Sempre que falamos de longas que trabalham com a ideia de reencarnação ou somos surpreendidos ou acabamos dormindo com o que é mostrado, mas sempre vamos sair da sala refletindo no que nos foi mostrado, e aqui em "A Vida Após A Vida" a dúvida é exatamente se gostamos do que vimos, pois tudo é bem leve e ao incorporar uma fotografia quase morta o resultado do longa acaba bem morto também, de modo que cada ato vai fazendo você pensar no objetivo da trama e acabamos apenas sabendo que a missão da esposa é fazer com que o ex-marido se conecte com a família, e faça sua última vontade, mas falta aquele tom mais forte para pesar tudo e sairmos emocionados e não apenas confusos. Ou seja, não digo que o resultado final seja algo ruim, mas faltou um pouco mais para realmente ser um longa bonito pela essência e não apenas pela fotografia.
O longa nos mostra que poucos moradores ainda vivem na pequena província chinesa de Shanxi, muitos se mudaram ou morreram, muitas casas abandonadas desabaram e alguns fantasmas voltaram. O espírito de Xiuying vagou por mais de uma década e retornou à aldeia através do corpo do filho, Leilei. Ela quer mover a árvore que plantou no jardim da família do marido quando se casou. Através da visão do passado de Xiuying vemos o que restou no presente, as pessoas, a reencarnação.
Diria que embora tenha uma linha bem tênue de beleza na essência do roteiro e no desenvolvimento da trama, faltou experiência para o diretor e roteirista Zhang Hanyi em seu primeiro filme, pois ao tentar captar o espectro entre a vida e o esquecimento como dito no material do filme, ele fluiu demais com tudo e com personagens digamos vazios de expressões necessitou demais que o longa tivesse força na história, o que não aconteceu. Mas também não posso dizer que o longa não tocou no público, pois certamente a forma que tudo é passado, com um cenário praticamente morto, e abusando da mitologia da reencarnação ele fez com que todos pensássemos nas possibilidades e até refletíssemos sobre o que desejava passar, apenas faltando pequenos detalhes que certamente num próximo filme irá derrubar com um acerto em cheio.
Como disse no último parágrafo, faltou força nos personagens, e principalmente nas expressões dos atores, de modo que Zhang Li e Zhang Mingjun aparentaram ser daqueles que pegaram no meio do povoado e falaram vocês vão ficar ali e fazer assim e pronto, não tendo sequer técnicas expressivas nem dinâmicas convincentes para com seus personagens, sendo uma falha tão imensa que com outros atores mais fortes teríamos algo incrivelmente emocionante com toda certeza.
No conceito visual, posso dizer que achei o lugar fantástico aonde o longa foi filmado, e que a paisagem está perfeitamente conexa com a trama, desenvolvendo exatamente a sensação de que tudo está morto ali, com a fotografia usando e abusando de tons marrons e tendo leves contrastes para dar algum tipo de pitada, e talvez se ousassem mais nesse conceito iriam bem mais longe.
Enfim, é um filme artístico bem alternativo, que talvez uma ousadia mais impactante chamaria a responsabilidade para outros rumos e agradaria mais, mas está bem longe de ser uma tragédia, e mesmo com tudo bem morto na tela, o longa não cansa e passa a mensagem ao menos. Bem é isso pessoal, esse foi o primeiro dia do Circuito Indie Festival, e vou torcer pra melhorar nos demais, pois já tivemos anos bem melhores, fico por aqui hoje, mas volto com mais textos amanhã, então abraços e até breve.
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