Olha, se tem um gênero que sempre vai me surpreender é o de ficção científica, que consegue trabalhar ideias malucas, saindo da realidade e ainda elaborar situações que certamente nos deixariam desesperados. Tudo bem que a França não tem o costume de fazer filmes desse estilo, mas posso dizer que "O Último Suspiro" foi criado com uma história com tanto primor que a técnica até pode ficar em segundo plano, ter alguns absurdos, que ainda vou estar sem ar com a trama que foi entregue aqui. Ou seja, um filme realmente de tirar o fôlego do público, que certamente nas mãos de algum produtor maluco hollywoodiano fará algo digno de ganhar milhões de prêmios, pois a história é a condução foram mais que perfeitos.
A sinopse nos conta que em um futuro próximo, a cidade de Paris é sitiada por uma névoa misteriosa capaz de matar seus moradores. Um jovem casal precisa garantir a sobrevivência de sua família dentro do caos que se instaura na região. Sem eletricidade, comida ou água, fica evidente que eles não receberão nenhum tipo de ajuda e para sobreviver será necessário deixar o local e enfrentar a terrível fumaça.
A direção de Daniel Roby foi bem efetiva para que a situação ocorresse entregando algo completamente complexo, pois além de se salvar, os protagonistas possuíam um problema ainda maior, e com tomadas bem fechadas para não entregar defeitos, ele foi nos induzindo para as situações fortes, foi criando o ambiente hostil, e ainda por cima conseguiu criar uma tensão tão forte e desesperadora, ao menos para mim, que me via a todo momento mexendo as mãos, e quase falando com o filme (ainda bem que me seguro nesses momentos). Claro que como toda ficção, o longa possui muitos erros, alguns furos técnicos, mas se tem algo que não temos como reclamar de forma alguma é a história tensa que os roteiristas conseguiram criar, entregando algo que até é possível de se imaginar, do desespero dos pais para dar mais alguns minutos para a filha, do romance bacana entre os velhinhos, e até mesmo o final que era imprevisível, mas totalmente crível foi algo que poucos imaginárias para um longa completo, ou seja, faltou muito, mas muito pouco mesmo para ser algo perfeito.
Quanto das interpretações, Romain Duris nos entregou um Mathieu muito bem colocado, com trejeitos fortes e desesperados, passando toda sua dor para o público de modo que passamos a torcer para que alcance os objetivos do personagem, e isso é ser perfeito nesse estilo de filme. Olga Kurylenko já está acostumada com longas de ficção, e aqui sua Anna soou bem convincente também, expressiva, e desesperada para com a situação toda, de modo que também foi uma grata entrega para a personagem. Fantine Harduin conseguiu fazer de sua Sarah uma garota bem colocada, que entregou suas deficiências, mas que mesmo nos momentos mais dramáticos acabou ficando um pouco apática e poderia ter se desesperado mais para agradar mais. Temos de tirar o chapéu para a interpretação cavalheiresca e de um charme tão grande de Michel Robin como Lucien, de modo que tudo acabou sendo tão lindo com o que faz pelos protagonistas e pela personagem de Anna Gaylor, ou seja, uma dupla incrível.
Agora no conceito técnico da cenografia, temos alguns probleminhas, pois mesmo a neblina tendo sido bem interessante, termos mascaras e roupas bem colocadas, apartamentos e laboratórios cheios de detalhes e elementos cênicos, e embora eu não conheça Paris, todas as casas praticamente iguais por cima, sem quase prédios ao redor, e diversos elementos absurdos acabaram soando um exagero técnico da computação, e com isso, houve um certo forçamento de barra, mas como em ficções aceitamos um pouco mais das coisas, vamos relevar, pois só a bolha tecnológica da doença da garota já ficou bem incrível para relevarmos o restante. Quanto da fotografia, o tom amarelado da névoa, junto com iluminações de lanternas, fogo e tudo mais acabaram dando um charme visual bem colocado, de modo que acaba nos fazendo também ficar sem ar, prendendo a respiração junto dos protagonistas, e isso é conseguir acertar em cheio no tom, pois poderia soar artificial, poderia soar como água, mas não, sentimos quase a fumaça estando dentro da sala do cinema, ou seja, um acerto e tanto para a técnica usada.
Enfim, como disse no começo um longa que raspou a trave da perfeição, e que certamente com essa história o longa tem chances de vender bem comercialmente nos cinemas, seja a versão francesa que vimos pela boa história, seja se fizerem alguma versão americana com uma produção muito maior, pois o filme ficou no geral bem incrível. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, já indo para mais uma sessão do Festival, e volto mais tarde para falar o que achei dele, então abraços e até logo mais.
1 comentários:
Que filme ruim...
Postar um comentário
Obrigado por comentar em meu site... desde já agradeço por ler minhas críticas...