Sempre acho divertido quando um ator acaba se tornando a marca de um estilo, e se queremos um filme que vai ter muita ação, cenas de lutas em espaços minúsculos, muita adrenalina e investigação ao mesmo tempo, sabemos que temos de ver um longa com Liam Neeson. Digo isso, pois já virou febre esse estilo dele, e quando faz algo diferente acabamos até reclamando, ou seja, queremos sempre mais ação, e principalmente que mexam com sua família, pois aí ele fica possuído para acabar com quem estiver em sua frente. Dito isso, é fato que "O Passageiro" está longe de ser um filme perfeito, mas é tão energético, cheio de boas situações (algumas bem falsas, que sabemos que são falsas, mas gostamos de ver!) e muita ação na proposta que o trailer infelizmente entrega muitas das cenas que poderiam ser misteriosas e nos pegar desprevenidos, mas que ainda assim consegue entregar algumas boas surpresas, ou seja, acaba sendo o filme que queríamos ver dele.
O longa nos conta que durante o seu trajeto usual de volta para casa, um vendedor de seguros é forçado por uma estranha misteriosa a descobrir a identidade de um dos passageiros do trem em que se encontra antes da última parada. Com a rotina quebrada, o homem se encontra no meio de uma conspiração criminosa.
O caso de amor de Liam Neeson com o diretor Jaume Collet-Serra já está consolidado, pois com a presença do ator de ação em três dos seus oito filmes já podemos dizer que Neeson nem precisa mais perguntar o que o diretor espera dele em cada cena, só necessitando falar o ação que que já sai fazendo tudo sozinho, e felizmente, todos foram bem trabalhados, com situações bem colocadas para empolgar o público, e claro, também deixar todos nervosos conforme vai chegando próximo do final. Claro que sempre são colocados nos seus longas situações absurdas de acontecer realmente, mas isso cria um certo afinco para que possamos incorporar mais os momentos, e claro, também dar mais ação para o momento, afinal todos somos capazes de soltar um trem entrando por baixo dele apenas com nossas mãos, ou seja, já vamos assistir a trama sempre preparados para ver algo que nunca uma pessoa normal faria (mas estamos falando de Liam Neeson, e ele consegue com seus quase 70 anos!). E sendo assim, nem temos que reclamar disso, pois já vamos sabendo que terá sempre essas coisas absurdas, mas a reclamação aqui fica pelo exagero da dinâmica acelerada, que já logo nas primeiras cenas vemos a abertura acelerada e repetitiva para exemplificar a rotina do protagonista, mas depois essa rotina acaba não sendo tão necessária, ou seja, poderiam ter trabalhado mais o filme e apenas dizer que ele faz sempre esse caminho, que já estaria valendo, mas optaram por fazer algo acelerado, e ainda por cima manter esse clima dinâmico demais, o que faz com que quando o longa esfrie um pouco pensássemos na possibilidade de já ter acabado tudo, mas ainda tem bons momentos para fechar bem. Outro detalhe, é que muita coisa já é revelada no trailer, e portanto, uma recomendação é que fuja de ver antes de conferir o longa, pois a chance de ser surpreendido acaba logo nas primeiras cenas do trailer. Portanto de modo geral, o acerto por parte da direção e do roteiro até que é bem satisfatório, mas certamente poderiam ainda melhorar mais ele, visto que os últimos filmes do diretor foram de tirar o fôlego do espectador.
Sobre as interpretações, se você já viu um filme de Liam Neeson, já viu todos, pois ele sempre faz as mesmas expressões de aflição, de raiva, de loucura e tudo mais, de modo que seu Michael é até bem colocado, mas em diversos momentos ficamos pensando se ele não vai agir assim, e logo na sequência lá está ele fazendo exatamente o que esperávamos ver, ou seja, não digo que é ruim, muito pelo contrário, ele possui muitas facetas, mas sempre usa as mesmas facetas para chamar a atenção, e isso acaba funcionando, ou seja, como muitos já disseram por aí: "não mexa com a família de Liam Neeson, que você irá se dar bem mal". Vera Farmiga aparece duas vezes no longa com sua Joanna, e consegue chamar toda a atenção para si, agradando por seu ar sublime, em que convence bastante, além claro de muitas chamadas telefônicas que consegue prender nossa respiração e focar no que deseja, porém poderia ter sido até mais incisiva nas suas intenções, pois valeria a pena algo mais forte realmente. Patrick Wilson também conseguiu nas suas duas cenas chamar o longa para si, e funcionar bem com seu Murphy, sendo pontual e didático para que não falhasse em nada do que faz, mas poderia se colocar mais forte para um policial que é na trama. Dentre os demais personagens, temos muitos que dariam para falar, mas assim como Farmiga diz em sua primeira cena, a análise completa de todas as personalidades dentro de um trem daria um estudo imenso, então vou apenas dizer que tivemos grandes esforços, mas muitos falharam por fazer caras e bocas demais, e outros soaram exagerados, porém agradaram para o que o personagem pedia.
No conceito cênico temos de ser concisos em falar sobre a dinâmica inteira ser realizada num espaço pequeno de trem, o que acabou chamando muito a atenção por utilizarem câmeras bem dinâmicas com muitos movimentos de ida e vinda, o que acabou deixando a equipe de arte mais livre para criar, sem exagerar em detalhes, e com isso eles foram certeiros em trabalhar diversos elementos cênicos espalhados, mas que foram efetivos para funcionar dentro da proposta do longa. Agora se tem alguém que pecou pelo exagero, foi a equipe de efeitos especiais na cena que já é mostrada no trailer da explosão, pois ficou algo muito forte e talvez desnecessário, e que ali achamos que já haviam nos entregado o final do longa, mas pasmem que ainda conseguiram deixar ela maior e mais exagerada de efeitos computacionais estranhos. Agora quem também poderia ter feito muito mais foi a equipe de fotografia que segurou o tom da iluminação quase sempre no modo automático, e pecou em não usar cenas mais escuras para que criassem ainda mais tensão na trama, ou seja, o longa ficou movimentado, mas sem muito suspense como era esperado.
Enfim, é um filme que vai agradar por tudo o que é entregue, e principalmente pelo que já vamos esperando ver dele, mas que certamente poderia ser ainda mais forte do que outros que Liam já fez. Confesso que até sai surpreso com o que foi feito aqui, mas queria muito mais, e com isso, muita coisa acaba sendo de fácil descoberta no longa, claro que isso não atrapalhou em nada, e sendo assim, recomendo ele para todos que gostem de muita ação e adrenalina, com boas cenas de pancadaria, mas que poderia até ter um pouco mais de história, pois acabam deixando a história secundária quase de lado o tempo inteiro. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas ainda falta uma estreia dessa semana para conferir, então abraços e até logo mais.
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