrível que acabou entregando, numa personalidade forte e bem colocada. Além do elenco principal tivemos boas interpretações com todas as crianças, desde os pequenos Barnum e Charity interpretados por Ellis Rubin e Skyllar Dunn no começo da trama, passando pelas garotas filhas de Barnum na trama, ou seja, um pequeno grande elenco, que junto entrou o anão Sam Humphrey.
O visual de uma boa trama envolvendo circo certamente tem de ter muitas cores, e aqui a trama trabalhou tanto com um bom figurino como com boas locações, criando um ambiente mágico cheio de personagens fortes, bem criativos e com muita vitalidade para que cada cena fosse bem encaixada e cheia de nuances, que junto da equipe de fotografia trabalhou iluminações de foco para que cada personagem principal tivesse seu momento incrível e com muita interpretação. Outra grande sacada foi não encher o longa de efeitos especiais, deixando que a trama sozinha junto dos personagens e das canções fizessem o trabalho visual só ser bem realçado como uma trama de época, mas também algo cheio de magia visual.
Agora com toda certeza se estamos falando de um musical, o que importa? As ótimas canções que certamente farão parte de todas as premiações, pois a dupla que já ganhou praticamente tudo nesse ano voltou com a corda toda. Destaque claro para "This is Me" e "Come Alive", mas como não sou um Coelho malvado, aqui deixo o link com todas as canções do longa.
Bem é isso pessoal, volto a frisar que a trama tem defeitos, mas soaram insignificantes perto de todo o resultado que acabamos vendo na tela, portanto se você gosta de musicais com muita dança e boas canções que se conectam perfeitamente à uma boa trama, vá para o cinema que é certeza de sair muito feliz com tudo, mas se esse não é seu gênero predileto talvez ir para outros rumos. Fica aqui então minha dica para finalizar bem o ano, apesar de ainda termos outras boas estreias para conferir antes da retrospectiva de fechamento do ano, e sendo assim volto em breve com mais textos.
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