Acho que já posso considerar 2018 como o ano que mais apareceu documentários nos cinemas do interior, e isso é bom, pois conseguimos ver um estilo de produção que tem melhorado e consegue cada vez mais abranger diferentes tópicos, e o melhor, a maioria saindo do estilo jornalístico. Com o longa "Em Um Mundo Interior", temos uma delicada e bem feita pesquisa para tentar explicar para leigos como são crianças, adolescentes e até adultos com autismo, como se desenvolvem, mostrar suas formas de estudo e convivência com outras crianças, mas principalmente tentar desmitificar que seja uma doença, pois muitos acabam condenando dessa forma. Diria que é algo que vale muito a pena para todos, foi feito de maneira tocante, mas que poderia ter abrangido uma gama de classes sociais maiores, pois aqui focaram praticamente o longa inteiro em famílias abastadas que podem ter cuidadores, babás, e tudo mais para que a criança se desenvolva melhor, mas é apenas um detalhe, pois de resto o longa é bem dinâmico e agrada bastante.
O longa nos conta que no mundo, 70 milhões de pessoas são autistas. No Brasil, são 2 milhões. Neste cenário, o documentário acompanha a rotina de um grupo de crianças de diferentes regiões e classes sociais. Os pais falam de seus medos, das limitações que seus filhos têm e o que o futuro pode reservar para eles.
Costumo dizer que o trabalho de direção de documentário é quase uma reflexão dentro da pesquisa que conseguem fazer, e que acabam entregando para o público sua opinião sobre o assunto, pois diferente de uma ficção que ele acaba dependendo dos atores e das tramas do roteiro, aqui eles precisam sentir para entregar algo que convença e/ou emocione o espectador. E aqui Flávio Frederico e Mariana Pamplona foram a fundo para criar algo que envolvesse toda a temática, conseguisse romancear dentro de uma boa perspectiva, e claro funcionasse também como um aprendizado, e foram bem felizes com o resultado final, pois mesmo com o defeito que citei no começo de pegarem uma gama de autistas que possuem um certo zelo social, com babás, cuidadores e tudo mais, eles acabaram entregando um filme dinâmico que consegue passar sua mensagem, não cansando em momento algum, e principalmente, não virando algo jornalístico que certamente poderia virar, ou seja, um bom acerto que vale a pena a conferida pela sensibilidade das imagens.
Um ponto bacana das entrevistas foi que os pais não fizeram seus filhos de coitadinhos, e ainda foram bem condizentes em todas as cenas, mostrando claro poucos momentos de crise, os jovens tentando se conectar com o mundo e com os câmeras (é notável o incômodo que muitos sentiram), e até foi bacana a tentativa de deixar que os pequenos gravassem cenas para o documentário (o que pelo pouco usado não deu muito certo!), mas certamente poderiam ter trabalhado um pouco mais para que o documentário ficasse completo, e mostrasse também um pouco mais de problemas sociais com os jovens, as crises mais fortes, um pouco mais de explicações médicas, e aí sim teríamos um longa 100% imparcial e que mais do que emocionar, seria de uma valia maior ainda, porém em momento algum digo que o longa foi ruim, muito pelo contrário, me comoveu e fez com que o resultado completo fosse agradável de ver.
Enfim, deixo a dica para que muitos confiram o longa, principalmente pais, pois com certeza em algum momento seu filho pode ter um amiguinho autista na escola, e sempre é bom saber um pouco mais para não dar vexame, e muito menos ensinar errado para os pequenos, e o longa trabalha tudo com uma forma bem serena e gostosa de ver, então fica a dica. Bem é isso fico por aqui hoje, mas ainda faltam algumas estreias para conferir, então abraços e até breve.
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