Ontem falei sobre como o forçar a barra para rir é complicado, pois muitas vezes funciona e diverte, e em outras chega a ser decepcionante, de maneira que acaba soando a falha no ar, e o público as vezes fica pensando: devo rir? Pois bem, dito isso, junte um dos maiores comediantes do Brasil no passado, com um comediante moderno da internet, coloque alguém que se ache engraçado, e o filho de um comediante que também faz graça, e pronto você tem a comédia mais exagerada dos últimos tempos no Brasil, que se denomina "Os Parças", e se olharmos a fundo no roteiro, a trama possui uma essência boa para divertir, um mote tradicionalmente forte de picaretagem unida de muito golpismo (duas especialidades nacionais), e claro um diretor que fez sucesso por trabalhar um ar diferenciado dentro da comédia forçada no país, ou seja, tinha tudo para que o filme fosse algo ao menos engraçado, mas rimos somente em pouquíssimas cenas bobas, e o restante chega a ser triste de ver na telona, ou seja, um desastre nacional.
A trama nos conta que chantageados e enganados por um ambicioso trambiqueiro, Toinho, Ray Van, Pilôra e Romeu precisam organizar uma festa inesquecível de casamento sem nenhum dinheiro no bolso. Caso falhem, terão que lidar com o maior contrabandista da famosa rua 25 de Março em São Paulo, que é também o pai da noiva.
Confesso que esperava algo bem melhor vindo de Halder Gomes, pois seu "Cine Holliúdi" foi algo muito bacana de conferir no cinema, e como disse no começo do texto, no elenco tinha a promessa cômica do ano juntamente com alguém que sabe ser engraçado, ou seja, o sucesso estava fácil de acontecer e ser desenhado na telona, mas com um começo acelerado, um miolo bagunçado, e um fechamento exagerado, tivemos um resultado destroçado que até faz rir em alguns momentos, mas no restante só nos vemos com a expressão de indignação pelo que estamos vendo na tela, e isso já disse outras vezes é pior do que ter falhas técnicas em um filme. Ou seja, o diretor até tentou trabalhar sacadas de seu "cearencês", colocou diversos personagens de Tom Cavalcante na trama, mas faltou quebrar o roteiro melhor e casar realmente tudo como poderia ser, funcionando como uma comédia realmente, e não uma bagunça de esquetes jogadas dentro de um filme.
É interessante ver que mesmo com grande sucesso na TV e nos palcos, Tom Cavalcante sempre fugiu do cinema, e talvez vá precisar de mais um tempo para que acertem um personagem icônico que marque seu estilo de muitas faces, pois aqui seu Toinho até teve boas cenas, e claro que ele puxou a responsabilidade para si, mas seu personagem ficou muito caricato dentro de todas suas características, e com isso acabou falhando mais do que acertando. Whindersson Nunes possui uma legião de fãs de suas esquetes online, e algumas que vi foram realmente muito divertidas, outras nem tanto, mas aqui ele ficou muito jogado de canto com seu Ray Van, tendo até boas sacadas principalmente nos momentos que se fantasiou, e talvez essa seja a grande jogada caso façam mais algum filme com ele, que não deixe seu personagem ser um personagem apenas, mas vários para aí sim ele poder mostrar seu potencial real. Tirullipa é e sempre será um exagero em cima de outro, e aqui seu Pilôra fica preso nessa repetição sem conseguir trabalhar uma expressão que seja sem ser exagerada, ou seja, falha demais. E precisavam de um bobalhão que pudesse causar algo romantizado na trama, e para que não destoasse muito do grupo escolheram o grande nome de Bruno de Luca, que já fez de tudo um pouco na vida de ator, mas que dificilmente consegue chamar atenção, e aqui seu Romeu parecia mais perdido em cena que tudo, pois não sabia se era pilantra ou apaixonado, e assim ficou até o fim do filme. Dos vilões/picaretas da trama, Oscar Magrini apareceu no começo, sumiu, voltou para o final e sumiu novamente, ou seja, ainda devem estar procurando ele para pagar o cachê, pois seu Mário ficou caricato, mas pouco trabalhou. E Taumaturgo Ferreira é um ator que certamente podem sempre chamar para papéis de personagens maus, pois sua cara é desse estilo, e até fez boas cenas, mas nada que chegasse a impressionar. Das mulheres, vale um leve destaque para Paloma Bernardi que realmente sofreu para não rir em muitas cenas, pois todas as melhores cenas com piadas prontas aconteceram na sua presença, e com isso para uma atriz normal, ficar no meio do fogo cruzado de humoristas é algo difícil de segurar.
O conceito visual foi escolhido a dedo, pois picaretagem, ricos metidos a achar que sabem tudo, e grande antro da imigração nortista é claro que tem de ser a Grande São Paulo, e claro junto disso a Rua 25 de Março, e com isso em mente, a equipe de arte soube escolher boas locações com precisão para trabalhar a vivência dos personagens, e claro escolher figurinos chamativos, penteados exagerados e muita coisa que pudesse simbolizar o casamento dentro desse "ajuntamento de coisas", ou seja, um trabalho visual que mostrou a que veio. A fotografia do longa poderia ter trabalhado uma paleta de cores mais alegres para divertir mais, mas como estamos falando de casamentos, o resultado até ficou bem chamativo.
Enfim, é um filme bem mediano que falhou principalmente em exagerar em tudo, não deixando acontecer realmente, optando pelo riso fácil, e com isso, só quem for realmente fã de longas forçados é capaz de rir mais do que nas poucas cenas engraçadas que já foram mostradas no trailer. Ou seja, não tenho como recomendar a trama para ninguém que goste realmente de uma boa comédia, deixando isso apenas para quem for já pronto para ver exageros e mais exageros na tela. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais uma estreia nacional, então abraços e até breve.
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