Já disse isso outras vezes, mas se tem um gênero que os franceses são reis e sabem fazer com um primor que poucas vezes vemos em outros países é a comédia, pois não apelam, conseguem entregar um humor leve e gostoso e ainda por cima divertir sem precedentes, e com "50 São Os Novos 30" temos tudo isso e ainda uma atualização bem colocada do que acontece no mundo atual, aonde muitos cinquentões andam procurando emprego, morando com os pais e atrás de um novo amor já que foram trocados pelos seus parceiros de muitos anos, ou seja, tudo o que pode dar muita confusão. E usando a temática com uma boa luva sedosa, a diretora foi incrível na condução de sua trama, criando cada momento de desastre e conflito com bom tom, não necessitando apelações, e até mesmo nos momentos que possuem uma leve apelação, o resultado acaba soando bem feito, ou seja, uma delícia de conferir.
A sinopse nos conta que aos 50 anos, Marie-Francine está muito velha para o seu emprego e para o marido, que a troca por uma mulher mais nova. Ela volta a morar na casa dos pais, que a tratam de forma infantilizada, e começa a trabalhar em uma pequena loja de cigarros eletrônicos, onde finalmente conhecerá Miguel. Sem admitir, ele está na mesma situação que ela. Com a paixão emergente, eles precisam abrigar o novo amor sem que nenhum dos dois tenha uma casa própria.
São raros os casos que um diretor ou diretora atuando conseguem entregar um bom filme, mas aqui podemos dizer que Valérie Lemercier acertou em cheio nas três funções, com um texto incrível, uma direção minuciosa que brinca com os famosos desencontros de informações e principalmente fazendo ainda dois papéis conseguiu agradar e soar bem dinâmica, ou seja, trabalho completo bem feito, que sim até poderia arrumar alguma outra atriz para o papel, mas dificilmente acertaria na essência que desejava para a personagem. Sendo assim, a trama deslanchou bem e conseguiu mostrar bem cada situação, brincando até mesmo com programas televisivos e arranjando trejeitos clássicos para que o longa não ficasse cansativo em momento algum e ainda tivesse bons floridos, ou seja, bem-conectado com o timing atual que estamos vivendo.
Agora falando sobre as atuações, a diretora Valérie Lemercier conseguiu entregar bem tanto sua Marie-Francine como sua gêmea Marie-Noëlle, brincando sempre com sua situação tenebrosa e ainda fazendo olhares e trejeitos bem divertidos, para que o papel funcionasse e ainda fosse levemente romantizado, ou seja, uma boa interpretação completa. Patrick Timsit deu para seu Miguel um vértice bem casual e bacana, e mesmo que seu personagem não tenha sido tão bem desenvolvido, pois muitas das situações suas são jogadas nos diálogos, o ator conseguiu puxar esse estereótipo e ainda agradar com ótimos trejeitos e ainda fazer com que o público se conectasse com seu lado romântico. Dentre os demais, tivemos bons momentos engraçados envolvendo os pais da protagonista, que foram levemente forçados, mas que divertiram bastante com suas loucuras, e esse mérito com certeza tem de ser destacado, pois tanto Hélène Vincent quanto Philippe Laudenbach, deram um show de personalidade e agradaram bastante.
No conceito visual tivemos com certeza um trabalho tão incrível da equipe de arte, que chega a ser até engraçado de se pensar, pois criaram um apartamento cheio de pequenos detalhes familiares, como o casal que vive junto mas não dorme junto, as situações com brinquedos velhos para mimar a filha cinquentona, a mãe que vive comprando tralhas no EBay, e por ai vai, numa dinâmica bem coesa sem exageros, e por outro lado tivemos a lojinha de canto sem lucro nenhum que vemos aos montes sobrevivendo, o restaurante com donos cantadores de garçonetes aonde os cozinheiros que são donos das panelas e facas, além claro da casa tradicional da família portuguesa com certeza cheia de pequenos detalhes floridos, ou seja, um luxo completo. A fotografia brincou com muitas cores vivas para dar um tom alegre para a trama, e mesmo nos momentos de tensão souberam dosar os tons para que o clima não caísse em desagrado.
Outro ponto muito gostoso do longa foi a escolha musical, coisa bem rara de comédias com mais diálogos, e claro que não ia deixar meus amigos sem o link para poder escutar, então façam bom proveito.
Enfim, uma comédia deliciosa que recomendo para todos, mas principalmente quem vai rir mais serão nossos amigos de 30, 40, 50, 60 anos que já estão perto de acontecer tudo o que a trama oferece, pois, os mais jovens vão até se divertir, mas não vão se conectar tanto, e sendo assim essa é a minha recomendação. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, como já vi os filmes das próximas sessões, vou encaixar agora um blockbuster da semana, então abraços e até mais tarde.
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