Alguns filmes de comédia costumam não funcionar para todos, e um que geralmente acaba tendo muita controvérsia é o tal de humor negro, aonde as piadas podem funcionar para alguns e para outros o longa pode soar ofensivo, de modo a fazer com que alguns acabem até fugindo das salas dos cinemas. Com "Gringo - Vivo ou Morto" temos uma mistura bem interessante de longas de máfia (aqui no caso a mexicana e seus cartéis de drogas) com algo do estilo "Se Beber Não Case", mas claro que mais pelas altas confusões que o protagonista vai se metendo e as diversas conexões que vão tendo os demais personagens, já digo isso de cara antes que vão conferir e não enxerguem nada disso, ou seja, uma trama cheia de reviravoltas aonde se consegue divertir até que bastante com toda a confusão, mas que o excesso de personagens interligando com o protagonista acaba até confundindo e cansando um pouco, mas quem sobreviver a tudo certamente vai sair da sessão feliz com o resultado final desse bom longa.
O longa nos mostra que como funcionário dedicado e marido exemplar, Harold Soyinka leva uma vida pacata em Chicago. Enfrentando problemas financeiros, ele descobre que a empresa em que trabalha está negociando uma fusão que pode resultar em sua demissão. Aos poucos David passa a acreditar nesta possibilidade, devido a atos suspeitos de seu chefe e "melhor amigo" Richard Rusk. Quando Richard e sua sócia Elaine Markinson resolvem acompanhá-lo em uma viagem de trabalho corriqueira ao México, David vê a situação como a oportunidade ideal para fingir ter sido sequestrado e, desta forma, pedir um polpudo sequestro.
Em seu segundo longa Nash Edgerton mostra uma personalidade única como diretor, após muitos filmes como ator, e conseguiu criar uma comédia muito bem encaixada, cheia de boas reviravoltas e com uma dinâmica bem carismática por parte dos atores, de modo que a cada nova sena o longa conseguia ir nos prendendo, fazendo rir e esperando somente o pior para o protagonista, que mesmo que torcêssemos para que ele conseguisse ganhar algo em cima dos acusados não víamos muitas soluções para que sobrevivesse à todas investidas do cartel. Ou seja, embora possa parecer uma novela imensa com muitos personagens, o diretor conseguiu que cada um fizesse sua parte e não atrapalhasse a do outro, o que acabou conectando todos de maneira coerente e bem concisa, ou seja, um filme que não chegou nem a passar trailer nos cinemas, mas que acabou saindo mais divertido do que o esperado, ao menos para quem gosta de uma comédia mais forte.
Quanto das atuações, boa parte do crédito do filme se deu ao bom carisma de David Oyelowo que encaixou um Harold perfeito para cada momento, cheio de trejeitos desesperados e desde a sua cara de pena por tudo o que sofreu, até seu momento de grandiosidade de um plano para receber um seguro, foi tudo bem encaixado e feito com muito simbolismo, sem recair ao piegas e nem forçar para ser engraçado, deixando que as piadas fluíssem sozinhas. O irmão do diretor, Joel Edgerton também caiu bem na produção como o empresário Richard, e conseguiu demonstrar através de trejeitos tanto os macetes de empresários que não ligam para ninguém, estando se lixando para os funcionários, como também demonstrou pânico nas expressões para quando fica sabendo do problema, ou seja, fez bem seus atos. Charlize Theron como sempre é incrível, e aqui colocou a sensualidade para jogo e trejeitos fortes para mostrar que sua Elaine é quem domina a situação e faz o que quer da sua vida, sendo completamente bem coesa em todos os momentos. O longa ainda contou com outros bons atores para conduzir cada momento, passando por Amanda Seyfried como uma jovem garota que acompanha o namorado numa viagem para o México e acaba cruzando e ajudando o protagonista, tivemos a filha de Michael, Paris Jackson, estreando em uma cena bem rápida numa loja de instrumentos musicais, tivemos Carlos Corona como o chefe do tráfico Pantera Negra em cenas ótimas falando de suas preferências pelos álbuns dos Beatles, e para finalizar tivemos Sharlto Cooper como o maluco irmão de Richard, que fez cenas engraçadíssimas junto do protagonista, ou seja, um elenco coeso e que combinou bons elementos para cada ato deslanchar.
No conceito visual tivemos boas cenas no México mostrando cidades com movimentos dominados pelos cartéis, hotéis fuleiros, mansões cheias de elementos cênicos para mostrar o poder dos traficantes, uma empresa farmacêutica bem montada tanto no nível de escritório quanto na produção mesmo do medicamento "100% legal", além claro das diversas cenas de ação dos sequestros, que mostrou um trabalho bem montado da equipe de arte. A fotografia soube dosar os bons momentos de ação para que o longa tivesse uma vitalidade, com tons sérios e enquadramentos bem usados, mas nada que impressione muito, apenas dando o resultado correto, embora pudessem ter abusado mais das sombras, além de que o começo ficou um pouco forte demais, espantando alguns espectadores.
Enfim, foi um filme muito melhor do que esperava, e que apesar de ser uma bagunça imensa vai conseguir divertir bastante quem for conferir ele por inteiro, pois confesso que o começo e alguns momentos do miolo vão desanimar demais muita gente, mas o resultado completo vale a pena a conferida, mas ao final já estava a sala inteira rindo bastante de tudo. Sendo assim, acabo recomendando ele mais para quem gosta de longas de comédia diferenciados, sem muita apelação, aonde as piadas mais inteligentes acabam funcionando, ou seja, um filme quase artístico. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com a última estreia dessa semana, então abraços e até breve.
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