Um dos gêneros que mais tem crescido, principalmente nos EUA é o religioso, pois tem um público fiel que costuma gostar de sentir as palavras dos pastores e ver a imagem disso na telona, e algo que anda muito mais em alta é a música gospel. Então por que não juntar as duas coisas e contar a história do compositor de uma das músicas mais vendidas do segmento? Pois bem, essa é basicamente a origem do longa "Eu Só Posso Imaginar", que com um tom abaixo consegue desenvolver bem a trama, e agradar justamente por não soar apelativo, como algumas produções do gênero costumam ser, e com isso agradar um público maior do que somente religiosos, mas com isso também não entrou fundo na alma e não emociona como seus correlatos, de tal maneira que o filme embora tenha um tom bonito, uma história tocante, e tudo mais, apenas acaba passando como algo quase biográfico, e assim sendo falha aonde poderia fazer o público desabar. Longe de falar que o filme seja ruim, muito pelo contrário, possui imagens lindas, uma atuação impecável e boas canções, mas ficou parecendo que apenas queriam mostrar uma história, e não comover com ela, o que seria incrível de ver na telona.
A sinopse nos conta que Bart Millard é o vocalista da banda cristã MercyMe e tem um relacionamento conturbado com seu pai, que sempre o tratou de maneira dura e nunca entendeu seu amor pela música. Conseguindo forças através de Deus, Bart resolve então eternizar sua relação em uma canção, "I Can Only Imagine".
É interessante vermos quando diretores tradicionais resolvem fazer longas de um cunho diferenciado do que estamos acostumados a ver fazerem, pois aqui os irmãos Andrew e Jim Erwin, trabalharam de uma forma bem concisa para que o seu filme não soasse apelativo em momento algum, claro que temos todo o lado religioso em cima do drama, mas não vemos entes de conversão, nem uma religiosidade aflorados para que o filme se vestisse apenas com essa roupagem, de tal maneira que vemos ele como uma formação de banda mesmo, como uma redenção de perdão, aonde a carga dramática fica aflorada, ou seja, um filme realmente contando algo que podemos acreditar. Sendo assim, a história acaba soando boa e funcional, agradando como foi bem concebida, e entregando dentro da proposta como o jovem simples se tornou um dos vocalistas religiosos mais ouvidos no mundo todo. Ou seja, um acerto técnico dentro de algo que poderia ser ainda melhor caso desejassem atacar a emoção com mais força.
Fiquei realmente impressionado ao saber que J. Michael Finley cantou durante todo o filme, pois a voz do ator nos momentos musicais ficaram com uma semelhança incrível, conseguindo manter o tom muito semelhante ao do cantor original, e sobre sua primeira atuação nas telonas podemos dizer que o jovem possui um talento incrível para com os olhares, de modo que consegue convencer muito do que está fazendo, e com isso, se mostrou um ator que precisa ser olhado de perto, pois tem futuro. Dennis Quaid dispensa apresentações, e aqui com Arthur, entregou força na postura e impacto para que ficássemos ao mesmo tempo bravos com o que faz com o filho, mas também com uma certa pena da forma de convívio entre pai e filho, ou seja, foi bem no que fez, ainda que seja visto que muitas cenas de maior impacto foram cortadas, mas ainda assim é visto o potencial que o ator deixou no personagem. O garotinho Brody Rose deu um show de carisma e personalidade para mostrar o jovem Bart, de modo que acabamos nos convencendo de tudo o que faz e ainda conseguindo chamar a atenção é a responsabilidade total para si em suas cenas, ou seja, perfeito. Dentre os demais, a maioria se destacou por não invadir as cenas, deixando que os protagonistas se desenvolvesse com eles, e com isso temos de pontuar a boa postura de empresário, conselheiro e amigo que Trace Adkins conseguiu passar com seu Brickell, e até mesmo soando um pouco apática demais Madeline Carroll fez sua Shanon uma personagem importante para a trama.
No conceito cênico, a equipe fez uma produção de primeira linha, trabalhando as locações da casa dos protagonistas com bons detalhes para mostrar a família bagunçada e agressiva, com elementos jogados e quebrados, o acampamento cristão com boas lições mas sem apelações religiosas para que o filme não caísse nesse envolvimento, porém soando bonito e carismático, os diversos palcos simples, mas bem montados mostrando os momentos pequenos da banda, e claro o grande teatro aonde Bart estourou seu primeiro single, todo bem produzido com uma envolvente dupla exibição, mostrando seu pensamento é a realidade de uma forma bem bonita. O longa trabalhou a fotografia com tons bem leves, para que o filme mesmo mostrando coisas duras como a agressão familiar, as quedas na vida, entre outras durezas, não ficassem tão fortes, e com isso ele acaba não impactando como poderia, mas também acaba transformando tudo em algo mais emocional e bonito.
É claro que por termos o ator cantando muito, tenho de compartilhar a trilha sonora com todos, afinal vale uma escutada pós-filme, então aqui está o link com todas as canções do longa.
Enfim, é um filme bem agradável, que até possui uns defeitinhos relevantes, que poderiam ser supridas, mas que não atrapalham tanto o andamento é a forma de agradar quem for conferir. Felizmente esperei para ver legendado e poder comparar as vozes, pois ficou com pré-estreias dubladas por duas semanas como costumam ser os longas religiosos, de tal maneira que posso recomendar ele tanto para os cristãos que verão o longa de uma forma mais religiosa, como também para o público que gosta de uma biografia dramática bem contada e agradável de assistir. Fico por aqui agora, mas já irei conferir outro longa na sequência, então abraços e até breve.
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