sexta-feira, 6 de abril de 2018

Um Lugar Silencioso (A Quiet Place)

Olha, fazia tempo que um terror bem feitinho, de baixo orçamento e com situações de tensão reais não era feito (ok, "Corra" teve seu estilo, mas foi mais para algo psicológico), e aqui em "Um Lugar Silencioso", temos a tensão feita pelo risco de vida em um futuro aonde monstrengos com super audição captam o menor barulho possível, e aí já era. Ou seja, temos quase um filme mudo, pois todos falam através da linguagem dos sinais na maior parte do tempo (felizmente legendaram para quem não entende!), e em alguns momentos temos algumas conversas completamente bem colocadas. Claro que temos alguns detalhes iminentes que o diretor apela para mostrar exatamente o que quer que vejamos, e alguns vão reclamar desse excesso, porém tudo acontece tão bem feito que acabamos relevando isso e entrando na vibe correta da trama, e ao final quando já sabemos como podemos se salvar (mesmo achando que ninguém vai sobreviver, afinal como esconder o barulho de um parto!!!) já ficamos na expectativa de que com certeza irão deixar para um segundo filme, e bingo, vamos aguardar pois vai valer a pena! Mas não fique triste com esse detalhe, pois o longa está bem moldado, e não vai ficar jogado o fechamento, podendo caso a produtora não decida fazer um segundo longa acabar ali que já está valendo o resultado final.

Um casal tem dois filhos e eles vivem numa casa isolada. A família precisa se manter em silêncio total e se comunica por meio da linguagem de sinais. Ao menor sinal de barulho, uma ameaça que ronda a casa pode atacar.

Só conhecia o John Krasinski como ator mesmo, pois seus dois longas anteriores como diretor não passaram por aqui, mas pelo que vi que fez aqui hoje, posso dizer algo que raramente falo, ele conseguiu fazer bem tanto a direção quanto ser o protagonista da trama, que é algo que reclamo demais, por achar que sempre vão falhar em uma das duas pontas, e ele dominou a cena, e criou toda a perspectiva necessária para que ficássemos em silêncio junto com os protagonistas, quase sem respirar também para que os monstrengos não nos ouvissem (afinal vai que tinha um na sala de cinema também né!). E a grande sacada do roteiro é ir entregando pouca coisa sobre os bichos, irmos vendo coisas nas manchetes de jornais, e mesmo não sendo explicado sua origem (será que imaginaram de fazer algum prequel ao invés de continuação?) acabamos ficando com temor do que pode acontecer aos personagens, e felizmente o diretor não deixou a desejar nenhuma cena que imaginávamos muito sangue, fazendo um terror mesmo! O único aquém que poderiam ter economizado, é que muitos acontecimentos são premeditados (por exemplo, mostra um prego afiadíssimo fora da madeira na escada em detalhe de câmera close, e claro na sequência já sabemos o que vai ocorrer, ficando apenas aguardando), mas isso só incomoda um pouco, e nem chega a atrapalhar o resultado final da tensão completa. Ou seja, podemos dizer que novamente em Abril, surge um terror com cheiro de premiações, e com certeza vamos torcer para haver continuações, pois foi muito bem feito.

Sobre as atuações, podemos novamente falar que John Krasinski foi completamente coeso com seu personagem, sendo duro nos momentos que precisou e fazendo caras e gestuais perfeitos (em relação à atuação, pois não sei se as linguagens de sinais estão corretas com o que legendaram!), de modo que acabamos nos afeiçoando à tudo o que faz em cena. Mas sem dúvida alguma o filme é de sua esposa (no filme e na vida real!) Emily Blunt, por duas cenas incríveis que ela se deu de alma para o longa, de forma que conseguimos entrar nos seus pensamentos e sentir exatamente o que estava pensando (ou melhor, com vontade de gritar bem alto!), e com trejeitos tão impactantes acabamos torcendo para ela e vibrando com o que faz. A garota Millicent Simmonds chega a irritar em muitos momentos pelas atitudes de sua personagem, mas isso é o que é bom, pois mostra que a atriz conseguiu entregar o que o papel pedia: uma adolescente que se culpa inteiramente pelo passado e que briga com tudo e todos, mesmo sem dizer uma única palavra, e assim sendo, podemos dizer que fez muito bem suas cenas. O jovenzinho já tinha dado um show tanto em "Suburbicon" quanto em "Extraordinário", e ficamos até esperando um pouco mais de personalidade dele no papel, mas teve poucas chances de se mostrar realmente e apenas fez um bom papel sem muito destaque, o que é uma pena.

Muitos vão fazer cara feia, mas logo que sobem os créditos vemos um pequenino nome na produção, ou seja, sabemos que ali é que a coisa acontece, ou melhor com a assinatura da produção feita por Michael Bay, até poderíamos esperar grandes explosões, cenários mirabolantes e tudo mais com os monstrengos, mas por mais incrível que possa ter acontecido, ele entregou um longa de baixo orçamento (17 milhões apenas!) com uma cenografia bem colocada sem exageros, pois até poderia fazer uma cidade monstruosa devastada pelos bichos como mostra em alguns jornais, e que por ser algo rural acabou criando ainda mais tensão, ou seja, com detalhes simples e bem feitos a equipe de arte ajudou a criar o ambiente e ajudar na criação funcional de cada ato, ou seja, perfeição cênica. Outra grande felicidade ficou por conta da equipe de fotografia que não quis esconder nada do público, pois na maioria dos longas de terror, temos muita escuridão aonde não vemos nada e apenas levamos o susto quando o bicho aparece do nada, e aqui tudo está 100% claro na nossa frente, podendo o bicho aparecer de qualquer lugar com qualquer barulho, o que nos faz ficar esperando, e junte a isso bons tons para explicar cada momento, que qualquer leigo sabe que na hora que as luzes ficam vermelhas, o pau vai comer!

Enfim, estava com muito medo das ótimas críticas que estava ouvindo sobre o longa, mas confesso que aqui vocês leram mais uma crítica completamente favorável ao longa, e que com toda certeza recomendo para os amantes de um bom terror, pois vai valer os 90 minutos na sala de cinema, e peço que deem preferência por ver esse no cinema, pois em casa é capaz que a tensão não fique completa, já que a densidade dramática acaba ficando pelo desconhecido, e em nossa casa sabemos tudo ao redor. Bem é isso, fico por aqui agora, mas já vou conferir um outro longa daqui a pouco, então abraços e até breve.

PS: Estou tirando um coelho da nota apenas pelo excesso de cenas premeditadas, mas é algo que daria até para relevar, então vai um 9 com gostinho de 10.

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