Acostumamos tanto com o molde tradicional de comédias ou com reviravoltas tão chocantes, que quando ocorre algo simples em uma comédia tradicional francesa acabamos ficando revoltados com a falta de criar algo mais romântico ou então algo mais forte, de tal maneira que o resultado acaba soando frouxo. Digo isso de "Madame" por principalmente nos instigar logo de cara com um estilo humorístico mais pautado, cheio de convergências de estilos, traições, romances diferenciados, e que logo na primeira reviravolta já ameniza tão colocada nos moldes tradicionais, que ficaríamos certamente bem felizes se o final fosse fofo ou se algo trágico acontecesse, mas aí esquecemos do detalhe gigante do estilo francês das antigas, que é ser alternativo e não ir por nenhum dos dois moldes tradicionais, e dessa forma o filme não engrena como poderia. Não digo que tenha sido algo completamente ruim, mas parece faltar com a personalidade completa que foi criada do início, e que resulta em algo fora dos padrões normais e bem pautados, e com isso a trama fecha, mas que certamente se tivessem ido pelo comum acabaria sendo uma ótima comédia romântica, e que ainda seria diferenciada.
A trama nos mostra que recém-chegados em Paris, os americanos Anne e Bob organizam um luxuoso jantar para 12 pessoas. Quando uma presença inesperada faz o número virar 13, a supersticiosa anfitriã se recusa a dar chance ao azar e transforma a empregada Maria em convidada especial espanhola. Inicialmente receosa, ela acaba conquistando um comerciante de arte britânico com seu jeito único e o relacionamento se aprofunda para além da noite de festa, para desespero dos controladores patrões de Maria.
A diretora e roteirista Amanda Sthers tentou trabalhar um lado politizado da vida elitista parisiense que vive a base de festas e traições, e também tentou colocar uma ideologia romantizada na vida de empregados estrangeiros e latinos, mas ao trabalhar de uma forma bem ácida ela aparentava uma certa ousadia, brincando com a possibilidade de uma criatividade com um elemento disseminador dentro da própria história, ou seja, quase que um narrador que não fala nada, mas cria as situações, no caso o jovem escritor, mas também não houve ataque para que isso funcionasse, e tivemos apenas um ato correndo junto com o romance de conto de fadas da empregada contra a sua patroa que não aceita que alguém pobre se envolva com alguém do seu nível. Ou seja, algo comum de vermos todos os dias mundo afora, e aqui em nossas terras mais ainda, mas a ousadia da diretora ocorreu até a trama aparentar deslanchar, pois em seguida perde ritmo, perde estrutura e fica água com açúcar demais, de tal maneira que até poderia acabar como qualquer comédia romântica tradicional que seria bobinha, mas efetiva e emocionante, mas não, a diretora resolveu ousar com algo que em momento algum aparentava ocorrer, e o resultado acabou ficando mais estranho ainda de agradar, ou seja, falho.
Sobre as atuações, sabemos bem o quão competente é Toni Collete, e aqui a atriz foi muito bem encaixada na personalidade da patroa, mas ao mesmo tempo que sua Anne trabalha uma personalidade com a empregada/"amiga", ela trabalha outra com o marido, e uma terceira com o amante, de tal maneira que a atriz teve de se desdobrar em muitas e acabou não entregando nenhuma, o que é muito ruim de ver em um filme, mas como sempre é coesa no que faz, não decepcionou muito. Rossy de Palma foi muito graciosa com sua Maria, colocando trejeitos fortes na personalidade e um carisma sem igual, de modo que acabamos nos afeiçoando à sua personagem, mas talvez o maior erro da diretora tenha sido de não acreditar tanto no seu potencial e deixar que os conflitos não acontecessem tão naturalmente, e isso acabou deixando o longa um pouco preso, enquanto a atriz poderia voar muito. Harvey Keitel é outro que parecia desorientado na trama, pois tendo o problema financeiro, a traição da esposa, a sua traição, e ainda vivendo o conflito da mentira da empregada, deixou seu Bob sem um rumo certo, e o ator que costuma ir bem nas suas atuações acabou fazendo muitas formas diferentes e não agradando com nenhuma. Michael Smiley caiu bem no papel de David, trabalhando a personalidade do apaixonado e seduzido pela empregada, mas também não sendo o bobo tradicional fez boas cenas, mas faltou entregar a que veio nas cenas finais, não colocando atitude no personagem, ou seja, falhando também. De certo modo, o grande momento do filme foi ao redor da mesa, e se o filme brincasse inteiramente com aquela fatídica noite, todos os atores ali lidariam muito bem com o tema e dariam ótimas vertentes diferenciadas, pois o elenco era de peso realmente.
No conceito visual, acabaram arrumando grandes hotéis, casas e locações bem chiques para que a trama tivesse um ar bem elitista, mas sempre deixando que os detalhes falassem por si, a direção de arte trabalhou com minúcias demais em alguns momentos e em outros acabou esquecendo de detalhar mais, como por exemplo nas cenas de luxo fora da mansão que sempre pareciam pobres de elementos, ou seja, um balanço bem misturado de diferenças que deram dois tons para a trama, e isso certamente não estava nos planos. O longa trabalhou com poucos tons dentro da fotografia, pois não ousaram jogar de cara o colorido carismático para que a trama virasse uma comédia escrachada, o que agradaria bem mais, ficando sempre no meio tom para ter vértices romanceados e também uma certa dramaticidade, ou seja, uma bagunça.
Enfim, é um filme que tinha potencial, que consegue cativar o espectador pelo carisma dos personagens, mas que se perde durante toda a duração do filme, e termina de uma forma completamente diferente de todas as possibilidades apontadas na trama, o que foi a pedrada final para que não agradasse mesmo, ou seja, recomendo ele mais para quem gosta de longas bagunçados, pois quem for esperando ver uma boa comédia como o trailer apontava vai se decepcionar muito, mas ainda afirmo que está longe de ser também um desastre total. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto na terça com um filme/peça diferente do comum que falo aqui, então abraços e até logo mais.
sábado, 28 de abril de 2018
sexta-feira, 27 de abril de 2018
Vingadores: Guerra Infinita em Imax 3D (Avengers: Infinity War)
Coragem! Essa é a palavra que podemos dizer que define bem "Vingadores: Guerra Infinita", e não apenas por ser um longa com heróis corajosos de enfrentar vilões e tudo mais, mas sim pela coragem que os diretores tiveram para criar um marco dentro da própria empresa, colocando um filme que tem sim piadas espaçadas com boas interações, mas que na maior parte é um longa bem sério, tenso, cheio de excelentes cenas de ação, com uma computação quase perfeita (afinal foi filmado inteiramente com câmeras Imax) e que vai deixar a maioria dos fãs das HQs chocados com o tanto de coisa que acontece, mas que vou ter de escrever bem pouco, afinal qualquer coisa que seja dita poderá ser considerada como um spoiler, e como costumo dizer, sou completamente contra isso, ou seja, vou ter de me conter para falar de cada momento do longa (faça isso com os amigos que virem o longa, e discutam muito, pois dá para falar muitaaaaa coisa após a conferida, só não vale com quem não viu o filme ainda). O único detalhe que deve ser lembrado, e que muitos podem ter esquecido é que o longa tem duas partes, que chamaria Guerra Infinita Parte 1 e Parte 2, mas aparentemente irão dar um outro nome para o longa que estreia ano em 2019 e já está inteiramente gravado com todo mundo guardando imensos segredos de estado, ou seja, como todo filme de duas partes, não espere um fim para esse aqui, embora tenha usado bastante da teoria completa de começo/meio/fim, o que nos faz lembrar muito da ideologia vista em "Senhor Dos Anéis". Dito isso, vamos voltar ao que interessa, o que de bom tecnicamente o longa teve, e posso dizer que fui muito surpreendido com algo que era meu maior medo: um longa com uma tonelada de protagonistas não ter tempo de tela para todos, e incrivelmente conseguiram dividir bem, e deixar como protagonista realmente, o vilão Thanos, que aí sim nos foi mostrado mais quem ele é, seus motes de destruição, e com isso agradar demais. Ou seja, um filme completo, que vai agradar a todos, e já adiantando, tem um 3D muito bom também!
A sinopse mais básica nos conta que os Vingadores já combateram muitos inimigos para manter o mundo a salvo. Agora os heróis têm um dos maiores desafios de suas vidas: enfrentar o déspota celestial Thanos que quer ter total controle sobre o universo e para isso precisa das Joias do Infinito, pedras que representam: Espaço, Mente, Realidade, Poder, Alma e Tempo.
Fazendo uma comparação bem banal, tenho claro que pontuar que o longa embora seja uma novelona com diversos arcos entrelaçados, conseguiu usar isso ao seu completo favor, pois em momento algum os diretores Joe e Anthony Russo deixaram a empolgação cair e mantiveram a estrutura narrativa de um filme mesmo, não necessitando contar o drama do fulano, a morte do ciclano, quem é quem e blablabla, ou seja, se você viu os demais filmes bem, senão aqui você por mais incrível que pareça não vai ficar tão perdido, tudo flui naturalmente como deve ocorrer em uma batalha, com tudo ocorrendo em diversos locais, numa montagem completamente bem coesa e que não se estraga pela grande propriedade, ou seja, o filme funciona sozinho (ou quase, afinal, necessitará e muito da segunda parte no ano que vem) e como disse no começo felizmente deu tempo de tela para que praticamente todos aparecesse, desse seu recado e agradasse, e com uma sintonia tão incrível de boas interações de personagens de diversos elos que mesmo com as leves piadinhas tudo acabou muito bem encaixado e agradou demais. Portanto, podemos dizer que os irmãos Russo foram corajosos demais, primeiro por entregar um ótimo fã-service, mostrando tudo que os fãs desejavam ver, segundo por trabalhar um pouco mais de tensão e fazer um longa mais sério do que as últimas piadas que apareceram, e principalmente por quebrar realmente um filme de heróis em duas partes, pois na hora que acaba, da forma que acaba é um choque imenso em todos na sessão, ou seja, que venha logo 02/05/2019 para sabermos como tudo será resolvido, e nossas diversas indagações sejam concluídas!!
Sobre as interpretações, só vou dizer uma coisa: TODOS estão ótimos, e paro por aqui, pois qualquer coisa escrita aqui seria spoiler, então vou apenas deixar isso e dizer também que a escolha de Josh Brolin como Thanos foi algo muito bem pensado, pois o ator veio mostrando como um vilão deve ser realmente.
Dentro do conceito cênico, tivemos muitos planetas explorados, todos com suas particularidades bem interessantes vistas das duas formas com grandiosos efeitos, diversos elementos cênicos explorados para mostrar cada ato, poderiam ter brincado até mais com a tecnologia de Wakanda, mas acho que preferiram deixar isso para a parte 2, mas de certo modo foram coesos com cada detalhe, para que o filme mostrasse todas as situações, se desenvolvesse em cada ambiente para que conhecêssemos mais de Thanos e seus aliados, visse as explorações dos planetas, e que na hora da grandiosa batalha em ambos os planetas tudo fosse bem exuberante, tanto que os cachorros alienígenas foram incríveis, as máquinas girando, todos atirando e lutando demais ficaram dentro do contexto que um longa com o título guerra valesse cada centavo investido, e o acerto foi muito bem feito. Sobre a fotografia, como era esperado tivemos muitos tons densos e cores para explorar e diferenciar cada ato, porém um detalhe me incomodou um pouco com os tons de roxo tanto de Thanos quanto dos que apareceram em diversos momentos, soando exageradamente artificiais, mas isso é apenas um gosto, pois poderiam ter brincado com algum tom mais realista para realçar melhor.
Quanto do 3D do longa, por ter sido inteiramente filmado com câmeras Imax, puderam brincar muito mais com profundidades, com objetos e personagens saindo e entrando da tela e com isso os elementos deram um charme a mais para a produção. Claro que muitos vão reclamar que queriam muito mais, mas dentre todos os filmes da Marvel acredito que esse tenha sido o que usaram e ousaram com mais detalhes para funcionar na história e não ser apenas jogados na tela, ou seja, vale a pena ver na maior sala que tiver em sua cidade, e claro que aonde tiver Imax fica quase implícito que deve ser visto na mesma tecnologia que foi filmado.
Enfim, não posso dizer que foi perfeito, mas que certamente foi o longa que mais me surpreendeu em detalhes, que fez meu queixo cair umas 2 ou 3 vezes, que me fez sentir algo que a muito tempo não sentia: ansiedade por ter de aguardar um ano para ver uma continuação, e que principalmente usou o tempo todo ao seu favor, pois os 150 minutos passam voando e cada detalhe conta. Claro que quem não for completamente ligado aos filmes de super-heróis da Marvel vai se atrapalhar um pouco, ficar sem entender em algumas cenas, mas o contexto completo como filme de entretenimento, de muita ação, com boas doses cômicas e dramáticas também acaba superando todo o restante. Ainda prefiro "Pantera Negra" como um longa mais denso no Universo Marvel, mas certamente o conjunto completo dos dois longas que teremos será algo que vai entrar pro seleto hall de longas que devemos ver e muito. Ou seja, a recomendação foi feita, acredito que falei tudo o que precisava ser dito sem que colocasse spoilers, e quem for discutir nos comentários também evite dar spoilers, se quiser falar de algo a mais me chame no Facebook, ou mande email privado, mas vamos deixar os amigos que não viram conferir e se surpreender também. Fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais uma estreia, então abraços e até breve.
PS: poderia até remover um coelho pelos deslizes cometidos, mas como fazia tempo que não me surpreendia tanto com um longa, principalmente por ter certeza que ficaria abusivo demais e não ocorreu, que vou deixar a nota máxima por enquanto, e quem sabe se o 2 vier fraco eu reduza lá, mas que poderia dar um 9 ou 9,5 isso com certeza poderia.
A sinopse mais básica nos conta que os Vingadores já combateram muitos inimigos para manter o mundo a salvo. Agora os heróis têm um dos maiores desafios de suas vidas: enfrentar o déspota celestial Thanos que quer ter total controle sobre o universo e para isso precisa das Joias do Infinito, pedras que representam: Espaço, Mente, Realidade, Poder, Alma e Tempo.
Fazendo uma comparação bem banal, tenho claro que pontuar que o longa embora seja uma novelona com diversos arcos entrelaçados, conseguiu usar isso ao seu completo favor, pois em momento algum os diretores Joe e Anthony Russo deixaram a empolgação cair e mantiveram a estrutura narrativa de um filme mesmo, não necessitando contar o drama do fulano, a morte do ciclano, quem é quem e blablabla, ou seja, se você viu os demais filmes bem, senão aqui você por mais incrível que pareça não vai ficar tão perdido, tudo flui naturalmente como deve ocorrer em uma batalha, com tudo ocorrendo em diversos locais, numa montagem completamente bem coesa e que não se estraga pela grande propriedade, ou seja, o filme funciona sozinho (ou quase, afinal, necessitará e muito da segunda parte no ano que vem) e como disse no começo felizmente deu tempo de tela para que praticamente todos aparecesse, desse seu recado e agradasse, e com uma sintonia tão incrível de boas interações de personagens de diversos elos que mesmo com as leves piadinhas tudo acabou muito bem encaixado e agradou demais. Portanto, podemos dizer que os irmãos Russo foram corajosos demais, primeiro por entregar um ótimo fã-service, mostrando tudo que os fãs desejavam ver, segundo por trabalhar um pouco mais de tensão e fazer um longa mais sério do que as últimas piadas que apareceram, e principalmente por quebrar realmente um filme de heróis em duas partes, pois na hora que acaba, da forma que acaba é um choque imenso em todos na sessão, ou seja, que venha logo 02/05/2019 para sabermos como tudo será resolvido, e nossas diversas indagações sejam concluídas!!
Sobre as interpretações, só vou dizer uma coisa: TODOS estão ótimos, e paro por aqui, pois qualquer coisa escrita aqui seria spoiler, então vou apenas deixar isso e dizer também que a escolha de Josh Brolin como Thanos foi algo muito bem pensado, pois o ator veio mostrando como um vilão deve ser realmente.
Dentro do conceito cênico, tivemos muitos planetas explorados, todos com suas particularidades bem interessantes vistas das duas formas com grandiosos efeitos, diversos elementos cênicos explorados para mostrar cada ato, poderiam ter brincado até mais com a tecnologia de Wakanda, mas acho que preferiram deixar isso para a parte 2, mas de certo modo foram coesos com cada detalhe, para que o filme mostrasse todas as situações, se desenvolvesse em cada ambiente para que conhecêssemos mais de Thanos e seus aliados, visse as explorações dos planetas, e que na hora da grandiosa batalha em ambos os planetas tudo fosse bem exuberante, tanto que os cachorros alienígenas foram incríveis, as máquinas girando, todos atirando e lutando demais ficaram dentro do contexto que um longa com o título guerra valesse cada centavo investido, e o acerto foi muito bem feito. Sobre a fotografia, como era esperado tivemos muitos tons densos e cores para explorar e diferenciar cada ato, porém um detalhe me incomodou um pouco com os tons de roxo tanto de Thanos quanto dos que apareceram em diversos momentos, soando exageradamente artificiais, mas isso é apenas um gosto, pois poderiam ter brincado com algum tom mais realista para realçar melhor.
Quanto do 3D do longa, por ter sido inteiramente filmado com câmeras Imax, puderam brincar muito mais com profundidades, com objetos e personagens saindo e entrando da tela e com isso os elementos deram um charme a mais para a produção. Claro que muitos vão reclamar que queriam muito mais, mas dentre todos os filmes da Marvel acredito que esse tenha sido o que usaram e ousaram com mais detalhes para funcionar na história e não ser apenas jogados na tela, ou seja, vale a pena ver na maior sala que tiver em sua cidade, e claro que aonde tiver Imax fica quase implícito que deve ser visto na mesma tecnologia que foi filmado.
Enfim, não posso dizer que foi perfeito, mas que certamente foi o longa que mais me surpreendeu em detalhes, que fez meu queixo cair umas 2 ou 3 vezes, que me fez sentir algo que a muito tempo não sentia: ansiedade por ter de aguardar um ano para ver uma continuação, e que principalmente usou o tempo todo ao seu favor, pois os 150 minutos passam voando e cada detalhe conta. Claro que quem não for completamente ligado aos filmes de super-heróis da Marvel vai se atrapalhar um pouco, ficar sem entender em algumas cenas, mas o contexto completo como filme de entretenimento, de muita ação, com boas doses cômicas e dramáticas também acaba superando todo o restante. Ainda prefiro "Pantera Negra" como um longa mais denso no Universo Marvel, mas certamente o conjunto completo dos dois longas que teremos será algo que vai entrar pro seleto hall de longas que devemos ver e muito. Ou seja, a recomendação foi feita, acredito que falei tudo o que precisava ser dito sem que colocasse spoilers, e quem for discutir nos comentários também evite dar spoilers, se quiser falar de algo a mais me chame no Facebook, ou mande email privado, mas vamos deixar os amigos que não viram conferir e se surpreender também. Fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais uma estreia, então abraços e até breve.
PS: poderia até remover um coelho pelos deslizes cometidos, mas como fazia tempo que não me surpreendia tanto com um longa, principalmente por ter certeza que ficaria abusivo demais e não ocorreu, que vou deixar a nota máxima por enquanto, e quem sabe se o 2 vier fraco eu reduza lá, mas que poderia dar um 9 ou 9,5 isso com certeza poderia.
domingo, 22 de abril de 2018
A Livraria (The Bookshop)
Existem alguns dramas que conseguem soar tão singelos e sublimes que mesmo ocorrendo alguns deslizes acabamos nos apaixonando pelo que vemos, e que ao trabalhar de forma bem ordenada como é de costume de obras britânicas, o resultado acaba fluindo bonito e bem encaixado. Dito isso, temos de falar também que "A Livraria" não é somente britânico, apesar do grande elenco, mas sim espanhol pela diretora e alemão pelos produtores, então além de um drama bem leve, tivemos um estilo bem puxado para o ar novelesco, ou seja, o filme tem muitos vértices para se enrolar e com isso ganhar tempo para a trama completa acontecer, de modo que poderia ser muito bem suprimido para que o resultado encaixasse, e até comovesse caso desejassem. Não digo que isso tenha atrapalhado muito o longa, apenas não deu a fluidez que poderia para que ele fosse mais duro, mas o tirando esse detalhe é um filme que quem conferir irá gostar dele pelas ótimas atuações e pela vivência que a trama consegue passar para os amantes de livros.
O longa nos situa na Inglaterra de 1959, onde distante das revoluções sociais e sexuais que ocorrem no mundo, a tranquila cidade costeira e anglicana de Hardborough passa por transformação radical quando a recém-viúva Florence Green, transforma um casarão abandonado em uma livraria. A leitura das obras dos grandes escritores e pensadores, como Lolita, de Nicolai Nobokov, e Fahrenheit 451, de Ray Bradbury, provocam um despertar cultural na comunidade letárgica. Mas a influente e ambiciosa Violet Garmart, que se sente ofendida com as mudanças comportamentais liberais e “libertinas” provocadas pelos livros, arquiteta um plano para fecha-la e se apossar do imóvel transformando-o num Centro de Artes.
É bem interessante como a diretora Isabel Coixet conseguiu trabalhar seu filme colocando uma alma tão velha na personalidade da trama, que fez com que cada momento parecesse o de vidas, com grandes reflexões, grandes personificações e um desenvolvimento bem simples assim como a leitura de um bom livro, ou seja, ela conseguiu que seu filme fosse quase um grandioso livro refletido pelas personalidades de cada ator/personagem, e mesmo sendo uma adaptação literária, ela não fez o tradicional de vermos páginas no longa, mas sim os personagens andando e desenvolvendo suas personalidades, e assim o resultado até que fluiu muito bem, pois como disse no começo até temos um estilo bem novelesco, mas em momento algum vemos as subtramas cansando, mas sim entregando cada estilo para que o conjunto completo da obra envolva e saia do comum.
No conceito das atuações podemos dizer que Emily Mortimer foi bem colocada na trama, fez trejeitos chamativos, mas deu um ar muito de piedade para sua Florence Green, de modo que mesmo todos falando que ela tinha muita coragem, suas expressões eram tão tristes que ficamos pensando se ela estava feliz ou o que com o que estava tentando fazer, ou seja, poderia ter sido mais impactante para demonstrar sua coragem e com isso juntar o carisma e entregar um filme lindo. Patricia Clarkson foi a clara vilã de filmes da Disney, que se incomoda com o sucesso alheio e fará de tudo para atrapalhar a vida das demais pessoas com sua Violet, de tal maneira que a atriz mesmo soando sutil em cada ato, entregou um olhar duro e bem pontual para todos os seus atos, fazendo bem seu papel, e até chamando a responsabilidade para si nas cenas mais fortes. Bill Nighy é um ator incrível, e sempre que bem colocado em uma trama, mesmo fazendo cenas com um grande ar depressivo ele consegue incorporar trejeitos e entregar para o filme a sua melhor atuação, de modo que seu Brundish acaba ficando tão belo nas cenas que acabamos ficando tristes pela sua última cena, e felizes pela ótima penúltima. Agora se tem alguém que merece muitos elogios é a jovem Honor Kneafsey que mostrou uma personalidade tão forte para sua Christine que com muita doçura e olhares fortes na mesma cena conseguiu impressionar do começo ao fim. Agora um único adendo para as interpretações ficou para James Lance nem tanto pelo que fez, mas pela falta de entregar realmente o que seu Milo é na vida, além de um capacho de Violet, pois ficou estranho o tanto que falava dele na BBC, mas nada é entregue ou mostrado, de modo que acabou jogado demais na tela. Dentre os demais, todos foram bem básicos e clássicos como uma pequena vila acaba soando, ou seja, todos enxeridos ao máximo na vida alheia.
A equipe artística foi bem conexa ao escolher uma pequena vila realmente para criar as locações, mostrando um ar antigo com casas sombrias de colina com ventos, livros de todos os estilos, figurinos bem colocados fazendo até parte da trama, ou seja, colocando a trama como um modelo bem montado visual e que fez o ar interiorano surgir até mais do que o esperado, o que agradou bastante, mas também cansou um pouco pelo excesso de tons escuros da fotografia, que sempre quando mudavam para algo mais colorido a discrepância acabava chamando tudo para aquele momento, ou seja, poderiam ter brincado mais com isso que o filme acabaria tendo mais vida e soando até mais agradável.
Enfim, é um longa bem bonito que poderia ter alçado um voo ainda maior caso quisesse, mas que nem precisou pois acabou conquistando praticamente todas as premiações da Espanha, e com isso a trama mostrou que a simplicidade acaba sendo sempre a melhor forma de entregar a trama de um livro. Portanto recomendo o longa para que todos que gostem do estilo simples relaxem com boas cenas, mas também funciona bem para o público que gosta muito de ler, então a gama de público é bem grande. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje já encerrando essa semana cinematográfica e já ficando meio que preparado para uma próxima bem curta, então abraços e até mais.
O longa nos situa na Inglaterra de 1959, onde distante das revoluções sociais e sexuais que ocorrem no mundo, a tranquila cidade costeira e anglicana de Hardborough passa por transformação radical quando a recém-viúva Florence Green, transforma um casarão abandonado em uma livraria. A leitura das obras dos grandes escritores e pensadores, como Lolita, de Nicolai Nobokov, e Fahrenheit 451, de Ray Bradbury, provocam um despertar cultural na comunidade letárgica. Mas a influente e ambiciosa Violet Garmart, que se sente ofendida com as mudanças comportamentais liberais e “libertinas” provocadas pelos livros, arquiteta um plano para fecha-la e se apossar do imóvel transformando-o num Centro de Artes.
É bem interessante como a diretora Isabel Coixet conseguiu trabalhar seu filme colocando uma alma tão velha na personalidade da trama, que fez com que cada momento parecesse o de vidas, com grandes reflexões, grandes personificações e um desenvolvimento bem simples assim como a leitura de um bom livro, ou seja, ela conseguiu que seu filme fosse quase um grandioso livro refletido pelas personalidades de cada ator/personagem, e mesmo sendo uma adaptação literária, ela não fez o tradicional de vermos páginas no longa, mas sim os personagens andando e desenvolvendo suas personalidades, e assim o resultado até que fluiu muito bem, pois como disse no começo até temos um estilo bem novelesco, mas em momento algum vemos as subtramas cansando, mas sim entregando cada estilo para que o conjunto completo da obra envolva e saia do comum.
No conceito das atuações podemos dizer que Emily Mortimer foi bem colocada na trama, fez trejeitos chamativos, mas deu um ar muito de piedade para sua Florence Green, de modo que mesmo todos falando que ela tinha muita coragem, suas expressões eram tão tristes que ficamos pensando se ela estava feliz ou o que com o que estava tentando fazer, ou seja, poderia ter sido mais impactante para demonstrar sua coragem e com isso juntar o carisma e entregar um filme lindo. Patricia Clarkson foi a clara vilã de filmes da Disney, que se incomoda com o sucesso alheio e fará de tudo para atrapalhar a vida das demais pessoas com sua Violet, de tal maneira que a atriz mesmo soando sutil em cada ato, entregou um olhar duro e bem pontual para todos os seus atos, fazendo bem seu papel, e até chamando a responsabilidade para si nas cenas mais fortes. Bill Nighy é um ator incrível, e sempre que bem colocado em uma trama, mesmo fazendo cenas com um grande ar depressivo ele consegue incorporar trejeitos e entregar para o filme a sua melhor atuação, de modo que seu Brundish acaba ficando tão belo nas cenas que acabamos ficando tristes pela sua última cena, e felizes pela ótima penúltima. Agora se tem alguém que merece muitos elogios é a jovem Honor Kneafsey que mostrou uma personalidade tão forte para sua Christine que com muita doçura e olhares fortes na mesma cena conseguiu impressionar do começo ao fim. Agora um único adendo para as interpretações ficou para James Lance nem tanto pelo que fez, mas pela falta de entregar realmente o que seu Milo é na vida, além de um capacho de Violet, pois ficou estranho o tanto que falava dele na BBC, mas nada é entregue ou mostrado, de modo que acabou jogado demais na tela. Dentre os demais, todos foram bem básicos e clássicos como uma pequena vila acaba soando, ou seja, todos enxeridos ao máximo na vida alheia.
A equipe artística foi bem conexa ao escolher uma pequena vila realmente para criar as locações, mostrando um ar antigo com casas sombrias de colina com ventos, livros de todos os estilos, figurinos bem colocados fazendo até parte da trama, ou seja, colocando a trama como um modelo bem montado visual e que fez o ar interiorano surgir até mais do que o esperado, o que agradou bastante, mas também cansou um pouco pelo excesso de tons escuros da fotografia, que sempre quando mudavam para algo mais colorido a discrepância acabava chamando tudo para aquele momento, ou seja, poderiam ter brincado mais com isso que o filme acabaria tendo mais vida e soando até mais agradável.
Enfim, é um longa bem bonito que poderia ter alçado um voo ainda maior caso quisesse, mas que nem precisou pois acabou conquistando praticamente todas as premiações da Espanha, e com isso a trama mostrou que a simplicidade acaba sendo sempre a melhor forma de entregar a trama de um livro. Portanto recomendo o longa para que todos que gostem do estilo simples relaxem com boas cenas, mas também funciona bem para o público que gosta muito de ler, então a gama de público é bem grande. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje já encerrando essa semana cinematográfica e já ficando meio que preparado para uma próxima bem curta, então abraços e até mais.
sábado, 21 de abril de 2018
Exorcismos e Demônios (The Crucifixion)
Existe uma grande quantidade de filmes que vamos ao cinema já sabendo o que vamos ver, e o terror de possessão é um dos mais manjados do estilo, que praticamente sempre conta a mesma história, variando um detalhe ou outro, sempre é baseado em algum fato real, e principalmente todos os diretores montam seus filmes preparando para assustar o público, ou seja, vai acontecer daquela cena tradicional simples pegar você desprevenido e fazer pular. Feita a fórmula do bolo, é fácil que um filme com uma ideia simples de uma jornalista sem fé alguma por ter perdido a mãe vítima de câncer, ir investigar (ou melhor bisbilhotar, fuçar e tudo mais que a galerinha mais nova formada em Jornalismo gosta de fazer) um suposto exorcismo que falhou e acabou matando a vítima. E com essa ideia, o longa "Exorcismos e Demônios" lançado agora no Brasil com esse nome após muita propaganda em cima de "A Crucificação" (motivo fácil de saber a mudança de nome, afinal o longa foi lançado lá fora há muito tempo e provavelmente muitos que baixam filmes já até viram ele) é até bem feito, consegue ter cenas interessantes e agradar dentro do que foi proposto, mas está bem longe de ser uma obra-prima do gênero e também tem leves momentos falhos, o que não atrapalha também, ou seja, quem for sabendo o que vai ver até deve curtir um pouco, mas certamente poderiam ter causado muito mais com diversos momentos, e principalmente toda a cena final deveria estar beirando a metade para que o longa chamasse mais atenção.
A sinopse mostra que quando um padre é sentenciado à prisão após a morte de uma freira em que praticou um exorcismo, uma jornalista investigativa se esforça para desvendar se ele de fato assassinou uma pessoa mentalmente doente ou se apenas perdeu uma batalha contra uma presença demoníaca.
Não posso afirmar que o longa é perfeito, mas em momento algum também posso apontar como defeituoso o roteiro nem a direção da trama, pois fizeram o básico do estilo, claro que Xavier Gens que já é experiente no gênero poderia ter minimizado alguns erros, e falhas óbvias, como por exemplo o garoto que é surdo/mudo, mas que a todo momento que gritam com ele, ouve e atende com perfeição, ou até reduzir o uso de sustos na trama, mas para isso precisaria entrar em uma história mais criativa e com mais nuances, o que não é o caso aqui, então se voltar na essência de que ele entregou algo básico, e que o público que procura filmes desse estilo gosta de todos os clichês que acabam aparecendo, o resultado acaba sendo até coeso dentro da trama, e com isso, a maior reclamação acaba sendo do público que gosta de suspenses tensos e que acaba indo conferir esse estilo e não vê nada do que gosta. Ou seja, o diretor não quis causar com a protagonista, não quis fazer um longa apavorante, não quis que seu filme fosse algo completamente diferenciado dos demais, e assim sendo a trama acaba sendo bem feita, apenas diria que o final aonde tudo acontece, poderia ser mais para a metade, e aí sim ter algo a mais para o fim, que o longa seria incrível.
Dentro da atuação, podemos falar que Sophie Cookson demonstrou a garra que toda jovem jornalista tem de ir a fundo apurar todos os fatos e ser realmente enxerida para que sua matéria seja completa, de tal maneira que sua Nicole acabou ficando bem interessante, mas também cheia de trejeitos, ou seja, ela conseguiu chamar para si a responsabilidade da trama, porém poderia ter ousado muito mais, ou seja, foi jovial e autentica, mas falhou quando pecou por excessos, e isso a trama até poderia ser menos impactante para sua desenvoltura, o que não é errado, mas falha um pouco. Corneliu Ulici daqui a pouco já pode dizer que só faz filmes de terror por ter algum tipo de pacto que vão acreditar, mas aqui seu Padre Anton foi galanteador demais e por bem pouco não mudou o estilo do filme, mas isso proveio do roteiro e não de seus trejeitos, pois ao menos foi bem coerente na cena que precisou exorcizar o demônio. Dentre os demais, a maioria funciona quase como um depoimento para a matéria da jovem, mas se temos de dar destaques positivos tem de ser para a freira morta, Ada Lupu com bons momentos nos flashbacks para mostrar sua possessão, Brittany Ashworth como a freira Vaduva bem assustada com as cenas da melhor amiga, e claro o jovem Florian Voicu com trejeitos bem assombrados para um cigano mudo, ou seja, um elenco bem eclético, mas que fez o que pode dentro da trama.
No conceito cênico as filmagens no interior da Romênia foi de um acerto bem interessante, pois o país é cheio de lendas e cidadelas, então bastou arrumar um hotel quase sem iluminação, igrejas caindo aos pedaços, plantações e casas estranhas, e claro elementos clássicos de exorcismos e do jornalismo de estrada, que o filme ficou completo, sem precisar florear muito, e até mesmo a festa temática inserida foi meio que desnecessária, embora tenha criado um tom bem interessante no momento em que foi usada, mas o contexto de bichos asquerosos saindo dos corpos, e todo o tom que a fotografia acabou imprimindo junto da equipe de arte acabou agradando bastante, e felizmente não apelaram tanto para cenas bem escuras, pois como já disse outras vezes, gostamos de ser surpreendidos vendo tudo na telona.
Enfim, é um filme bem feito dentro do que foi proposto, estando bem longe de se tornar um clássico do terror, ou ser lembrado mais para frente, mas também não atrapalha em nada e vai agradar quem for pronto para ver um filme cheio de clichês clássicos do gênero, com uma temática bem simples e resultados também bem simples, ou seja, o básico do básico. Recomendo ele assim dessa forma e nada mais, pois quem for esperando qualquer mínimo detalhe a mais sairá da sala apenas com reclamações. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas ainda falta conferir mais uma estreia da semana, então abraços e até breve.
A sinopse mostra que quando um padre é sentenciado à prisão após a morte de uma freira em que praticou um exorcismo, uma jornalista investigativa se esforça para desvendar se ele de fato assassinou uma pessoa mentalmente doente ou se apenas perdeu uma batalha contra uma presença demoníaca.
Não posso afirmar que o longa é perfeito, mas em momento algum também posso apontar como defeituoso o roteiro nem a direção da trama, pois fizeram o básico do estilo, claro que Xavier Gens que já é experiente no gênero poderia ter minimizado alguns erros, e falhas óbvias, como por exemplo o garoto que é surdo/mudo, mas que a todo momento que gritam com ele, ouve e atende com perfeição, ou até reduzir o uso de sustos na trama, mas para isso precisaria entrar em uma história mais criativa e com mais nuances, o que não é o caso aqui, então se voltar na essência de que ele entregou algo básico, e que o público que procura filmes desse estilo gosta de todos os clichês que acabam aparecendo, o resultado acaba sendo até coeso dentro da trama, e com isso, a maior reclamação acaba sendo do público que gosta de suspenses tensos e que acaba indo conferir esse estilo e não vê nada do que gosta. Ou seja, o diretor não quis causar com a protagonista, não quis fazer um longa apavorante, não quis que seu filme fosse algo completamente diferenciado dos demais, e assim sendo a trama acaba sendo bem feita, apenas diria que o final aonde tudo acontece, poderia ser mais para a metade, e aí sim ter algo a mais para o fim, que o longa seria incrível.
Dentro da atuação, podemos falar que Sophie Cookson demonstrou a garra que toda jovem jornalista tem de ir a fundo apurar todos os fatos e ser realmente enxerida para que sua matéria seja completa, de tal maneira que sua Nicole acabou ficando bem interessante, mas também cheia de trejeitos, ou seja, ela conseguiu chamar para si a responsabilidade da trama, porém poderia ter ousado muito mais, ou seja, foi jovial e autentica, mas falhou quando pecou por excessos, e isso a trama até poderia ser menos impactante para sua desenvoltura, o que não é errado, mas falha um pouco. Corneliu Ulici daqui a pouco já pode dizer que só faz filmes de terror por ter algum tipo de pacto que vão acreditar, mas aqui seu Padre Anton foi galanteador demais e por bem pouco não mudou o estilo do filme, mas isso proveio do roteiro e não de seus trejeitos, pois ao menos foi bem coerente na cena que precisou exorcizar o demônio. Dentre os demais, a maioria funciona quase como um depoimento para a matéria da jovem, mas se temos de dar destaques positivos tem de ser para a freira morta, Ada Lupu com bons momentos nos flashbacks para mostrar sua possessão, Brittany Ashworth como a freira Vaduva bem assustada com as cenas da melhor amiga, e claro o jovem Florian Voicu com trejeitos bem assombrados para um cigano mudo, ou seja, um elenco bem eclético, mas que fez o que pode dentro da trama.
No conceito cênico as filmagens no interior da Romênia foi de um acerto bem interessante, pois o país é cheio de lendas e cidadelas, então bastou arrumar um hotel quase sem iluminação, igrejas caindo aos pedaços, plantações e casas estranhas, e claro elementos clássicos de exorcismos e do jornalismo de estrada, que o filme ficou completo, sem precisar florear muito, e até mesmo a festa temática inserida foi meio que desnecessária, embora tenha criado um tom bem interessante no momento em que foi usada, mas o contexto de bichos asquerosos saindo dos corpos, e todo o tom que a fotografia acabou imprimindo junto da equipe de arte acabou agradando bastante, e felizmente não apelaram tanto para cenas bem escuras, pois como já disse outras vezes, gostamos de ser surpreendidos vendo tudo na telona.
Enfim, é um filme bem feito dentro do que foi proposto, estando bem longe de se tornar um clássico do terror, ou ser lembrado mais para frente, mas também não atrapalha em nada e vai agradar quem for pronto para ver um filme cheio de clichês clássicos do gênero, com uma temática bem simples e resultados também bem simples, ou seja, o básico do básico. Recomendo ele assim dessa forma e nada mais, pois quem for esperando qualquer mínimo detalhe a mais sairá da sala apenas com reclamações. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas ainda falta conferir mais uma estreia da semana, então abraços e até breve.
sexta-feira, 20 de abril de 2018
7 Dias Em Entebbe (7 Days In Entebbe)
Sabe quando você vai conferir um longa que possui todos os estilos praticamente incorporados na essência, em que o diretor quis brincar com teatro, com ideais políticos, com sequestros de avião, e com tantas outras coisas que não emplacam, e acaba saindo da sessão na dúvida se gostou de algo do que viu? Esse é "7 Dias em Entebbe", novo longa do diretor brasileiro José Padilha ("Tropa de Elite") que estava tão preocupado com sua série no Netflix que acabou deixando o longa uma bagunça estranha, que mesmo sendo baseado em um evento real acabou estranho demais ao misturar dois elos para criar um ar artístico e não mostrar seu jeito real de fazer filmes, ou seja, temos um longa que até possui um estilo bem marcado, bons atores, mas que ninguém consegue acreditar no envolvimento, torcer pelos reféns ou pelos terroristas, ou sequer conectar a ideia da peça da ultra-coadjuvante que é forte, mas que só reflete a trama bem em segundo plano. Não vou dizer que odiei o que vi, pois, a palavra é muito forte, mas garanto que faltou muito para chamar qualquer atenção.
Em julho de 1976, um voo da Air France de Tel-Aviv à Paris foi sequestrado e forçado a pousar em Entebbe, na Uganda. Os passageiros judeus foram mantidos reféns para ser negociada a liberação dos terroristas e anarquistas palestinos presos em Israel, na Alemanha e na Suécia. Sob pressão, o governo israelita decidiu organizar uma operação de resgate atacar o campo de pouso e soltar os reféns.
Sabemos bem do potencial e do estilo de direção de José Padilha e sua equipe (afinal aqui também tivemos o diretor de fotografia Lula Carvalho e o editor Daniel Rezende), mas pela primeira vez um longa seu pareceu faltar com uma firmeza maior, deixando tudo acontecer com simplicidade e com uma velocidade meio que fora de eixo. Ou seja, em nada parecia ser um longa do diretor, com atores apáticos na tela, uma invasão quase não detalhada rápida demais, um envolvimento político simplório de atitudes, de tal maneira que ficamos esperando tudo acontecer ou ao menos o impacto da dança dar um ritmo melhor para os momentos de ação do filme, e quando vemos já terminou e tudo ficou do jeito contado com escritos na tela, ou seja, falhou demais para agradar, mas pelo menos passou a história que ocorreu lá nos anos 70 e já teve outros 3 filmes derivados da mesma história, ou seja mais uma vez, gasto de dinheiro sem muito futuro.
Sobre as interpretações, falei uma vez que achava Daniel Brühl um tremendo ator, mas após ver aqui seu Böse fiquei um pouco em dúvida se ele não entendeu nada que o diretor pedia, ou se o papel era morto demais, pois nem nas cenas que precisava ter atitude ele demonstrou ao menos um lado mais forte de um "sequestrador" de avião, ou que fosse um revolucionário alemão louco, ou qualquer coisa, menos o apático vendedor de livros que ele foi durante o longa inteiro, de modo que até a dançarina de segundo ato fez trejeitos melhores que o dele. Rosamund Pike também é uma renomada atriz com grandes projetos e aqui só teve um grande destaque com sua Brigitte, no seu momento de surto no telefone, que ficou claro ser loucura logo de cara (afinal uma ficha só não duraria tantos diálogos), mas tirando esse grandioso momento e alguns espaçados aonde demonstrou firmeza como uma revolucionária, ela sempre ficou muito atrás de tudo, o que não é bacana para uma protagonista. Os líderes de Israel e de Uganda, interpretados por Nonso Anozie e Lior Ashkenazi foram bem intrigantes nos seus atos, mas nada que surpreendesse, e o ministro da defesa interpretado por Eddie Marsan parecia estar sempre lendo seus textos com um olhar mais desanimado que tudo, ou seja, uma bomba na tela. Enfim, falha generalizada na direção de atores, que acabou resultando em algo apático demais para agradar.
No conceito cênico diria que foram bem colocados com um avião de grande porte, um aeroporto abandonado bem montado, diversas cenas espalhadas com bons figurinos e armas, e até mesmo uma boa invasão, mas que foram mais usados para enfeitar a tela do que para dar contexto na trama, e isso é algo que não pode acontecer em um longa de grande nível, ou seja, a equipe de arte trabalhou para retratar bem o momento, buscou boas imagens de arquivo para auxiliar na finalização, mas não entregou a que ponto poderia chegar, e isso mostra uma falha grandiosa tanto na montagem quanto na direção que não soube usar o poder, pois até podemos olhar a dança como algo desconexo da trama, mas ela traz uma tensão bem colocada, e ajuda no ritmo, só faltou a ação vir no mesmo tom. Quanto da fotografia, Lula Carvalho é daqueles que um tom é fixado e vai ser usado em diferentes escalas, e o longa tenta ficar sujo para manter época do começo ao fim, sem grandes texturas nem deleites visuais, tanto que na cena de tiroteio, o sangue nem chega a aparecer, ou seja, foi bom para criar a época, mas falha no geral.
Enfim, é um filme mediano que raspa a trave de ser esquecível, mas que para quem não viu os outros longas sobre o tema dos anos 70, vai trazer um pouco da situação de países (ou melhor, dos revolucionários ou terroristas como alguns chamavam) que apoiavam o Estado Palestino, mas que não conseguiram um grande feito com uma loucura, mas tirando esse detalhamento histórico, o longa não vai causar tensão, não empolga, nem nada, e sendo assim nem recomendo ele para quase ninguém. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais uma estreia, então abraços e até logo mais.
Em julho de 1976, um voo da Air France de Tel-Aviv à Paris foi sequestrado e forçado a pousar em Entebbe, na Uganda. Os passageiros judeus foram mantidos reféns para ser negociada a liberação dos terroristas e anarquistas palestinos presos em Israel, na Alemanha e na Suécia. Sob pressão, o governo israelita decidiu organizar uma operação de resgate atacar o campo de pouso e soltar os reféns.
Sabemos bem do potencial e do estilo de direção de José Padilha e sua equipe (afinal aqui também tivemos o diretor de fotografia Lula Carvalho e o editor Daniel Rezende), mas pela primeira vez um longa seu pareceu faltar com uma firmeza maior, deixando tudo acontecer com simplicidade e com uma velocidade meio que fora de eixo. Ou seja, em nada parecia ser um longa do diretor, com atores apáticos na tela, uma invasão quase não detalhada rápida demais, um envolvimento político simplório de atitudes, de tal maneira que ficamos esperando tudo acontecer ou ao menos o impacto da dança dar um ritmo melhor para os momentos de ação do filme, e quando vemos já terminou e tudo ficou do jeito contado com escritos na tela, ou seja, falhou demais para agradar, mas pelo menos passou a história que ocorreu lá nos anos 70 e já teve outros 3 filmes derivados da mesma história, ou seja mais uma vez, gasto de dinheiro sem muito futuro.
Sobre as interpretações, falei uma vez que achava Daniel Brühl um tremendo ator, mas após ver aqui seu Böse fiquei um pouco em dúvida se ele não entendeu nada que o diretor pedia, ou se o papel era morto demais, pois nem nas cenas que precisava ter atitude ele demonstrou ao menos um lado mais forte de um "sequestrador" de avião, ou que fosse um revolucionário alemão louco, ou qualquer coisa, menos o apático vendedor de livros que ele foi durante o longa inteiro, de modo que até a dançarina de segundo ato fez trejeitos melhores que o dele. Rosamund Pike também é uma renomada atriz com grandes projetos e aqui só teve um grande destaque com sua Brigitte, no seu momento de surto no telefone, que ficou claro ser loucura logo de cara (afinal uma ficha só não duraria tantos diálogos), mas tirando esse grandioso momento e alguns espaçados aonde demonstrou firmeza como uma revolucionária, ela sempre ficou muito atrás de tudo, o que não é bacana para uma protagonista. Os líderes de Israel e de Uganda, interpretados por Nonso Anozie e Lior Ashkenazi foram bem intrigantes nos seus atos, mas nada que surpreendesse, e o ministro da defesa interpretado por Eddie Marsan parecia estar sempre lendo seus textos com um olhar mais desanimado que tudo, ou seja, uma bomba na tela. Enfim, falha generalizada na direção de atores, que acabou resultando em algo apático demais para agradar.
No conceito cênico diria que foram bem colocados com um avião de grande porte, um aeroporto abandonado bem montado, diversas cenas espalhadas com bons figurinos e armas, e até mesmo uma boa invasão, mas que foram mais usados para enfeitar a tela do que para dar contexto na trama, e isso é algo que não pode acontecer em um longa de grande nível, ou seja, a equipe de arte trabalhou para retratar bem o momento, buscou boas imagens de arquivo para auxiliar na finalização, mas não entregou a que ponto poderia chegar, e isso mostra uma falha grandiosa tanto na montagem quanto na direção que não soube usar o poder, pois até podemos olhar a dança como algo desconexo da trama, mas ela traz uma tensão bem colocada, e ajuda no ritmo, só faltou a ação vir no mesmo tom. Quanto da fotografia, Lula Carvalho é daqueles que um tom é fixado e vai ser usado em diferentes escalas, e o longa tenta ficar sujo para manter época do começo ao fim, sem grandes texturas nem deleites visuais, tanto que na cena de tiroteio, o sangue nem chega a aparecer, ou seja, foi bom para criar a época, mas falha no geral.
Enfim, é um filme mediano que raspa a trave de ser esquecível, mas que para quem não viu os outros longas sobre o tema dos anos 70, vai trazer um pouco da situação de países (ou melhor, dos revolucionários ou terroristas como alguns chamavam) que apoiavam o Estado Palestino, mas que não conseguiram um grande feito com uma loucura, mas tirando esse detalhamento histórico, o longa não vai causar tensão, não empolga, nem nada, e sendo assim nem recomendo ele para quase ninguém. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais uma estreia, então abraços e até logo mais.
terça-feira, 17 de abril de 2018
Aos Teus Olhos
Olha, hoje o filme "Aos Teus Olhos" foi daqueles que conseguiu deixar esse Coelho nervoso por dois motivos, o primeiro é por mostrar como o mundo (ou o Brasil em geral) tá impossível de se viver, pois qualquer coisa é motivo para um processo e se confundem coisas demais, então é de dar nojo a atitude dos pais do filme, e sei que muitos são assim por aí, e segundo pela diretora trabalhar com uma forma que me incomoda demais que é fechar seu filme sem dar sua opinião sobre o assunto, deixando que o filme fique aberto para discussões e indagações. Porém longe disso ser um problema imenso, e ser apenas uma revolta pelo estilo que prefiro (que todos tenham opinião para fechar seus longas), a trama soa como um grande alerta para os profissionais de ensino infantil, e principalmente, para técnicos e professores de educação física de crianças, afinal as vezes ser carinhoso com um jovem pode ser confundido por um pai maluco como estar fazendo carícias, e aí... veja o filme para ver o quão absurdo tudo pode virar. E nesse contexto afirmo que o longa foi perfeito, e mais do que recomendo para todos, pois a paranoia anda tão grande (sim, temos muitos malucos, pedófilos e tudo mais espalhados por aí, mas temos mais pais surtados do que pessoas desse estilo) que é melhor ser rigoroso do que carinhoso, ao menos é o que o longa e a vida tem passado ultimamente.
A sinopse nos conta que Rubens é um professor de natação carismático e extrovertido, que dá aulas para pré-adolescentes em um clube. Querido por todos devido ao seu jeito brincalhão e parceiro, ele se vê em apuros quando um de seus alunos, Alex, diz à mãe que o professor lhe deu um beijo na boca no vestiário. Alegando inocência, Rubens é acusado pelos pais da criança e passa a ter que lidar com um verdadeiro linchamento virtual, que tem início através de mensagens de WhatsApp e explode de vez quando chega ao Facebook.
Já havia dito que deveríamos ficar de olho na diretora Carolina Jabor, pois seu primeiro filme "Boa Sorte" foi bem colocado e agradou bastante em 2014, e agora novamente ela trabalha com uma polêmica, só que agora tão atual e cheia de potência que é o famoso linchamento virtual, que poderia até ter rendido muito mais caso ela também tivesse pego o roteiro de Lucas Paraizo e colocado sua opinião num fechamento mais duro e não apenas deixado a reflexão no ar. Claro que durante o longa ela trabalhou de certa forma com alguns pontos que entregam seu posicionamento, afinal não veríamos tantas cenas da loucura da mãe inconformada, da família semi-desfeita e tudo mais, mas ainda assim o resultado da última cena ficou aberta, e isso é algo para se questionar. Porém tirando esse detalhe, o resultado do tema foi tão bem trabalhado, e junto com ótimas expressões dos protagonista, o conteúdo moderno acaba resultando em um longa que funciona muito bem para debates em escolas, clubes e até mesmo dentro de convivências familiares, pois até temos alguns abusos fortes no mundo afora, mas estamos vivendo em um mundo atual aonde a frieza anda sendo necessária para não cairmos em problemas, ou seja, estou aqui colocando a minha opinião, mas vai ser assim com esse longa, e sendo assim creio que a diretora atingiu o que desejava.
Sobre as atuações, o que podemos dizer é que Daniel de Oliveira foi perfeito em todas as expressões de seu Rubens, desde mostrar seu carisma com os alunos, toda a dinâmica com os garotos, com os demais professores, pontuando também seu lado de excessos, mas mudando completamente o ar ao ser acusado, fazendo trejeitos duros e desesperados, que agradaram demais e o fez levar diversos prêmios pelo personagem acertadamente. Malu Galli foi mais contida como a diretora Ana, mas também teve grandes cenas expressivas ao tentar dialogar com o protagonista, e a cada tentativa seu semblante era a de grande dúvida do que pensar, de como agir, e com isso deu um show também. Marco Ricca entregou um Davi questionador, mas também de grande forma acusador, e suas cenas de dúvida do que pensar da esposa, de como agir com a polícia, de como o filho iria sofrer as consequências foram tão icônicas que faz refletir demais o pensamento dele, e em parte de uma sociedade em dúvida, ou seja, ele foi coeso, mas poderia ainda mais. Não sei o que a diretora desejava mostrar por parte das expressões de Stella Rabelo com sua Marisa, se era a de mães malucas ou se tentava algo diferente, mas de certo modo acabou ficando um pouco estranho a atitude dela em alguns momentos, embora os semblantes foram coesos com cada situação. Dentre os demais, todos fizeram bem seus momentos, mas faltou um pouco mais para cada poder se destacar, desde a namorada com ataque histérico até o jovem amigo, passando pelo colega de profissão acusador, que acabaram dando bons temas para discutir, mas sem nenhuma expressividade marcante.
No contexto cênico a trama foi coesa em trabalhar tudo praticamente dentro apenas do clube, de um apartamento simples, de um apartamento mais chique e de uma delegacia digamos arrumadinha, mas como a essência da trama estava toda desenvolvida para o texto, o resultado da equipe de arte foi mais para simplificar as situações e apenas situar o público de onde os protagonistas estavam, mas principalmente refletindo que tudo poderia acontecer em qualquer lugar. A fotografia brincou com imagens de câmeras, imagens em tons mais densos para criar dramaticidade e também muitas cenas submersas para criar um ambiente fluído, ou seja, várias técnicas criativas, mas sempre deixando o arco para a reflexão mais em cima do texto mesmo.
Enfim, é um filme que vai servir para muitos debates, que vai ter muitas reclamações pelo fechamento aberto demais, mas que mostra um potencial dramático diferenciado para o cinema nacional sem precisar apelar para múltiplos vértices, que acaba virando uma novelona, e com isso o resultado do longa vale muito a pena ser visto por todos, mas como disse no Facebook é obrigatório para todos que trabalham com educação infantil analisar como o mundo está bem maluco, e a cabeça dos pais está cada dia mais noiada (para colocar uma expressão mais leve). Bem é isso pessoal, fico por aqui encerrando essa semana cinematográfica, mas volto na próxima quinta com mais estreias, então abraços e até lá.
A sinopse nos conta que Rubens é um professor de natação carismático e extrovertido, que dá aulas para pré-adolescentes em um clube. Querido por todos devido ao seu jeito brincalhão e parceiro, ele se vê em apuros quando um de seus alunos, Alex, diz à mãe que o professor lhe deu um beijo na boca no vestiário. Alegando inocência, Rubens é acusado pelos pais da criança e passa a ter que lidar com um verdadeiro linchamento virtual, que tem início através de mensagens de WhatsApp e explode de vez quando chega ao Facebook.
Já havia dito que deveríamos ficar de olho na diretora Carolina Jabor, pois seu primeiro filme "Boa Sorte" foi bem colocado e agradou bastante em 2014, e agora novamente ela trabalha com uma polêmica, só que agora tão atual e cheia de potência que é o famoso linchamento virtual, que poderia até ter rendido muito mais caso ela também tivesse pego o roteiro de Lucas Paraizo e colocado sua opinião num fechamento mais duro e não apenas deixado a reflexão no ar. Claro que durante o longa ela trabalhou de certa forma com alguns pontos que entregam seu posicionamento, afinal não veríamos tantas cenas da loucura da mãe inconformada, da família semi-desfeita e tudo mais, mas ainda assim o resultado da última cena ficou aberta, e isso é algo para se questionar. Porém tirando esse detalhe, o resultado do tema foi tão bem trabalhado, e junto com ótimas expressões dos protagonista, o conteúdo moderno acaba resultando em um longa que funciona muito bem para debates em escolas, clubes e até mesmo dentro de convivências familiares, pois até temos alguns abusos fortes no mundo afora, mas estamos vivendo em um mundo atual aonde a frieza anda sendo necessária para não cairmos em problemas, ou seja, estou aqui colocando a minha opinião, mas vai ser assim com esse longa, e sendo assim creio que a diretora atingiu o que desejava.
Sobre as atuações, o que podemos dizer é que Daniel de Oliveira foi perfeito em todas as expressões de seu Rubens, desde mostrar seu carisma com os alunos, toda a dinâmica com os garotos, com os demais professores, pontuando também seu lado de excessos, mas mudando completamente o ar ao ser acusado, fazendo trejeitos duros e desesperados, que agradaram demais e o fez levar diversos prêmios pelo personagem acertadamente. Malu Galli foi mais contida como a diretora Ana, mas também teve grandes cenas expressivas ao tentar dialogar com o protagonista, e a cada tentativa seu semblante era a de grande dúvida do que pensar, de como agir, e com isso deu um show também. Marco Ricca entregou um Davi questionador, mas também de grande forma acusador, e suas cenas de dúvida do que pensar da esposa, de como agir com a polícia, de como o filho iria sofrer as consequências foram tão icônicas que faz refletir demais o pensamento dele, e em parte de uma sociedade em dúvida, ou seja, ele foi coeso, mas poderia ainda mais. Não sei o que a diretora desejava mostrar por parte das expressões de Stella Rabelo com sua Marisa, se era a de mães malucas ou se tentava algo diferente, mas de certo modo acabou ficando um pouco estranho a atitude dela em alguns momentos, embora os semblantes foram coesos com cada situação. Dentre os demais, todos fizeram bem seus momentos, mas faltou um pouco mais para cada poder se destacar, desde a namorada com ataque histérico até o jovem amigo, passando pelo colega de profissão acusador, que acabaram dando bons temas para discutir, mas sem nenhuma expressividade marcante.
No contexto cênico a trama foi coesa em trabalhar tudo praticamente dentro apenas do clube, de um apartamento simples, de um apartamento mais chique e de uma delegacia digamos arrumadinha, mas como a essência da trama estava toda desenvolvida para o texto, o resultado da equipe de arte foi mais para simplificar as situações e apenas situar o público de onde os protagonistas estavam, mas principalmente refletindo que tudo poderia acontecer em qualquer lugar. A fotografia brincou com imagens de câmeras, imagens em tons mais densos para criar dramaticidade e também muitas cenas submersas para criar um ambiente fluído, ou seja, várias técnicas criativas, mas sempre deixando o arco para a reflexão mais em cima do texto mesmo.
Enfim, é um filme que vai servir para muitos debates, que vai ter muitas reclamações pelo fechamento aberto demais, mas que mostra um potencial dramático diferenciado para o cinema nacional sem precisar apelar para múltiplos vértices, que acaba virando uma novelona, e com isso o resultado do longa vale muito a pena ser visto por todos, mas como disse no Facebook é obrigatório para todos que trabalham com educação infantil analisar como o mundo está bem maluco, e a cabeça dos pais está cada dia mais noiada (para colocar uma expressão mais leve). Bem é isso pessoal, fico por aqui encerrando essa semana cinematográfica, mas volto na próxima quinta com mais estreias, então abraços e até lá.
domingo, 15 de abril de 2018
A Odisseia ( L'Odyssée) (The Odissey)
Filmes biográficos de personagens que conhecemos bem pouco geralmente soam até mais interessantes de ver na telona, pois não vivi na época de ouro dos filmes de Jacques Costeau, então posso dizer que tudo o que rolou na telona em "A Odisseia" foi uma grandiosa novidade para mim, mas pelo que ouvi de outras pessoas na sala, muito do que foi mostrado foi uma grande novidade, pois muitos sequer imaginavam que o grande capitão que fez tantos filmes de expedições marinhas e vida subaquática fosse um velho traidor da esposa e que tivesse tantos conflitos com o filho mais novo de modo que a dramaticidade do longa ficasse bem explícita. Ou seja, o filme foi criativo ao ponto de mostrar mais da vida dos personagens e ir junto com isso trabalhando belas imagens das expedições para que o filme ficasse com um ar quase que documental, porém o grande defeito da trama foi faltar com um clímax mais efetivo, já que o longa floreia inteiramente diversas situações conflitivas, mas em momento algum aciona elas para algum tipo de reviravolta, o que acaba fazendo com que o filme se alongue até mais do que o comum, mas longe de ser algo ruim, a trama acaba soando ao menos bem bonita de ver.
A sinopse nos conta a história do aventureiro oceânico e cineasta francês Jacques-Yves Cousteau que larga a vida na terra ao embarcar em uma grande viagem no imenso navio Calypso, sua nova casa. Com o passar dos anos, no entanto, seu amor pelo mundo submerso - e principalmente suas possibilidades de negócios - relega a segundo plano a mulher e os filhos. Após crescer ressentido num internato, Phillippe volta a bordo apesar da péssima relação com o pai e os dois precisam superar as diferenças e mágoas para sobreviver em mares gelados.
O grande feito do diretor Jérôme Salle foi de procurar criar as diversas cenas subaquáticas tradicionais das expedições de Costeau, e com isso trabalhar com um embelezamento característico de documentários da National Geographic, Discovery e muitos outros canais do gênero, mas faltou pra ele determinar um ponto de reviravolta mais característico que colocasse no filme um ar mais dramático, pois sabemos que muitas famílias possuem conflitos sim, mas faltou para o longa usar um dos diversos pontos que a trama permitia para que ali algo acontecesse e não apenas ficassem mostrando a vida familiar complicada (que nos filmes aparentavam ser uma grande harmonia). Ou seja, faltou ter uma pegada maior nos questionamentos e talvez criar algo a mais para que o filme não ficasse na mesmice tradicional, que aí sim teríamos algo além de bonito na tela, pois bons atores o diretor tinha para utilizar.
E falando mais dos atores, foram bem conexos primeiramente no conceito de maquiagem de envelhecimento, para que Lambert Wilson e Audrey Tautou pudessem viver todas as fases dos protagonistas, e com isso ficou bem interessante irmos vendo com o passar dos anos os vértices interpretativos da cada um. Audrey Tautou, nossa eterna Amélie Poulain, foi bem centrada como Simone Costeau, e com olhares firmes e trejeitos bem colocados mostrou uma personalidade forte na progenitora da família, só faltou um pouco mais de imposição talvez para mostrar mais força ainda no estilo que acabou ficando quando mais velha. Lambert Wilson ficou muito instigante como Jacques Costeau, e a cada cena sua ele mostrava mais dinâmica interpretativa para o personagem e também colocava os sonhos e loucuras do capitão de uma forma criativa e dura, que talvez até tenha sido forçada para um lado menos de homenagem e mais de mostrar que ele não era um herói como muitos achavam. Agora se tem um ator que consegue ser muito expressivo no filme é Pierre Niney como Phillippe, de modo que de cara ele já entrega sentimento em sua expressão e a cada cena sua ele vai incorporando mais atos com precisão até encaixar com muita força interpretativa as cenas de diálogo com o pai no momento mais forte da carreira do capitão. Dentre os demais, a maioria auxiliou dando sutilezas e agradando no que pode, tentando não ter muita interferência nem destaque, mas se posso citar mais alguém que foi ao menos condizente com a performance, e que claro por um dos livros usados para a adaptação ser de Bébert, acabaram escolhendo um bom ator para os momentos de maior precisão do personagem, e com isso Vincent Heneine também conseguiu agradar bastante.
A trama passeou por diversas boas locações para dar o ar artístico e o visual incrível que o longa pedia, afinal todos os filmes do Costeau eram com belíssimos visuais embaixo dos oceanos, com muita equipe, diversas paisagens, figurinos e tudo mais, e a equipe artística teve o capricho de colocar tanto a época real com muita sintonia, como também se preocupou em fazer muitas filmagens embaixo da água, ou seja, um deslumbre realmente. A fotografia também ousou brincar ao dar tons bem colocados no fundo do mar quase escuro em grutas e também na superfície criando sombras densas para "tentar" criar uma dramaticidade com o filme, o que falhou de leve pelo roteiro apenas, mas no conceito que era uma fotografia densa conseguiram fazer com classe.
Enfim, é um filme mais bonito do que dramático, que poderia alcançar rumos mais precisos se desejassem realmente, o que é uma pena, pois a história dos Custeau marcou uma época e muitos gostariam de conhecer mais, não que isso não tenha acontecido, mas talvez uma pontinha dramática mais impactante chamasse mais atenção. Não digo que o resultado foi ruim de ver, muito pelo contrário tivemos imagens belíssimas de ver, e uma história com muita coisa que não conhecíamos, mas poderiam ter trabalhado melhor a dramaticidade como filme e assim teríamos mais cinema de ficção e menos documentário visual. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais uma estreia, então abraços e até breve.
A sinopse nos conta a história do aventureiro oceânico e cineasta francês Jacques-Yves Cousteau que larga a vida na terra ao embarcar em uma grande viagem no imenso navio Calypso, sua nova casa. Com o passar dos anos, no entanto, seu amor pelo mundo submerso - e principalmente suas possibilidades de negócios - relega a segundo plano a mulher e os filhos. Após crescer ressentido num internato, Phillippe volta a bordo apesar da péssima relação com o pai e os dois precisam superar as diferenças e mágoas para sobreviver em mares gelados.
O grande feito do diretor Jérôme Salle foi de procurar criar as diversas cenas subaquáticas tradicionais das expedições de Costeau, e com isso trabalhar com um embelezamento característico de documentários da National Geographic, Discovery e muitos outros canais do gênero, mas faltou pra ele determinar um ponto de reviravolta mais característico que colocasse no filme um ar mais dramático, pois sabemos que muitas famílias possuem conflitos sim, mas faltou para o longa usar um dos diversos pontos que a trama permitia para que ali algo acontecesse e não apenas ficassem mostrando a vida familiar complicada (que nos filmes aparentavam ser uma grande harmonia). Ou seja, faltou ter uma pegada maior nos questionamentos e talvez criar algo a mais para que o filme não ficasse na mesmice tradicional, que aí sim teríamos algo além de bonito na tela, pois bons atores o diretor tinha para utilizar.
E falando mais dos atores, foram bem conexos primeiramente no conceito de maquiagem de envelhecimento, para que Lambert Wilson e Audrey Tautou pudessem viver todas as fases dos protagonistas, e com isso ficou bem interessante irmos vendo com o passar dos anos os vértices interpretativos da cada um. Audrey Tautou, nossa eterna Amélie Poulain, foi bem centrada como Simone Costeau, e com olhares firmes e trejeitos bem colocados mostrou uma personalidade forte na progenitora da família, só faltou um pouco mais de imposição talvez para mostrar mais força ainda no estilo que acabou ficando quando mais velha. Lambert Wilson ficou muito instigante como Jacques Costeau, e a cada cena sua ele mostrava mais dinâmica interpretativa para o personagem e também colocava os sonhos e loucuras do capitão de uma forma criativa e dura, que talvez até tenha sido forçada para um lado menos de homenagem e mais de mostrar que ele não era um herói como muitos achavam. Agora se tem um ator que consegue ser muito expressivo no filme é Pierre Niney como Phillippe, de modo que de cara ele já entrega sentimento em sua expressão e a cada cena sua ele vai incorporando mais atos com precisão até encaixar com muita força interpretativa as cenas de diálogo com o pai no momento mais forte da carreira do capitão. Dentre os demais, a maioria auxiliou dando sutilezas e agradando no que pode, tentando não ter muita interferência nem destaque, mas se posso citar mais alguém que foi ao menos condizente com a performance, e que claro por um dos livros usados para a adaptação ser de Bébert, acabaram escolhendo um bom ator para os momentos de maior precisão do personagem, e com isso Vincent Heneine também conseguiu agradar bastante.
A trama passeou por diversas boas locações para dar o ar artístico e o visual incrível que o longa pedia, afinal todos os filmes do Costeau eram com belíssimos visuais embaixo dos oceanos, com muita equipe, diversas paisagens, figurinos e tudo mais, e a equipe artística teve o capricho de colocar tanto a época real com muita sintonia, como também se preocupou em fazer muitas filmagens embaixo da água, ou seja, um deslumbre realmente. A fotografia também ousou brincar ao dar tons bem colocados no fundo do mar quase escuro em grutas e também na superfície criando sombras densas para "tentar" criar uma dramaticidade com o filme, o que falhou de leve pelo roteiro apenas, mas no conceito que era uma fotografia densa conseguiram fazer com classe.
Enfim, é um filme mais bonito do que dramático, que poderia alcançar rumos mais precisos se desejassem realmente, o que é uma pena, pois a história dos Custeau marcou uma época e muitos gostariam de conhecer mais, não que isso não tenha acontecido, mas talvez uma pontinha dramática mais impactante chamasse mais atenção. Não digo que o resultado foi ruim de ver, muito pelo contrário tivemos imagens belíssimas de ver, e uma história com muita coisa que não conhecíamos, mas poderiam ter trabalhado melhor a dramaticidade como filme e assim teríamos mais cinema de ficção e menos documentário visual. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais uma estreia, então abraços e até breve.
sábado, 14 de abril de 2018
Rampage: Destruição Total em Imax 3D (Rampage)
Alguns filmes são lançados já com a proposta de não serem levados à sério, e quem vai ao cinema sabendo disso, sem esperar muita coisa proveniente deles geralmente sai bem feliz com o resultado, e acaba se divertindo bastante, enquanto quem vai com muitas expectativas ao pote acaba num desânimo monstruoso. Felizmente posso me incluir no primeiro grupo que foi ao cinema sem esperar nada de "Rampage: Destruição Total", muito pelo contrário, fui pronto para atacar em nível máximo e preparado para um grandioso desastre nas telonas, e o resultado disso foi que o longa acabou me agradando bastante, pois é extremamente divertido nos momentos exatos preparados para isso, possui muita ação (claro que de um modo forçadíssimo para tudo!), e até um certo design de texturas muito bem colocado para com os bichões, de modo que acabamos curtindo o que vemos na tela. Claro que a apelação é monstruosa, com o protagonista fazendo coisas mirabolantes, levando diversos tiros e continuando a pular e tudo mais, mas era a proposta do filme, então para quem gosta, deve com certeza ir na maior sala possível, para que o barulho também seja máximo, e que junto de um 3D digamos razoavelmente bem feito, a diversão também funcione para você.
O longa nos mostra que o primatologista Davis Okoye é um homem solitário que tem uma amizade inabalável com George, um gorila extremamente inteligente que está sob os seus cuidados desde o seu nascimento. Porém, quando um experimento genético não autorizado dá errado, este primata gentil é transformado em uma criatura feroz e de tamanho descomunal. Para piorar as coisas, descobre-se que há outros animais que sofreram mutações similares. À medida que estes superpredadores atravessam os Estados Unidos, destruindo tudo em seu caminho, Okoye se une a uma geneticista desacreditada para desenvolver um antídoto, abrindo caminho em um campo de batalha em constante mutação, não só para impedir uma catástrofe mundial, mas também para salvar a temida criatura que já foi seu amigo.
Já disse algumas vezes que alguns diretores gostam de trabalhar com seus próprios artistas por alguns motivos, e o principal é saber dar comandos simples e esses executarem com perfeição e naturalidade, e aqui Brad Peyton que já dirigiu Dwayne Johnson duas outras vezes foi certeiro em sua escalação, pois como temos um longa quase 100% digital ("Terremoto: A Falha de San Andreas" diria que teve uns 70%) era necessário que o ator se conectasse bem com os personagens digitais e ainda tivesse carisma para as cenas com humanos e claro para grandes destruições, e sem dúvidas são raras as cenas que não vemos uma boa dinâmica entre todos os elos. Mas além dessa boa interação, outro ponto que preciso aplaudir é a trama não ter medo da censura, pois mesmo lançado como 14 anos, o diretor colocou diversas cenas violentíssimas sem quase corte de tal maneira que algumas chega a dar um certo estranhamento, mas o resultado além de impactar, mostra um certo realismo por parte do que aconteceria com monstrões comendo pedaços, claro que com o protagonista o bicho nem alcança ele, afinal ele é o The Rock! Ou seja, juntando boas cenas de ação com uma boa dose de violência, e muitas cenas divertidas com boas piadas também resultaram num longa completo, aonde claro não podemos acreditar em nada, e muito menos levar a sério o que estão mostrando. Como muitos podem me criticar, vou optar por não falar do jogo original de 1986, em que o filme foi baseado, pois tinha apenas 4 anos, e não me lembro de sequer ter jogado ele alguma vez nesses muitos anos, então não posso afirmar em nada nenhuma comparação do que funcionou ou não, e assim sendo vou preferir optar como um longa "original".
Quanto das atuações, fica claro que Dwayne Johnson teve uma certa dificuldade em alguns momentos para se integrar com os personagens computadorizados, mas nem por isso deixou olhares perdidos e soube entregar a personalidade e carisma tradicionais de seus personagens também para Davis Okoye, e felizmente o diretor também mostrou um pouco de suas origens com imagens de flashback e também faladas por outro personagem, o que acabou criando um laço maior na trama, ou seja, além de conhecermos mais quem ele era, o ator foi dinâmico e fez tudo o que costumamos ver em todos os seus filmes, ele pegando armas pesadas, pulando para todos os lados e aqui nem muitos tiros fizeram ele parar, ou seja, quase um ser imortal. Naomie Harris foi bem colocada como Dra. Kate, mas soou desesperada demais e cheia de movimentações demais para a ideia original da personagem, parecendo quase que tinha levado um choque de 220V e iria fazer tudo o que lhe pedissem, não digo que isso seja errado, mas um contraponto para a dinâmica forte do outro protagonista seria bom e agradaria bastante também. Jeffrey Dean Morgan deu um ar bem cômico para seu personagem investigativo, criando quase um cowboy da lei, que acaba agradando dentro da proposta, mas que facilmente acaba soando falso para algo mais sério, ou seja, agradou pela personalidade, mas falhou pela intenção. A vilã interpretada por Malin Akerman só não foi mais artificial por falta de cenas, pois sua Claire destoava cenicamente até no visual, o que é algo bem estranho, e talvez precisasse de mais cenas de sua empresa para conhecermos mais e ficarmos com mais raiva dela torcendo por uma morte dolorosa, mas ao menos não bateram tanto na tecla de que fazia tudo para ficar rica e dominar o mundo. Dentre os demais personagens, muitos apareceram e depois sumiram, outros entraram na metade final, mas sem muito para destacar, valendo apenas os carões fortes feitos por Demetrius Grosse como Coronel Blake e no começo as cenas do outro brucutu interpretado por Joe Manganiello, que mereceria até mais cenas no longa.
No conceito visual tenho de falar muito bem mesmo das texturas dos monstros, pois embora o filme seja tosco, ao menos capricharam para que o mega gorila tivesse pelos bem movimentados nas cenas, o lobo tivesse espinhos em sua pelagem, e o jacaré fosse quase um monstro pré-histórico com uma carcaça impenetrável, e junto de uma cidade caindo em pedaços para todos os lados, muitos helicópteros e armas de guerra bem colocadas, o resultado cênico mostrou um apreço grande em gastar o orçamento sem dó. A fotografia trabalhou muito com tons marrons para realçar a destruição, e principalmente para dar um bom contraste com as cenas de floresta e depois com o branco do macacão, e com isso, o filme mesmo tendo cenas violentas, o sangue não acabou escorrendo tanto na tela dos cinemas. Sobre o 3D, a trama não é daquelas que nos dá dor de cabeça, pois usa cores mais neutras, mas nem por isso o diretor que é fã assumido da tecnologia deixou de lado cenas bem feitas pensando no uso da técnica, e com isso diversas cenas de prédios caindo acabam jogando pedras em direção ao público com uma boa poeira visual (que num 4DX deve ficar interessante!) e também nas cenas iniciais no espaço puderam brincar bastante com a gravidade fazendo com que detalhes ficassem flutuando, ou seja, não é um filme que vamos ter que ficar obrigatoriamente com os óculos na cara o tempo todo, mas que nas cenas aonde foi empregado a tecnologia, fizeram bom uso e acertaram.
Enfim, está bem longe de ser um filme perfeito, mas como ri bastante com diversas cenas, o macaco possui um senso de humor ótimo que vai fazer muita gente se divertir até mais que muitas comédias, as cenas de ação causam o devido impacto, e não economizaram em violência que todo filme trágico deve ter, tenho de pontuar que o longa vai valer a conferida de todos que gostem do estilo, mas claro que deixo bem claro as ressalvas de que vá preparado para ver muita coisa impossível e improvável de qualquer realidade, e assim sendo, o resultado vai ser agradável. Bem é isso, fico por aqui hoje, mas volto em breve com as demais estreias da semana, então abraços e até logo mais.
O longa nos mostra que o primatologista Davis Okoye é um homem solitário que tem uma amizade inabalável com George, um gorila extremamente inteligente que está sob os seus cuidados desde o seu nascimento. Porém, quando um experimento genético não autorizado dá errado, este primata gentil é transformado em uma criatura feroz e de tamanho descomunal. Para piorar as coisas, descobre-se que há outros animais que sofreram mutações similares. À medida que estes superpredadores atravessam os Estados Unidos, destruindo tudo em seu caminho, Okoye se une a uma geneticista desacreditada para desenvolver um antídoto, abrindo caminho em um campo de batalha em constante mutação, não só para impedir uma catástrofe mundial, mas também para salvar a temida criatura que já foi seu amigo.
Já disse algumas vezes que alguns diretores gostam de trabalhar com seus próprios artistas por alguns motivos, e o principal é saber dar comandos simples e esses executarem com perfeição e naturalidade, e aqui Brad Peyton que já dirigiu Dwayne Johnson duas outras vezes foi certeiro em sua escalação, pois como temos um longa quase 100% digital ("Terremoto: A Falha de San Andreas" diria que teve uns 70%) era necessário que o ator se conectasse bem com os personagens digitais e ainda tivesse carisma para as cenas com humanos e claro para grandes destruições, e sem dúvidas são raras as cenas que não vemos uma boa dinâmica entre todos os elos. Mas além dessa boa interação, outro ponto que preciso aplaudir é a trama não ter medo da censura, pois mesmo lançado como 14 anos, o diretor colocou diversas cenas violentíssimas sem quase corte de tal maneira que algumas chega a dar um certo estranhamento, mas o resultado além de impactar, mostra um certo realismo por parte do que aconteceria com monstrões comendo pedaços, claro que com o protagonista o bicho nem alcança ele, afinal ele é o The Rock! Ou seja, juntando boas cenas de ação com uma boa dose de violência, e muitas cenas divertidas com boas piadas também resultaram num longa completo, aonde claro não podemos acreditar em nada, e muito menos levar a sério o que estão mostrando. Como muitos podem me criticar, vou optar por não falar do jogo original de 1986, em que o filme foi baseado, pois tinha apenas 4 anos, e não me lembro de sequer ter jogado ele alguma vez nesses muitos anos, então não posso afirmar em nada nenhuma comparação do que funcionou ou não, e assim sendo vou preferir optar como um longa "original".
Quanto das atuações, fica claro que Dwayne Johnson teve uma certa dificuldade em alguns momentos para se integrar com os personagens computadorizados, mas nem por isso deixou olhares perdidos e soube entregar a personalidade e carisma tradicionais de seus personagens também para Davis Okoye, e felizmente o diretor também mostrou um pouco de suas origens com imagens de flashback e também faladas por outro personagem, o que acabou criando um laço maior na trama, ou seja, além de conhecermos mais quem ele era, o ator foi dinâmico e fez tudo o que costumamos ver em todos os seus filmes, ele pegando armas pesadas, pulando para todos os lados e aqui nem muitos tiros fizeram ele parar, ou seja, quase um ser imortal. Naomie Harris foi bem colocada como Dra. Kate, mas soou desesperada demais e cheia de movimentações demais para a ideia original da personagem, parecendo quase que tinha levado um choque de 220V e iria fazer tudo o que lhe pedissem, não digo que isso seja errado, mas um contraponto para a dinâmica forte do outro protagonista seria bom e agradaria bastante também. Jeffrey Dean Morgan deu um ar bem cômico para seu personagem investigativo, criando quase um cowboy da lei, que acaba agradando dentro da proposta, mas que facilmente acaba soando falso para algo mais sério, ou seja, agradou pela personalidade, mas falhou pela intenção. A vilã interpretada por Malin Akerman só não foi mais artificial por falta de cenas, pois sua Claire destoava cenicamente até no visual, o que é algo bem estranho, e talvez precisasse de mais cenas de sua empresa para conhecermos mais e ficarmos com mais raiva dela torcendo por uma morte dolorosa, mas ao menos não bateram tanto na tecla de que fazia tudo para ficar rica e dominar o mundo. Dentre os demais personagens, muitos apareceram e depois sumiram, outros entraram na metade final, mas sem muito para destacar, valendo apenas os carões fortes feitos por Demetrius Grosse como Coronel Blake e no começo as cenas do outro brucutu interpretado por Joe Manganiello, que mereceria até mais cenas no longa.
No conceito visual tenho de falar muito bem mesmo das texturas dos monstros, pois embora o filme seja tosco, ao menos capricharam para que o mega gorila tivesse pelos bem movimentados nas cenas, o lobo tivesse espinhos em sua pelagem, e o jacaré fosse quase um monstro pré-histórico com uma carcaça impenetrável, e junto de uma cidade caindo em pedaços para todos os lados, muitos helicópteros e armas de guerra bem colocadas, o resultado cênico mostrou um apreço grande em gastar o orçamento sem dó. A fotografia trabalhou muito com tons marrons para realçar a destruição, e principalmente para dar um bom contraste com as cenas de floresta e depois com o branco do macacão, e com isso, o filme mesmo tendo cenas violentas, o sangue não acabou escorrendo tanto na tela dos cinemas. Sobre o 3D, a trama não é daquelas que nos dá dor de cabeça, pois usa cores mais neutras, mas nem por isso o diretor que é fã assumido da tecnologia deixou de lado cenas bem feitas pensando no uso da técnica, e com isso diversas cenas de prédios caindo acabam jogando pedras em direção ao público com uma boa poeira visual (que num 4DX deve ficar interessante!) e também nas cenas iniciais no espaço puderam brincar bastante com a gravidade fazendo com que detalhes ficassem flutuando, ou seja, não é um filme que vamos ter que ficar obrigatoriamente com os óculos na cara o tempo todo, mas que nas cenas aonde foi empregado a tecnologia, fizeram bom uso e acertaram.
Enfim, está bem longe de ser um filme perfeito, mas como ri bastante com diversas cenas, o macaco possui um senso de humor ótimo que vai fazer muita gente se divertir até mais que muitas comédias, as cenas de ação causam o devido impacto, e não economizaram em violência que todo filme trágico deve ter, tenho de pontuar que o longa vai valer a conferida de todos que gostem do estilo, mas claro que deixo bem claro as ressalvas de que vá preparado para ver muita coisa impossível e improvável de qualquer realidade, e assim sendo, o resultado vai ser agradável. Bem é isso, fico por aqui hoje, mas volto em breve com as demais estreias da semana, então abraços e até logo mais.
terça-feira, 10 de abril de 2018
O Homem Das Cavernas (Early Man)
Confesso que já me empolguei muito com diversos longas da Aardman, pois sempre trabalham tão bem no formato stop-motion com suas massinhas sempre esculpidas de maneira graciosa e que nos entregavam textos bem inteligentes com uma proposta bonita e interessante de acompanhar tanto sendo adulto quanto criança, porém nos últimos anos eles vem entrando numa vibe tão morna, entregando toda a história já no trailer, e colocando personagens sem o carisma costumeiro de antigamente que acredito que ou eles voltam para ser algo alternativo e retomar as boas bases, ou logo mais acabarão sendo engolidos por filmes que serão facilmente esquecidos. Infelizmente "O Homem Das Cavernas" teria tudo para ser vendido no Brasil como um dos filmes mais empolgantes do momento, pois envolve um artista de grande carisma dublando o protagonista, junta futebol e animação, ou seja, tudo o que a maioria gosta de ver, mas com sotaques estranhos e piadas jogadas, o longa acaba soando falso demais e não atinge nenhum elo em momento algum, ficando apenas como um jogo, do qual já vamos sabendo o resultado final e que falha por não empolgar ninguém, de modo que uma sala quase lotada de pais e crianças ficaram passeando para dentro e para fora quase que o longa inteiro, ou seja, não amarrou. E sendo assim, não vou dizer que é um filme ruim, pois até consegue divertir, mas passou bem longe de ser algo memorável.
A sinopse nos mostra que no tempo em que dinossauros e mamutes ainda corriam livremente pela Terra, Doug, um corajoso homem das cavernas, une sua tribo contra um inimigo poderoso da Idade do Bronze, que os expulsa do perfeito Vale em que vivem. Buscando vencê-lo para recuperar o lar, ele propõe uma ousada batalha entre quatro linhas: um inédito jogo de futebol!
Sabemos o quão difícil é trabalhar com stop-motion, pois para cada mínima cena são necessárias horas e mais horas de preparação, uma tonelada de fotogramas, ficar trocando olhos e movimentos mínimos de cada personagem, e tudo mais que possa dar característica para o filme, porém se faltar uma história bem condizente e que pegue o público nada mais é que uma brincadeira de massinhas feita apenas para divertir em alguns minutos, e falo isso com o maior pesar possível, pois sempre saí muito emocionado com as produções da Aardman e principalmente com o que o diretor e roteirista Nick Park sempre procurou criar, de tal maneira que "A Fuga das Galinhas" ainda é considerado um clássico de nível altíssimo, e a superação que tiveram com "Wallace e Grommit" após todos os personagens pegarem fogo no meio das filmagens ainda é um marco que certamente não superaram completamente, ou seja, poderiam aqui repetir qualquer dose de carisma com o protagonista Doug, mas a história acabou sendo rápida e conclusiva demais, de modo que parece que cortaram tantas cenas para ficar um longa mais infantil que o filme não atinge ninguém, ou seja, é fácil notar o corte final dos produtores, que retiraram conceitos mais duros da trama, e situações de vértice mais dramático para que o longa ficasse divertidinho, e com isso a duração também foi rápida demais, sem muitos floreios, e que acabou falhando por todos os lados.
Quanto dos personagens, diria que foram bem moldados, mas que poderiam ter ousado mais em detalhes, pois é bacana de ver as texturas de cabelos e roupas em diversos momentos, mas confesso que a imagem do trailer está até mais detalhada que o resultado final nas telonas, e isso é ruim, pois mostra que o longa acabou passando por tratamentos estéticos demais para não dar estranheza para o público, o que é uma característica bem marcante sempre presente nos longas da produtora. O carisma de Doug é bem feitinho, e aqui dublado por Marco Luque quase não notamos sua voz nem trejeitos, o que é bem legal, e mostra o potencial do artista, mas ele também poderia ter tido um pouco mais de liberdade, pois com certeza o rapaz seria mais dinâmico e cheio de ginga que sabemos que ele sabe fazer, e não apenas alguém mais robotizado. O vilão Nooth é meio jogado também e embora até tenha uma proposta de enriquecimento em cima da população, faz trejeitos forçados, assim como a maioria da Era do Bronze que chegam a irritar na dublagem (não sei como está o original, mas espero que não tenha ficado parecendo um misto de portunhol arrastado!).
Enfim, com um visual bonito, e um colorido razoável, a trama tem uma pegada bem feita que agrada de certa forma, mostrando o futebol bem jogado no melhor estilo do filme "Um Time Show de Bola", mas que poderia ter um acerto melhor que agradaria bem mais. Recomendo ele como uma diversão rápida para as crianças não tão novinhas, mas que certamente vão cansar pela falta de elementos mais cativantes na trama, e que também irá cansar os pais, ou seja, um filme bem mediano que poderia ser incrível caso desejassem. Bem é isso pessoal, encerro essa semana cinematográfica que foi bem corrida, mas volto na próxima sexta com algumas estreias (ou no singular, afinal aparentemente só deve vir um filme para o interior!!), então abraços e até logo mais.
A sinopse nos mostra que no tempo em que dinossauros e mamutes ainda corriam livremente pela Terra, Doug, um corajoso homem das cavernas, une sua tribo contra um inimigo poderoso da Idade do Bronze, que os expulsa do perfeito Vale em que vivem. Buscando vencê-lo para recuperar o lar, ele propõe uma ousada batalha entre quatro linhas: um inédito jogo de futebol!
Sabemos o quão difícil é trabalhar com stop-motion, pois para cada mínima cena são necessárias horas e mais horas de preparação, uma tonelada de fotogramas, ficar trocando olhos e movimentos mínimos de cada personagem, e tudo mais que possa dar característica para o filme, porém se faltar uma história bem condizente e que pegue o público nada mais é que uma brincadeira de massinhas feita apenas para divertir em alguns minutos, e falo isso com o maior pesar possível, pois sempre saí muito emocionado com as produções da Aardman e principalmente com o que o diretor e roteirista Nick Park sempre procurou criar, de tal maneira que "A Fuga das Galinhas" ainda é considerado um clássico de nível altíssimo, e a superação que tiveram com "Wallace e Grommit" após todos os personagens pegarem fogo no meio das filmagens ainda é um marco que certamente não superaram completamente, ou seja, poderiam aqui repetir qualquer dose de carisma com o protagonista Doug, mas a história acabou sendo rápida e conclusiva demais, de modo que parece que cortaram tantas cenas para ficar um longa mais infantil que o filme não atinge ninguém, ou seja, é fácil notar o corte final dos produtores, que retiraram conceitos mais duros da trama, e situações de vértice mais dramático para que o longa ficasse divertidinho, e com isso a duração também foi rápida demais, sem muitos floreios, e que acabou falhando por todos os lados.
Quanto dos personagens, diria que foram bem moldados, mas que poderiam ter ousado mais em detalhes, pois é bacana de ver as texturas de cabelos e roupas em diversos momentos, mas confesso que a imagem do trailer está até mais detalhada que o resultado final nas telonas, e isso é ruim, pois mostra que o longa acabou passando por tratamentos estéticos demais para não dar estranheza para o público, o que é uma característica bem marcante sempre presente nos longas da produtora. O carisma de Doug é bem feitinho, e aqui dublado por Marco Luque quase não notamos sua voz nem trejeitos, o que é bem legal, e mostra o potencial do artista, mas ele também poderia ter tido um pouco mais de liberdade, pois com certeza o rapaz seria mais dinâmico e cheio de ginga que sabemos que ele sabe fazer, e não apenas alguém mais robotizado. O vilão Nooth é meio jogado também e embora até tenha uma proposta de enriquecimento em cima da população, faz trejeitos forçados, assim como a maioria da Era do Bronze que chegam a irritar na dublagem (não sei como está o original, mas espero que não tenha ficado parecendo um misto de portunhol arrastado!).
Enfim, com um visual bonito, e um colorido razoável, a trama tem uma pegada bem feita que agrada de certa forma, mostrando o futebol bem jogado no melhor estilo do filme "Um Time Show de Bola", mas que poderia ter um acerto melhor que agradaria bem mais. Recomendo ele como uma diversão rápida para as crianças não tão novinhas, mas que certamente vão cansar pela falta de elementos mais cativantes na trama, e que também irá cansar os pais, ou seja, um filme bem mediano que poderia ser incrível caso desejassem. Bem é isso pessoal, encerro essa semana cinematográfica que foi bem corrida, mas volto na próxima sexta com algumas estreias (ou no singular, afinal aparentemente só deve vir um filme para o interior!!), então abraços e até logo mais.
segunda-feira, 9 de abril de 2018
Na Praia à Noite Sozinha (Bamui haebyun-eoseo honja) (On the Beach at Night Alone)
O estilo interpretativo de alguns países são mais difíceis de compreender do que outros, e se tem um que, por ser tão diferente do que estamos acostumados a ver, consegue entregar filmes muitas vezes estranhos é o tal do sul-coreano. Não digo que "Na Praia à Noite Sozinha" seja um exemplar dos mais complexos do país, principalmente por entregar algo que está tão em alta que é o assédio no mundo do cinema, de forma que acabamos vendo muitos detalhes na telona que realmente acontecem e vem à mente como algumas atrizes se sentiram deslocadas, porém o primeiro ato é um pouco frouxo e cansativo, pois ao não identificarmos tanto a localização, ou o que está realmente acontecendo ali, o resultado fica um pouco perdido, e somente após o segundo ato passamos a compreender melhor e até não jogar completamente fora tudo o que vimos ali. Ou seja, diria que é um filme diferente do usual, mas que mesmo sendo do comecinho do ano passado, muitas mulheres americanas certamente se identificariam com o que a protagonista aqui passou, e se fizerem uma refilmagem americana certamente vamos nos conectar completamente com tudo.
A sinopse nos conta que após ter um relacionamento com um homem casado, a famosa atriz coreana Younghee resolve dar um tempo e viaja para a cidade de Hamburgo, na Alemanha. Lá, em uma conversa com uma amiga, ela se pergunta se o amante a seguirá ou se ele sente sua falta tanto quanto ela. Ao retornar à Coreia, reencontra alguns velhos amigos na cidade costeira de Gangneung, onde comem e bebem juntos. Já meio bêbados, Younghee provoca, insulta e irrita os amigos. As conversas entre eles ficam cada vez mais fora de controle, revelando descobertas e verdades. Em seguida, ela se retira para uma praia deserta. Qual é a importância do amor na vida de alguém? Younghee quer saber.
O diretor Sang-soo Hong é daqueles que gosta de trabalhar bem a subjetividade, vimos isso em "O Dia Depois" e aqui novamente ele entrega um filme aonde os personagens contam mais a história do que o próprio roteiro em si, e dessa forma acabamos até bem intrigados com a personalidade de Younghee se ela realmente é culpada ou se culpa assédio que teve de um diretor, e embora procure saber o que é o amor, ela também se prende a detalhes e brinca com essa situação. Claro que para vermos isso precisamos ir bem além, pois o estilo que ela usa é algo bem diferente do comum, e junto com a legendagem imaginaríamos uma entonação completamente diferente se fosse feita em qualquer outro país, mas lá falam com tanta calma e paciência, que só com muito álcool na mesa para vermos reais personalidades. Não posso dizer que o diretor foi bem efetivo, mas ao menos a história desse me convenceu bem mais que seu filme mais recente (que vi até antes desse), e ainda quero entender algum dia o motivo dele dar tanto zoom em cenas desnecessárias.
Talvez seja uma implicância minha com a dramaticidade sul-coreana, mas Min-hee Kim poderia facilmente ser mais expressiva nos seus momentos dramáticos, impondo sua personalidade para com sua Younghee, pois sua história é dura, seus momentos são fortes em todas as cenas, mas ela sempre está apática sem ser nas cenas que faz bêbada, ou seja, ela saberia bem mostrar personalidade, mas foi apenas condizente de sua situação e não entregou nada muito chamativo. Dentre os demais atores, a maioria fez apenas boas conexões, alguns olhares avulsos, e nada além de estar junto com a protagonista trabalhando algumas conversas, mas nada que chamasse muita atenção.
No conceito cênico foi bacana conhecermos mais o interior da Coréia do Sul e também uma Hamburgo bem alternativa, pois geralmente vemos a grande concentração das cidades e locações mais complexas, de modo que o filme teve um ar mais interiorano com a protagonista mostrando sua aversão também aos grandes centros comerciais pelo que acabou acontecendo com ela, e assim sendo a equipe artística apenas precisou trabalhar a simplicidade dos locais e também colocar nas mesas muitas garrafas de saquês e cervejas (que falaram tantas vezes que a qualidade da cerveja coreana melhorou que acredito que a marca Max pagou algum tipo de patrocínio para o longa) para que a protagonista se soltasse mais e falasse algumas verdades para os amigos na mesa. Já a fotografia foi no básico, sem muita ousadia, e mesmo os protagonistas falando toda hora que estava frio, só sabemos disso pelos figurinos, pois o sol estava a pino na maior parte do tempo.
Enfim, é um filme simples, mas bem efetivo no que desejava criticar, que funciona e interessa bem no segundo ato, de modo que talvez uma montagem diferente chamaria bem mais atenção e colocaria o longa como um marco nas obras que muitos devem conferir sobre assédio dentro do cinema. Ou seja, recomendo a trama, mas com muitas ressalvas, pois é um filme bem alternativo que muitos irão conferir e não irão entender nada. Fico por aqui encerrando o Circuito Indie (não irei comentar sobre o longa antigo que conferi novamente, pois como costumo dizer, quando revejo clássicos acabo vendo mais defeitos do que qualidades), mas amanhã confiro a última estreia dessa semana, e volto aqui para postar sobre ele, então abraços e até logo mais.
A sinopse nos conta que após ter um relacionamento com um homem casado, a famosa atriz coreana Younghee resolve dar um tempo e viaja para a cidade de Hamburgo, na Alemanha. Lá, em uma conversa com uma amiga, ela se pergunta se o amante a seguirá ou se ele sente sua falta tanto quanto ela. Ao retornar à Coreia, reencontra alguns velhos amigos na cidade costeira de Gangneung, onde comem e bebem juntos. Já meio bêbados, Younghee provoca, insulta e irrita os amigos. As conversas entre eles ficam cada vez mais fora de controle, revelando descobertas e verdades. Em seguida, ela se retira para uma praia deserta. Qual é a importância do amor na vida de alguém? Younghee quer saber.
O diretor Sang-soo Hong é daqueles que gosta de trabalhar bem a subjetividade, vimos isso em "O Dia Depois" e aqui novamente ele entrega um filme aonde os personagens contam mais a história do que o próprio roteiro em si, e dessa forma acabamos até bem intrigados com a personalidade de Younghee se ela realmente é culpada ou se culpa assédio que teve de um diretor, e embora procure saber o que é o amor, ela também se prende a detalhes e brinca com essa situação. Claro que para vermos isso precisamos ir bem além, pois o estilo que ela usa é algo bem diferente do comum, e junto com a legendagem imaginaríamos uma entonação completamente diferente se fosse feita em qualquer outro país, mas lá falam com tanta calma e paciência, que só com muito álcool na mesa para vermos reais personalidades. Não posso dizer que o diretor foi bem efetivo, mas ao menos a história desse me convenceu bem mais que seu filme mais recente (que vi até antes desse), e ainda quero entender algum dia o motivo dele dar tanto zoom em cenas desnecessárias.
Talvez seja uma implicância minha com a dramaticidade sul-coreana, mas Min-hee Kim poderia facilmente ser mais expressiva nos seus momentos dramáticos, impondo sua personalidade para com sua Younghee, pois sua história é dura, seus momentos são fortes em todas as cenas, mas ela sempre está apática sem ser nas cenas que faz bêbada, ou seja, ela saberia bem mostrar personalidade, mas foi apenas condizente de sua situação e não entregou nada muito chamativo. Dentre os demais atores, a maioria fez apenas boas conexões, alguns olhares avulsos, e nada além de estar junto com a protagonista trabalhando algumas conversas, mas nada que chamasse muita atenção.
No conceito cênico foi bacana conhecermos mais o interior da Coréia do Sul e também uma Hamburgo bem alternativa, pois geralmente vemos a grande concentração das cidades e locações mais complexas, de modo que o filme teve um ar mais interiorano com a protagonista mostrando sua aversão também aos grandes centros comerciais pelo que acabou acontecendo com ela, e assim sendo a equipe artística apenas precisou trabalhar a simplicidade dos locais e também colocar nas mesas muitas garrafas de saquês e cervejas (que falaram tantas vezes que a qualidade da cerveja coreana melhorou que acredito que a marca Max pagou algum tipo de patrocínio para o longa) para que a protagonista se soltasse mais e falasse algumas verdades para os amigos na mesa. Já a fotografia foi no básico, sem muita ousadia, e mesmo os protagonistas falando toda hora que estava frio, só sabemos disso pelos figurinos, pois o sol estava a pino na maior parte do tempo.
Enfim, é um filme simples, mas bem efetivo no que desejava criticar, que funciona e interessa bem no segundo ato, de modo que talvez uma montagem diferente chamaria bem mais atenção e colocaria o longa como um marco nas obras que muitos devem conferir sobre assédio dentro do cinema. Ou seja, recomendo a trama, mas com muitas ressalvas, pois é um filme bem alternativo que muitos irão conferir e não irão entender nada. Fico por aqui encerrando o Circuito Indie (não irei comentar sobre o longa antigo que conferi novamente, pois como costumo dizer, quando revejo clássicos acabo vendo mais defeitos do que qualidades), mas amanhã confiro a última estreia dessa semana, e volto aqui para postar sobre ele, então abraços e até logo mais.
sábado, 7 de abril de 2018
Covil De Ladrões (Den Of Thieves)
É engraçado como alguns filmes conseguem nos enganar facilmente, inserindo tantas informações, criando situações e tudo mais, que acabamos não vendo detalhes que estão bem debaixo dos nossos narizes, e com isso acabamos nos surpreendendo no final. Digo isso sem nenhum pesar sobre "Covil de Ladrões", pois aposto que algumas mexidas aqui, outras ali, se quiserem podem transformar o longa numa franquia extremamente lucrativa, ou ainda em algum tipo de série, pois o filme só tem um grandioso defeito: a duração desnecessária de 140 minutos, pois poderiam eliminar os momentos familiares facilmente que teríamos o mesmo longa interessante e adequado com 110 minutos e que agradaria todos os críticos que estão atirando defeitos para todos os lados. Ou seja, a trama até é exagerada, com tiroteios que nem em um filme de guerra ouvimos tão fortes, possui um ar de impacto dos policiais, um ar de soberba monstruoso dos ladrões, e tantas cenas desnecessárias com a família, que confesso que no meio do longa já estava falando: "que série enrolada que é essa!", mas ao final com a reviravolta mais completa e bem feita, acabei já torcendo para que o segundo filme não demore 14 anos como esse demorou para ser feito, pois vale a pena uma segunda chance melhor arrumada, assim como vale conferir esse tirando alguns leves momentos.
O longa nos mostra que em Los Angeles, capital dos roubos a banco, um banho de sangue coloca em interseção a vida de dois grupos: a radical unidade de elite do departamento de polícia local, liderada pelo desmedido Nick, e a equipe de assaltantes de banco mais arrojada em atividade. Enquanto os criminosos planejam um ataque ambicioso até então tido como impossível, os homens da lei apertam o cerco pelo elo mais fraco da gangue.
Em seu primeiro filme como diretor, Christian Gudegast usou todo o conhecimento que teve aprimorado nos diversos roteiros que escreveu para outros diretores, e até soube trabalhar bem ângulos e criar dinâmicas, mas aí entrou o maior defeito de roteiristas quando resolvem assumir a direção, o medo de cortar pedaços do filho (roteiro) e eliminar coisas desnecessárias da trama, pois é fácil demais olhar para o filme e notar a quantidade de cenas que dava para remover, por exemplo todas as apresentações com nomes e tudo mais, todo o envolvimento familiar de cada personagem da trama (que não é usado para nada nas demais cenas, somente de leve quando um morre e resolve falar do filho, mas é irrelevante), a alongada cena de duelo final, e por aí vai, ou seja, o longa nas mãos de um diretor mais experiente removeria facilmente uns 20 a 30 minutos no mínimo deixando o longa redondinho, mas isso ele vai aprender para o próximo, porém em momento algum podemos dizer que ele falhou em manter o público conectado à trama, pois mesmo sendo alongado não vemos pessoas passeando saindo da sala, não vemos as famosas olhadelas de horário no celular, e com isso o resultado de uma trama trabalhada é sentido, pois passa rápido o filme e mostra que o tino policial (ou melhor de briga de gangsteres) dele é bem apurado, e a forma criativa de roubo foi bem inteligente e desenvolvida.
Talvez outro ponto de atenção seja o excesso de atores envolvidos na trama, pois o grupo é bem vasto, e com muitos que necessitaram ser apresentados, mas que não fizeram grandes diferenças na trama, ou seja, um erro que poderia ser facilmente preenchido dando mais destaque apenas para os protagonistas mais conectados com o mote principal, mas nada que tenha atrapalhado por demais o filme. Claro que o grande nome é Gerard Butler que engordou para o papel, e ficou com um ar mais forte para ser um xerife barra pesada, de tal maneira que seu Nick é daqueles que vamos até torcer para conseguir pegar a quadrilha, mas também ficamos com tanta raiva de algumas atitudes que também torcemos para ele levar umas porradas no meio do caminho, ou seja, o ator que é canastrão por normal na maioria dos filmes, aqui fez o papel de maneira bem fácil. Pablo Schreiber é um ator de boas facetas expressivas, e sua história na trama até dá um ar bem convincente para o seu Merrimen, mas talvez algumas cenas mais de imposição agradariam na resolução final para seu personagem, e isso ele saberia fazer bem se quisesse. O'Shea Jackson Jr. entregou um Donnie interessante para a trama, que funciona bem como um dedo-duro dos dois lados, e o ator soube dosar as expressões para não ser didático demais e até funcionar de leve como um narrador nas cenas de apresentação, mas seu grande ato foi na invasão ao banco, que ali se mostrou um verdadeiro ninja. Dentre os demais, a maioria fez seu básico sem atrapalhar em nada, tendo um leve destaque aqui, outro ali, mas sem dúvida a diversão da noite foi a conversa do personagem de 50 Cent com o pretendente a namorar sua filha.
No conceito cênico temos de destacar com certeza toda a estrutura do banco central, que se não é daquela forma criaram um estilo de segurança muito bem feito para ser demonstrado, e claro a grande quantidade de armas de peso que arrumaram para o longa, de forma que acho que alguns filmes de guerra possuíram bem menos exemplares, e se formos colocar em consideração o nível de barulho dos tiros, com toda certeza muitos longas de guerra usaram bombinhas infantis perto do que vimos hoje, ou seja, um exagero que serviu apenas para mostrar força visual e nada mais, além disso tivemos boas cenas de perseguição de carro, aonde felizmente a equipe de fotografia não se perdeu em sombras, e que junto de bons tons em marrom nos uniformes para diferenciar mocinhos de bandidos, o resultado acabou bem bacana na tela.
Enfim, é um filme com defeitos técnicos, mas que funciona bem dentro da proposta e que volto a frisar, se arrumarem bem esses detalhes, uma continuação vem com grandes chances de criar uma franquia de grande porte, pois a ideia é excelente e certamente existem bancos monstruosos pelo mundo afora para explorarem. Recomendo que vejam o longa mais como uma diversão policial, mas que vá preparado para algo longo com alguns momentos completamente desnecessários. Fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais pessoal.
O longa nos mostra que em Los Angeles, capital dos roubos a banco, um banho de sangue coloca em interseção a vida de dois grupos: a radical unidade de elite do departamento de polícia local, liderada pelo desmedido Nick, e a equipe de assaltantes de banco mais arrojada em atividade. Enquanto os criminosos planejam um ataque ambicioso até então tido como impossível, os homens da lei apertam o cerco pelo elo mais fraco da gangue.
Em seu primeiro filme como diretor, Christian Gudegast usou todo o conhecimento que teve aprimorado nos diversos roteiros que escreveu para outros diretores, e até soube trabalhar bem ângulos e criar dinâmicas, mas aí entrou o maior defeito de roteiristas quando resolvem assumir a direção, o medo de cortar pedaços do filho (roteiro) e eliminar coisas desnecessárias da trama, pois é fácil demais olhar para o filme e notar a quantidade de cenas que dava para remover, por exemplo todas as apresentações com nomes e tudo mais, todo o envolvimento familiar de cada personagem da trama (que não é usado para nada nas demais cenas, somente de leve quando um morre e resolve falar do filho, mas é irrelevante), a alongada cena de duelo final, e por aí vai, ou seja, o longa nas mãos de um diretor mais experiente removeria facilmente uns 20 a 30 minutos no mínimo deixando o longa redondinho, mas isso ele vai aprender para o próximo, porém em momento algum podemos dizer que ele falhou em manter o público conectado à trama, pois mesmo sendo alongado não vemos pessoas passeando saindo da sala, não vemos as famosas olhadelas de horário no celular, e com isso o resultado de uma trama trabalhada é sentido, pois passa rápido o filme e mostra que o tino policial (ou melhor de briga de gangsteres) dele é bem apurado, e a forma criativa de roubo foi bem inteligente e desenvolvida.
Talvez outro ponto de atenção seja o excesso de atores envolvidos na trama, pois o grupo é bem vasto, e com muitos que necessitaram ser apresentados, mas que não fizeram grandes diferenças na trama, ou seja, um erro que poderia ser facilmente preenchido dando mais destaque apenas para os protagonistas mais conectados com o mote principal, mas nada que tenha atrapalhado por demais o filme. Claro que o grande nome é Gerard Butler que engordou para o papel, e ficou com um ar mais forte para ser um xerife barra pesada, de tal maneira que seu Nick é daqueles que vamos até torcer para conseguir pegar a quadrilha, mas também ficamos com tanta raiva de algumas atitudes que também torcemos para ele levar umas porradas no meio do caminho, ou seja, o ator que é canastrão por normal na maioria dos filmes, aqui fez o papel de maneira bem fácil. Pablo Schreiber é um ator de boas facetas expressivas, e sua história na trama até dá um ar bem convincente para o seu Merrimen, mas talvez algumas cenas mais de imposição agradariam na resolução final para seu personagem, e isso ele saberia fazer bem se quisesse. O'Shea Jackson Jr. entregou um Donnie interessante para a trama, que funciona bem como um dedo-duro dos dois lados, e o ator soube dosar as expressões para não ser didático demais e até funcionar de leve como um narrador nas cenas de apresentação, mas seu grande ato foi na invasão ao banco, que ali se mostrou um verdadeiro ninja. Dentre os demais, a maioria fez seu básico sem atrapalhar em nada, tendo um leve destaque aqui, outro ali, mas sem dúvida a diversão da noite foi a conversa do personagem de 50 Cent com o pretendente a namorar sua filha.
No conceito cênico temos de destacar com certeza toda a estrutura do banco central, que se não é daquela forma criaram um estilo de segurança muito bem feito para ser demonstrado, e claro a grande quantidade de armas de peso que arrumaram para o longa, de forma que acho que alguns filmes de guerra possuíram bem menos exemplares, e se formos colocar em consideração o nível de barulho dos tiros, com toda certeza muitos longas de guerra usaram bombinhas infantis perto do que vimos hoje, ou seja, um exagero que serviu apenas para mostrar força visual e nada mais, além disso tivemos boas cenas de perseguição de carro, aonde felizmente a equipe de fotografia não se perdeu em sombras, e que junto de bons tons em marrom nos uniformes para diferenciar mocinhos de bandidos, o resultado acabou bem bacana na tela.
Enfim, é um filme com defeitos técnicos, mas que funciona bem dentro da proposta e que volto a frisar, se arrumarem bem esses detalhes, uma continuação vem com grandes chances de criar uma franquia de grande porte, pois a ideia é excelente e certamente existem bancos monstruosos pelo mundo afora para explorarem. Recomendo que vejam o longa mais como uma diversão policial, mas que vá preparado para algo longo com alguns momentos completamente desnecessários. Fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais pessoal.
sexta-feira, 6 de abril de 2018
Um Lugar Silencioso (A Quiet Place)
Olha, fazia tempo que um terror bem feitinho, de baixo orçamento e com situações de tensão reais não era feito (ok, "Corra" teve seu estilo, mas foi mais para algo psicológico), e aqui em "Um Lugar Silencioso", temos a tensão feita pelo risco de vida em um futuro aonde monstrengos com super audição captam o menor barulho possível, e aí já era. Ou seja, temos quase um filme mudo, pois todos falam através da linguagem dos sinais na maior parte do tempo (felizmente legendaram para quem não entende!), e em alguns momentos temos algumas conversas completamente bem colocadas. Claro que temos alguns detalhes iminentes que o diretor apela para mostrar exatamente o que quer que vejamos, e alguns vão reclamar desse excesso, porém tudo acontece tão bem feito que acabamos relevando isso e entrando na vibe correta da trama, e ao final quando já sabemos como podemos se salvar (mesmo achando que ninguém vai sobreviver, afinal como esconder o barulho de um parto!!!) já ficamos na expectativa de que com certeza irão deixar para um segundo filme, e bingo, vamos aguardar pois vai valer a pena! Mas não fique triste com esse detalhe, pois o longa está bem moldado, e não vai ficar jogado o fechamento, podendo caso a produtora não decida fazer um segundo longa acabar ali que já está valendo o resultado final.
Um casal tem dois filhos e eles vivem numa casa isolada. A família precisa se manter em silêncio total e se comunica por meio da linguagem de sinais. Ao menor sinal de barulho, uma ameaça que ronda a casa pode atacar.
Só conhecia o John Krasinski como ator mesmo, pois seus dois longas anteriores como diretor não passaram por aqui, mas pelo que vi que fez aqui hoje, posso dizer algo que raramente falo, ele conseguiu fazer bem tanto a direção quanto ser o protagonista da trama, que é algo que reclamo demais, por achar que sempre vão falhar em uma das duas pontas, e ele dominou a cena, e criou toda a perspectiva necessária para que ficássemos em silêncio junto com os protagonistas, quase sem respirar também para que os monstrengos não nos ouvissem (afinal vai que tinha um na sala de cinema também né!). E a grande sacada do roteiro é ir entregando pouca coisa sobre os bichos, irmos vendo coisas nas manchetes de jornais, e mesmo não sendo explicado sua origem (será que imaginaram de fazer algum prequel ao invés de continuação?) acabamos ficando com temor do que pode acontecer aos personagens, e felizmente o diretor não deixou a desejar nenhuma cena que imaginávamos muito sangue, fazendo um terror mesmo! O único aquém que poderiam ter economizado, é que muitos acontecimentos são premeditados (por exemplo, mostra um prego afiadíssimo fora da madeira na escada em detalhe de câmera close, e claro na sequência já sabemos o que vai ocorrer, ficando apenas aguardando), mas isso só incomoda um pouco, e nem chega a atrapalhar o resultado final da tensão completa. Ou seja, podemos dizer que novamente em Abril, surge um terror com cheiro de premiações, e com certeza vamos torcer para haver continuações, pois foi muito bem feito.
Sobre as atuações, podemos novamente falar que John Krasinski foi completamente coeso com seu personagem, sendo duro nos momentos que precisou e fazendo caras e gestuais perfeitos (em relação à atuação, pois não sei se as linguagens de sinais estão corretas com o que legendaram!), de modo que acabamos nos afeiçoando à tudo o que faz em cena. Mas sem dúvida alguma o filme é de sua esposa (no filme e na vida real!) Emily Blunt, por duas cenas incríveis que ela se deu de alma para o longa, de forma que conseguimos entrar nos seus pensamentos e sentir exatamente o que estava pensando (ou melhor, com vontade de gritar bem alto!), e com trejeitos tão impactantes acabamos torcendo para ela e vibrando com o que faz. A garota Millicent Simmonds chega a irritar em muitos momentos pelas atitudes de sua personagem, mas isso é o que é bom, pois mostra que a atriz conseguiu entregar o que o papel pedia: uma adolescente que se culpa inteiramente pelo passado e que briga com tudo e todos, mesmo sem dizer uma única palavra, e assim sendo, podemos dizer que fez muito bem suas cenas. O jovenzinho já tinha dado um show tanto em "Suburbicon" quanto em "Extraordinário", e ficamos até esperando um pouco mais de personalidade dele no papel, mas teve poucas chances de se mostrar realmente e apenas fez um bom papel sem muito destaque, o que é uma pena.
Muitos vão fazer cara feia, mas logo que sobem os créditos vemos um pequenino nome na produção, ou seja, sabemos que ali é que a coisa acontece, ou melhor com a assinatura da produção feita por Michael Bay, até poderíamos esperar grandes explosões, cenários mirabolantes e tudo mais com os monstrengos, mas por mais incrível que possa ter acontecido, ele entregou um longa de baixo orçamento (17 milhões apenas!) com uma cenografia bem colocada sem exageros, pois até poderia fazer uma cidade monstruosa devastada pelos bichos como mostra em alguns jornais, e que por ser algo rural acabou criando ainda mais tensão, ou seja, com detalhes simples e bem feitos a equipe de arte ajudou a criar o ambiente e ajudar na criação funcional de cada ato, ou seja, perfeição cênica. Outra grande felicidade ficou por conta da equipe de fotografia que não quis esconder nada do público, pois na maioria dos longas de terror, temos muita escuridão aonde não vemos nada e apenas levamos o susto quando o bicho aparece do nada, e aqui tudo está 100% claro na nossa frente, podendo o bicho aparecer de qualquer lugar com qualquer barulho, o que nos faz ficar esperando, e junte a isso bons tons para explicar cada momento, que qualquer leigo sabe que na hora que as luzes ficam vermelhas, o pau vai comer!
Enfim, estava com muito medo das ótimas críticas que estava ouvindo sobre o longa, mas confesso que aqui vocês leram mais uma crítica completamente favorável ao longa, e que com toda certeza recomendo para os amantes de um bom terror, pois vai valer os 90 minutos na sala de cinema, e peço que deem preferência por ver esse no cinema, pois em casa é capaz que a tensão não fique completa, já que a densidade dramática acaba ficando pelo desconhecido, e em nossa casa sabemos tudo ao redor. Bem é isso, fico por aqui agora, mas já vou conferir um outro longa daqui a pouco, então abraços e até breve.
PS: Estou tirando um coelho da nota apenas pelo excesso de cenas premeditadas, mas é algo que daria até para relevar, então vai um 9 com gostinho de 10.
Um casal tem dois filhos e eles vivem numa casa isolada. A família precisa se manter em silêncio total e se comunica por meio da linguagem de sinais. Ao menor sinal de barulho, uma ameaça que ronda a casa pode atacar.
Só conhecia o John Krasinski como ator mesmo, pois seus dois longas anteriores como diretor não passaram por aqui, mas pelo que vi que fez aqui hoje, posso dizer algo que raramente falo, ele conseguiu fazer bem tanto a direção quanto ser o protagonista da trama, que é algo que reclamo demais, por achar que sempre vão falhar em uma das duas pontas, e ele dominou a cena, e criou toda a perspectiva necessária para que ficássemos em silêncio junto com os protagonistas, quase sem respirar também para que os monstrengos não nos ouvissem (afinal vai que tinha um na sala de cinema também né!). E a grande sacada do roteiro é ir entregando pouca coisa sobre os bichos, irmos vendo coisas nas manchetes de jornais, e mesmo não sendo explicado sua origem (será que imaginaram de fazer algum prequel ao invés de continuação?) acabamos ficando com temor do que pode acontecer aos personagens, e felizmente o diretor não deixou a desejar nenhuma cena que imaginávamos muito sangue, fazendo um terror mesmo! O único aquém que poderiam ter economizado, é que muitos acontecimentos são premeditados (por exemplo, mostra um prego afiadíssimo fora da madeira na escada em detalhe de câmera close, e claro na sequência já sabemos o que vai ocorrer, ficando apenas aguardando), mas isso só incomoda um pouco, e nem chega a atrapalhar o resultado final da tensão completa. Ou seja, podemos dizer que novamente em Abril, surge um terror com cheiro de premiações, e com certeza vamos torcer para haver continuações, pois foi muito bem feito.
Sobre as atuações, podemos novamente falar que John Krasinski foi completamente coeso com seu personagem, sendo duro nos momentos que precisou e fazendo caras e gestuais perfeitos (em relação à atuação, pois não sei se as linguagens de sinais estão corretas com o que legendaram!), de modo que acabamos nos afeiçoando à tudo o que faz em cena. Mas sem dúvida alguma o filme é de sua esposa (no filme e na vida real!) Emily Blunt, por duas cenas incríveis que ela se deu de alma para o longa, de forma que conseguimos entrar nos seus pensamentos e sentir exatamente o que estava pensando (ou melhor, com vontade de gritar bem alto!), e com trejeitos tão impactantes acabamos torcendo para ela e vibrando com o que faz. A garota Millicent Simmonds chega a irritar em muitos momentos pelas atitudes de sua personagem, mas isso é o que é bom, pois mostra que a atriz conseguiu entregar o que o papel pedia: uma adolescente que se culpa inteiramente pelo passado e que briga com tudo e todos, mesmo sem dizer uma única palavra, e assim sendo, podemos dizer que fez muito bem suas cenas. O jovenzinho já tinha dado um show tanto em "Suburbicon" quanto em "Extraordinário", e ficamos até esperando um pouco mais de personalidade dele no papel, mas teve poucas chances de se mostrar realmente e apenas fez um bom papel sem muito destaque, o que é uma pena.
Muitos vão fazer cara feia, mas logo que sobem os créditos vemos um pequenino nome na produção, ou seja, sabemos que ali é que a coisa acontece, ou melhor com a assinatura da produção feita por Michael Bay, até poderíamos esperar grandes explosões, cenários mirabolantes e tudo mais com os monstrengos, mas por mais incrível que possa ter acontecido, ele entregou um longa de baixo orçamento (17 milhões apenas!) com uma cenografia bem colocada sem exageros, pois até poderia fazer uma cidade monstruosa devastada pelos bichos como mostra em alguns jornais, e que por ser algo rural acabou criando ainda mais tensão, ou seja, com detalhes simples e bem feitos a equipe de arte ajudou a criar o ambiente e ajudar na criação funcional de cada ato, ou seja, perfeição cênica. Outra grande felicidade ficou por conta da equipe de fotografia que não quis esconder nada do público, pois na maioria dos longas de terror, temos muita escuridão aonde não vemos nada e apenas levamos o susto quando o bicho aparece do nada, e aqui tudo está 100% claro na nossa frente, podendo o bicho aparecer de qualquer lugar com qualquer barulho, o que nos faz ficar esperando, e junte a isso bons tons para explicar cada momento, que qualquer leigo sabe que na hora que as luzes ficam vermelhas, o pau vai comer!
Enfim, estava com muito medo das ótimas críticas que estava ouvindo sobre o longa, mas confesso que aqui vocês leram mais uma crítica completamente favorável ao longa, e que com toda certeza recomendo para os amantes de um bom terror, pois vai valer os 90 minutos na sala de cinema, e peço que deem preferência por ver esse no cinema, pois em casa é capaz que a tensão não fique completa, já que a densidade dramática acaba ficando pelo desconhecido, e em nossa casa sabemos tudo ao redor. Bem é isso, fico por aqui agora, mas já vou conferir um outro longa daqui a pouco, então abraços e até breve.
PS: Estou tirando um coelho da nota apenas pelo excesso de cenas premeditadas, mas é algo que daria até para relevar, então vai um 9 com gostinho de 10.
Colo
Quando me perguntam qual estilo de filme eu mais gosto sempre respondo a mesma coisa: todos, desde que não vire uma novelona, pois filmes tem de ser dinâmicos na minha opinião, ser resolvidos e entregar a opinião do diretor sem ficar criando relações mil ao redor, mas quando uma novela é boa, até conseguimos gostar um pouco, esperando uma resolução considerável e torcendo para que tenha algum clímax ou reviravolta interessante ao menos, mas quando isso não ocorre e a enrolação é levada até o final, a decepção costuma ser grandiosa. Digo isso, pois classificaria "Colo" como uma novelona que mostra a essência da crise financeira que é desmoronar famílias, e que talvez tivesse uma proposta bem colocada para ser mostrada, mas enrola tanto, trabalha os personagens de forma sempre aberta demais, possui duas reviravoltas absurdas e acaba finalizada de forma tão ruim que certamente será daqueles que não vou lembrar de ter visto daqui algumas semanas, ou seja, está longe de ser um pesadelo, consegue soar agradável sem muita apelação, mas não faz nada além do básico.
O longa nos situa em Portugal, aonde a rotina diária de pai, mãe e filha é absorvida pelos efeitos da crise econômica. A mãe se desdobra em dois empregos para pagar as contas, pois seu marido está desempregado. A filha adolescente guarda seus próprios segredos e tenta manter sua rotina diária apesar da falta de dinheiro. Para escarpar dessa realidade comum, eles se tornam, lentamente, estranhos uns aos outros, enquanto a tensão se transforma em silêncio e culpa.
A diretora e roteirista Teresa Villaverde até foi bem no contexto que desejava passar, conseguindo retratar a grande desestabilização da família, a loucura que alguns acabam fazendo, o desespero por parte de alguns, e com isso ela cria uma ambientação eloquente e totalmente dentro da proposta, porém exagerou demais em pausas dramáticas, em trejeitos forçados para cada ato, e com isso o longa mais enrola do que acaba tendo ações, o que resulta em algo que fraqueja demais para o público em geral. Não digo que seja um filme ruim, pois ela conseguiu mostrar o que desejava, mas poderia ser daqueles filmes que sairíamos do cinema com o queixo no chão, e infelizmente não é o que acontece.
Sobre as atuações, temos de ser sinceros que todos fizeram trejeitos demais para seus personagens, o que demonstra um pouco de exagero por parte da direção em não saber passar para os atores o que desejava, mas também um pouco de culpa recai sobre eles que poderiam não ter feito tantas caras e bocas nos momentos mais precisos, marcando a cena com bons diálogos e olhares apenas, que ainda assim acertariam o que o longa precisava, mas como isso não é algo que pode ser corrigido, o que vimos foi João Pedro Vaz como um Pai que surta completamente após não conseguir emprego nem com amigos e que parte para todo tipo de loucura, até mesmo a de fazer algo completamente fora de seu alcance, e que pasmem é aceita, ou seja, nessa parte quase ao final, eu ri muito mesmo o longa sendo um drama, e com isso podemos dizer que o ator se deu por completo para a trama, e mesmo fazendo muitas coisas irreais, sua interpretação foi a melhor do longa. Beatriz Batarda entregou também uma Mãe desesperada para com seus empregos, sofrendo dores, febres e tudo mais que se sente após a estafa atacar, mas o surto era iminente também, e a atriz até fez boas cenas, mas apareceu pouco dentro do contexto da trama, o que acabou pesando para que suas atitudes não chamassem tanta atenção. Alice Albergaria Borges trabalhou sua Marta como uma adolescente mimada demais, que tem tudo e que quando lhe vão tirando algo acaba fazendo mais atrocidades do que chamando atenção, e sempre com uma cara apática mesmo nos momentos de descontração, a atriz foi a que mais falhou, principalmente por sempre estar em foco, ou seja, assumiu a culpa do desastre.
No conceito cênico, a trama teve um desenvolvimento estranho, pois mostrou o que acontece com quem não paga as contas, colocou locações simples gastas e bem montadas para exemplificar cada lugar, mas trabalhou de forma tão abstrata que não conseguiu soar convincente de um modo geral, e isso é uma pena, pois o longa tinha potencial. Destaque para a boa fotografia feita nas cenas no escuro, que deram um tom intimista para a produção, e que poderia ficar ainda melhor se mantivesse mais momentos nesse estilo.
Enfim, é um longa bem mediano que tinha uma proposta até que ousada e a diretora tinha potencial para atingir, mas optou por algo mais lento e novelesco demais, o que acabou resultando em algo abaixo do comum de vermos em longas do gênero. Portanto não recomendo o filme, mesmo com a proposta funcionando de modo bem abstrato. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com algumas estreias da semana, e no domingo volto para fechar o Circuito Indie, então abraços e até breve.
O longa nos situa em Portugal, aonde a rotina diária de pai, mãe e filha é absorvida pelos efeitos da crise econômica. A mãe se desdobra em dois empregos para pagar as contas, pois seu marido está desempregado. A filha adolescente guarda seus próprios segredos e tenta manter sua rotina diária apesar da falta de dinheiro. Para escarpar dessa realidade comum, eles se tornam, lentamente, estranhos uns aos outros, enquanto a tensão se transforma em silêncio e culpa.
A diretora e roteirista Teresa Villaverde até foi bem no contexto que desejava passar, conseguindo retratar a grande desestabilização da família, a loucura que alguns acabam fazendo, o desespero por parte de alguns, e com isso ela cria uma ambientação eloquente e totalmente dentro da proposta, porém exagerou demais em pausas dramáticas, em trejeitos forçados para cada ato, e com isso o longa mais enrola do que acaba tendo ações, o que resulta em algo que fraqueja demais para o público em geral. Não digo que seja um filme ruim, pois ela conseguiu mostrar o que desejava, mas poderia ser daqueles filmes que sairíamos do cinema com o queixo no chão, e infelizmente não é o que acontece.
Sobre as atuações, temos de ser sinceros que todos fizeram trejeitos demais para seus personagens, o que demonstra um pouco de exagero por parte da direção em não saber passar para os atores o que desejava, mas também um pouco de culpa recai sobre eles que poderiam não ter feito tantas caras e bocas nos momentos mais precisos, marcando a cena com bons diálogos e olhares apenas, que ainda assim acertariam o que o longa precisava, mas como isso não é algo que pode ser corrigido, o que vimos foi João Pedro Vaz como um Pai que surta completamente após não conseguir emprego nem com amigos e que parte para todo tipo de loucura, até mesmo a de fazer algo completamente fora de seu alcance, e que pasmem é aceita, ou seja, nessa parte quase ao final, eu ri muito mesmo o longa sendo um drama, e com isso podemos dizer que o ator se deu por completo para a trama, e mesmo fazendo muitas coisas irreais, sua interpretação foi a melhor do longa. Beatriz Batarda entregou também uma Mãe desesperada para com seus empregos, sofrendo dores, febres e tudo mais que se sente após a estafa atacar, mas o surto era iminente também, e a atriz até fez boas cenas, mas apareceu pouco dentro do contexto da trama, o que acabou pesando para que suas atitudes não chamassem tanta atenção. Alice Albergaria Borges trabalhou sua Marta como uma adolescente mimada demais, que tem tudo e que quando lhe vão tirando algo acaba fazendo mais atrocidades do que chamando atenção, e sempre com uma cara apática mesmo nos momentos de descontração, a atriz foi a que mais falhou, principalmente por sempre estar em foco, ou seja, assumiu a culpa do desastre.
No conceito cênico, a trama teve um desenvolvimento estranho, pois mostrou o que acontece com quem não paga as contas, colocou locações simples gastas e bem montadas para exemplificar cada lugar, mas trabalhou de forma tão abstrata que não conseguiu soar convincente de um modo geral, e isso é uma pena, pois o longa tinha potencial. Destaque para a boa fotografia feita nas cenas no escuro, que deram um tom intimista para a produção, e que poderia ficar ainda melhor se mantivesse mais momentos nesse estilo.
Enfim, é um longa bem mediano que tinha uma proposta até que ousada e a diretora tinha potencial para atingir, mas optou por algo mais lento e novelesco demais, o que acabou resultando em algo abaixo do comum de vermos em longas do gênero. Portanto não recomendo o filme, mesmo com a proposta funcionando de modo bem abstrato. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com algumas estreias da semana, e no domingo volto para fechar o Circuito Indie, então abraços e até breve.