O que dizer de um filme fadado a ser um clássico da sessão da tarde, que cheio de mensagens bonitas e de grandes conceitos morais, e que com uma das representatividades mais altas dos últimos tempos poderia ser um espetáculo visual incrível e tudo mais, algo perfeito não é mesmo? Mas aí entra um problema imenso no meio do caminho de "Uma Dobra No Tempo": uma diretora sem carreira em blockbusters e um roteiro difícil de ser adaptado que passou por muitas mãos, ou seja, volto novamente a pergunta colocando esses detalhes, e a resposta é fácil: uma tragédia! Digo isso com um pesar imenso, pois esperava que o longa fosse sim ser uma viagem imensa, mas que remetesse aos bons tempos de "A História Sem Fim" e outros grandes clássicos cheios de viagem, mas não, apenas temos um grandioso visual em algumas cenas, um 3D razoável também somente em algumas poucas cenas, e de resto a bagunça completa no roteiro e na montagem faz com que o público saia rindo da sessão, e não é de felicidade!
A sinopse nos conta que os irmãos Meg e Charles decidem reencontrar o pai (Chris Pine), um cientista que trabalha para o governo e está desaparecido desde que se envolveu em um misterioso projeto. Eles contarão com a ajuda do colega Calvin (Levi Miller) e de três excêntricas mulheres em uma ousada jornada por diferentes lugares do universo.
Muito se falou sobre Ava DuVernay ser a primeira mulher negra a dirigir um blockbuster de mais de 100 milhões de orçamento, e agora ela vai poder esbanjar que é a primeira a destruir um filme com esse orçamento, pois se analisarmos a história veremos que sim, é um roteiro difícil de ser desenvolvido, mas a simplicidade entra em jogo quando podem quebrar em atos separados, ou então criar situações em cima, ou diversas outras coisas que um diretor tem o poder, e o que foi entregue é algo que certamente filmaram coisas demais, e na pós-produção acabaram inventando moda demais, cortando tanta coisa que daria sentido para a trama, e que acabou bagunçando ainda mais a história difícil, ou seja, a culpa é sim dela. Além desse detalhe, a trama fantasiosa por si só depende de que os atores acreditem no que estão fazendo, e aqui vemos um misto de atores se jogando e fazendo tanta coisa em cena, que pareciam estar desconexos com suas situações, ou seja, falha da direção de atores. Claro que estou apontando o dedo, e certamente ela também sofreu muito por estar em uma produção da Disney que certamente exigiu muitos detalhes no corte final, e com isso o resultado do que ela filmou com o que vemos na telona seja bem diferente, mas aí entra a expertise de direção em blockbusters que ela não tinha, e que um bom diretor entregaria o material pronto para chamar a atenção, e não foi o que vimos. Ou seja, é um filme com muitas nuances, mas que falha principalmente por bagunçar todas as nuances e não entregar nada que valha a pena.
Sobre as interpretações, posso dizer que cada dia mais me surpreendo com os novos talentos que andam lançando, e antes mesmo de falar da protagonista, preciso falar de Deric McCabe, que deu um show a parte com seu Charles até chegarmos no ponto de mudança do roteiro, pois a partir dali o jovem teve uma leve queda de rendimento, pois seu charme era a bondade no coração, mas ali ficou tão estranho, cheio de efeitos e tudo mais, que desandou um pouco, mas ainda assim mostrou que é um ator a ser bem observado. Storm Reid foi bem colocada como protagonista, e absorveu bem as qualidades e principalmente os defeitos de sua personagem Meg, fazendo alguém tão insegura que por diversas vezes ficamos pensando se estava com medo de atuar ou era o papel que lhe pedia isso, mas como a trama mostra mais isso, ficamos com a opção do personagem ser estranho e a atriz ter feito bem isso, mas certamente poderia ter mostrado algo a mais. Oprah Winfrey poderia ter ficado somente na produção, pois agradaria bem mais do que sua excentricidade jogada na personalidade da Sra. Qual, que embora tenha boas expressões, acabou ficando estranha demais com tamanhos e maquiagens bizarros demais para agradar, ou seja, a falhou em chamar atenção. Reese Whiterspoon fez caras e bocas demais com sua Sra. Quequeé, brincando até com a ideia de não botar fé na protagonista, mas também ficou exagerada demais para funcionar bem, e isso não é algo legal de ver na telona, talvez se ficasse somente na sua forma de "elfo" ou sei lá o que era aquilo voando agradasse bem mais. Talvez se o longa brincasse mais com a ideia da Sra. Quem, interpretada por Mindy Kaling que só falava no começo frases ditas por personalidades e com isso o filme tinha um certo conceito intelectual, o resultado chamaria bastante atenção, e das grandes deusas do filme, é a que menos soou forçada expressivamente, embora suas roupas fossem fortes demais, mas ao menos errou pouco. Os produtores ainda devem estar se perguntando quem contratou Levi Miller para fazer o garoto Calvin, um quase robô de enfeite que tem uma paixão platônica pela protagonista e que nã;o atinge nada com suas frases e feitios dentro da trama, ou seja, alguém que está ali apenas para "embelezar" a trama, ou seja, um abajur decorativo bonito. Dentre os demais, a maioria fez rápidas participações, e desde o excêntrico vidente vivido por Zach Galifianakis, passando pelo demônio estranho vivido por Michael Peña, e chegando até os pais da protagonista vividos por Chris Pine e Gugu Mbatha-Raw, ninguém conseguiu ao menos duas frases bem expressivas sem forçar olhares e trejeitos, ou seja, um desastre no conceito de interpretação.
Agora após tantos desastres, vamos falar de algo bom dentro do filme, o conceito cênico, que conseguiu ser muito bonito, com paisagens deslumbrantes nas cenas dos planetas, e mesmo com muitos efeitos estranhos, o resultado ainda conseguiu ficar fantasioso e ficcional na medida da proposta, trabalhando com elos físicos e também com coisas bem viajadas, ou seja, a equipe de arte teve de trabalhar e muito para conseguir criar tudo o que imaginaram para o longa. Só diria que houve um pequeno deslize por parte da equipe de fotografia que acabou exagerando demais em tons escuros e com isso o longa ficou um pouco denso demais e acabou não brilhando tanto como poderia. Quanto do 3D, temos de ser sinceros que nas cenas que usaram a tecnologia, acabou funcionando bastante e envolvendo o público com diversas coisas saindo da tela (principalmente as flores), mas infelizmente são bem poucas as cenas com a tecnologia, e mesmo em algumas com uma certa profundidade, o resultado acabou não chamando tanto a atenção.
Enfim, era um filme que apostava muito as fichas de que a Disney não deixaria falhar, mas que acabou virando uma sequência tão grande de erros que fica difícil recomendar ele para qualquer idade, mesmo com as boas lições de moral que foram impregnadas e passadas pelo longa. Portanto só confira ele se não tiver outro bom longa para ver, pois a chance de reclamar de tudo é bem alta. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto na segunda com a última estreia dessa semana, e já também volto preparado para conferir alguns filmes alternativos que irão passar na cidade, então abraços e até breve.
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