Sem dar spoilers, analise o significado do título e pense um pouco como um belo suspense artístico envolvendo atrizes e irmãs podem remeter ao nome "Carnívoras"... Pois bem, se você não conseguiu imaginar, peço que corra para conferir esse excelente thriller que aparentemente parecia bem bobo no começo, mas que vai tomando formas tão fortes no último ato que impressiona da melhor forma possível. Claro que certamente foi um choque para o público, mas confesso que se até a metade do segundo ato estava achando o filme razoável, ao final a vontade que tive ao conectar o nome da trama com todos os acontecimentos, a vontade era de aplaudir os diretores iniciantes nessa função, pois mostraram que aprenderam muito como atores para fazer o que fizeram. Vale demais a conferida!
A sinopse nos conta que no início de seus trinta anos, Mona tenta decolar como atriz. O tempo passa e as propostas não chegam. Com poucos recursos, ela é forçada a morar com Sam, sua irmã mais nova. Sam é uma atriz e compartilha sua vida com Manuel e seu filho. Esta é a vida que Mona cobiça tanto, Sam já não a apoia e afunda em sua neurose, deixando o lugar para a irmã mais velha existir, redefinir sua vida e suas prioridades, seja qual for o preço.
Como falei no começo, essa foi a primeira direção dos irmãos atores Jérémie Renier e Yannick Renier, que há trabalharam em muitos suspensas, e com isso conseguiram assimilar o que de bom pode ser feito no gênero, e trouxeram essa bagagem para que seu filme fluísse, criasse elos bem desconectados e surpreendidas ao final, como toda boa obra deve fazer, e com isso o longa que parecia inofensivo tomou rumos de grandes diretores do gênero. Claro que poderiam ter feito um começo mais trabalhado que envolvesse mais, mas souberam trabalhar melhor com o desenrolar do que com as apresentações, e assim sendo devem melhorar com os próximos projetos. Mas certamente o olhar crítico, a forma criativa de prender o espectador é a dinâmica de essência bem colocada que souberam entregar foi de uma qualidade tão surpreendente que não tem como não elogiar.
No conceito das atuações, realmente tivemos algo surpreendente por parte de Leila Bekhti com sua Mona, de tal maneira que iniciou apática, mas foi tomando forma na incorporação de sua personagem no mesmo tom que era preciso para o crescimento de tensão, e com isso o resultado final foi incrível de conferir. Zita Hanrot trabalhou bem sua Sam, com dinâmicas bem críveis de atrizes que acabam tendo problemas na carreira, e seu ar de desespero foi bem montado, criando uma personalidade bem coerente, e que o filme pedia. Bastien Bouillon foi coerente com seu Manuel, porém o personagem em si é fraco, mas ao menos serviu bem de conexão para as protagonistas se desenvolverem e ao menos não atrapalhou. Em compensação Johan Heldenbergh entregou um Paul Brozec completamente característico de diretores que tiram até o sangue de seus atores, os forçando ao máximo, e nem ligando para as consequências, ou seja, com olhares duros e uma personalidade bem coesa para todas suas cenas. Hiam Abbass apareceu pouco como Amel, a mãe das personagens principais, mas conseguiu imprimir a dramaticidade bem forte de alguém que valorizava sempre a competição entre as filhas e com isso, o rumo da trama fica bem claro.
A equipe artística foi bem inteligente ao trabalhar bem a ideia de filmagens fortes para o longa que acontece em segundo plano, arrumou um apartamento típico de estrelas para a protagonista, colocou uma locação tensa para as cenas finais, e claro como todo bom filme de suspense colocou a culpa de tudo ocorrer em um pais estrangeiro, ou seja, a tradição de coisas ruins não acontece na nossa casa. Com isso podemos dizer que a arte do longa foi simples e efetiva, não necessitando grandes elementos, mas causando a tensão necessária e também o envolvimento de cada elemento para funcionar. Como um bom suspense, a maioria das cenas são criadas em momentos escuros no meio do nada, ou em quartos fechados, e aqui seguindo todo clichê possível foi feito dessa forma, sendo ao menos bem coerente e funcionando pelo menos dentro da proposta.
Enfim, é um longa que muitos podem até não gostar, principalmente pela essência ser forte e não tão artística, mas que se levada ao pé da letra, interpretando a ideia do nome do filme, e entendendo assim toda a proposta do filme, o resultado mesmo com leves tropeços acaba sendo genial. Ou seja, mais uma ótima surpresa para esse Coelho que leu a sinopse e esperava algo bem mais simples, e sendo assim acabou muito feliz com o que viu, e certamente recomendará o longa para todos. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas vou para a sala do cinema agora conferir o diretor desse Jérémie Renier agora como protagonista de outro filme no Festival Varilux, então abraços e até logo mais.
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