Confesso que já me empolguei muito com diversos longas da Aardman, pois sempre trabalham tão bem no formato stop-motion com suas massinhas sempre esculpidas de maneira graciosa e que nos entregavam textos bem inteligentes com uma proposta bonita e interessante de acompanhar tanto sendo adulto quanto criança, porém nos últimos anos eles vem entrando numa vibe tão morna, entregando toda a história já no trailer, e colocando personagens sem o carisma costumeiro de antigamente que acredito que ou eles voltam para ser algo alternativo e retomar as boas bases, ou logo mais acabarão sendo engolidos por filmes que serão facilmente esquecidos. Infelizmente "O Homem Das Cavernas" teria tudo para ser vendido no Brasil como um dos filmes mais empolgantes do momento, pois envolve um artista de grande carisma dublando o protagonista, junta futebol e animação, ou seja, tudo o que a maioria gosta de ver, mas com sotaques estranhos e piadas jogadas, o longa acaba soando falso demais e não atinge nenhum elo em momento algum, ficando apenas como um jogo, do qual já vamos sabendo o resultado final e que falha por não empolgar ninguém, de modo que uma sala quase lotada de pais e crianças ficaram passeando para dentro e para fora quase que o longa inteiro, ou seja, não amarrou. E sendo assim, não vou dizer que é um filme ruim, pois até consegue divertir, mas passou bem longe de ser algo memorável.
A sinopse nos mostra que no tempo em que dinossauros e mamutes ainda corriam livremente pela Terra, Doug, um corajoso homem das cavernas, une sua tribo contra um inimigo poderoso da Idade do Bronze, que os expulsa do perfeito Vale em que vivem. Buscando vencê-lo para recuperar o lar, ele propõe uma ousada batalha entre quatro linhas: um inédito jogo de futebol!
Sabemos o quão difícil é trabalhar com stop-motion, pois para cada mínima cena são necessárias horas e mais horas de preparação, uma tonelada de fotogramas, ficar trocando olhos e movimentos mínimos de cada personagem, e tudo mais que possa dar característica para o filme, porém se faltar uma história bem condizente e que pegue o público nada mais é que uma brincadeira de massinhas feita apenas para divertir em alguns minutos, e falo isso com o maior pesar possível, pois sempre saí muito emocionado com as produções da Aardman e principalmente com o que o diretor e roteirista Nick Park sempre procurou criar, de tal maneira que "A Fuga das Galinhas" ainda é considerado um clássico de nível altíssimo, e a superação que tiveram com "Wallace e Grommit" após todos os personagens pegarem fogo no meio das filmagens ainda é um marco que certamente não superaram completamente, ou seja, poderiam aqui repetir qualquer dose de carisma com o protagonista Doug, mas a história acabou sendo rápida e conclusiva demais, de modo que parece que cortaram tantas cenas para ficar um longa mais infantil que o filme não atinge ninguém, ou seja, é fácil notar o corte final dos produtores, que retiraram conceitos mais duros da trama, e situações de vértice mais dramático para que o longa ficasse divertidinho, e com isso a duração também foi rápida demais, sem muitos floreios, e que acabou falhando por todos os lados.
Quanto dos personagens, diria que foram bem moldados, mas que poderiam ter ousado mais em detalhes, pois é bacana de ver as texturas de cabelos e roupas em diversos momentos, mas confesso que a imagem do trailer está até mais detalhada que o resultado final nas telonas, e isso é ruim, pois mostra que o longa acabou passando por tratamentos estéticos demais para não dar estranheza para o público, o que é uma característica bem marcante sempre presente nos longas da produtora. O carisma de Doug é bem feitinho, e aqui dublado por Marco Luque quase não notamos sua voz nem trejeitos, o que é bem legal, e mostra o potencial do artista, mas ele também poderia ter tido um pouco mais de liberdade, pois com certeza o rapaz seria mais dinâmico e cheio de ginga que sabemos que ele sabe fazer, e não apenas alguém mais robotizado. O vilão Nooth é meio jogado também e embora até tenha uma proposta de enriquecimento em cima da população, faz trejeitos forçados, assim como a maioria da Era do Bronze que chegam a irritar na dublagem (não sei como está o original, mas espero que não tenha ficado parecendo um misto de portunhol arrastado!).
Enfim, com um visual bonito, e um colorido razoável, a trama tem uma pegada bem feita que agrada de certa forma, mostrando o futebol bem jogado no melhor estilo do filme "Um Time Show de Bola", mas que poderia ter um acerto melhor que agradaria bem mais. Recomendo ele como uma diversão rápida para as crianças não tão novinhas, mas que certamente vão cansar pela falta de elementos mais cativantes na trama, e que também irá cansar os pais, ou seja, um filme bem mediano que poderia ser incrível caso desejassem. Bem é isso pessoal, encerro essa semana cinematográfica que foi bem corrida, mas volto na próxima sexta com algumas estreias (ou no singular, afinal aparentemente só deve vir um filme para o interior!!), então abraços e até logo mais.
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