Existe uma grande quantidade de filmes que vamos ao cinema já sabendo o que vamos ver, e o terror de possessão é um dos mais manjados do estilo, que praticamente sempre conta a mesma história, variando um detalhe ou outro, sempre é baseado em algum fato real, e principalmente todos os diretores montam seus filmes preparando para assustar o público, ou seja, vai acontecer daquela cena tradicional simples pegar você desprevenido e fazer pular. Feita a fórmula do bolo, é fácil que um filme com uma ideia simples de uma jornalista sem fé alguma por ter perdido a mãe vítima de câncer, ir investigar (ou melhor bisbilhotar, fuçar e tudo mais que a galerinha mais nova formada em Jornalismo gosta de fazer) um suposto exorcismo que falhou e acabou matando a vítima. E com essa ideia, o longa "Exorcismos e Demônios" lançado agora no Brasil com esse nome após muita propaganda em cima de "A Crucificação" (motivo fácil de saber a mudança de nome, afinal o longa foi lançado lá fora há muito tempo e provavelmente muitos que baixam filmes já até viram ele) é até bem feito, consegue ter cenas interessantes e agradar dentro do que foi proposto, mas está bem longe de ser uma obra-prima do gênero e também tem leves momentos falhos, o que não atrapalha também, ou seja, quem for sabendo o que vai ver até deve curtir um pouco, mas certamente poderiam ter causado muito mais com diversos momentos, e principalmente toda a cena final deveria estar beirando a metade para que o longa chamasse mais atenção.
A sinopse mostra que quando um padre é sentenciado à prisão após a morte de uma freira em que praticou um exorcismo, uma jornalista investigativa se esforça para desvendar se ele de fato assassinou uma pessoa mentalmente doente ou se apenas perdeu uma batalha contra uma presença demoníaca.
Não posso afirmar que o longa é perfeito, mas em momento algum também posso apontar como defeituoso o roteiro nem a direção da trama, pois fizeram o básico do estilo, claro que Xavier Gens que já é experiente no gênero poderia ter minimizado alguns erros, e falhas óbvias, como por exemplo o garoto que é surdo/mudo, mas que a todo momento que gritam com ele, ouve e atende com perfeição, ou até reduzir o uso de sustos na trama, mas para isso precisaria entrar em uma história mais criativa e com mais nuances, o que não é o caso aqui, então se voltar na essência de que ele entregou algo básico, e que o público que procura filmes desse estilo gosta de todos os clichês que acabam aparecendo, o resultado acaba sendo até coeso dentro da trama, e com isso, a maior reclamação acaba sendo do público que gosta de suspenses tensos e que acaba indo conferir esse estilo e não vê nada do que gosta. Ou seja, o diretor não quis causar com a protagonista, não quis fazer um longa apavorante, não quis que seu filme fosse algo completamente diferenciado dos demais, e assim sendo a trama acaba sendo bem feita, apenas diria que o final aonde tudo acontece, poderia ser mais para a metade, e aí sim ter algo a mais para o fim, que o longa seria incrível.
Dentro da atuação, podemos falar que Sophie Cookson demonstrou a garra que toda jovem jornalista tem de ir a fundo apurar todos os fatos e ser realmente enxerida para que sua matéria seja completa, de tal maneira que sua Nicole acabou ficando bem interessante, mas também cheia de trejeitos, ou seja, ela conseguiu chamar para si a responsabilidade da trama, porém poderia ter ousado muito mais, ou seja, foi jovial e autentica, mas falhou quando pecou por excessos, e isso a trama até poderia ser menos impactante para sua desenvoltura, o que não é errado, mas falha um pouco. Corneliu Ulici daqui a pouco já pode dizer que só faz filmes de terror por ter algum tipo de pacto que vão acreditar, mas aqui seu Padre Anton foi galanteador demais e por bem pouco não mudou o estilo do filme, mas isso proveio do roteiro e não de seus trejeitos, pois ao menos foi bem coerente na cena que precisou exorcizar o demônio. Dentre os demais, a maioria funciona quase como um depoimento para a matéria da jovem, mas se temos de dar destaques positivos tem de ser para a freira morta, Ada Lupu com bons momentos nos flashbacks para mostrar sua possessão, Brittany Ashworth como a freira Vaduva bem assustada com as cenas da melhor amiga, e claro o jovem Florian Voicu com trejeitos bem assombrados para um cigano mudo, ou seja, um elenco bem eclético, mas que fez o que pode dentro da trama.
No conceito cênico as filmagens no interior da Romênia foi de um acerto bem interessante, pois o país é cheio de lendas e cidadelas, então bastou arrumar um hotel quase sem iluminação, igrejas caindo aos pedaços, plantações e casas estranhas, e claro elementos clássicos de exorcismos e do jornalismo de estrada, que o filme ficou completo, sem precisar florear muito, e até mesmo a festa temática inserida foi meio que desnecessária, embora tenha criado um tom bem interessante no momento em que foi usada, mas o contexto de bichos asquerosos saindo dos corpos, e todo o tom que a fotografia acabou imprimindo junto da equipe de arte acabou agradando bastante, e felizmente não apelaram tanto para cenas bem escuras, pois como já disse outras vezes, gostamos de ser surpreendidos vendo tudo na telona.
Enfim, é um filme bem feito dentro do que foi proposto, estando bem longe de se tornar um clássico do terror, ou ser lembrado mais para frente, mas também não atrapalha em nada e vai agradar quem for pronto para ver um filme cheio de clichês clássicos do gênero, com uma temática bem simples e resultados também bem simples, ou seja, o básico do básico. Recomendo ele assim dessa forma e nada mais, pois quem for esperando qualquer mínimo detalhe a mais sairá da sala apenas com reclamações. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas ainda falta conferir mais uma estreia da semana, então abraços e até breve.
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