Os produtores certamente perguntaram como fazer uma franquia render mais do que poderia, e a resposta de algum estagiário maluco certamente foi fazer spin off do spin off do spin off, contando origens e colocando mais e mais coisas para interligar os filmes originais que possuem aberturas explicativas confusas, ou seja, resolvendo problemas que não foram explicados naquele momento por não precisar de explicação. Mas aí resolvem fazer, e o resultado até que sai razoável, afinal você vai conferir sem muita expectativa, e acaba agradando, e assim posso dizer facilmente que "Han Solo" funciona como uma história Star Wars como o subtítulo já diz, em que uma aventura é contada com sacadas cômicas razoáveis e a dinâmica ao menos não cansa, pois poderiam até ter enrolado mais, mas foram coesos e entregaram ao menos uma boa origem de Han Solo e como acabou conhecendo seu melhor amigo Chewbacca. Ou seja, fui com pedras na bolsa para tacar, mas apenas fiquei comendo pipoca e o tempo passou bem dosado, de modo que posso até recomendar ele para quem não tiver mais nada para conferir, e como pai Coelho Dinah previu, provavelmente será o flop do ano, pois salas semi-vazias são encontradas em quase todas as sessões, mesmo não sendo um longa ruim.
A sinopse nos conta que desde os 10 anos, Han Solo se especializou em aplicar golpes. Rebelde e ambicioso, o contrabandista quer ser o melhor piloto da galáxia. No seu caminho aparece o wookiee Chewbacca, que vira copiloto e amigo de Solo. A bordo da nave Millenium Falcon, eles embarcam numa jornada.
Já falei isso aqui algumas vezes, mas quando um filme troca de diretor no meio das filmagens, nunca espere um resultado que impressione, pois, a chance de termos problemas é bem alta. Porém, felizmente, Ron Howard assumiu antes de não ter como colocar sua mão no filme, e com isso ele transformou uma história rasa em um filme que tem até uma certa dinâmica bem moldada, mas que falha um pouco em não ser nem um faroeste mercenário, nem uma história de rebelião, nem um romance proibido, muito menos uma aventura intergaláctica, ou seja, tentou ser tantas coisas e ficou no meio do caminho. Ou seja, por ter de tudo o longa consegue divertir e agradar um pouco cada público, e também não decepciona os fãs de Star Wars que estavam morrendo de medo do longa virar uma bagunça completa, mas faltou uma consistência mais forte para que o diretor entregasse um filme épico que fosse lembrado realmente como um filme da saga mais forte e clássica das antigas.
Sobre as atuações, estava realmente com muito medo do que o jovem Alden Ehrenreich faria com um personagem tão icônico que acostumamos a ver na personalidade descontraída de Harrison Ford, e felizmente o rapaz não decepcionou com seu Solo, entregando bons momentos que oscilavam bastante desde momentos mais sérios, passando por trejeitos cômicos envolventes e até tentando um pouco de desenvoltura nas cenas que pediam ação, ou seja, foi completo e não decepcionou, mas certamente poderia ter chamado a responsabilidade em diversos momentos e entregado alguém mais cheio de personalidade. Sei que deixaram bem subentendido o que aconteceu com a Qi'ra de Emilia Clarke das cenas iniciais até o momento que tem seu reencontro com Han, mas a atriz mudou tanto os trejeitos e personificações da personagem que cheguei até a pensar que tinham trocado a atriz, e isso tem pontos bons e ruins, o bom é que mostra um amadurecimento forçado da personagem que até poderia ser melhor mostrado (será que farão o spin do spin do spin?), mas o ruim é que demorou para o segundo ato dela desenrolar e aparentou uma certa insegurança em diversos momentos, coisa que sabemos que a atriz não tem em outros papeis, ou seja, a mudança de direção pode ter influenciado um pouco aqui. Woody Harrelson foi Woody Harrelson com seu Becket, de modo que vemos o ator ali e sequer dá trela para que o personagem seja alguém diferenciado, e mesmo nos momentos de maior impacto, vemos ele ali, o que é estranho, não digo que isso seja ruim, pois é bacana um ator entregar sua personalidade para um personagem, mas os melhores sabem criar mais, e ele sabe fazer bem quando quer, o que não ocorreu aqui. Agora invertendo o lado, por bem pouco sequer imaginamos ver Paul Bethany como Dryden, entregando uma personalidade forte e trejeitos bem pontuados, que se tivessem mais cenas suas talvez até chamaria bem mais atenção que muitos dos protagonistas, ou seja, foi muito bem. Donald Glover também soube colocar um carisma gigante para seu Lando, de modo que o personagem já começou bem e só foi crescendo em todas as cenas, agradando com cenas divertidas e principalmente entregando trejeitos clássicos, ou seja, perfeito. Dos demais, não vemos os atores, mas podemos dizer que Chewbacca é fora de série com seus grunhidos que não entendemos nada, mas que com olhares e movimentos acaba nos conquistando, e a droide rebelde L3 foi muito divertida, de tal maneira que se o filme tivesse um âmbito maior, amanhã teríamos memes espalhados afora do Brasil com os movimentos sindicalistas dela.
No conceito visual, tivemos boas locações tanto dentro da nave, quanto nos momentos de guerra no início, uma boa criatividade nas cenas da cidade mostrando um aeroporto bem moldado, nas cenas nas minas a rebelião ficou muito interessante de ver com personagens bem colocados funcionando quase como algo cênico realmente, e depois no planeta com praia ao final fomos agraciados com uma fotografia ampla e que deu tons incríveis para o longa. Além disso, a nave-iate do vilão ficou com um charme bem pautado clássico para envolver o público e mostrar algo a mais caso quisessem. Como já falei, a fotografia brincou bastante para dar os tons do longa, com tons mais densos e escuros nas cenas mais de impacto e dramaticidade maior, e um deslumbre visual nas cenas mais descontraídas, de modo que tudo parece funcionar bem até que, vem a hora de falarmos do 3D do filme, pois nada, repito nada tem profundidade, nem um elemento saltante, nem um conceito que faça o longa ter preenchimento, com pouquíssimas cenas que dão um certo embaralhamento visual, mas que com certeza quem hesitar e remover os óculos é capaz de ver o mesmo filme que quem tiver com os óculos pretos na cara, então economize e veja em 2D.
Enfim, como costumo dizer, ir ao cinema sem nenhuma expectativa, ou melhor, esperando o pior, a chance de gostar de algo simples é alta, e aqui até fui surpreendido por sair feliz com o resultado, com as conexões/referências com outros filmes, de tal forma que quem for conferir sairá ao menos satisfeito com o resultado final. Como fiz questão de pontuar no texto, o longa está bem longe de ser perfeito, e possui muitos defeitos técnicos, mas tem uma boa levada que acaba divertindo mais do que incomodando. Claro que não posso recomendar ele para todos, pois é um filme feito somente para os fãs da série Star Wars, e mesmo contendo elementos de faroeste, de comédias, de dramas, e tudo mais, quem não for um "iniciado" no meio e chegar de supetão na sessão sairá de lá sem entender nada, e mais perdido que tudo, portanto se você já viu (ao menos a série original dos 6 primeiros filmes) pode ir tranquilamente para o cinema que vai gostar do que verá, agora do contrário, recomendo pelo menos que veja os demais, ou saia da sessão e já engate tudo para entender melhor. Bem é isso, por hoje fico aqui, mas volto amanhã com mais uma estreia, então abraços e até logo mais.
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