É difícil não sair feliz depois de conferir uma boa comédia romântica francesa, pois trabalham com uma sintonia tão forte, envolvendo os elementos com uma certeza de não precisar colocar nada a mais que faz o público gargalhar e também se emocionar encaixando elos certeiros para cada momento, e aqui em "De Carona Para o Amor" a trama é tão bem feita, cheia de encaixes divertidíssimos com as mentiras do protagonista, que vamos nos afeiçoando tanto a ele, rindo sem parar que até passamos a torcer para ele não se ferrar com a quantidade de histórias que inventa, de modo que o longa soa incrível de conferir e sem dúvida entra para o grupo dos melhores longas do Festival Varilux desse ano, sendo recomendado para quando estrear comercialmente que quem não viu veja, pois é diversão gostosa na certa.
A trama nos mostra que Jocelyn é um empresário muito bem-sucedido, extremamente egocêntrico e egoísta, sempre disposto a inventar mentiras para tirar vantagem em qualquer situação promissora. Um dia, ele resolve seduzir uma bela mulher fingindo sofrer de uma deficiência. No entanto, fica mais difícil sustentar a farsa quando ele é apresentado a nova cunhada, que é realmente deficiente.
Em sua primeira direção, Franck Dubosc veio com um roteiro também seu, e de forma genial ainda teve uma capacidade incrível para trabalhar as dinâmicas não só de seu personagem, bem como colocar personalidade nos atos e desenvolver um longa completo de momentos interessantes e divertidos, de tal maneira que vemos ele bem desenvolvido, mostrando situações casuais como relação de chefe e assistente, relação de paciente e médico (mesmo com uma grande amizade), relação familiar, e principalmente relações de mentiras que acabam se desenvolvendo para rumos que certamente acabam bem difíceis de desmentir, ou seja, um trabalho bem coeso do roteiro que ele como diretor soube trabalhar para que o longa não ficasse nem bobinho demais, nem exageradamente impregnado ao ponto de cair para o lado das comédias dramáticas, e sendo assim podemos dizer que acertou bem sua mão para que o filme divertisse bem e agradasse sem ser apelativo, e principalmente, tendo uma dinâmica de ritmos perfeita para passar toda a duração do filme em minutos.
Quanto das atuações, o diretor Franck Dubosc mandou muito bem como Jocelyn, entregando um mentiroso sedutor de primeira linha, cheio de charme, de olhares cativantes e trejeitos encaixados na medida certa para cada ato, ou seja, perfeito para o papel de modo que fica até difícil pensar em outro ator que não ele próprio no papel. Alexandra Lamy nos entregou uma Florence incrível, linda, talentosa e cheia de dinâmica, de tal maneira que ficamos bobos com suas sutilezas, seus trejeitos carismáticos e tudo mais, que não tem como não se apaixonar por ela, e sua cena com a irmã na loja é de uma sinceridade para com o momento que ficamos de queixo caído, além claro da emocionante cena final. Gérard Darmon veio pronto para ser um Max incrível, como proctologista bem encaixado e sendo o melhor amigo do protagonista também foi direto nas piadas e bons trejeitos, de tal maneira que diverte sem apelar e agrada demais. Elsa Zylberstein foi perfeita como a assistente Marie, trabalhando olhares apaixonados, mas também com uma grande sinceridade pelo chefe, de tal forma que conseguiu soar divertida e interessante até ter uma das cenas mais comoventes e fortes do longa com seu momento solo, e o fechamento do momento foi muito bacana de ver, num acerto perfeito de ambos atores. Ou seja, poderia falar de outros personagens, mas basicamente todos agradaram e assim sendo o resultado das atuações só tem uma palavra para definir: perfeito.
No conceito artístico o longa passeou por locações incríveis, desde o apartamento com piscina móvel de impressionar qualquer um do protagonista, passando pelo detalhado apartamento da mãe para remeter completamente ao ar italiano da família, indo para um concerto em Praga, tendo um ótimo jogo de tênis para cadeirantes num grande estádio, indo até o escritório da grandiosa empresa que o protagonista trabalha, passeando por locações religiosas, e muito mais, tudo trabalhado com muitos elementos, cadeiras de rodas cheias de personalidade e muita clareza para que tudo fosse usado sem forçar a barra, ou seja, que ficasse uma comédia de classe maior, aonde um trabalho artísticos fosse valorizado dentro da proposta. A fotografia não teve muita ousadia, brincando mais com tons coloridos para dar o ar divertido do longa, sendo diferenciada em uma ou outra cena mais dramática aonde os clichês até apareceram como chuva ou tons mais escuros para puxar o filme para algo mais tenso, mas nada que chame muita atenção.
Enfim, é um longa bem gostoso mesmo, que diverte, emociona e transmite um carisma que dificilmente vemos em longas de outros países, pois só os franceses conseguem esse estilo, mas para ser perfeito só faltou um detalhe, e aí entra um leve spoiler, finalizar bonitinho e feliz, pois geralmente algo que funciona demais nas comédias românticas francesas é o fato do longa acabar de uma maneira mais dura e consciente, com quem fez coisas ruins até pagando pelo que fez, e aqui isso não ocorre, fechando da maneira mais tradicional que até agrada, mas poderiam ter ido por um vértice diferenciado que seria incrível da mesma forma, e só por esse detalhe vou tirar um coelhinho da nota, mas ainda assim é um longa da melhor qualidade que recomendo demais. Bem é isso pessoal, diria que acabo aqui minha maratona com o último longa do Festival Varilux que faltava conferir, lembrando que o Festival segue até o dia 20, então quem não viu algum corra para não reclamar depois de não aparecer na cidade tal filme. Agora só tenho uma pré-estreia no meio da semana para completar todos os 32 filmes que havia programado para assistir durante minhas férias, então fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
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