Como transformar uma noitada de jogos em algo bem mais interessante? Pergunte para a galera do filme "A Noite Do Jogo" que certamente vão lhe entregar algo bem perigoso, e o melhor: um filme divertido demais para quem gosta de jogos de pistas, tramas policiais e claro conflitos absurdos que nem em sonho se imaginaria. Com uma premissa bem simples, a trama foi crescendo e ficando bem interessante dentro da proposta, criando situações até de certa forma confusas que são resolvidas até de maneiras elaboradas, mas o grande feito do longa é a bagunça não ser tão imprudente, pois o longa tinha tudo para cair num besteirol de nível tão alto que brigaria pau a pau com os longas de Seth Rogen, mas acabaram fazendo algo que realmente faz rir muito (o miolo é de tirar o chapéu nas cenas que acontecem após o tiro mostrado no trailer!). Claro que temos alguns absurdos fortes e alguns momentos em que o longa dá uma esfriada, mas o resultado é algo que vale muito a conferida, principalmente para quem gosta desse estilo.
O longa nos mostra que Max e Annie participam de um grupo de casais que organizam noites de jogos. O irmão de Max, Brooks, chega decidido a organizar uma festa de assassinato e mistério e acaba sequestrado, levando todos a acreditarem que o sumiço faz parte da misteriosa brincadeira. Os seis amigos competitivos precisam então resolver o caso para vencer o jogo, cujo rumo vai se tornando cada vez mais inesperado.
Em seu segundo longa, a dupla de diretores John Francis Daley e Jonathan Goldstein conseguiram um feito raro, trabalhar uma comédia com pitada policial em algo icônico misturando diversas facetas do gênero da comédia, pois encontramos vértices do pastelão, temos pontos de disputa de jogos, temos o tradicional pesado com escatologias, tendo até pontadas romantizadas, mas tudo de uma forma bem colocada para que não ficasse nem jogado na tela, nem forçado demais, fluindo no ritmo certo que um jogo deve ter, tendo personagens de todos os estilos, brincando com a nerdisse do público que gosta de jogos, e principalmente não apelando para o tradicional, pois o filme certamente poderia cansar, e os diretores mesmo nos momentos mais calmos do longa ainda conseguiram tirar risos do público e deixar que a trama interagisse no contexto completo, brincando até o final com o lance do jogo, e ainda quando achamos que nada poderia nos surpreender e já iriam fechar o longa, tudo volta a jogo numa nova sequência de loucuras, ou seja, uma direção que poucas vezes vimos numa comédia.
Sobre as atuações, temos de todos os tipos e estilos para que o traço cômico funcione bem na proposta do longa, a começar por Jason Bateman, que também assina a produção do filme, e aqui fez o que sabe fazer bem humor com gritos e caras estranhas, de tal maneira que se fosse qualquer outro longa seu Max seria aquele irritante ser que está tentando aparecer de qualquer forma, mas aqui junto com suas cenas sempre acaba vindo algo a mais, que diverte, de tal maneira que a cena da "cirurgia" após o tiro com ele e sua parceira Annie é de rir tanto até chorar, ou seja, tudo o que acabou fazendo deu resultado e agrada bastante. E como falei de Annie, é fato que Rachel McAdams é daquelas que procura encaixar inteligência nos trejeitos para que ela se divirta com a cena, e com isso passe a diversão para o público, o que acaba fazendo seu protagonismo no longa ir acima de tudo e todos, sem abusar e ainda encaixar ótimos momentos em cada piada, ou seja, perfeita. Kyle Chandler entregou um Brooks com trejeitos fortes e sacadas mais duras para seus momentos, do tipo de irmão que apela para atrapalhar o outro, e com isso acabou tendo bons e maus momentos no longa. Já vi pessoas estranhas caírem de paraquedas em comédias, mas Jesse Plemons chega a assustar com seu ar deprimente de alguém que acabou de separar da amada, mas que ainda mantém a pose de policial rigoroso com seu Gary, de tal maneira que suas cenas acabam soando engraçadas, e o ator certamente teve de segurar muito para não rir do que faz em cena, ou seja, algo bizarramente divertido. A dupla Billy Magnussen e Sharon Horgan encaixou a velha história do garanhão burro de escritório que sai com todas e a inteligente que sai por pena, mas que dá liga para as piadas desse estilo no longa com seus Ryan e Sarah, ou seja, até tem bons momentos, mas por bem pouco não acabam apagados. A sacada do outro casal formado por Lamorne Morris e Kylie Bunbury tinha tudo para ter muitos ganchos, afinal se conhecem desde a infância e tiveram uma rápida briga numa determinada época, e esse gancho deu tom para muitas cenas e até poderiam ter brincado mais com isso, mas sairia demais da proposta do filme, e com isso foram bem nos momentos a parte com seus Kevin e Michelle.
A proposta cênica foi bem ousada, pois escolheram uma casa num bairro bem modelado no estilo quase de um jogo realmente, fizeram uma abertura bem original usando elementos de diversos jogos conhecidos, botou a introdução para conhecermos como formou o casal usando muitos bons jogos de casais, e aí você pensa que quando saíssem da temática jogos e fossem para o lado policial investigativo iriam decair, e não, a equipe cênica arrasa nas perseguições, no bar underground, nas mansões, nos diversos elementos cênicos de tal maneira que mostra que a produção pequena acabou tendo um rumo pra lá de inusitado, e o melhor, sempre procurando divertir com tudo, ou seja, um trabalho primoroso. A fotografia ousou em trabalhar cores escuras e elementos fortes para criar sombras até sujas demais para uma comédia, de tal maneira que o tom chega a puxar para um drama em determinados momentos, mas como a ação é frenética o resultado acaba brincando bem com o público e funcionando bastante.
Enfim, é um longa bem bacana que vai agradar bastante quem gosta do estilo, já deixo aqui o aviso que possui uma cena durante os créditos que mostra como o grande plano foi trabalhado, e uma cena no fim dos créditos que mostra uma explicação bem bacana para um outro relacionamento, ou seja, algo subliminar que alguns nem vão entender, ou seja, o longa ainda conseguiu brincar até o final com o público. Além desse detalhe, na cena anterior aos créditos vemos algo que pode ser um gancho para uma continuação, e se souberem arquitetar bem certamente ainda dá para criar muita história com boas piadas, pois recomendo demais o filme, por esperava que fosse bom, mas não esperava rir tanto em determinadas cenas, principalmente vindo de um estilo mais apelativo de humor, ou seja, agrada muito. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais um texto, então abraços e até logo mais.
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