Um bom filme de ação policial tem de possuir muita paia, movimentos ninjas de luta bem coreografados, e principalmente muita traição para todos os lados, e se você estava com saudade do estilo que víamos muito na saga "Busca Implacável", podemos facilmente dizer que usando o livro "The Chinaman", agora o longa "O Estrangeiro" pode facilmente abocanhar esse pedaço do mercado e criar uma nova franquia de lutas, pois mesmo com coisas que certamente diríamos improváveis, Jackie Chan conseguiu transformar o filme em algo divertido e interessante de acompanhar do começo ao fim, aonde passamos ao mesmo tempo torcendo para que ele descubra quem matou sua filha, mas também que soque a cara do ministro que se acha. E com o final entregue certamente já devem estar pensando em um segundo filme, ou seja, vamos ver muito mais pancadaria em breve.
A história nos mostra que Quan testemunha sua filha morrer por causa de um ataque terrorista feito por irlandeses. A polícia não resolve o caso e o homem decide fazer justiça com as próprias mãos. No caminho de Quan aparece Liam Hennessy, ex-membro do Exército Republicano Irlandês (IRA), que faz parte do governo e tenta impedir o plano de vingança de Quan.
O diretor Martin Campbell é daqueles que oscilam demais em sua carreira, fazendo diversos bons filmes, mas também alguns que beiram o desespero apenas por dinheiro, porém uma coisa é inegável em seus longas: ele sabe como segurar bem a tensão e criar explosões tão realistas que acabam confundindo até mesmo a equipe e claro as pessoas da cidade, tanto que em uma das cenas do filme, cidadãos de Londres acharam se tratar realmente de um ataque terrorista em uma das pontes da cidade, ou seja, só por isso já sabemos que o longa é cheio de bons momentos. Porém ao mesmo tempo que cria um vértice ágil e cheio de coisas improváveis, o excesso de subtramas acaba deixando amarras soltas a todo momento, e isso só é bom se você souber que a ideia de criar uma franquia com outros filmes está semi-pronta, senão teremos apenas os momentos ocorrendo e nada a mais para incrementar. Digo isso, pois a dinâmica de busca por responsáveis por parte do protagonista é bem feita, cheia de bons momentos, mas temos vários elos ocorrendo no meio politizado, parecendo que sempre o diretor quer nos mostrar algo que não está presente em seu filme, do tipo que se ocorresse no Brasil, a busca de um assassino, o diretor ficasse tentando apontar os problemas dos políticos corruptos, ou seja, há um bom mote, mas também há uma boa franquia para se desenvolver. Não sei até que ponto o livro em que o filme foi baseado, "The Chinaman", possui outros desenvolvimentos, que criaram um mito para investigar algo, mas se depender do desfecho aqui, com as boas cenas de luta, quem sabe o roteiro não deslanche mais e entregue em breve uma continuação, afinal o IRA está sempre pronto para novos atentados, e claro nosso lendário lutador mesmo com muitos anos nas costas, ainda bate bastante para virar mais mito ainda.
Quanto das atuações, Jackie Chan melhorou muito seu estilo dramático nos últimos anos, trabalhando mais as expressões de dor e usando o rancor no olhar sem parecer tão falso, pois antes parecia que estava com uma dor de barriga quando queria expressar raiva, e aqui seu Quan é preciso nos diálogos, e ao demonstrar cada sentimento procurou ser correto e fazer tudo com mais simplicidade, o que acabou trazendo um bom tom, claro que ainda seu estilo ninja de luta acaba ficando engraçado e paia demais, fazendo bombas no melhor estilo MacGyver, mas acaba agradando e ficamos torcendo para ele, (até demais, pois o rapaz atrás de mim parecia estar narrando um jogo com torcida organizada!), e assim sendo o personagem Quan vai ser usado mais com toda certeza. Agora chega a ser engraçado o quanto um chefão antigo do IRA (Exército Republicano Irlandês), juntamente com um monte de capangas, acabam tomando uma coça do velhinho chinês, de modo que Pierce Brosnan parece estar morrendo de medo com seu Liam, e com uma desenvoltura até estranha de olhar, demonstrando falta de atitude em cada momento (tirando sua conversa com outro chefão) e repercutindo nos seus atos, ou seja, o experiente ator ficou falhando mais do que agradando. Dentre os demais personagens, a maioria tem boas conexões e até algum tipo de expressão forte para marcar seus atos, mas acabam sempre falhando em algo, de modo que só podemos destacar bem de leve a jovem Charlie Murphy com sua Maggie duplamente infiltrada, e Ray Fearon como o policial Bromley que teve impacto nas fortes chamadas, mas sempre estando um passo atrás de tudo.
No conceito visual arrumaram ao mesmo tempo uma Londres bem ampla para as cenas abertas na rua, mas com locações simples de cenografia nas cenas mais fechadas como no Hotel, ou até mesmo no restaurante, sendo tudo necessário falar ou aparecer escrito para ressaltar aonde cada personagem estava, enquanto na Irlanda o grande destaque da equipe artística ficou a cargo de um bosque e um sitio, aonde o protagonista pode criar todo tipo de armadilha para os "vilões", ou seja, não foi nada impressionante nesse quesito, mas ao menos saíram bem. Quanto da fotografia, por termos muitas explosões e cenas rápidas, o tom avermelhado foi bem usado contrapondo ao verde acinzentado do descampado, criando boas misturas cênicas, e deixando o ar de ação predominar, o que é bom de ver na telona.
Enfim, foi um filme bem ágil e divertido de acompanhar, que mesmo não sendo meu estilo favorito (afinal cenas de lutas paia, com tiros errando com facilidade, e tudo indo para socos e pontapés ao invés de liquidar a fatura com um tiro na cabeça de uma vez) conseguiu me prender e fazer com que gostasse do que via na tela, ou seja, quem for fã irá curtir até mais, mas vale também como uma boa indicação para todos que gostem de longas de ação. Bem é isso, fico por aqui nessa semana cinematográfica, até tendo mais uma pré para ver, mas o horário não é dos melhores, então talvez só veja ele na semana que vem mesmo, então abraços e até breve com mais textos.
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