Covil De Ladrões (Den Of Thieves)

4/07/2018 03:11:00 AM |

É engraçado como alguns filmes conseguem nos enganar facilmente, inserindo tantas informações, criando situações e tudo mais, que acabamos não vendo detalhes que estão bem debaixo dos nossos narizes, e com isso acabamos nos surpreendendo no final. Digo isso sem nenhum pesar sobre "Covil de Ladrões", pois aposto que algumas mexidas aqui, outras ali, se quiserem podem transformar o longa numa franquia extremamente lucrativa, ou ainda em algum tipo de série, pois o filme só tem um grandioso defeito: a duração desnecessária de 140 minutos, pois poderiam eliminar os momentos familiares facilmente que teríamos o mesmo longa interessante e adequado com 110 minutos e que agradaria todos os críticos que estão atirando defeitos para todos os lados. Ou seja, a trama até é exagerada, com tiroteios que nem em um filme de guerra ouvimos tão fortes, possui um ar de impacto dos policiais, um ar de soberba monstruoso dos ladrões, e tantas cenas desnecessárias com a família, que confesso que no meio do longa já estava falando: "que série enrolada que é essa!", mas ao final com a reviravolta mais completa e bem feita, acabei já torcendo para que o segundo filme não demore 14 anos como esse demorou para ser feito, pois vale a pena uma segunda chance melhor arrumada, assim como vale conferir esse tirando alguns leves momentos.

O longa nos mostra que em Los Angeles, capital dos roubos a banco, um banho de sangue coloca em interseção a vida de dois grupos: a radical unidade de elite do departamento de polícia local, liderada pelo desmedido Nick, e a equipe de assaltantes de banco mais arrojada em atividade. Enquanto os criminosos planejam um ataque ambicioso até então tido como impossível, os homens da lei apertam o cerco pelo elo mais fraco da gangue.

Em seu primeiro filme como diretor, Christian Gudegast usou todo o conhecimento que teve aprimorado nos diversos roteiros que escreveu para outros diretores, e até soube trabalhar bem ângulos e criar dinâmicas, mas aí entrou o maior defeito de roteiristas quando resolvem assumir a direção, o medo de cortar pedaços do filho (roteiro) e eliminar coisas desnecessárias da trama, pois é fácil demais olhar para o filme e notar a quantidade de cenas que dava para remover, por exemplo todas as apresentações com nomes e tudo mais, todo o envolvimento familiar de cada personagem da trama (que não é usado para nada nas demais cenas, somente de leve quando um morre e resolve falar do filho, mas é irrelevante), a alongada cena de duelo final, e por aí vai, ou seja, o longa nas mãos de um diretor mais experiente removeria facilmente uns 20 a 30 minutos no mínimo deixando o longa redondinho, mas isso ele vai aprender para o próximo, porém em momento algum podemos dizer que ele falhou em manter o público conectado à trama, pois mesmo sendo alongado não vemos pessoas passeando saindo da sala, não vemos as famosas olhadelas de horário no celular, e com isso o resultado de uma trama trabalhada é sentido, pois passa rápido o filme e mostra que o tino policial (ou melhor de briga de gangsteres) dele é bem apurado, e a forma criativa de roubo foi bem inteligente e desenvolvida.

Talvez outro ponto de atenção seja o excesso de atores envolvidos na trama, pois o grupo é bem vasto, e com muitos que necessitaram ser apresentados, mas que não fizeram grandes diferenças na trama, ou seja, um erro que poderia ser facilmente preenchido dando mais destaque apenas para os protagonistas mais conectados com o mote principal, mas nada que tenha atrapalhado por demais o filme. Claro que o grande nome é Gerard Butler que engordou para o papel, e ficou com um ar mais forte para ser um xerife barra pesada, de tal maneira que seu Nick é daqueles que vamos até torcer para conseguir pegar a quadrilha, mas também ficamos com tanta raiva de algumas atitudes que também torcemos para ele levar umas porradas no meio do caminho, ou seja, o ator que é canastrão por normal na maioria dos filmes, aqui fez o papel de maneira bem fácil. Pablo Schreiber é um ator de boas facetas expressivas, e sua história na trama até dá um ar bem convincente para o seu Merrimen, mas talvez algumas cenas mais de imposição agradariam na resolução final para seu personagem, e isso ele saberia fazer bem se quisesse. O'Shea Jackson Jr. entregou um Donnie interessante para a trama, que funciona bem como um dedo-duro dos dois lados, e o ator soube dosar as expressões para não ser didático demais e até funcionar de leve como um narrador nas cenas de apresentação, mas seu grande ato foi na invasão ao banco, que ali se mostrou um verdadeiro ninja. Dentre os demais, a maioria fez seu básico sem atrapalhar em nada, tendo um leve destaque aqui, outro ali, mas sem dúvida a diversão da noite foi a conversa do personagem de 50 Cent com o pretendente a namorar sua filha.

No conceito cênico temos de destacar com certeza toda a estrutura do banco central, que se não é daquela forma criaram um estilo de segurança muito bem feito para ser demonstrado, e claro a grande quantidade de armas de peso que arrumaram para o longa, de forma que acho que alguns filmes de guerra possuíram bem menos exemplares, e se formos colocar em consideração o nível de barulho dos tiros, com toda certeza muitos longas de guerra usaram bombinhas infantis perto do que vimos hoje, ou seja, um exagero que serviu apenas para mostrar força visual e nada mais, além disso tivemos boas cenas de perseguição de carro, aonde felizmente a equipe de fotografia não se perdeu em sombras, e que junto de bons tons em marrom nos uniformes para diferenciar mocinhos de bandidos, o resultado acabou bem bacana na tela.

Enfim, é um filme com defeitos técnicos, mas que funciona bem dentro da proposta e que volto a frisar, se arrumarem bem esses detalhes, uma continuação vem com grandes chances de criar uma franquia de grande porte, pois a ideia é excelente e certamente existem bancos monstruosos pelo mundo afora para explorarem. Recomendo que vejam o longa mais como uma diversão policial, mas que vá preparado para algo longo com alguns momentos completamente desnecessários. Fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais pessoal.

2 comentários:

Unknown disse...

A história é boa e bastante divertida. Realmente adoro o elenco, Gerard Butler é um ótimo ator, é muito talentoso, recém o vi em Tempestade: Planeta em fúria, é um gran filme, é um dos melhores filmes de ação do cinema 2018 além o suspense que tem é ótimo. Sinceramente os filmes de ação não são o meu gênero preferido, mas devo reconhecer que Tempestade superou minhas expectativas. Adorei está história, por que além das cenas cheias de efeitos especiais, realmente teve um roteiro decente, elemento que nem todos os filmes deste gênero tem.

Fernando Coelho disse...

Olá Antonia, falei do Tempestade em outro post (http://www.coelhonocinema.com.br/2017/10/tempestade-planeta-em-furia-em-imax-3d.html)... e não gostei tanto como você, mas é algo bem interessante com toda certeza e Butler sempre manda bem... abraços!!

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