Se fiquei apaixonado pelo primeiro filme de 2013, e você pode ler tudo o que falei aqui, hoje não posso dizer o mesmo de "Círculo de Fogo: A Revolta", pois a história é tão jogada, sem apelo emocional, com apenas muita barulheira que acabamos vendo o filme de maneira linear sem conflitos para chamar atenção, ou seja, o filme passa e nem vemos o que queriam nos dizer. Claro que está bem longe de ser uma bomba monstruosa, mas falta um líder mais forte, falta mostrar mais a indução dos aliens, falta alguma coerência mais visceral dos treinados com os treinadores, e mesmo a garotinha sendo bem interessante, acaba faltando um mote mais intrínseco para que ela seja mais impactante, ou seja, um filme que lembra diversos seriados japoneses pelos monstrengos gigantes lutando com robôs, mas que só impacta pela barulheira e esquecem de dar sentido para tudo, uma história decente, ou pelo menos se fossem apelar de vez, que as batalhas fossem épicas para que o 3D deixassem todos malucos, e não apenas com dor de cabeça.
A sinopse nos conta que filho de Stacker Pentecost, responsável pelo comando do programa Jaeger, Jake era um promissor talento do programa de defesa, mas abandonou o treinamento e entrou no mundo do crime ao vasculhar ferros-velhos em busca de peças de robôs abandonados. Perseguido após não encontrar uma peça valiosa, ele encontra o esconderijo da jovem Amara, que clandestinamente está construindo um Jaeger de porte pequeno. Ambos tentam fugir usando o robô, mas acabam sendo capturados. Para escapar da prisão, eles são enviados ao treinamento de pilotos Jaeger. Lá Jake reencontra sua irmã de criação Mako, uma heroína da época do combate contra os kaiju, que tenta lhe ajudar a se readaptar ao ambiente militar.
O maior problema do filme está no desenvolvimento do roteiro e da direção descontrolada, ou seja, foi sair Guillermo Del Toro e pronto, tudo desabou. Digo isso sem nenhum pesar, primeiro por ser o primeiro longa do diretor e roteirista Steven S. DeKnight, e pegar logo de cara um filme de ação é queimar a mão, pois esse estilo necessita não apenas fantasiar tudo como Guillermo costuma fazer em suas produções, mas se arriscar com algo que faça o público criar vínculos como ocorreu no primeiro longa, e aqui até a história dar uma leve engrenada, a trama beira o cansativo de nada acontecer realmente. Convenhamos, até poderiam ter desenvolvido mais a história dos personagens nesse miolo para deixar tudo acontecer num terceiro filme, mas quiseram já jogar logo de cara todos lutando por algo, e assim sendo ficamos praticamente sem saber quem são os personagens, apenas vendo seus vínculos pelo que é falado, e a bagunça acaba deslanchando sem pensar, ou seja, o filme nem tenta trabalhar as histórias, mas quis que elas existissem, deixando uma amarra meio que solta. Outro ponto falho da direção foi o fato de que as batalhas simplesmente acontecem, meio que inexplicavelmente rolando sem parar. Claro que é falado de onde vem, no começo temos uma rápida explicação do primeiro filme, mas é tudo tão artificial que acaba sendo difícil convencer com o que vemos, ainda mais com a falta de realismo de muitas cenas, que no primeiro procuraram ao menos trabalhar ambientações físicas mais colocadas, e aqui tudo rola como o maior tipo de ficção irreal do mundo, ou seja, uma bagunça realmente.
Outro grande detalhe é que se no primeiro longa os heróis tinham histórias, e os protagonistas procuravam ao menos ser heroicos nas suas expressões, e aqui embora a maioria seja cadete, todos aparentam estar apenas fazendo o filme por fazer, sem grandes momentos expressivos ou atitudes que chamassem a atenção. Certamente foi pedido que John Boyega (que também é produtor do longa) demonstrasse desprezo pelo emprego de ranger, e que tivesse uma briga meio que em segundo plano com o seu parceiro de jaeger, mas ele acabou ficando sempre com a mesma expressão e isso acabou soando cansativo para com seu Jake, de modo que não coube bem como um líder e na sua cena final temos de concordar com a garotinha, que ele treinou no espelho para dar a moral de guerra antes da batalha, ou seja, falhou e muito. Scott Eastwood é o tradicional galã que é jogado em certos filmes para tentar chamar a atenção, e aqui ele foi literalmente jogado, de modo que sua história nem é contada e seu Nate até faz algumas expressões fortes, mas sempre ficamos esperando algo a mais dele, e não vem. Todos ficaram com grandes expectativas para com Cailee Spaeny para que ela fosse algum tipo de prodígio expressivo, e sua Amara deslanchasse como aconteceu em outros filmes de luta aonde a garotinha rouba a cena, mas ela teve dois ou três momentos para expressar bem suas atitudes e não conseguiu chamar atenção, o que é uma pena, pois é uma das poucas que teria história para emplacar. Da turma do primeiro filme, poucos voltaram (será que o cachê não agradou?) e com isso precisaram criar alguns vértices de impacto com os poucos nomes que vieram para compor o longa, e Charlie Day tentou e muito emplacar com seu Dr. Newton, teve grandes cenas, mas faltou um miolo na história (piada ruim de duplo sentido aqui!) e quem for conferir irá sentir que seu desenvolvimento da primeira parte para a segunda ocorre rápido demais, e com isso a falha é grandiosa. Rinko Kikuchi poderia ter dado um pouco mais de sua Mako como jaeger, e não apenas uma burocrata, sendo assim todas suas cenas soaram superficiais demais para alguém que tinha ido muito bem no primeiro filme. Burn Gorman ficou mais engraçado ainda como Dr. Hermann, e talvez pudessem ter dado mais cenas para ele, pois seus momentos fluíram tão bem como no primeiro longa. Agora veremos como vão usar Tian Jing numa continuação com sua Liwen, pois de vilã no começo acabou mudando completamente de lado no final, e certamente vão brincar com essa sacada caso resolvam trabalhar outro filme. Dos demais, a maioria foi coadjuvante mesmo, e nem os demais garotos cadetes que entraram na luta conseguiram chamar atenção, ou seja, falhas e mais falhas no quesito elenco.
Bem, mas se estamos falando de um filme com robôs e monstros enormes quem liga para os humanos e atores não é mesmo, então vamos deixar o elenco de lado e vamos para os robôs de milhares de toneladas que (opssss) lutam como lutadores peso pluma, dando grandiosas pernadas, giros, e tudo mais, que nem que o conceito da Física mudasse completamente e o longa estivesse rolando em um lugar com gravidade completamente diferente da Terra conseguiriam fazer, ou seja, jogaram para o ar qualquer tipo de realidade que pudessem imaginar, mas tirando esse detalhe, a composição de objetos, cores, armas e tudo mais foi bem bacana de ver em todos, além disso a equipe de arte (ou melhor, equipe computacional) precisou de muita criatividade para destruir muitas maquetes (sim, em diversos momentos parece que estamos vendo filmes de antigamente com os robôs e monstros destruindo a cidade como se fossem feitas de papelão) e cenários virtuais para que tudo ficasse bonito na tela, e claro no 3D (que aliás poderiam ter brincado mais com vidros voando para a cara do público), mas de certo modo o resultado visual chama atenção e agrada bastante, tirando claro os bichões finais, que pareceram mal acabados sem detalhes bacanas na composição. Quanto da fotografia, felizmente diferente do outro longa a maioria das batalhas ocorre de dia, então pudemos ver mais detalhes cênicos dos bichos e com isso também vimos mais defeitos, mas souberam ao menos contrapor sombras para que a realidade de movimentos ficasse mais homogênea. Agora falando mais especificamente do 3D, a tecnologia foi bem usada em algumas cenas, mas nada que impressionasse como poderia, afinal tem muita coisa sendo destruída no longa, e poderiam ter brincado demais com isso, e com a profundidade de campo, de modo que muitas vezes podemos até tirar os óculos da cara, mas quando usaram o resultado chama atenção e agrada, o que é bem pouco, e um detalhe, como temos muitas cores, preparem-se para muita dor de cabeça.
A mixagem de som foi um ponto que temos de parar para falar ao menos, pois como o longa possui muitas cenas com coisas quebrando, tiros, explosões e tudo mais, o resultado é uma barulheira imensa, que na sala Imax ficamos praticamente surdos e com muita dinâmica, e como todos sabem adoro ver isso, portanto recomendo quanto mais canais de som tiver aonde você optar por ver, vá, pois vai valer a dor de cabeça que o barulho irá causar na sua mente.
Enfim, é um filme que veio com um potencial imenso, mas que não aproveitou nem 10% do que poderia alcançar e o que usou de coisas boas acabou falhando na maioria. Volto a frisar que está longe de ser uma bomba completa, mas também está bem longe de ser algo que vá agradar quem gosta de filmes de ação/aventura, deixando tudo isso de lado para ser apenas um longa de explosões e "lutas", ou seja, ele acabou sendo o que mais criticavam em outros filmes japoneses. Portanto, recomendo ele apenas como uma interligação do ótimo primeiro filme, com o que possivelmente façam com um terceiro filme que vai ser interessante pela proposta, mas que quem quiser pular, certamente poderá bem fácil. Bem é isso pessoal, encerro aqui essa semana cinematográfica, já me preparando para a próxima que virá com dois grandes nomes do ano, ou seja, teremos algo bem agitado, então abraços e até a próxima quinta.
2 comentários:
Olá Fernando! Tudo Blz mano! Cara... Que filme ruim! Pelo menos no título acertaram (A revolta)! Revolta de perder tempo assistindo isso. Passou longe mais muito longe do de 2013 , nada haver. E olha que tentei vê lo tbm no BD 3D e a tristeza foi a mesma. O Bom é que tem muita coisa boa vindo por aí né? Abraços!
Pois é Mauro... revolta total e volta Guillermo Del Toro para arrumar a zona que fizeram pelamor rsss... abraços!
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