Já disse algumas vezes que mesmo um filme que não me atraia, procuro sempre ver algo positivo para dizer, pois a opinião crítica muitas vezes vai por um gosto pessoal que tenta olhar técnicas, roteiro, atuação e por aí vai, e com "Lou - A Filósofa da Vida", o principal ponto positivo da trama está na técnica de usar fotos ou paisagens estáticas e dar movimento para uma recriação de época, unindo a isso a história de uma das psicanalistas mais famosas da história, que conviveu com Nietzsche, Freud, entre outros grandes nomes, mas que convenhamos é um dos filmes que mais me cansou na sala do cinema, beirando fazer com que eu dormisse na sala, ou seja, não gosto de usar essa palavra, mas é muito chato. Claro que pode ser usado para estudar a vida dela, possui muitas ambientações de época, mas vai continuar sendo cansativo para quem não for dessa área de estudo, bem como filosofia é algo que poucos aturam. Volto a frisar que essa é uma opinião do ritmo e da forma que tudo foi exposto, mas afirmo que quanto a técnica cênica, figurinos e enredo, é algo que vale a pena ser conferido.
A sinopse nos situa na Alemanha, em 1933. Louise von Salomé, escritora e psicanalista, decide reescrever as suas memórias. Ela tem 72 anos. Desde criança quis ser uma intelectual, não se casar ou ter filhos. As suas ideias filosóficas contestadoras das regras e da religiosidade levaram-na a uma postura de independência feminina sem barreiras masculinas, seduzem alguns homens e mentes mais brilhantes da sua época. Entre eles, os filósofos Paul Rée e Friedrich Nietzsche, o psicanalista Sigmund Freud, o poeta Rainer Maria Rilke, o jovem filólogo Ernst Pfeiffer e o orientalista Friedrich Carl Andreas. Muitos se apaixonam, mas sem acreditar no casamento, ela exercita a liberdade de viver. No século XX, a sua postura feminista e pensamento libertário a tornam alvo da Gestapo.
Já havia dito isso ontem quando conferi um filme infantil alemão e hoje volto a frisar que a escola alemã de cinema é a que menos consegue envolver o público, pois não sabem dosar ritmo com história, deixando o longa ou extremamente cansativo ou um arraso, e infelizmente 90% deles entram no primeiro caso. Digo isso com muita frequência, mas também os diretores não colaboram, de forma que aqui a diretora especialista em séries (taí a explicação de o filme ter tantos elementos, e parecer ser uns 20 episódios em um único longa) Cordula Kablitz-Post entrega tantas passagens da personagem, com ela velha contando suas facetas para a biografia, que se formos analisar em suma não era para ser algo cansativo, mas sim algo rápido e dinâmico, afinal a protagonista teve envolvimento com diversos nomes famosos que já ouvimos falar algo, mas a enrolação cênica é tão grande, com um ritmo tão calmo e parado que vamos cansando a cada nova cena, e só nas mudanças de eixo aonde aparecem as fotos estáticas com a personagem se movendo somente que aí abrilhanta tudo e mostra uma técnica tão interessante que nossos olhos voltam a abrir, ou seja, temos quase uns 10 capítulos ou mais em um longa de 113 minutos, e sim, volto a frisar, que a história é muito boa, mas faltou aquele detalhe que poderia transformar de engodo em sucesso.
Não diria que temos interpretações geniais, mas sim ótimos personagens, que poderiam ser até melhores desenvolvidos na trama. Nicole Heesters conseguiu praticamente narrar com muita personalidade os feitos mais joviais de sua Lou para Ernst Pfeiffer vivo por Matthias Lier, de modo que a química de cumplicidade entre os dois com olhares, espantados dele e vividos dela durante a maior parte do longa acabaram soando vivos e interessantes, mas faltou mostrar um pouco mais da doença da protagonista, e com isso alguns momentos soaram mais jogados do que interessantes realmente. Katharina Lorenz tentou trabalhar a Lou adulta de uma maneira bem dinâmica, mostrando suas reais virtudes e vontades, fazendo o que bem desejava, e a atriz foi pra cima, tendo momentos de impacto e chamando a responsabilidade para si, mas sempre empacava nas dinâmicas masculinas que seguravam a trama para baixo e ajudaram e muito a cansar quem estava assistindo. Não lembro muito a fisionomia dos personagens, mas de certa maneira soaram bem artificiais e caricatos Alexander Scheer como Nietzsche sempre soando galanteador e dono da razão, Philipp Hauß meio abobalhado com seu Paul Reé fazendo todas as vontades da protagonista, Julius Feldmeier com seu Rilke poeta cheio de palavras, mas com muitos traumas na cabeça, e Harald Schrott como um Freud de poucas palavras, mas já famoso na época, ou seja,os homens foram objetos da protagonista e não tiveram sucesso para mostrar suas personalidades, aparentando ser mostrados como uma vaga lembrança na cabeça velha da narradora, e isso acabou ficando um grande erro no longa.
No conceito visual, a trama acertou muito com figurinos de época cheios de detalhes, locações surpreendentemente bem colocadas, aonde o misto da época de Hitler queimando todo tipo de livro de pensamentos, os personagens tendo suas objetificações demonstradas, e muita cenografia interessante para compôr cada momento, de modo que se mostrou como um trabalho de arte incrível que junto com a equipe de efeitos ainda conseguiu uma técnica surpreendente com a personagem andando por fotos estáticas da época, ou seja, um charme realmente. A fotografia deixou o longa muito marrom para colocar o estilo de época, mas ainda assim conseguiu criar nuances de sombras para tentar ambientar cada ato para onde devíamos olhar, mas nada surpreendente demais.
Enfim, é um filme histórico bem encaixado, que como disse talvez numa série de 10 capítulos desenvolvendo cada ato chamasse mais atenção e agradasse bem mais, pois aqui embora não corressem com nada, o excesso de informação juntamente com atores não muito cativantes conseguiram deixar o ritmo da trama num nível pra lá de cansativo, ou seja, daqueles que não temos como recomendar sem falar que veja sem estar com qualquer sono atrasado, senão a chance de roncar na sala é altíssima. Bem é isso pessoal, encerro essa semana que veio bem recheada aqui, mas volto na próxima quinta com mais estreias, rezando para que os indicados ao Oscar comecem a brotar com mais afinco pelo interior, então deixo meus abraços aqui e até breve.
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