Já comentei outras vezes e volto a afirmar, que se existe um estilo, que embora muitos críticos torçam o nariz, mas que deveria com toda certeza ser mais trabalhado é o religioso, pois todos possuem suas crenças, seus respeitos e com isso é raro um filme desse não dar bilheteria, e por já terem suas histórias prontas, para um bom roteirista adaptar algo pronto é até mais fácil. E na atual época aonde a mulher anda tão em foco, porque não trabalhar a história de uma mulher bíblica que já tanto se falou, e que teve em 2016 sua mudança de classificação dentro da Igreja, e melhor ainda se bem trabalhada com bons atores, um diretor de cerne bem dramático e pontuando cada momento que já vimos tanto da história de Jesus, porém sob outro ponto de vista. Pois bem, fizeram, e agora com o lançamento de "Maria Madalena", vemos sim um filme bem denso que consegue envolver nas cenas certas, com olhares precisos e principalmente com um tom sereno, pois poderiam ter abusado muito mais da ideia, mas deixaram rolar a mítica do novo ponto de vista, e também claro pontuar o motivo de muitos acharem ela como outro estilo de mulher, ou seja, um filme bem crítico também. O único porém é que como trabalharam bem a serenidade num tom mais calmo, o resultado acabou ficando bem cansativo, principalmente no início, aonde tem de ser bem conhecedor dos fatos, ou com muita vontade de conhecer tudo para não cochilar, mas tirando esse detalhe, depois a trama engrena e o resultado final fica sendo bem bonito de acompanhar.
A sinopse nos conta que o filme trata da história de uma das figuras mais enigmáticas e incompreendidas da história bíblica: Maria Madalena. Em busca de uma nova maneira de viver, contrariando as pressões da sociedade, sua família e o machismo de alguns apóstolos, a jovem pescadora junta-se a Jesus de Nazaré em sua incansável missão de propagar a fé.
O diretor Garth Davis teve sua estreia primorosa no cinema no ano passado com "Lion - Uma Jornada Para Casa", e com isso certamente tem chovido roteiros em sua porta para dirigir grandes nomes do cinema, e aqui sua escolha foi completamente sensata, pois manteve seu estilo de tudo mostrado com muita calma, sem correr riscos e trabalhando bastante com cada personagem secundário, com cada elemento cênico da trama, e ousando onde poderia chamar a atenção, ou seja, colocando doses bem pequenas de seu ar crítico para não causar, nem chocar ninguém, e principalmente não deixar que seu filme ficasse frouxo, ou seja, fazendo sim um longa de diretor, o que facilmente poderia ser invertido aqui, já que contou com quatro protagonistas de peso. Não sou o maior conhecedor da Bíblia para poder falar que os trejeitos usados foram corretos, nem que tais relacionamentos aconteceram dessa forma lá, muito menos que cada ato ocorreu daquela maneira, por isso, deixo os comentários abertos para aqueles que conhecem melhor se expressar, e assim podermos dialogar mais sobre o assunto, mas o que posso falar, é que a trama fluiu bem e contou uma história de uma forma que eu particularmente não tinha visto no cinema, e assim sendo posso facilmente falar que o resultado doce e bem sublime agrada, embora pudessem ter colocado bem mais dinâmica em tudo para que o longa ficasse mais forte, mas é apenas uma opinião de quem gosta de dramas mais contundentes do que filmes mais alongados.
Quanto das atuações, fica até difícil dizer que o papel não foi escrito pensando em Rooney Mara, pois a atriz incorporou tão bem a personalidade de Maria Madalena trabalhando o gestual, os olhares, jogando os diálogos sem atravessar ninguém, atingindo diretamente o público com o que desejava passar, ou seja, a perfeição em forma de atuação, de tal maneira que conseguiu chamar o público para ela, algo que é bem difícil visto que estamos com Jesus ao fundo e com ela na maior parte da trama, e não é qualquer Jesus, mas sim um interpretado por Joaquin Phoenix! E já que começamos a falar dele, nunca achei que o visual que imaginamos de um Jesus fosse ficar tão bem colocado com Joaquin Phoenix, pois o ator foi simbólico nos momentos e sereno na personificação do que a trama desejava mostrar, não criando nenhum tom rebelde, nem impositivo demais, mas sim alguém que procurava transmitir a paz e repassar seus ensinamentos, e com isso o ator que é um mestre em serenidade ficou bem caracterizado e trabalhou bem demais. Chiwetel Ejiofor já trabalhou um ar mais imposto e forte para com seu Pedro, de modo que vemos também um ar de personalidade bem colocado e que agrada por não soar artificial, ou seja, o ator conseguiu mostrar suas bases e ainda dar traços marcantes da personalidade que necessitava sem abusar. O francês Tahar Rahim deixou Judas até sendo um bom partido, com um ar bacana e bem dinâmico de modo que se não soubéssemos por outras versões que ele fora um traidor, aqui diríamos que era até um bom moço por tudo o que passou na trama, de modo que alguma versão não bateu muito com a realidade ou o ator resolveu mostrar personalidade e fez tudo de forma bem diferente. Dos demais, a maioria acabou sendo encaixes, mas nada que tenha saído forçado ou desagrade, de modo que o resultado ficou positivo no quesito das interpretações.
Filmes de época sempre recaem muito para um trabalho diferenciado da equipe de arte, e aqui foram bem ousados com um templo enorme, cidades bem desenhadas, aldeias trabalhadas com ares rústicos, mas formados para dar o tom da trama, ou seja, elementos cenográficos bem pensados para uma realização completa. A fotografia abusou demais dos tons cinzas e marrons, de modo que deixou o ar bíblico bem pautado, mas acabou deixando um ar monótono demais, o que acabou cansando visualmente e ajudando a dar um ritmo mais baixo ainda com o tom, ou seja, poderiam ter ousado um pouco mais.
No conceito musical, esse foi o último filme que o compositor Jóhann Jóhannsson trabalhou, pois morreu pouco antes da estreia do longa, e sua dinâmica é marcada por toques mais lentos, e acabou ditando um ritmo exageradamente lento para o filme, ajudando em tudo o que falei sobre o cansaço, mas de modo geral ajuda a comover nas partes mais fortes.
Enfim, a trama é bonita, é serena, e vai agradar bastante o público-alvo da trama, que são religiosos, mas também quem gostar de um drama de época tende a sair satisfeito, mesmo que um pouco cansado, com o resultado final, ou seja, recomendo o longa para praticamente todos, mesmo pontuando fortemente que raspei a trave de dormir em diversas partes, portanto veja durante o dia, sem estar cansado e aproveite melhor o resultado. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com a crítica do outro longa que pretendo ver nessa noite, então abraços e até breve.
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