sexta-feira, 20 de abril de 2018

7 Dias Em Entebbe (7 Days In Entebbe)

Sabe quando você vai conferir um longa que possui todos os estilos praticamente incorporados na essência, em que o diretor quis brincar com teatro, com ideais políticos, com sequestros de avião, e com tantas outras coisas que não emplacam, e acaba saindo da sessão na dúvida se gostou de algo do que viu? Esse é "7 Dias em Entebbe", novo longa do diretor brasileiro José Padilha ("Tropa de Elite") que estava tão preocupado com sua série no Netflix que acabou deixando o longa uma bagunça estranha, que mesmo sendo baseado em um evento real acabou estranho demais ao misturar dois elos para criar um ar artístico e não mostrar seu jeito real de fazer filmes, ou seja, temos um longa que até possui um estilo bem marcado, bons atores, mas que ninguém consegue acreditar no envolvimento, torcer pelos reféns ou pelos terroristas, ou sequer conectar a ideia da peça da ultra-coadjuvante que é forte, mas que só reflete a trama bem em segundo plano. Não vou dizer que odiei o que vi, pois, a palavra é muito forte, mas garanto que faltou muito para chamar qualquer atenção.

Em julho de 1976, um voo da Air France de Tel-Aviv à Paris foi sequestrado e forçado a pousar em Entebbe, na Uganda. Os passageiros judeus foram mantidos reféns para ser negociada a liberação dos terroristas e anarquistas palestinos presos em Israel, na Alemanha e na Suécia. Sob pressão, o governo israelita decidiu organizar uma operação de resgate atacar o campo de pouso e soltar os reféns.

Sabemos bem do potencial e do estilo de direção de José Padilha e sua equipe (afinal aqui também tivemos o diretor de fotografia Lula Carvalho e o editor Daniel Rezende), mas pela primeira vez um longa seu pareceu faltar com uma firmeza maior, deixando tudo acontecer com simplicidade e com uma velocidade meio que fora de eixo. Ou seja, em nada parecia ser um longa do diretor, com atores apáticos na tela, uma invasão quase não detalhada rápida demais, um envolvimento político simplório de atitudes, de tal maneira que ficamos esperando tudo acontecer ou ao menos o impacto da dança dar um ritmo melhor para os momentos de ação do filme, e quando vemos já terminou e tudo ficou do jeito contado com escritos na tela, ou seja, falhou demais para agradar, mas pelo menos passou a história que ocorreu lá nos anos 70 e já teve outros 3 filmes derivados da mesma história, ou seja mais uma vez, gasto de dinheiro sem muito futuro.

Sobre as interpretações, falei uma vez que achava Daniel Brühl um tremendo ator, mas após ver aqui seu Böse fiquei um pouco em dúvida se ele não entendeu nada que o diretor pedia, ou se o papel era morto demais, pois nem nas cenas que precisava ter atitude ele demonstrou ao menos um lado mais forte de um "sequestrador" de avião, ou que fosse um revolucionário alemão louco, ou qualquer coisa, menos o apático vendedor de livros que ele foi durante o longa inteiro, de modo que até a dançarina de segundo ato fez trejeitos melhores que o dele. Rosamund Pike também é uma renomada atriz com grandes projetos e aqui só teve um grande destaque com sua Brigitte, no seu momento de surto no telefone, que ficou claro ser loucura logo de cara (afinal uma ficha só não duraria tantos diálogos), mas tirando esse grandioso momento e alguns espaçados aonde demonstrou firmeza como uma revolucionária, ela sempre ficou muito atrás de tudo, o que não é bacana para uma protagonista. Os líderes de Israel e de Uganda, interpretados por Nonso Anozie e Lior Ashkenazi foram bem intrigantes nos seus atos, mas nada que surpreendesse, e o ministro da defesa interpretado por Eddie Marsan parecia estar sempre lendo seus textos com um olhar mais desanimado que tudo, ou seja, uma bomba na tela. Enfim, falha generalizada na direção de atores, que acabou resultando em algo apático demais para agradar.

No conceito cênico diria que foram bem colocados com um avião de grande porte, um aeroporto abandonado bem montado, diversas cenas espalhadas com bons figurinos e armas, e até mesmo uma boa invasão, mas que foram mais usados para enfeitar a tela do que para dar contexto na trama, e isso é algo que não pode acontecer em um longa de grande nível, ou seja, a equipe de arte trabalhou para retratar bem o momento, buscou boas imagens de arquivo para auxiliar na finalização, mas não entregou a que ponto poderia chegar, e isso mostra uma falha grandiosa tanto na montagem quanto na direção que não soube usar o poder, pois até podemos olhar a dança como algo desconexo da trama, mas ela traz uma tensão bem colocada, e ajuda no ritmo, só faltou a ação vir no mesmo tom. Quanto da fotografia, Lula Carvalho é daqueles que um tom é fixado e vai ser usado em diferentes escalas, e o longa tenta ficar sujo para manter época do começo ao fim, sem grandes texturas nem deleites visuais, tanto que na cena de tiroteio, o sangue nem chega a aparecer, ou seja, foi bom para criar a época, mas falha no geral.

Enfim, é um filme mediano que raspa a trave de ser esquecível, mas que para quem não viu os outros longas sobre o tema dos anos 70, vai trazer um pouco da situação de países (ou melhor, dos revolucionários ou terroristas como alguns chamavam) que apoiavam o Estado Palestino, mas que não conseguiram um grande feito com uma loucura, mas tirando esse detalhamento histórico, o longa não vai causar tensão, não empolga, nem nada, e sendo assim nem recomendo ele para quase ninguém. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais uma estreia, então abraços e até logo mais.

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