Alguns filmes trabalham situações que sabemos existir, mas que não desejamos ver acontecendo nem nas telonas, e uma delas que sempre tem força visual e impactante são os processos de separação, aonde se tem filhos para entrar na discussão de guardas. Até aí teríamos alguns julgamentos fortes e diversos desenvolvimentos que vários filmes fortes já trabalharam, mas o francês "Custódia" vai além quando temos uma pessoa violenta entre os pais, e aí meus amigos, se preparem para um filme que dá raiva, dá desespero, entre muitos outros sentimentos, pois embora tenha alguns momentos mais lentos para reflexões, o longa consegue ir tão forte para as cenas finais que impressiona muito ao final, e o resultado é de chocar realmente.
A sinopse nos conta que o casal Miriam e Antoine Besson acabar de se divorciar. E para garantir a proteção de seu filho do pai, que ela acusa de ser violento, Miriam pede a custódia exclusiva. O juiz, no entanto, acaba concedendo custódia compartilhada aos dois. Tomado quase como um refém entre seus pais, Julien fará tudo para evitar o pior.
Em sua primeira direção e roteiro de longas, Xavier Legrand, que com seu curta de estreia ("Avant que de tout perdre") acabou ganhando uma indicação ao Oscar 2014, conseguiu criar algo muito forte para um drama familiar, conectando elos fortes que ouvimos muitas vezes sobre abusos de pais, violência familiar e julgamentos aonde os juízes acabam nem ouvindo direito sobre o que lhe é mostrado e acabam fazendo coisas erradas. Mas a história poderia ser contada sobre diversos olhares, e o diretor soube criar uma forma simples e dura, que entrega logo de cara algumas mentiras e surpreende o público, mas com o impacto tanto na cena final, quanto na última cena exatamente que mostra uma realidade ainda mais forte do mundo, e não da situação do longa, ele foi criterioso e pontuou exatamente sua opinião para não deixar dúvidas de que lado estava, e assim sendo seu filme ficou incrível. Sei que muitos vão reclamar de o filme dar um encerramento brusco, sem muitas explicações ao final, mas o resultado do impacto funciona bem assim, então vale como foi feito.
Dentre as atuações, diria que é até difícil falar individualmente, pois a trama funciona na composição completa, e assim todos os protagonistas conseguiram chamar muita atenção. Léa Drucker entregou sua Miriam sensata no julgamento, desconfiada no apartamento, e em choque/desespero nas cenas finais, trabalhando de forma concisa nos olhares e falando o mínimo necessário. Denis Ménochet trabalhou um Antoine no limite da explosão, com olhares secos e até conseguiu enganar um pouco nos seus momentos mais leves, mas foi com impacto nas suas duas cenas mais fortes que mostrou atitude e até assustou. O jovem Thomas Gioria fez um Julien que inicialmente achamos meio bobo, e que até parece estar fazendo birra com seu "trauma" contra o pai, mas ao final o jovem mostrou sentimentos duros e acabamos vendo que o jovem soube bem trabalhar e entregar tudo expressivamente. Mathilde Auveneux apareceu pouco com sua Joséphine, e aparentou ser exageradamente mimada, e a atriz poderia ter feito um pouco mais para não soar simplória, embora tenha uma cena sua no banheiro completamente desnecessária para a trama (vão falar que pode ser outra coisa, algum envolvimento do pai e tudo mais, mas soou forçada e fora do contexto, um pouco ao menos). Quanto aos demais, todos dão boas conexões, mas sem destaques para a trama realmente valer.
No conceito cênico o longa trabalhou de forma bem simples com tudo, não tendo nada que surpreenda, desde as casas dos avós aonde se comem apenas, mas na dos pais temos um pouco mais de discussão à mesa, contou com um apartamento simples num conjunto residencial mais simples ainda, uma festa completamente doida apenas para ter alguma cena a mais, pois os diálogos lá dentro nem são ouvidos, mas os de fora até causam impacto (talvez a música "Proud Mary" cantada pela protagonista tenha algum sentido, mas nada muito além lá dentro), e sendo assim o filme não pode ser considerado como uma obra de elementos cênicos, funcionando mais pela tensão do roteiro em si do que pelo visual. A fotografia exagerou muito de cenas escuras, para realçar algo mais verossímil ao invés de ousar e colocar luzes falsas de abajures por exemplo, o que tornou o filme mais caseiro, e não digo que seja errado, mas acaba deixando a trama um pouco feia demais visualmente, e poderia ter sido algo mais valorizado talvez.
Enfim, é um filme que diria ser mais cru realmente, ou seja, de impacto, que vai lá, faz e acontece apenas, sem muitas firulas e tudo mais, aonde muitos sairão chocados e/ou revoltados com tudo, mas infelizmente isso acontece com uma certa frequência mundo afora, então vale a reflexão. E assim sendo fica minha recomendação como filme e também para que as mulheres conhecerem melhor seus parceiros antes de terem filhos, pois ninguém muda. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas daqui a pouco vou para mais um longa, então abraços e até amanhã com mais textos.
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