Sempre tem quem é apaixonado por bons romances, e esse estilo consegue florear a mente e fazer muitos suspirarem, viver momentos na frente da telona e por aí vai, mas de certo modo, alguns acabam apenas entregando algo bonito sem criar um clímax ou algo que faça o público se apaixonar também pelo que viu, e "Me Chame Pelo Seu Nome" é um bom exemplo desse estilo, que entrega sim uma bela obra, mas que fica faltando algo para que saíssemos da sessão emocionados com o que vimos e empolgados pelo romance dos protagonistas. Claro que a essência passada é bem condizente, o assunto acaba sendo tratado com leveza, e o conhecimento do amor/desejo pelo protagonista soa real, mas o resultado está bem aquém do que poderia ser entregue, e tirando alguns excelentes momentos (principalmente o papo com o pai nas últimas cenas), a trama no geral soa bobinha demais para o tanto que estão comentando sobre ela.
A trama nos mostra que o sensível e único filho da família americana com ascendência italiana e francesa Perlman, Elio, está enfrentando outro verão preguiçoso na casa de seus pais na bela e lânguida paisagem italiana. Mas tudo muda quando Oliver, um acadêmico que veio ajudar a pesquisa de seu pai, chega.
Já disse algumas vezes que filmes cotidianos costumam me cansar, pois fica faltando aquele detalhe que chamamos de clímax, mas que muitos costumam falar apenas como uma reviravolta ou quebra, e a principal falha do longa é ser apático quanto a isso, desenvolvendo sim um bom romance entre os protagonistas, mostrando o desejo e o encontro do sexo (tanto feminino quanto masculino) por parte do jovem e criando uma nuance bem pautada, mas o diretor Luca Guadagnino foi mais simbólico floreando pelas belas paisagens da Itália do que criando alguma perspectiva mais convincente dentro da trama. Tudo bem que para o público-alvo da trama a beleza nos olhares, no sentimento e tudo mais vai fazer diferença e emocionar, mas certamente poderia ter inserido qualquer tipo de conflito na trama que emocionaria com o final, apaixonaríamos pelo casal e tudo mais, vou citar apenas alguns exemplos que chamaria a atenção: qualquer rejeição da família, algum conflito dos amigos, aparição da namorada do americano, entre outros, mas não, apenas tivemos 6 semanas cotidianas na vida de uma família completamente liberal cheia de festas noturnas na Riviera Italiana, ou seja, um filme artístico apenas clássico, que pode ser que no livro tenha algo a mais, mas foi uma das adaptações mais enfadonhas que já vi, e olha que por incrível que pareça a trama não cansou. Ou seja, a direção de Guadagnino lembrou bem o estilo Linklater de fazer filmes mornos que nada acontece e ainda assim muitos amam, aliás, já foi cantado a bola de que ele deseja fazer uma continuação, ou seja, seguindo os passos.
Quanto das atuações, é fato que Timothée Chalamet foi expressivo na medida, conseguiu trabalhar todas as emoções e fez Armie Hammer que é bem mais conhecido que ele ficar em terceiro plano com o que fez com seu Elio, e com devidos bons momentos tem angariado diversas indicações e até alguns prêmios por sua interpretação, e assim sendo ele mostrou a possibilidade de trabalhar os confrontos, de modo que se sairia muito bem e ainda arrasaria. Armie Hammer entregou um Oliver floreado demais, principalmente para a época, e como ele mesmo fala em uma das cenas finais, não tem como o garoto não ver que ele já estava dando pinta bem antes, pois acabou jogado em diversos momentos, mesmo que todas as garotas estivessem apaixonadas, seu estilo era outro, ou seja, poderia também ter feito mais força para enganar o público e criar conflitos, mas não foi o que o diretor desejou, e ele acabou se saindo bem em algumas cenas, mas longe de ser o coadjuvante mais importante da trama. Digo isso de coadjuvante mais importante, pois o pai sim teve grandiosas e excelentes cenas, de modo que Michael Stuhlbarg entregou um Sr. Perlman com leveza, cheio de nuances, e que nas suas duas últimas cenas deu um show literalmente em texto e performance, comovendo pelo discurso e pela dinâmica entregue para com o protagonista. Como um outro amigo crítico disse em sua crítica, as mulheres do longa são praticamente descartadas, e incremento mais dizendo que são quase invisíveis, mesmo Esther Garrel tendo se entregado de corpo e alma para sua Marzia.
Sem dúvida alguma o melhor do longa foi a escolha das locações, pois arrumaram uma Itália tão antiga que nem que a família não fosse de arqueólogos, a trama em si cairia para o lado mais rústico só da paisagem, e junto com isso a beleza das construções, as diversas plantações com muitos tons, os lagos, um figurino bem ornamentado e tudo que muito certamente chama para o lado mais romantizado, ou seja, uma orquestra completa da direção de arte, que até apelou um pouco para o momento mais icônico junto de um pêssego e que muitos até vão achar estranho de ver na telona, mas caiu bem no contexto do filme. E claro que uma boa direção de arte sempre é bem complementada por uma boa fotografia, então os diversos tons de cores, sempre contrastando paisagem e personagens foi algo tão belo de ver que ficamos realmente encantados pelo passeio turístico.
Enfim, muitos vão reclamar da minha nota e da forma que estou não recomendando muito o longa, mas como alguns também vão dizer, o filme foi feito diretamente para um público-alvo certo, e não me enquadrei no estilo, nem nada conseguiu me comover/emocionar com o que foi passado. Claro que digo para que todos confiram, afinal está concorrendo a diversos prêmios e temos de ver para pontuar certamente os melhores, mas confesso que tirando atuação, as demais categorias não colocaria ele de forma alguma. Mas é a opinião desse Coelho, vejam e voltem aqui para discutirmos mais, fico por aqui agora, mas volto amanhã com mais um texto de outro indicado à prêmios, afinal essa semana veio bem recheada, então abraços e até breve.
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