Quando analisamos filmes esportivos baseados na vida de alguém, sempre esperamos ver dificuldades para atingir o ápice, superações e tudo mais, mas logo de cara em "Eu, Tonya" vemos o quão inconsequentes são os personagens, e mesmo que não tivéssemos lido qualquer sinopse saberíamos que não tinha como dar certo a loucura de uma moça simples de família problemática casada com um caipira agressivo que tem amigos malucos, em se tornar campeã em algo, ou seja, o filme acaba sendo genial por proporcionar que vivenciássemos essa maluquice, seus conflitos de uma maneira icônica: criando praticamente um documentário ficcional com os personagens contando suas versões dos fatos, e ao final vermos os reais dando depoimento é claro o trabalho da equipe que fez tudo ficar perfeito, ou seja, é daqueles filmes de suar as mãos e entrar no ringue de patinação junto da protagonista até torcendo pra ela se dar bem, mas mais por sentirmos pena de onde ela se meteu, pois não tinha como dar certo. Sendo assim, a realidade da trama ficou tão incrível, que mesmo tudo sendo bem maluco, vamos acreditar que essa tenha sido a versão real, e assim o resultado com uma câmera mais maluca ainda acaba agradando demais!
Desde muito pequena exibindo talento para patinação artística no gelo, Tonya Harding cresce se destacando no esporte e aguentando maus-tratos e humilhações por parte da agressiva mãe. Entre altos e baixos na carreira e idas e vindas num relacionamento abusivo com Jeff Gillooly, a atleta acaba envolvida num plano bizarro durante a preparação para os Jogos Olímpicos de Inverno de 1994. Baseado em fatos reais.
O grande erro da direção de Craig Gillespie foi dar muita ênfase nas loucuras dos homens da trama, pois se o filme focasse somente nas mulheres teríamos o filme do ano, afinal está na moda isso, pois seu filme é incrivelmente bem dirigido, com muita velocidade, misturando cenas comuns com documentais inventadas, efeitos de gravações antigas e muita personalidade para que o resultado final tivesse um ar diferenciado que quem conferiu os Jogos Olímpicos de Inverno vibrasse mais ainda com as grandes tomadas de câmera acompanhando a patinadora em todos os seus movimentos, ou seja, ele pegou um roteiro muito bem trabalhado de Steven Rogers, em cima dos diversos e contraditórios depoimentos do caso, e recriou o ambiente de uma forma icônica, pois conseguiu criar algo documental dentro da ficção, ou seja, um filme dentro de outro, trabalhando quase como uma reconstrução criminal do caso, usando alguns diversos pontos de vista, e ainda ousando no desenvolvimento completo disso, fazendo com que seu longa tivesse vida em muito movimento, o que é raro de ver em longas esportivos hoje em dia. Claro que a perfeição beirou muitos momentos da trama, mas é algo tão absurdo que a todo momento não conseguimos acreditar que tudo aquilo pudesse ter acontecido realmente, mas com isso em mente, a trama acaba tendo um gostinho particularmente interessante de se aprofundar, sendo um grande acerto técnico.
Já disse outras vezes que confio demais no potencial de Margot Robbie, e a cada filme seu ela mostra que não é apenas uma mulher linda, mas sim também uma atriz incrível que consegue pegar cada papel e desenvolver ele para que ela fique irreconhecível e víssemos na tela somente a personagem e nada mais, de tal modo que ao vermos seus movimentos em cena, realmente achamos que ela patinou muito, fez todas as coreografias e tudo mais igualzinho é mostrado no final as imagens reais de Tonya em seus campeonatos, ou seja, foi muito bem coreografado e a atriz se entregou para ficar perfeito, e além disso, cada ato expressivo seu era marcado por ênfases nos diálogos, na caracterização e tudo mais, ou seja, perfeita. Quando vi o trailer não consegui me afeiçoar ao papel da mãe da personagem, mas ao ver o que Allison Janney fez com o papel, temos de falar para entregarem logo todos os prêmios para ela, pois mais do que mereceu, ela fez uma mãe agressiva e chocante em cada ato, em cada trejeito, nas minúcias fortes tão impactantes que acabamos ficando com muita dó da real Tonya por ter tido uma família dessa, ou seja, também mais que perfeita e incrível. Como disse que o erro da trama foi focar demais nos homens, também temos de ser relevantes que as escolhas foram perfeitas para os papeis, de tal maneira que Sebastian Stan com o agressivo e maluco Jeff, e Paul Walter Hauser como o psicopata amigo gordo Shawn, foram colocados a cada cena numa imensa bola de neve, que se o filme não fosse de patinação, mas de esqui, veríamos uma avalanche sendo formada a cada minuto do filme, ou seja, espere de tudo provindo deles, e o resultado acaba sendo algo incrivelmente icônico com suas atuações. Outro erro desnecessário foi colocar outros personagens na trama sem ser as patinadoras adversárias, e as treinadoras da garota, pois não serviram para quase nada e ainda ficaram estranhos, por exemplo Bobby Cannavale como um repórter da época que está dando sua entrevista em diversos momentos de forma bem jogada, ou seja, sobrou e devia ter sido cortado.
Chega a ser brilhante a recriação de época que a equipe de arte fez, colocando figurinos bem trabalhados, colocando os ringues de patinação no melhor estilo que vemos em competições internacionais, e ainda ousando no estilo misto de documentário com ficção, ou seja, um design diferenciado que acabou chamando muita atenção. Além disso temos de pontuar a ótima maquiagem, cabelo e figurino da trama, pois conseguiram deixar muito real os personagens além de "enfeiar" a linda Margot Robbie. Aliado à isso, tivemos uma fotografia cheia de efeitos para criar a ambientação de época, além de tentar dar um tom dramático à um longa que quase vira uma comédia absurda pelas situações que os personagens fazem na trama.
Outro ponto muito bom que temos de falar foram as escolhas musicais para cada momento do filme, nos colocando completamente nos anos 90, e ainda dando o ritmo para que o longa ficasse bem dinâmico, e claro que deixo o link para todos ouvirem as ótimas canções.
Enfim, é um longa incrível que agrada demais, diverte em muitos momentos, nos faz ficar com dó da verdadeira Tonya, mas também com uma pulga na cabeça se ela teve ou não envolvimento no caso (afinal estamos vendo a sua versão na telona), e que só não teve mais destaque nas premiações pelo que disse de darem muito foco à personagens desnecessários, mas tirando esse detalhe foi um filme incrível que vale muito a pena ser conferido. Bem é isso pessoal, paro por aqui agora, mas já vou escrever do outro longa que conferi hoje, então abraços e até daqui a pouco.
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