Certamente alguma vez você já ouviu que vemos um filme da nossa vida quando morremos/estamos morrendo, com as passagens/memórias mais importantes e que devíamos lembrar mais delas, então o que passou na mente de Ayrton Senna durante as 5 voltas que precederam a fatídica batida em 01/05/1994? Com essa ideologia ficcional "Ayrton Senna, o Musical" brinca com passagens do grande piloto em sua perfeição e também com a época que trabalhou como gerente na loja de material de construção do pai, mostrando boas canções e também muitas acrobacias, mas o principal é a essência da trama que ficou bem abstrata, mas que quem estiver disposto para ver as situações acabará gostando mesmo que seja algo completamente diferente do usual que estamos acostumados a ver. Ou seja, não é uma peça comum que vemos dentro de um contexto musical e saímos da sala cantarolando o que vimos, ou apaixonados por tudo, mas o resultado geral comove e faz pensar em tudo o que pode acontecer na mente quando vamos morrer.
Com boas coreografias ousadas e muitos personagens voando pelo palco, o diretor Renato Rocha trabalhou uma composição mais minimalista aonde os personagens pudessem trabalhar mais as boas canções e o texto de Claudio Lins e Cristiano Gualda, de modo que vemos algo até estranho num primeiro momento, mas que depois que vamos analisando a ideologia completa, o resultado acaba agradando bem mais. Talvez uma pegada menos inusitada chamasse mais a atenção de um público maior, pois muitos pensavam que veriam a história do ídolo, e não uma viagem da cabeça, e isso acabou até assustando alguns espectadores que saíram no meio da sessão, mas quem ficar até o final acabará se comovendo bem na junção das duas histórias e o resultado acabará sendo satisfatório para conseguirmos conectar completamente a ideia toda.
Quanto das interpretações, Hugo Bonemer é daqueles atores cantores que sempre mandam muito bem, e ele deu um tom tão simpático para seu Ayrton que com uma doçura na forma de dizer até os momentos de maior briga acabaram bonitos de ver, e sendo assim o resultado dele só não foi mais perfeito pelos excessivos movimentos estranhos que não aparentavam nem estar pilotando, nem dançando, nem nada, ou seja, apenas ficou estranho. João Vitor Silva fez bem Beco, a versão de Ayrton que pouquíssimos conheceu como gerente de uma loja de materiais de construção da família, mas que botou bem o lado humano e educador que o piloto tinha e que é usado até hoje nos grandes projetos de ensino do instituto, mas o jovem aparentemente parecia meio afobado na maioria das cenas, e poderia ser mais comovente em alguns momentos. Victor Maia caiu muito bem na personalidade do "engenheiro" numa brincadeira meio mística/religiosa, meio de chefe de equipe, meio que de incentivador de riscos que acabou chamando demais a responsabilidade na maioria das cenas e por incrível que pareça roubou até mais a atenção do que os protagonistas, e embora isso possa parecer errado, foi de um acerto incrível. Outro grande acerto ficou por conta do garoto ex-The Voice Kids Lucas Vasconcelos que deu um show como Wandson tanto nas expressões, quanto quando precisou cantar, que aí sim mostrou a que foi contratado dando acerto em cima de acerto.
No conceito visual embora cheia de efeitos luminosos, figurinos com efeitos coloridos e tecnológicos e tudo mais, além de muitos personagens pendurados, o resultado geral acaba sendo simples demais, nem parecendo uma produção musical de grande porte, o que acaba sendo uma pena, pois merecia muito mais, mas ainda assim está longe de ser algo ruim de ver, afinal uma homenagem para o ídolo poderia ser entregue em um espetáculo muito mais grandioso. Por trabalhar muita iluminação cênica e teatral, a fotografia da trama acabou coerente com muitos detalhes, e pontos que poderiam pegar melhor o público, porém o resultado acaba agradando.
Enfim, foi uma peça bem feita e bem interessante, com boas canções, que não chegam a impressionar, mas que funcionaram dentro do conceito musical teatral, tanto que nem vou entrar em detalhes disso, mas que poderiam ter pegado mais na emoção o público, tanto que a abertura com as crianças do projeto social cantando a música tema do Ayrton antes de começar o filme já me emocionou e arrepiou bem mais que a peça inteira, e esperava sentir mais isso durante os 140 minutos de projeção, mas que vai agradar quem for disposto a conferir o projeto. E falando mais dele, o projeto Cine Experience veio para trazer mais peças culturais para um público maior que não tenha a possibilidade de ir aos teatros das capitais, e aqui foi bem colocado para estrear numa data simbólica que foi a morte de Ayrton e o resultado foi até que bem interessante de quantidade de público, embora tenha brigado com uma das grandes estreias do ano, mas que se vierem em outras datas, com peças mais impactantes certamente vai lotar salas. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, quem quiser conferir o musical, ele está em cartaz em São Paulo no teatro Sérgio Cardoso até Junho, e hoje ainda passará no Cinépolis Iguatemi em Ribeirão Preto e em outras cidades também terão outras exibições. Então abraços e até quinta com mais estreias.
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