Todos sabem bem que o forte de Hollywood nunca foram as famosas dramédias (ou comédias dramáticas como muitos preferem), e sim um gênero mais tradicional na Europa, aonde sai um filme melhor que o outro trabalhando ora o lado mais dramático de um tema e pontuando levemente com pitadas cômicas para não polemizar tanto, ora colocando algo escrachado, mas que acaba tendo algum problema forte para dar uma quebra no miolo, ou seja, um mix de dois gêneros que teoricamente não se completam, mas que acaba funcionando quando bem arquitetados. Mas, mesmo não sendo algo muito comum por lá, nos últimos anos temos vistos bons exemplares que tentam cativar o público que gosta de ser surpreendido no cinema, com alguns bons filmes e outros terríveis, afinal não é o estilo principal que sabem atacar, fazendo bem um ou outro dos lados. Dito isso, fui preparado para ver algo bem estranho de "Correndo Atrás De Um Pai" e acabei me divertindo bastante ao mesmo tempo que também me emocionei com algumas situações, ou seja, acabou sendo uma grata surpresa, mesmo que em diversos momentos podemos nos anteceder o que irá ser apresentado na situação seguinte, e sendo assim acaba sendo mais previsível do que muitos longas desse estilo. Talvez nas mãos de um diretor europeu o resultado seria magnífico, mas de certa forma não foi tão falho e apelativo como esperava ver, mesmo que tenham exagerado em piadas sujas.
O longa nos mostra que Kyle e Peter Reynolds são irmãos gêmeos, cuja mãe excêntrica os criou para acreditar que seu pai havia morrido quando eram jovens. Quando eles descobrem que isso é uma mentira, eles se juntam para encontrar seu pai real e acabam aprendendo mais sobre sua mãe do que eles provavelmente já quiseram saber.
Acho bem válido que uma pessoa que fez sucesso em outras áreas decida vir a frente da direção e tentar fazer bem um filme, porém sabemos que a maestria de uma trama é válida quando todos os eixos funcionam, e sim aqui temos bons cortes, uma fotografia bem caprichada, mas o diretor de fotografia de grandes blockbusters que resolveu ter seu primeiro projeto como diretor, Lawrence Sher esqueceu que quando se comanda tudo não pode ficar em cima do muro, e ele usou efeitos antigos de transições, colocou coisas grosseiras em cenas de teor dramático gigante, deixou que os personagens se perdessem no texto e tudo mais, mas felizmente contou com dois grandes astros que já fizeram todo tipo de filme, e com isso Owen Wilson e Ed Helms assumiram as rédeas e conseguiram com boas expressões segurar a trama para que ela não se perdesse, ou seja, o filme é completamente dependente dos dois protagonistas e até mesmo nas situações que envolvem outros personagens, o que aparentemente acontece é que ninguém sabe o que fazer em cena, ou seja, é um filme com um mote e uma proposta gostosa, com um roteiro até que bem moldado, porém falta uma direção realmente para que o rumo flua e se destrinche, uma das cenas mais engraçadas de se perder em cena, fica a cargo do flerte no bar, aonde nenhum dos dois personagens sabia o que fazer, e até soou engraçado, mas claramente se vê a perda de rumo. Ou seja, vamos torcer para que esse roteiro caia nas mãos de algum diretor europeu, que aí sim vamos rir e lavar o cinema na mesma proporção, pois aqui faltou um pouquinho de cada coisa, mesmo que o resultado final agrade.
Como disse, a trama ficou bem dependente dos protagonistas, e Owen Wilson que já fez de todo tipo de filme soube dosar seu carisma e personalidade para que seu Kyle não ficasse nem metade do irmão chato que é descrito pelas falas do outro irmão, pois certamente teríamos alguém completamente arrogante e que mais incomodaria cenicamente do que incluiria, e sendo assim, o resultado acaba soando ao mesmo tempo infantil, mas bem contextualizado com a trama. Diria que Ed Helms sempre foi aquele ator que está em diversos filmes de comédia, mas falha ao fazer rir, ficando sempre no quase, e aqui a personalidade de seu Peter pede bem isso, tanto que acabamos nos conectando a ele, com seus diversos desgostos ao longo da vida, ele acaba ficando amargo e suas piadas acabam sendo sofridas até para ele, mas felizmente isso acaba soando engraçado para o público, ou seja, temos um vértice bem pautado que ele acaba agradando. Glenn Close está velha, isso é fato, mas aqui souberam dosar ela nas poucas cenas para que seu tom dramático encaixasse com a personalidade de sua Helen, e claro que as muitas desventuras de sua personagem quando jovem acabam soando hilárias. Dentre os demais, todos fizeram o que estava possível para não atrapalhar e soar agradável ao menos para o filme, de modo que embora pareçam perdidos agradem, mas sem dúvida os destaques de pais foram para o jogador Terry Bradshaw que agora anda aparecendo como ator em diversos filmes, J.K. Simmons como Hunt, um maluco completo, e até mesmo Christopher Walken como um veterinário fujão conseguiu trazer boas cenas divertidas para o longa. Outro destaque, mesmo que pequeno ficou para Katt Williams como um mochileiro, que já vimos sua cena principal no trailer, mas dentro do carro foi bem divertido como um debatedor.
Como todo roadmovie, temos cenas em muitas locações, cada uma com uma personalidade diferenciada para mostrar a vida dos possíveis pais, e embora isso certamente tenha custado um pouco mais no orçamento do longa, o resultado geral consegue chamar atenção, pois temos uma mansão majestosa para um ex-jogador da NFL, ou seja, algo que mostra como esses ficam bem ricos, temos uma casa quase que abandonada para um ex-banqueiro de Wall Street, que mostra que finanças não deixa ninguém rico, temos uma tradicional festa de despedida que vemos em muitos longas americanos, cheios de amigos e parentes, e claro temos uma clínica veterinária completamente bizarra, com dois malucos no comando, ou seja, de tudo um pouco. Como temos um diretor de fotografia/cinegrafista no comando, foi usado ângulos diversos, ótimos contrapontos de luzes com pôr-do-sol bonito e várias façanhas que realçaram tons e trabalharam bem cada estilo de drama/comédia, mas que poderia dar até um outro tom mais alegre se quisessem.
Enfim, é um longa que pode certamente agradar bastante quem gosta desse estilo, mas que também contém muitas falhas técnicas para dizermos que foi algo perfeito para ser lembrado e muito recomendado. Digo que vale a conferida despretensiosa, pois consegue agradar sem apelar demais, mas que poderia ser um filme digno de premiações com alguns poucos ajustes, com toda certeza poderia. Bem é isso pessoal, infelizmente muitas outras estreias não apareceram no interior, então encerro aqui minha semana cinematográfica, e volto na próxima quinta com mais textos. Então abraços e até lá.
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