É interessante ver filmes que conseguem mostrar em sua essência tantas situações que parecemos estar vendo diversos filmes em um, mas isso também soa como o conhecido ato novelesco, então por vezes o que é necessário destacar acaba nem agradando tanto como poderia. Digo isso, pois "Lady Bird - A Hora De Voar" é sim um bom filme, aonde vemos os diversos problemas que as meninas sofrem em suas passagens, que é funcional pelas boas atuações e pelo desenvolvimento do roteiro, mas que infelizmente é um filme bem esquecível para quem não se identificar com ele, soando leve e simples demais para chamar atenção, e que somente está sendo bastante indicado pela atual moda de vamos mostrar muitos filmes de mulheres feito por mulheres para mulheres (quase um comercial de loja nacional), ou seja, não digo que é um filme ruim, apenas é singelo demais dentro da proposta que desejava alcançar, e com isso acabamos vendo ele hoje, e se duvidar amanhã nem irei mais lembrar que vi ele se algum dia me perguntarem apenas falando da história, pois ela pode se enquadrar em diversos outros longas conhecidos.
A trama nos conta que Christine McPherson está no último ano do ensino médio e o que mais deseja é ir fazer faculdade longe de Sacramento, Califórnia, ideia firmemente rejeitada por sua mãe. Lady Bird, como a garota de forte personalidade exige ser chamada, não se dá por vencida e leva o plano de ir embora adiante mesmo assim. Enquanto sua hora não chega, no entanto, ela se divide entre as obrigações estudantis no colégio católico, o primeiro namoro, típicos rituais de passagem para a vida adulta e inúmeros desentendimentos com a progenitora.
Diria que o primeiro trabalho de direção da atriz e roteirista Greta Gerwig mostrou a base sólida de seus roteiros que são bem desenvolvidos, possuem uma estrutura colocada para que cada ato mostre algo e não seja apenas jogado, mas o excesso de necessidades criativas para que sempre tudo fosse explicadinho e entregue acaba virando uma novelona, o que não é ruim, pois é uma novela boa, dinâmica e sem muitos alongamentos, o que resulta em algo bem feito que vemos suas passagens e que não necessitou colocar muitos personagens secundários para que tudo fluísse, ou seja, ela entrega algo que muitos até tentam fazer e acabam errando, mas poderia ter optado por alguma das situações e feito algo brilhante, como realmente a fuga da cidade e suas desenvolturas, mas aí não seria algo tão marcante na vida de quem se identificar com a trama. Ou seja, é um excelente primeiro trabalho, mas que poderia ser muito mais do que isso, e ser um filme que marcaria uma época.
Dentro do conceito das atuações, Saoirse Ronan é daquelas atrizes que possui um trunfo imenso na manga, seu corpo e rosto aparentam muito mais juventude do que ela tem, pois aos 24 anos passa fácil como adolescente e deve fazer ainda muitos filmes com essa personalidade, e aqui sua Christine "Lady Bird" é daquelas que quer fazer de tudo na trama, entregando todos os pontos possíveis e imaginários para sua personagem, ou seja, agrada demais com olhares, e encaixa bem os diálogos no seu tom correto (lembrando bem a diretora em vários filmes seus, ou seja, foi muito bem dirigida!). E realmente estamos no ano aonde as mães estão dando shows nos filmes, de modo que Laurie Metcalf se mostra como a tradicional mãe que se desdobra para conseguir dar o máximo de boa vida para os filhos, amando eles, mas também impondo limites e criando com isso responsabilidades, de tal maneira que bem incorporado conseguiu chamar muita atenção no que fez, ou seja, uma forma ímpar de sinceridade nos olhares e gestuais, de modo que tudo acaba soando condizente. O elenco de apoio é muito amplo, afinal como disse são várias subtramas que a protagonista se envolve e com isso ela tem junto dela diversos outros personagens, tendo destaque para claro o pai da garota que é interpretado por Tracy Letts, o primeiro amor não correspondido que é feito pelo ótimo Lucas Hedges, Timothée Chalamet aparecendo em mais um filme do Oscar como o rebelde Kyle, e sem dúvidas uma ótima amizade com Beanie Feldstein, que soou tão leve para a personagem de Julie que agrada demais.
A direção de arte foi bem rígida para mostrar o colégio católico com muito detalhismo na forma de cultura adotada, os musicais/teatros escolares bem desenvolvidos, mas principalmente foi imponente para realçar a cidade sem muitas opções de diversão para os jovens, e isso ajudando a jovem a querer sumir da cidade o quanto antes, ou seja, cada detalhe mínimo para que a cenografia incorporasse na trama e dissesse sozinha o que a jovem pretendia demonstrar. Com tons bem quentes para realçar a rebeldia da garota, oscilando com sombras para dar o ar dramático, o resultado da fotografia ficou coerente, mas nada de muito impressionante.
Enfim, é um filme bacana, mas pretensioso demais para se enquadrar como um dos melhores e estar aparecendo em tantas premiações, diria que é mais modismo do atual momento feminista do cinema do que algo que valha ser lembrado/visto. Volto a frisar que está longe de ser algo ruim, pois diverte, passa sua mensagem e tudo mais, mas é tão leve que chega a desaparecer em muitos momentos. Bem é isso pessoal, fico por aqui com o último longa dos indicados a melhor filme do Oscar, mas volto amanhã com mais longas que estrearam por aqui, então abraços e até logo mais.
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